Este modesto artigo, visa abrir debates em torno do seu título, em função do tempo disponível de cada um, das prioridades e do (in)cómodo para os pensadores que realmente queiram reequacionar certezas efémeras ou ver só a ponta do iceberg.
Tenho para mim a ideia clara que quando nascemos, não somos uma folha em branco. Transportarmos genes, grupos sanguíneos, cores de olhos, cabelos e padrões de comportamento… herdados dos nossos pais, avós, bisavós, etc. Como disse o Sr. Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, “Não há portugueses puros” em termos étnicos.
Tenho também esta analogia que a (nossa) História acompanha-nos sempre, tal como a nossa sombra, quer quando caminhamos em direção ao sol, ou quando caminhamos em sentido oposto. Nunca nos abandona!
Tem havido um certo alheamento, desvalorização e relativização da História e do saber científico que mentes brilhantes produziram, quando no seu labor exaustivo e hercúleo, folhearam milhares de páginas, investiram anos ou várias décadas de estudo, entrevistando centenas ou milhares de protagonistas e testemunhas oculares, cruzando declarações, afirmações, com fotografias, filmes e marcadas deixadas na pele, nos ossos, sangue e no cérebro. A imagem vale por mil palavras (nos tribunais é ouro e na medicina ajuda a diagnosticar e prognosticar males e terapêuticas). Podiam citar-se inúmeros exemplos e noutras ciências ou áreas do saber. Na História (des)monta e (des)constrói narrativas e opiniões mal fundamentadas ou enviesadas. Para o historiador rigoroso, objetivo, neutral, independente, ouve todos (da esquerda, do centro, da direita), apura tudo, consulta as fontes primárias, o tal “documento é monumento” como Jacques Le Golff dizia. Uma vez tocadas e lidas as “fontes”, o historiador submete-as ao crivo do método científico-histórico e publica o seu trabalho, com centenas ou milhares de documentos probatórios do que pretende defender e… contra factos e números, não há argumentos. Milhares de provas seriamente reunidas e corretamente identificadas e referenciadas, não podem ser levianamente questionadas! É essa a grande vantagem e contributo da História e do Saber Histórico, alavancada pelo enorme contributo da Escola dos Annales, quando indelevelmente apela a uma abordagem nova inter ou multidisciplinar da História. A Psicologia, a Sociologia, a Economia, a Antropologia, a Ciência Política, a Demografia, a Religião, a Neurociência, a Neuroimagem, as TIC, cada uma destas áreas, veio auxiliar e reforçar o valor da História.
Reparem ilustres leitoras e leitores, que desde a zona do Crescente Fértil, os berços da nossa civilização ocidental, com matrizes identitárias judaico-cristãs e greco-romanas (e levemente islâmicas), a essência do Homem, pouco mudou. Em termos de avanços tecnológicos, sabemos daqui a pouco mais de Marte e dos exoplanetas do que do nosso “próximo”. O sábio José Saramago, disse em 1998: “Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante”.
Muito antes deles, outros vultos maiores do pensamento mundial escreveram no papel, no granito e no mármore, o que passo a citar:
“A vida começa verdadeiramente com a memória”. (Milton Hatoum)
– “Se queres prever o futuro, estuda o passado.” (Confúcio)
– “A história é émula do tempo, repositório dos factos, testemunha do passado, exemplo do presente, advertência do futuro”. (Miguel Cervantes)
– “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”. (Edmund Burke)
– “Eu conquistei a Europa pela espada, os que vierem depois de mim, conquistarão pelo espírito.” (Napoleão)
– “Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada”. (Bismark)
– “História é passado e presente; um e outro inseparáveis.” (Fernand Braudel)
– “Se você não conhece a História, não conhece nada. Você é uma folha que não sabe que é parte de uma árvore.” (Michael Crichton)
Hoje, dia em que escrevo este modesto artigo, o Instituto Sueco V-Dem, na Universidade de Gotemburgo, denúncia que a “Democracia global retrocedeu para níveis de há 30 anos e denuncia uma aceleração das tendências autocráticas”. Deveras preocupante!
Hoje, dia em que escrevo este modesto artigo, o Instituto Sueco V-Dem, na Universidade de Gotemburgo, denúncia que a “Democracia global retrocedeu para níveis de há 30 anos e denuncia uma aceleração das tendências autocráticas”. Deveras preocupante!
…E, tal como no passado, a História rigorosa, integral e imparcial da atual pandemia, só daqui a 50 ou 60 anos a conheceremos!
Precisamos mais de conhecimento científico, de trabalho multidisciplinar e menos “ideologias”!
Sonho que um dia, deixaremos uma certa distopia em que vivemos e direcionarmo-nos para uma utopia tipo norueguesa, com influência da “dinamarquesa”, em que abundam a confiança, “transparência” e a boa comunicação, entre dirigentes e dirigidos…e existem mentes brilhantes em Portugal, para implementar uma democracia mais aperfeiçoada e radiosa!
Distinções simbólicas:
– Diamante azul: para o Papa Francisco, pela viagem ao Iraque, pelas palavras e pelas ações praticadas. Uma viagem histórica, que se impunha, em termos da fraternidade universal e união de povos e de religiões umbilicalmente ligadas a Deus e à terra de Abrãao.
– Diamante vermelho: pela ação marcante do Engenheiro António Guterres, enquanto Secretário-Geral da ONU, num mandato cheio de espinhos, entraves e bloqueios. Alertou a Comunidade Internacional para as alterações climáticas, o desrespeito sistemático dos Direitos Humanos, a poluição, a desflorestação e as “guerras estúpidas” que pontilham o globo. Revelou uma coragem inexcedível. Orgulho-me de si!
– Diamante vermelho e rosa: para a jornalista da TVI24, Catarina Canelas pelo seu Excelente e Maravilhoso Documentário: “Plástico: o Novo Continente”, e “Microplásticos, a super pandemia dos nossos dias” (ver no YouTube com a duração de 16 minutos e 58 segundos). É impressionante e muito alarmante a quantidade de microplásticos e nanoplásticos, existentes nos alimentos e nas águas que ingerimos. Aqui encontramos muitas explicações para o aumento de doenças graves, físicas e transtornos mentais. Tudo isto entronca na perfeição nas afirmações de Pitágoras (570 a.C. – 490 a.C.) quando disse: “Enquanto o homem continuar a ser destruidor impiedoso dos seres animados dos planos inferiores, não conhecerá a saúde nem a paz. Enquanto os homens massacrarem os animais, eles se matarão uns aos outros. Aquele que semeia a morte e o sofrimento não pode colher a alegria e o amor.”
A nossa “espécie” do homo sapiens sapiens, ou homo digitalis, não pode querer caminhar para a 6ª extinção em massa, ou quer?
Ainda alguém duvida da importância da História?
Jorge Santos