30 de Março de 2020 archive

O que devem as escolas fazer?

Opinião de Pedro Santos Maia no Público.

 

O que devem as escolas fazer?

 

Em vez de estarem preocupadas com a avaliação de um final de ano letivo presencialmente inexistente, as escolas e as suas direções deveriam exigir à tutela que a avaliação final deste ano letivo seja a do segundo período (nas escolas que funcionam em períodos) e a do primeiro semestre (nas escolas que funcionam por semestres), ou a que foi recolhida até à suspensão das aulas.

 

Há dias, o primeiro-ministro referiu que a situação de pandemia que vivemos deve prolongar-se por três meses. Dados mais recentes apontam num sentido semelhante, e não em possibilidades de antecipação do fim da crise.

Fazendo contas e retirando ilações, teremos meados de junho como cenário provável (e talvez até otimista) de superação da pandemia. Para as escolas, isto significa que não haverá aulas em abril, em maio e em junho, ou seja, não haverá mais aulas este ano letivo; do ponto de vista presencial, este ano letivo está terminado.

Para enfrentar este problema, o Ministério da Educação lançou um “Roteiro” com Oito Princípios Orientadores para a Implementação do Ensino a Distância (E@D) nas Escolas. Não discuto aqui intenções, as quais poderão até ter sido as melhores, nem os méritos que as tecnologias hoje contêm e os contributos que permitem trazer para as nossas vidas e, neste caso, para o que acontece nas escolas. Simplesmente, a sua concretização pode vir a ser (na verdade, está já a ser) desastrosa. E isto por três ordens de razão.

Em primeiro lugar, não se está a acautelar o princípio fundamental de justiça e de igualdade de oportunidades — princípio norteador da escola pública — de acesso aos meios necessários para a modalidade de ensino à distância por todos os envolvidos no processo, ou seja, professores e estudantes; pelo contrário, está-se a promover uma situação que valida inaceitáveis e inconstitucionais formas de exclusão e discriminação, conforme se pode verificar aqui. Imaginar o contrário é ignorar a situação em que vivem milhares de famílias em todo o país. Foi para diminuir distâncias — de toda a ordem — que a escola pública foi criada, não para as aumentar!

Em segundo lugar, a experiência acumulada nas duas últimas semanas tem-se traduzido numa sobrecarga de trabalho dos estudantes e dos professores, e quanto a estes num desrespeito pelas suas condições profissionais e designadamente pelos seus horários de trabalho. Seria fácil encontrar muitos testemunhos que comprovam este tópico.

Em terceiro lugar, esta modalidade de ensino à distância não garante a credibilidade da avaliação dos trabalhos dos estudantes pela muito prosaica e óbvia razão de não se poder garantir a autenticidade da autoria dos mesmos. Continuar a trabalhar com os estudantes, sim. Tentar atingir o maior número, com certeza. Desenvolver competências, sempre. Mas, como estamos, não é possível nem legítimo lecionar novos conteúdos, não é possível nem legítimo avaliar e classificar a sua aprendizagem. Pensar o contrário é contribuir objetivamente para atropelar a mínima isenção e objetividade que o processo de avaliação deve envolver.

Portanto, nas condições em que nos encontramos, este tipo de ensino não garante… o ensino, dado que a qualidade é insuficiente, com precária vertente pedagógica, com uma didática avulsa, o que, além do mais, não atende ao que está consignado nos normativos, um ensino adaptado às necessidades dos alunos. É também discriminatório dos professores com mais idade que são forçados a recorrer a tecnologias que dominam insuficientemente, e que não passam a dominar de forma instantânea. É preciso tempo!

Portanto, nas condições atuais, este tipo de ensino — o ensino à distância, de forma prolongada, na escola pública — não garante a aprendizagem em moldes universais e equitativos.

E portanto também, neste ano letivo, esta modalidade de ensino não se deve traduzir e culminar numa avaliação final, pois esta não se sustenta em bases sólidas, credíveis e minimamente objetivas.

O que devem então as escolas fazer?

Em vez de medidas mais ou menos fictícias, avulsas, discriminatórias e contraproducentes; em vez de mais planos e mais roteiros e orientações, com toda uma parafernália burocrático-tecnológica acoplada, as escolas e as suas direções devem exigir à tutela os meios (materiais e de formação) que permitam enfrentar situações como a que estamos a viver, porque, sem alarmismo e talvez com realismo, à nossa porta podem estar a bater novos surtos epidémicos. Uma exigência para o presente e para o futuro.

Em vez de estarem a lecionar novos conteúdos que não abrangem todos os alunos (como é isso possível, que princípio ético o pode admitir?!), as escolas deviam estar a reforçar e a rever os conteúdos lecionados até à data da interrupção (13 de março).

Em vez de estarem preocupadas com a avaliação de um final de ano letivo presencialmente inexistente, as escolas e as suas direções deveriam exigir à tutela que a avaliação final deste ano letivo seja a do segundo período (nas escolas que funcionam em períodos) e a do primeiro semestre (nas escolas que funcionam por semestres), ou a que foi recolhida até à suspensão das aulas. Em qualquer das situações contempla-se felizmente mais de metade do ano letivo (sim, o primeiro semestre é mais extenso do que o segundo). Se se considera que assim não é possível recuperar alunos que até ao momento tiveram avaliação negativa, então as escolas e as suas direções devem colocar e exigir à tutela a possibilidade da passagem administrativa. Para uma situação excecional, medidas excecionais.

Em vez de estarem ansiosas com a realização dos exames nacionais, as escolas e as suas direções deveriam exigir à tutela a suspensão e a não realização dos mesmos, pelo ambiente de stress criado, pelo incumprimento dos programas curriculares, pelas discrepâncias assinaláveis que existem de escola para escola nas matérias até ao momento lecionadas.

Um profissional de saúde dizia por estes dias que estar a combater o vírus num hospital é como estar na praia à espera de um tsunami.

Apropriando-me desta terrível analogia, diria: o tsunami já chegou, pôs o mundo do avesso e a vida em suspenso. Não juntemos mais ondas à vaga avassaladora que nos inundou. Mais do que nunca, o que se exige agora é cabeça fria, ponderação e coragem! Também nas nossas escolas e no sistema de ensino.

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FNE propõe medidas para conclusão do presente ano letivo

FNE propõe medidas para conclusão do presente ano letivo

O Ministério da Educação tem a obrigação de disponibilizar as condições e os recursos que permitam o acesso a modalidades alternativas de contacto direto com os alunos, de forma a atenuar as inúmeras insuficiências que se tem verificado nestas semanas de interrupção antecipada das atividades letivas. É que, continuar-se da mesma forma, só se estarão a reforçar as desigualdades entre alunos. Com efeito, o que temos verificado é que há docentes e alunos que ou não tem ao seu dispor equipamentos adequados ao ensino a distância ou não dispõem de acesso à Internet, pelo que não podemos ignorar que não tem havido um acesso universal a mecanismos de informação/formação.

Acresce que docentes e alunos, mesmo que detendo acessos a equipamento e a Internet, não dominam as ferramentas que estão ao seu dispor, o que, sem constituir uma crítica fundada que lhes possa ser dirigida, contribui para diminuir a eficácia dos procedimentos que se tentam utilizar.

Por outro lado, impõe-se assinalar que o recurso a ensino a distância como modalidade de ensino nas atuais circunstâncias só pode ser entendido com caráter transitório e excecional, não podendo criar-se a ilusão de que esta é a solução milagrosa, nem para garantir a normalidade do terceiro período letivo, nem para definir o ensino no futuro.

A FNE sublinha, particularmente, limitações destas metodologias que não só acentuam as desigualdades, como não respondem à concretização de uma efetiva educação inclusiva, nomeadamente ao nível da educação especial. Não há teletrabalho na educação especial.

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Cartoon do Dia – Ensino à Distância – Paulo Serra

 

 

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Entrevista do Ministro da Educação – “As 3 da Manhã da Renascença“ – “Tudo indica que aulas no 3.º período serão à distância”

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Continua:

​“Tudo indica que aulas no 3.º período serão à distância”, diz ministro da Educação – Renascença

 

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Montante adicional diário de 25 euros para o Tiago

 

António Costa atribui subsídio de alojamento ao ministro da Educação

Tiago Brandão Rodrigues passa a receber um montante adicional diário de 25 euros

 

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O Ensino Remoto de Emergência que se está a preparar nas escolas

 

O Ensino Remoto de Emergência que se está a preparar nas escolas

Não é ensino à distância, é ensino remoto de emergência. O termo é este. O ensino à distância está regulado e com regras devidamente estabelecidas. O ensino remoto de emergência adapta-se às condições existentes em qualquer ambiente que o exija. Os professores trabalham com os meios que conseguem arranjar num momento de crise. Nas duas últimas semanas observamos um movimento para o ensino remoto de emergência, por parte dos professores e alunos. Este não é a modalidade de ensino à distância no sentido a que estamos acostumados a ver, mas é melhor do que nada.

O Ensino à Distância é uma oferta educativa e formativa para os 2.° e 3.° ciclos do ensino básico e do ensino secundário, complementar das outras ofertas curriculares existentes nestes níveis de ensino. Este funciona através de uma plataforma digital, constituída por salas de aula virtuais, organizadas por público-alvo, ano e ciclo de escolaridade, com recurso a formas de trabalho síncronas e assíncronas. Tem como destinatários os filhos ou educandos de profissionais itinerantes, alunos-atletas a frequentar a modalidade de ensino a distância na rede de escolas com Unidades de Apoio de Alto Rendimento na Escola, alunos que, por razões de saúde ou outras consideradas relevantes, não possam frequentar presencialmente a escola por um período superior a dois meses e tenham obtido parecer favorável da DGEstE, em articulação com a DGE e, no caso dos cursos profissionais, com a ANQEP, I. P. e alunos que se encontram integrados em entidades ou em instituições públicas, particulares e cooperativas que estabeleçam acordos de cooperação com uma escola E@D, com vista a assegurar o cumprimento da escolaridade obrigatória.

O Ensino Remoto de Emergência, é uma oferta formativa que se exerce quando se depara com uma variedade de razões que exigem que os docentes transfiram a lecionação para um ambiente on-line a curto prazo: condições climáticas, encerramento de escolas ou surtos de vírus. Nestes casos, a tecnologia deve estar disponível para ajudar os professores a fazer mudanças rápidas para fornecer conteúdos eletronicamente, mas não está. Os professores devem adaptar rapidamente os planos de ensino atuais para tirar o melhor partido uma situação difícil. Perfeição não é esperada ou possível. O objetivo é escolher os melhores 3-5 conteúdos que são necessários aos alunos até o final do período e adaptar a forma como lecionar esses conteúdos de forma a que os alunos os adquiram. De uma forma síncrona ou assíncrona

O nosso país não está minimamente preparado para esta modalidade de ensino. Não há regulamentação, não existem meios suficientes ou apropriados e as indicações emanadas pela tutela deixam tudo em aberto. Não apresentam soluções claras, deixando ao critério das escolas o caminho a seguir. Esta situação vai fazer com que, a curto prazo, se estabeleçam fossos entre a comunidade escolar, os que possuem meios tecnológicos para acompanhar a lecionação dos conteúdos e os que não têm e terão que acompanhar de formas muito mais limitadoras. Para o segundo grupo de alunos terão que se encontrar soluções para depois do fim da crise.

Aconteça o que acontecer, no próximo ano letivo as escolas terão que reformular todas as suas planificações e descortinar estratégias para remediar os diferentes fossos que se estão e vão aprofundar durante o 3.º período. Para isso serão necessários recursos que estamos habituados a não ter.

Rui Gualdino Cardoso, Professor, Colaborador do Blog DeAr Lindo

In Público

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Finalmente! – O teste “made in Portugal” que começa esta segunda-feira a ser aplicado nos lares do país

(…)

Continua aqui:

O teste “made in Portugal” que começa esta segunda-feira a ser aplicado nos lares do país – Observador

 

PS:

Dispensamos a politica “nazi” holandesa de deixar os velhotes morrer porque sim – eles não perderam os tiques…:

Holanda finca o pé e até critica Itália por “internar os mais velhos”

 

Um exemplo para a Holanda, a Alemanha e outros que tais que não perderam os tiques do Adolfo:

Um dos países mais pobres da Europa ajudou Itália quando “países riquíssimos viraram as costas”

Seguiram para Itália 30 médicos e enfermeiros da Albânia. “Os recursos humanos e logísticos não são ilimitados, mas não podemos mantê-los de reserva enquanto em Itália se precisa tanto de ajuda”, disse primeiro-ministro.

(…)

Continua aqui: Um dos países mais pobres da Europa ajudou Itália quando “países riquíssimos viraram as costas” – Sociedade – Correio da Manhã

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