D. Marta, onde pensa que vai arranjar estes números de vacinas? Se as vacinas têm chegado aos bochechos e não chegam para os “prioritários”.
O plano de vacinação está atrasado. Os maiores de 80 anos ainda não foram todos vacinados nem se vislumbra quando estarão. Os maiores de 65 anos com doenças graves ainda estão à espera. Já para não falar dos maiores de 50 anos com as tais doenças. E ainda me querem fazer acreditar que vai arranjar umas centenas de milhares de vacinas para vacinar os docentes e não docentes? Tenha dó e respeite a minha inteligência.
Se formos para uma vacina em que são necessárias duas tomas, são necessárias 300.000 doses de vacinas. Se formos para uma vacina de uma dose só são necessárias 150.000 doses. A D. Marta vai tirar este número de doses de que chapéu? E quando é que vai, por artes mágicas, ter essas doses disponíveis? Já agora, onde está o plano de vacinação e quando é que estará completo? Em agosto?
Vão “embrogliar” outro que eu já estou velho para estas retóricas demagógicas…
O que está a ser equacionado agora e foi anunciado pela Ministra da Saúde é apenas porque toda a União Europeia está a pensar da mesma forma. Porque se fosse um pensamento exclusivamente Português de certeza que a vacina seria dada apenas com o poder da mente.
pouco mais de uma semana da presentação do plano de desconfinamento a ser preparado pelo governo, tanto Marta Temido como António Lacerda Sales, ministra e secretário de Estado da Saúde, respetivamente, alinham discurso sobre um dos temas mais falados nos últimos dias – e insistem que “ainda não é tempo para falar sobre o regresso às escolas” e que “desconfinar só depois da Páscoa”.
Em entrevista à Antena 1, no dia em que passa um ano sobre a confirmação dos primeiros casos de Covid-19 em Portugal, Marta Temido remete essa análise para o anunciado dia 11, data prevista para se conhecerem os pressupostos do desconfinamento – frisando que “os números da pandemia ainda não estão no nível desejado”. Ou seja, apesar da descida dos casos de infeção e do número de vítimas mortais, “a situação está ainda longe de ser a ideal” e Portugal ainda enfrenta “um risco significativo nos internamentos”, sobretudo ao nível das unidades de cuidados intensivos. Além disso, sustentou ainda Marta Temido, “o sistema de vigilância dos contactos esteve muito pressionado”, depois de “nas últimas semanas” termos levado o sistema “ao limite em muitas áreas”.
Um discurso repetido por António Lacerda Sales, o secretário de Estado da Saúde, em entrevista ao Sapo 24, na qual assume que “desconfinar só depois da Páscoa” e com testagem “maciça e massiva”, referindo-se à também já anunciada campanha de rastreios regulares prevista para os espaços escolares.
Assumindo que foram cometidos erros, mas que, ainda assim, o Governo fez “uma gestão adequada da pandemia”, Lacerda Sales defende ainda que até à Páscoa, data que, como o Natal, geral grande mobilização social, “as coisas devem ficar como estão neste momento” -acreditando que só assim, e depois com um confinamento gradual e faseado é que podemos voltar a ter um dia como o de 3 de agosto – data em que não se registou qualquer morte por Covid-19 no nosso País, o que o levou às lágrimas na habitual conferência de imprensa sobre o estado da pandemia no nosso País.
Duas posturas que vão igualmente ao encontro das declarações de António Costa, que esta manhã visitou o Hospital Curry Cabral, o centro hospitalar que mais doentes de Covid-19 tratou ao longo do último ano em Portugal. Segundo declarou o primeiro-ministro, “o País não pode repetir os erros” que conduziram ao que considerou um “trágico mês de janeiro” e que é fundamental que se mantenha na memória “o que aconteceu”.
“As tragédias repetem-se quando os seres humanos repetem os erros que produzem essas tragédias”, disse, antes de deixar um apelo ao “sentido cívico de todos” para que “mantenhamos com enorme rigor este confinamento”.
Webinar “Avaliação para as Aprendizagens: Como e Porquê?”
A Câmara Municipal de Cascais, através do Departamento de Educação | Divisão de Apoio Pedagógico e Inovação Educativa, organiza o Ciclo de Webinars – Promover o Sucesso em cada Aluno com o objetivo de enriquecer a Comunidade Educativa (Docentes, Não Docentes, Pais, Alunos, Parceiros Locais) com a abordagem de discussão de temáticas emergentes da educação e da inovação educativa.
Este 6.º Webinar, que tem como tema “Avaliação para as Aprendizagens: Como e Porquê?” – a avaliação como parte integrante do currículo | avaliação formativa: uma porta para a pedagogia diferenciada, terá a participação de:
Agrupamento de Escolas Padrão da Légua – Dr.ª Isabel Morgado
Escola Profissional de Aveiro – Paulo Quina e João Tavares
Colégio de São José – Orador a confirmar
Comentador: Prof. Doutor Domingos Fernandes, ISCTE-IUL
As vacinas certificam o avanço da ciência e abrem espaço ao optimismo. Mas enquanto não se consegue a tão desejada imunidade de grupo, é crucial que se aprenda. Não apenas para se evitar uma 4.ª vaga, mas para se pensar num futuro mais inclusivo no pós-pandemia.
Desde logo, tem sido estranha a argumentação a propósito do encerramento das escolas. Convenço-me que há alguma explicação no isolamento físico imposto pelo vírus. As pessoas não estão bem. Só pode ser. É até oportuno recordar um “sociólogo da comunicação”, o alemão Niklas Luhmann, que nos interrogou sobre os motivos que levariam um indivíduo a ser honesto no escuro. Nesta fase, nem teremos que equacionar uma flagrante desonestidade. É suficiente, por exemplo, imaginar um adulto em teletrabalho com crianças e jovens em casa. É provável que seleccione e manipule os argumentos favoráveis à sua condição, como terá tendência para o fazer um professor justificadamente temeroso. E foram exactamente essas inscrições que me transportaram para os interesses inconfessáveis a que voltarei no fim do texto.
Dito isto, sublinhe-se que para além das incertezas inerentes ao processo pandémico, há surpreendentes e persistentes incursões mediáticas. Repare-se: quando Angela Merkel diz que um educador de infância ou um professor do 1.º ciclo deve ser vacinado antes dela porque não consegue manter uma distância de segurança, é porque está bem informada em relação aos riscos de se frequentar uma sala lotada de crianças que são em regra assintomáticas. E decerto que a chanceler não partilha da grave epifania a “escola é segura”.
E a perplexidade aumenta porque um cidadão medianamente informado ouviu, desde Julho, Filipe Froes, da Ordem dos Médicos, defender que os assintomáticos são uma das maiores preocupações e que o país teria de aumentar a testagem nos lares e escolas — sectores mais expostos — para evitar uma segunda vaga e mais confinamentos. Também se sabe, desde 9 de Dezembro, que epidemiologistas australianos (terão um sistema semelhante ao do Reino Unido que, e de acordo com João Paulo Gomes do Instituto Ricardo Jorge, tem uma rede de detecção epidemiológica 20 vezes superior a qualquer país europeu) escreveram que a reabertura das escolas foi uma das decisões mais relevantes para a 2.ª vaga pandémica na Europa e na América do Norte. Concluíram que as crianças não são menos susceptíveis nem menos transmissíveis nos contágios permanecem assintomáticas e que, em estudos mais aprofundados, são frequentemente falsos negativos não detectados pelos testes de antigénio.
Mas, por cá, os números também foram elucidativos. O encerramento das escolas foi determinante nos confinamentos. E, olhe-se mais em detalhes, nos 15 dias decorridos entre 28 de Novembro e 12 de Dezembro passado, as escolas fecharam oito dias por causa das pontes e isso reflectiu-se na redução de infectados. E a ciência dá-nos mais dados concludentes: a abertura das escolas em Setembro fez o risco de transmissibilidade (Rt) subir cerca de 20% a 25% logo nas primeiras semanas; grande parte da transmissão fez-se através de pessoas assintomáticas ou com poucos sintomas (que quanto mais jovem mais se está nesse estado), sendo esse “o grande perigo da doença”; as escolas serviram para transmitir o vírus de agregado familiar para agregado familiar; e se o Rt ficar acima de 1,2 é quase garantido que poderá haver uma 4.ª vaga.
E percebe-se o receio tal a inércia registada no que levamos de pandemia nas medidas simples e eficazes que reduziriam os 3 c’s (distanciamento físico, espaços lotados e aglomerações de pessoas) dentro e fora das escolas: turmas mais pequenas ou por turnos semanais, horários desfasados, pequenas interrupções a cada quatro ou cinco semanas de aulas, desconcentração de intervalos e redução temporária da carga curricular. Esta última variável seria até crucial na passagem para o ensino remoto de emergência. E, para além de tudo, perde-se também uma preciosa oportunidade para se investir na redução das turmas numerosas que é um factor determinante nas nações que falham historicamente; como é o nosso caso.
E, para finalizar, há mais dois aspectos críticos relevantes:
No primeiro, nem o Papa Francisco se lembraria de o sugerir aos seus ministros, já percebemos que em epidemiologia há estudos, avanços e incertezas; mas não é assunto dado a esoterismos ou aparições. Pelo que se vê nas nações historicamente inclusivas, o Rt é uma das medidas do estado da pandemia. Por cá, a ordem de grandeza é a Páscoa, qual Rt. Desconfinar-se antes ou depois da Páscoa é o quebra-cabeças. Foi o Natal, desta vez é a Páscoa.
No segundo, recorde-se o saudoso Eduardo Prado Coelho: “Uma ideologia é sempre um conjunto de interesses inconfessáveis.” Qualquer que seja o significado ou a concepção que se tenha de ideologia (historicamente inquestionável no desenvolvimento humano), o leque existente não tem escapado ao desfile de interesses inconfessáveis para comprometer os descomprometer quem governa ou quem se opõe. O país, as pessoas e a pandemia mereciam mais. Resta-nos desejar que a Europa consiga acelerar o envio de vacinas, e, já agora, de mais fundos a fundo perdido, porque uma 4.ª vaga projectaria a crise para o domínio do insustentável.
Professores e diretores de escolas pedem para ser consultados na elaboração do plano de desconfinamento
Luís Lobo é da opinião de que o desconfinamento que se avizinha deve-se ao facto de o Governo precisar “dos pais na rua a trabalhar”. “Mas não pode ser à custa da falta de precaução”, alertou. Assim, a Fenprof defende que a reabertura das escolas deve ser bem planeada para que se evite “o descalabro que já houve”, em janeiro quando os alunos voltaram às escolas, depois das férias.
“O Governo continua a dizer que não foi pelas escolas estarem a funcionar que a situação epidemiológica no país se agravou, nós não temos nenhum dado que permita fazer essa afirmação. Antes pelo contrário, porque a percentagem de alunos que foi testada recentemente dá uma percentagem de infeção superior à da média nacional, o que quer dizer que o contágio é maior do que fora nas escolas”, concluiu a Fenprof, que defende testagem e vacinação de pessoal docente e não docente.
Quem apoia os mesmos ideais é Filinto Lima, o presidente da ANDAEP. Filinto Lima disse ao JE que era “bom” que a tutela ouvisse os professores e diretores: “Era positivo para os especialista terem uma visão mais global da situação, para depois transmitirem a sua posição ao primeiro-ministro”. No entanto, acredita que a data para o regresso “tem de ser definida pelos cientistas tendo em conta o evoluir da pandemia e também a previsão do aumento de casos”.
Sobre o regresso, Filinto Lima destacou que até ao momento percebeu que será “faseado, gradual, começará pelas crianças, portanto, pelos mais novos, as creches e o primeiro ciclo ou seja não será um desconfinamento global”. Ainda assim, não será suficiente, segundo o presidente da ANDAEP que admite que para o regresso seja seguro “deve ser acompanhado de algumas medidas, como aumentar a testagem e a Direção Geral de Saúde devia priorizar a toma das vacinas aos professores e aos funcionários que neste momento estão em funções nas escolas”.
Para Filinto Lima, na lista de vacinação deviam seguir-se os professores e pessoal não docente que estão para regressar e os testes rápidos deviam ser a norma nos estabelecimentos de ensino. “Iria trazer melhor confiança às comunidades educativas e seguramente que depois da Páscoa, todos teríamos mais confiança na retoma que temos de fazer”, concluiu.