O movimento “Missão Escola Pública” quer mostrar aos turistas que, “o nosso país não é um paraíso” e não valoriza a escola pública. A iniciativa decorre este sábado.
Cerca de um mês depois da iniciativa que juntou centenas de professores à entrada da ponte 25 de Abril, às portas de Lisboa, o movimento “Missão Escola Pública” organiza, este sábado, um “assalto” aos aeroportos nacionais.
A ação simbólica pretende mostrar aos turistas que a educação não está a ser valorizada pelo poder político.
“Em Lisboa, os professores vão concentrar-se às 17h30, na Rotunda do Relógio e, depois, em marcha lenta, deslocamo-nos até à entrada do aeroporto”, diz à Renascença Cristina Mota, uma das organizadoras da iniciativa.
Esta professora de Matemática acrescenta que a iniciativa tem “como objetivo mostrar aos turistas que o nosso país, ao contrário do que é apregoado, não é um paraíso, é um paraíso apenas para quem entra”.
Em relação à escola pública, Cristina Mota diz que os professores não vivem num paraíso, sublinhando que “as condições que nós temos, não são aquelas que se encontram nos locais turísticos”.
Esta docente defende que “a escola precisa de uma intervenção para ficar ao nível daquilo que nós temos, por exemplo, ao nível do turismo”.
Esta iniciativa estende-se aos aeroportos de Faro e Porto e a organização quer mobilizar também professores para os aeroportos das ilhas.
“Professores, de forma alguma, querem provocar desordem”
“Fomos a tantos sítios: já estivemos na Assembleia, já estivemos no Marquês de Pombal, já descemos a Avenida, já estivemos à porta das escolas, já fomos a castelos e nós temos de ser originais e nesta altura do ano, os aeroportos pareceu-nos interessante, porque temos turistas a chegar, que se calhar não têm conhecimento daquilo que se vive em Portugal”, diz Cristina Mota, que garante que a iniciativa vai decorrer “sempre dentro da ordem e daquilo que é correto, sem criar de forma alguma, desordem.”
Cristina Mota lembra que a principal reivindicação é a recuperação de todo o tempo de serviço congelado (seis anos, seis meses e 23 dias), mas os docentes exigem também a melhoria das condições nas escolas, menos burocracia e a valorização salarial.
Esta docente lembra que, há 20 anos, um professor “ganhava mais de dois ordenados mínimos, neste momento, um professor que entre no ensino ganha praticamente o ordenado mínimo”, o que leva Cristina Mota a concluir que, “em termos de investimento na educação, notamos um decréscimo do poder de compra”.
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O sistema de ensino finlandês, os mitos que o rodeiam e as realidades que o definem, estiveram em análise na edição desta semana do programa “Educar tem Ciência”.
Dinheiro Vivo
22 Abril, 2023 • 06:58
Quando, em 2001, o país surgiu no topo dos resultados do PISA, a Finlândia despertou o interesse dos investigadores, que desde então têm procurado os fatores por trás do sucesso do sistema de ensino do país nórdico. Apesar de estar a cair nos rankings desde 2006, o sistema educativo finlandês é dos mais estudados mas também dos mais mitificados. E foi para combater mitos e pôr em evidência as causas do sucesso – a aposta na formação de professores e a valorização da educação e da função social do professor – que o investigador João Marôco e Nuno Crato, presidente da Iniciativa Educação, entraram em debate na edição desta semana do “Educar tem Ciência”, um projeto da Iniciativa Educação em parceria com a TSF e o Dinheiro Vivo.
“O que se viu em 2000 era o reflexo das políticas educativas de duas décadas atrás e não das políticas educativas mais atuais, que têm feito com que a Finlândia tenha caído nestes rankings”, começou por esclarecer João Marôco. Por seu turno, Nuno Crato referiu a importância de olhar para o sucesso educativo “com espírito crítico”. “O que se está a passar neste momento, é que muita gente vai ver a Finlândia pelos maus motivos. Porque a política atual da Finlândia não é aquela que produziu este sucesso”, disse o presidente da Iniciativa Educação, que alertou para o facto de haver medidas que têm impacto imediato, como a introdução ou retirada de exames, e outras, como a formação de professores, cujos efeitos são sentidos a mais longo prazo.
Por seu turno, João Marôco apontou a necessidade de combater mitos como o da ausência de avaliação dos alunos. “Não é verdade que os alunos finlandeses não façam testes”, garantiu. Na realidade, explicou, os alunos submetem-se a exames, com caráter voluntário. Mas, quando transitam para o secundário e pretendem escolher as melhores escolas, são selecionados a partir das notas dos exames que as escolas promovem, explicou o investigador. A grande fluidez e ausência de áreas disciplinares é outro mito associado ao do país nórdico. “Os alunos têm muitos temas, têm avaliações e todos os professores têm de produzir avaliação quantitativa”, corrigiu.
Para o investigador, o sucesso do sistema finlandês – que apesar de ter descido nas avaliações continua no topo – deve-se à valorização da educação pela sociedade finlandesa e pelo prestígio social de que os professores gozam. Como consequência, explicou João Marôco, a carreira da educação e a formação para professor é das áreas mais procuradas. “Em 2010 havia na Universidade de Helsínquia dez candidatos por cada uma das 660 vagas para programas de formação de professores. Era mais fácil entrar em Medicina. Em 2020-2021 houve 14 116 candidatos a cursos de formação de professores e entraram 2042”, recordou o investigador, para quem a autonomia e responsabilidade dos professores é outro fator de peso para os bons resultados da Finlândia.
Nuno Crato lembrou que, apesar de ser muito bom, o sistema finlandês já foi melhor. “Devemos olhar para o que fez de bom, mas também para o que a Finlândia não está a fazer de tão bom, e que é essencialmente uma maior diluição do currículo e uma visão mais vaga do que é a aprendizagem do aluno”, alertou. Crato recordou ainda que no TIMSS de 2015, Portugal ultrapassou a Finlândia em cinco pontos no quarto ano de matemática.
“Quatro anos bem orientados, bem ambiciosos numa determinada disciplina, permitiram que os nossos alunos passassem à frente da Finlândia. Ou seja, o milagre finlandês também pode ser replicado por um milagre português. Assim se sigam as políticas certas”, garantiu.
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Contará com uma forte presença de profissionais da educação famalicenses, a marcha intitulada “Todos Por Portugal”, um evento agendado para este domingo, às 14:00, na Rotunda da Boavista no Porto, e que seguirá, depois, pela Rua Júlio Dinis até ao Palácio de Cristal.
A iniciativa partiu da sociedade civil, com o objetivo de chamar a atenção para as políticas autoritárias do Governo Português, que tem ignorado as lutas dos portugueses.
Segundo a missão das entidades organizadoras “é essencial mostrar que Portugal não está a atravessar um período de festa! As famílias enfrentam dificuldades financeiras significativas, devido ao aumento dos custos com habitação, alimentação, transporte, saúde, entre outros. As manifestações de professores, médicos, enfermeiros, funcionários judiciais, estudantes, agricultores, maquinistas e muitos outros têm revelado o grande descontentamento que se vive atualmente em Portugal.
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Primeira concentração, às 12:00, na Escola Secundária Ginestal Machado;
Concentração às 15:00 horas junto à Escola Prática de Cavalaria
Em 24 de abril, a greve que percorre todos os distritos do país estará em Santarém. A proximidade do dia com a data libertadora do 25 de Abril obriga a que, neste dia, também se celebre a Liberdade e a Democracia que em 1974 foram restituídas aos portugueses, com a Escola Prática de Cavalaria e o Capitão Salgueira Maia a serem protagonistas de tão importante acontecimento.
Assim, contestando o desrespeito do governo pela profissão e pela carreira docente, que ficaram bem patentes, uma vez mais, na reunião que teve lugar no ME em 20 de abril, os professores e os educadores do distrito de Santarém estarão em greve e irão concentrar-se, num primeiro momento (12:00 horas) junto à Escola Secundária Ginestal Machado para, às 15:00 horas, docentes das várias escolas se encontrarem e concentrarem no Largo junto à Escola Prática de Cavalaria de onde sairão para se voltarem a concentrar no Largo do Seminário.
Convidamos a comunicação social a acompanhar este dia de greve.
Lisboa, 22 de abril de 2023
As organizações sindicais
ASPL, FENPROF, FNE, PRÓ-ORDEM, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU
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Os professores evidenciam a inexistência de condições, nomeadamente a “qualidade dos equipamentos e acesso à banda larga”, bem como a iliteracia digital, uma vez que os alunos do segundo ano ainda estão a aprender a escrever.
Existem professores a entregar declarações a pedir “escusa de responsabilidade” devido às dificuldades que anteveem na realização das provas de aferição em formato digital, revela o “Jornal de Notícias”. Esta é uma possibilidade prevista na lei, depois de solicitarem aos diretores para não acompanharem os exames.
A iniciativa partiu de Paulo Guinote, docente do segundo ciclo e autor do blog ‘O Meu Quintal’. No entendimento do professor, não existem “as condições indispensáveis para que essas provas decorram com normalidade”, acrescentando não acreditar que o desempenho dos alunos nestas provas correspondam às aprendizagens desenvolvidas.
Ainda que não contem para a nota final, as provas de aferição são obrigatórias para os alunos do 2º, 5º e 8º ano de escolaridade. Estas provas estão agendadas para os próximos meses de maio e junho.
Paulo Guinote adianta à publicação que as críticas também se prendem “em relação à qualidade dos equipamentos e do acesso à banda larga” e ainda por causa da provável iliteracia digital dos estudantes.
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Boa noite.
Sigo o seu blogue com interesse, mesmo que nem sempre concordando com tudo (é da vida…).
Nesta coisa das provas, há algo que ainda não compreendi e que, se puder clarificar, agradeço:
1. A sua discordância com estas provas é ‘geral’ ou apenas relativa ao formato digital que vai ser adotado?
2. Relativamente ao formato digital, parece-me que será desadequado no caso EB1. Mas, sendo professor do EB2 (se bem percebi), como justifica a escusa de responsabilidade?
Antecipadamente agradecido.
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Bom dia,
1. A minha discordância com estas provas, nos moldes actuais, sem qualquer peso na avaliação final, em que os alunos pouco percebem dos resultados e as escolas recebem o retorno quando já têm turmas feitas e, em muitos casos, pouco conseguem aproveitar. No entanto, acho especialmente desadequado apresentar, nas condições actuais, estas provas como sendo de “Português” ou “H.G.P.” porque serão essencialmente provas de literacia digital.
2. Os alunos do 5º ano, em muitas escolas do país, não têm ainda um nível de literacia digital para esta área de trabalho. O mito dos miúdos que já nascem com o chip limita-se a outro tipo de utilizações, que não as educacionais. Por outro lado, o período da pandemia deixou muitos alunos para trás e não foi o sucesso estrondoso que se quis dar, a certa altura, a entender. Sei que terá corrido melhor nuns pontos do que em outros, mas isso só acrescentará “assimetrias” ao desempenho. Para além disso, muitos equipamentos chegaram tarde e as condições em que funcionam são precárias, Se no 1º ciclo isso é tão evidente que só mesmo o ME pode não ver, mas no 2º ciclo as coisas não são assim muito melhores, aconselhando-se o alargamento progressivo destas provas até 2025, antes do mergulho de cabeça na piscina.
A realização de provas de aferição em formato digital para todos os alunos é um disparate, que se avoluma quanto mais novos e menor formação digital têm. Eu sei que há oásis de maravilhosa capacitação digital precoce e que haverá sempre quem diga que se conseguiram, todos conseguem. Não é bem assim. Sendo dos que defende a existência de provas finais de ciclo no 6º ano, não compreendo que os seus críticos, por as considerarem desnecessárias, apoiem de forma explícita (ou se encolham a ver se disfarçam) a realização destas pseudo-aferições, que irão aferir tudo menos as competências ou conhecimentos dos alunos nas disciplinas envolvidas, muito menos qualquer tipo de coisa vagamente relacionada com o mítico PASEO.
Por isso, apresentei a minha declaração de escusa de responsabilidade (de que já tinha falado no encontro do Pinhal Novo), que vai em anexo a este post,sendo que o Alberto Veronesi tomou a mesma iniciativa. Considero que estas provas só prejudicam uma verdadeira recuperação das aprendizagens, provocando uma perturbação inútil e indesejada ao longo de quase todo o 3º período. Estou farto das hipocrisias de uns e dos receios de outros. Há que se claro acerca de uma das meninas dos olhos do ministro Costa e da sua corte de seguidores: estas provas em suporte digital não têm a devida preparação e deveriam manter-se mais um par de anos em papel, com uma progressão prudente e voluntária para o formato digital. Não adianta andarem director@s em off a queixar-se dos problemas logísticos que vão ter de enfrentar se emonse calam ou não têm coragem para agir. Mais do que palavras, em especial, em tom sumido, que se notem as acções.
Adianta de pouco se a maioria fica nas encolhas? Ao menos, sempre se pode dizer que não se encarneirou mansamente de cabeça baixa. E acreditem que esta posição tem mais em conta o interesse dos alunos do que outra coisa qualquer.
O assunto (ainda) não fez agendamento mediático. Por isso, está adormecido na opinião pública. No entanto, as provas de aferição do 2.º, 5.º e 8.º anos de escolaridade já estão marcadas e ficou estabelecido que seriam realizadas em suporte eletrónico. O problema é que, até agora, ninguém explicou o novo modelo e, por isso, a preparação ainda não arrancou.
Submeter, desde cedo, o aluno a uma experiência de exame é benéfico. Porque permite perceber o grau de aprendizagem atingido e vai, de certa forma, normalizando um momento que suscita sempre muita ansiedade. Olhando para o calendário proposto, que começa em início de maio e termina em final de junho, teria sido fácil criar mais distanciamento entre as provas. Não se percebe as razões que levam a que o 2.º ano faça o teste de Português a 15 de junho e o de Matemática a 20 de junho, acumulando num desses dias o de Estudo do Meio. O 5.º ano terá as provas com mais matéria, Português e História e Geografia, com apenas cinco dias de intervalo. Todavia, isso serão dificuldades pequenas, quando comparadas com o problema de fundo: o uso do computador.
É verdade que a pandemia impôs um ensino remoto que fez avançar (muito) os conhecimentos informáticos. Todavia, nem todos andaram ao mesmo ritmo, nem todos tiveram um computador para si… Também nem todas as escolas dispõem de recursos tecnológicos que habilitem os estudantes a manusear com desenvoltura um computador… E isso deveria ser ponderado no momento de pensar a passagem de provas escritas em papel para provas feitas em formato digital. Os estudantes não estão ao mesmo nível e só isso seria motivo para travar esta nova modalidade.
É inimaginável um aluno do 5.º ano fazer uma prova de aferição de Português ou de Geografia e História em computador. Por dois motivos: porque não tem treino e porque uma avaliação bem feita nestas disciplinas exige respostas com alguma extensão a fim de avaliar a articulação de conhecimentos e o domínio da língua, sobretudo na coesão textual, na sintaxe e na ortografia. Em Portugal, uma criança de 10 anos vem sendo treinada, desde os 6 anos, para escrever numa folha de papel. Não num ecrã de computador. E fazer uma coisa e outra implica treino. Que, até agora, não houve. Por isso, este ano, nenhuma escola portuguesa tem os seus alunos preparados para estas provas. Por isso, o Ministério da Educação, que ainda não forneceu qualquer modelo destas novas avaliações, tem de desistir do modelo informático. A bem da igualdade dos estudantes e de um ensino que promova a aprendizagem.
Numa série de artigos de opinião, a psicóloga Tânia Correia faz uma crítica ao Ministério da Educação, a propósito das provas de aferição.
Provas de aferição no segundo ano é desnecessário, provas de aferição no segundo ano feitas através do computador é absurdo!
Hoje, a Leti [filha da psicóloga Tânia Correia] terminou a tarde completamente frustrada (felizmente, resolvemos rapidamente, pois existe um trabalho emocional feito). Uma das tarefas que tinha para casa era o treino de uma prova de aferição na escola virtual.
A dada altura, percebeu que ainda faltavam imensas perguntas e que o tempo não iria chegar. Reparem que não se trata de um teste de “verdadeiro ou falso”, várias questões exigem que a criança escreva como chegou à resposta, o que, no caso da matemática, implica explicar os vários cálculos e o respetivo motivo. Para isso, a criança tem de usar o teclado do computador, colocar acentos, recorrer aoCaps Lock.
A Leti é uma criança que não usa tecnologia. Não usatablet, nem mexe em telemóveis. O que ela gosta mesmo é de explorar o mundo, de olhar para um objeto simples e transformá-lo em 1000 outros e criar brincadeiras a partir daí. Também gosta de escrever com as respetivas canetas. De repente, é-lhe exigido que escreva bem e depressa no computador.
“Então, eles têm de se preparar”. Preparar exatamente para o quê nesta idade? Para escreverem declarações a computador, pois podem precisar? Uma carta informatizada para o condomínio do prédio? Ume-mailpara a companhia da água? Eles não precisam de nada disto. Muitos de nós tivemos acesso à tecnologia na nossa adolescência e estamos super adaptados, simplesmente porque a mesma é criada de maneira a que seja intuitiva.
O que não é intuitivo é pegar em cérebros ainda imaturos e forçá-los a ajustarem-se às exigências do mundo adulto, com provas em que há pressão do tempo, por via informatizada, e com conteúdos altamente abstratos. Sujeitar precocemente a criança para aquilo que não encaixa no respetivo mundo interno só provoca desconforto, não gera “preparação”.
“Mas eles conseguem”. Claro que podem conseguir, mas qual é o preço? O preço é desvirtuarmos aquilo que devia caracterizar a infância: a curiosidade, o gosto por aprender, a atenção ao detalhes (em vez da pressa), a necessidade de tocar e receber estímulos concretos (em vez de tocar em ratos e observar ecrãs).
Não estamos a preparar as nossas crianças para o futuro, estamos a estragar-lhes o presente e a fazer com que cheguem ao futuro desmotivadas, sobrecarregadas e emocionalmente desconectadas.
Texto de 3m’s – Menina, Mulher, Mãe (publicado originalmente a 7 de abril)
O Ministério da Educação não está a proteger a infância dos nossos filhos, expondo crianças com sete ou oito anos a provas de aferição feitas a computador, em que o ritmo é desrespeitado (o tempo é ridiculamente curto para a quantidade de exercícios), através de meios que não são familiares para a criança (escrever, usar acentos e pontuação, tudo através do teclado) e com um grau de exigência desajustado (os exercícios são muito difíceis e ainda pedem às crianças que justifiquem as respostas), o que gerastresse frustração.
Erikson, um autor que se dedicou a estudar os desafios que existem em cada fase da nossa vida e o respetivo impacto, percebeu que a grande conquista nos primeiros anos de escola é a indústria (nesta teoria, significa a criança sentir que é capaz). Os primeiros anos de escola servem, sobretudo, para a criança construir uma imagem de si enquanto aluno – sou capaz ou não? – e para criar gosto e curiosidade pela aprendizagem. Sujeitar a criança a um cenário em que se sentirá pouco eficaz é gerador de ansiedade e contribui para uma sensação de fracasso que a pode acompanhar e desmotivá-la nos anos seguintes (sobretudo, porque não se trata só da prova em si, mas de toda a preparação nas escolas, que começa meses antes).
A única forma de conseguirmos mudar a maneira como o Ministério da Educação tem vindo a tratar as nossas crianças é, enquanto pais, tomarmos uma atitude. Qual? Não levarmos os nossos filhos no dia das provas de aferição para que haja uma abstenção em massa (as provas não são obrigatórias).
Se vos faz sentido, sensibilizem outros pais. Os nossos filhos não se conseguem fazer ouvir, mas nós podemos – e devemos – ser a sua voz! Chega deste escalar de desrespeito por uma fase de vida – a infância – que tem repercussões na vida toda.
Texto de 3m’s – Menina, Mulher, Mãe (publicado originalmente a 10 de abril)
Ontem [dia 11 de abril], liguei para o Ministério da Educação, a propósito das provas de aferição.
Estas só são obrigatórias, se a criança estiver na escola. Caso a criança falte, não precisa de uma justificação XPTO, falta como faltaria se lhe doesse a barriga ou estivesse maldisposta. A justificação médica só é necessária nos exames nacionais para os alunos os poderem repetir, no caso das provas de aferição, estas não precisam de ser repetidas, por isso, basta não comparecer.
Aproveitei também para perguntar qual é o propósito destas provas. De acordo com o Ministério da Educação, elas servem para termos acesso a um relatório sobre as capacidades dos nossos educandos.
Agora, pergunto-vos: acham mesmo que será numa prova longa, feita em tempo recorde, através de um meio que os miúdos não estão habituados a usar e no qual terão de escrever respostas longas (computador) que irão saber como vão os vossos filhos na escola? E o resto do ano serviu para quê?
Se a vossa resposta é não, então irão sujeitá-los ao desconforto exactamente para quê? Para corresponder às expetativas de um sistema que vê mini-adultos em vez de crianças e que as leva a passar por uma situação destress, porque acha que é assim que devem ser avaliadas (mesmo tendo a classe dos professores contra de forma generalizada)? Que perante a passividade dos pais vai aumentado a exigência dos programas de ano para ano? Que gera conteúdos sem qualquer respeito por aquilo que é o desenvolvimento infantil? Que só vê métricas e ignora o equilíbrio psicológico das crianças?
Reflictam e escolham com consciência.
Texto de 3m’s – Menina, Mulher, Mãe (publicado originalmente a 12 de abril)
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Professores e ministério voltam a não entender-se. Sindicatos pedem negociação suplementar
Clara Viana, Lusa
Sem surpresa, as negociações sobre a carreira docente entre o Ministério da Educação e os sindicatos de professores terminaram, nesta quinta-feira, sem acordo e com as estruturas sindicais a garantir que continuarão as greves até ao final do ano lectivo caso o ME recuse recuperar todo o tempo de serviço congelado (falta devolver seis anos, seis meses e 23 dias). Esta é a principal reivindicação dos professores, mas tem sido sistematicamente afastada pelo Governo que justifica esta posição com o impacto financeiro da medida.
Ao contrário do que aconteceu noutras reuniões negociais, o ministro da Educação optou desta vez por não falar aos jornalistas no final do encontro [Ainda bem: demita-se, de balelas ando eu farto…]. A ronda desta quinta-feira também teve pouco eco nos sites dos sindicatos de professores.
O ministério nunca incluiu a fórmula “recuperação do tempo de serviço” nas ordens de trabalho que fixou para as reuniões negociais iniciadas a 22 de Março. Começou por designar a sua proposta como sendo de “correcção das assimetrias na carreira docente” provocadas pelo congelamento, uma frase também substituída nesta quinta-feira por uns mais lacónicos “aceleradores da carreira” [!? Vão gozar com a avozinha!].
A plataforma sindical que integra a Federação Nacional de Professores (Fenprof) e a Federação Nacional da Educação (FNE) já decidiu que vai requerer uma negociação suplementar que não será “para discutir vírgulas” da proposta apresentada pelo ministério, mas sim para pressionar a tutela a chegar a acordo quanto à recuperação do tempo de serviço congelado, indicou Mário Nogueira.
É esta também a razão para prosseguir as greves por distrito em curso e que terminarão a 12 de Maio. A possibilidade de realizarem greve aos exames nacionais também está em cima da mesa: “Os professores têm-nos dito isso e nós não afastamos cenários nenhuns, só se houver uma solução para estes problemas”, acrescentou Mário Nogueira citado pela Lusa, sublinhando que os docentes preferiam que tal não fosse necessário. Uma greve aos exames nacionais terá obrigatoriamente serviços mínimos decretados já que é um dos cenários previstos para o efeito na Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas.
Em declarações no fórum TSF desta quarta-feira, o ministro da Educação assegurou que foram corrigidas algumas das situações previstas na proposta do ministério sobre os efeitos do congelamento das carreiras que tinham sido criticadas pelos sindicatos.“Amanhã [quinta-feira] já levaremos uma alteração face à decisão que estava tomada. Todos os professores que estiveram de baixa nestes períodos serão contemplados” na isenção de vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalões da carreira, indicou. Mas segundo o vice-presidente da FNE, Pedro Barreiros, o ministro limitou-se a comunicar oralmente as correcções feitas, não tendo sido apresentada qualquer proposta por escrito.[Por escrito? ó sim, esperem sentados…] Outra alteração comunicada pelo ministro terá a ver com a integração, no universo abrangido, dos professores que leccionam em colégios com contratos de associação com o Estado.
Mário Nogueira voltou a alertar, esta quinta-feira, que a proposta para “acelerar” a progressão na carreira continua a “deixar de fora muitos docentes”. Este “acelerador” vai abranger os docentes em funções desde o final de Agosto de 2005 que tenham passado pelos dois períodos de congelamento das carreiras ocorridos, entretanto.
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Os professores deverão concentrar-se este sábado, 22 de Abril, na zona das chegadas dos aeroportos Humberto Delgado (Lisboa), Francisco Sá Carneiro (Porto) e Gago Coutinho (Faro). Junto ao aeroporto de Lisboa, prevêem-se estar cerca de dois mil docentes.
Rui Foles, da “Missão Escola Pública”, explicou à Lusa que o objectivo da manifestação é “mostrar aos turistas que o país (…) não tem uma escola pública valorizada”, no âmbito do “assalto ao aeroporto”.
Por sua vez, em declarações à TSF, Cristina Mota, uma das organizadoras do protesto, indica que a manifestação serve para apelar “à lembrança dos seis anos, seis meses e 23 dias que temos de tempo congelado” – principal reivindicação que tem marcado as sucessivas greves e protestos de professores desde Dezembro.
Segundo dia de greve passa por Viseu
Os professores seguem com as greves por distrito e esta terça-feira estão em Viseu. Recorde-se que para esta paralisação não estão decretados serviços mínimos, pois a greve arranca sempre pelas 12h00.
Entre as reivindicações, destacam-se a recuperação integral do tempo de serviço, a eliminação das quotas e vagas de acesso aos 5º e 7º escalões.
Na quinta-feira, 20 de Abril, os professores e Ministério da Educação deverão voltar às negociações.
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Professores com cravos de Abril em Vila Real porque agora a luta faz-se na escola
SAPO
“O cravo é o símbolo da revolução do 25 de Abril onde foram conquistados valores que estão a ser postos em causa. A educação é um dos pilares fundamentais de uma sociedade justa e democrática”, afirmou Fátima Campos, professora na Escola Secundária de São Pedro, em Vila Real, onde simbolicamente hoje se deu início ao terceiro dia da greve por distritos, convocada por uma plataforma de nove sindicatos.
A docente trazia um grande cravo na mão, com quase 1,5 metros de altura e as cores vermelha e verde da revolução de abril. Outros colegas vestiam camisolas com um cravo à frente e, nas costas, a mensagem “com um lápis na mão também se faz a revolução”.
“Não desisto desta luta porque é uma luta justa, não é em meu nome é em nome da escola pública, que está em perigo. Quem é que quer ser professor ao ver os professores a serem assim tratados pelo Governo e também às vezes pela sociedade. Os professores são fundamentais para uma sociedade democrática e justa”, salientou Fátima Campos.
“Costa escuta a escola, Costa escuta-a bem. Costa escuta a escola, olha a força que ela tem”, “Um, dois, três, já cá estamos outra vez” e “Respeito” foram algumas das palavras de ordem e cânticos que se ouviram hoje.
Elsa Afonso faz diariamente uma viagem de cerca de 120 quilómetros entre Bragança, onde vive, até Vila Real, onde trabalha.
É docente desde 1996 e este ano progrediu pela “primeira vez” na carreira, explicando que fez uma opção há 16 anos e que foi a de concorrer apenas num raio de 100 quilómetros para regressar a casa todos os dias.
“Fiz essa opção e assumi as consequências dessa opção. Consegui ficar sempre colocada, por vezes com horários incompletos ou a meio tempo. Não me parece normal num país de primeiro mundo que tenhamos que optar entre ter estabilidade familiar ou poder trabalhar”, salientou.
Por isso, acrescentou, “esta luta não é apenas uma questão salarial nem do tempo de serviço”.
“Acho que vai muito para mais além disso, acho que o que está em causa mesmo é o que nós queremos enquanto escola pública e enquanto país para o futuro dos nossos filhos e alunos. Não queremos que a única opção para eles terem uma vida digna seja sair do país”, afirmou Elsa Afonso.
Para Elsa Afonso, “ser professor neste país é estar condenado a fazer quilómetros por muitos e muitos anos, sem qualquer tipo de ajuda, e trabalhar numa escola pública cada vez mais degradada, em termos de qualidade e exigência”.
“No fundo, a escola pública transformou-se num ATL para garantir que os pais cumprem o horário de trabalho e têm onde deixar os filhos seguros, mas acho que esse não é o objetivo principal da escola e os pais deviam estar preocupados com isso também”, frisou.
Alguns estudantes juntaram-se aos professores em frente à Escola de São Pedro. Bernardo Fernandes, 18 anos, presidente da associação de estudantes deste estabelecimento de ensino disse que a luta dos docentes “é justa” e explicou que os alunos estão solidários com os professores.
“Se não tivermos um professor motivado, que goste da sua profissão, as aulas não vão decorrer da melhor maneira”, apontou.
Esta nova ronda de greves por distrito decorrerá até 12 de maio, terminando em Lisboa.
Entretanto, na quinta-feira os sindicatos dos docentes e Ministério da Educação regressam às negociações.
“Voltaremos à mesa das negociações e, como tem sido prática, isto tem altos e baixos, tem coisas que se vão conseguindo, porque as propostas iniciais do Governo eram extremamente agressivas e penalizadoras. Nós temos estado numa fase de tentar, no fundo, que essas propostas vão ao encontro aos professores e às perspetivas que os professores têm”, afirmou Alexandre Fraguito, do Sindicato dos Professores do Norte.
O dirigente sindical garantiu que os docentes continuam a manifestar, na escola e na rua, “toda a vontade de continuar a lutar” e lembrou que conquistas anteriores demoraram, em alguns casos, “anos” a concretizar-se.
“Isto é uma maratona, há momentos de maior fraqueza, mas o nosso objetivo está na meta”, sublinhou.
Durante a tarde de hoje, decorrerá uma manifestação de professores de todo o distrito, que se juntarão na principal avenida da cidade de Vila Real, a Carvalho Araújo.
As nove organizações sindicais são a Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL), a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), a Federação Nacional da Educação (FNE), a Pró-Ordem dos Professores (Pró-Ordem), o Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (Sindep), o Sindicato Nacional dos Profissionais da Educação (Sinape), o Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) e o Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (Spliu).
“O senhor Presidente da República tem, neste momento, a chave para parte dos problemas que estão a assolar a educação. Tem um diploma que, se vetar, pode tirar um pouco do pântano em que estamos mergulhamos. Se o diploma fosse, eventualmente, aprovado teríamos entre 20 e 30 mil professores desterrados”, afirmou Paulo Cunha um dos docentes que se concentraram em protesto junto à escola EB 2,3 Frei Bartolomeu dos Mártires.
O professor do agrupamento de escolas de Valença, responsável pelo cartaz “Sr. Presidente Socorro” colocado no protesto convocado pela plataforma de nove sindicatos que inclui a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e a Federação Nacional da Educação (FNE), apontou como exemplo do efeito desse diploma na sua própria família.
“Se este diploma for aprovado estou sujeito a ir parar ao Alentejo, a minha esposa [também professora] a Trás-os-Montes e os meus filhos ficam em Viana do Castelo. Se temos um Presidente dos afetos o que pedimos é socorro. Se o Governo não nos salva, valha-nos, pelo menos, o Presidente da República”, afirmou o docente.
Paulo Cunha lembrou que há muitos casais em que ambos são professores para advertir que “se o diploma for aprovado vão mesmo desistir da profissão porque já não estão em idade de se afastar dos seus filhos”.
“Governo escuta, professores estão em luta”, “Todo o tempo é para contar, não é para roubar” ou “Não bastam reuniões, são precisas soluções”, foram palavras de ordem ouvidas na manifestação, ao som de apitos e cornetas.
A diretora do agrupamento de escolas de Santa Maria Maior, Sílvia Vidinha, admitiu que a “luta muito justa” dos professores tem tido “impacto” nas atividades das escolas, mas garantiu que a “gestão diária” das situações tem permitido assegurar uma “escola pública de qualidade”.
“Tenho a sorte de dirigir um grupo de mais de 200 professores que têm brio profissional, que não se têm desfocado do papel que têm junto dos alunos e que sabem a importância que têm na vida dos alunos. Os nossos alunos estão habituados a uma escola pública de qualidade. É uma escola pública de qualidade que estão a ter. Mesmo no tempo de luta, os senhores professores não deixaram que assim não fosse”, afirmou.
Sílvia Vidinha alertou ainda para a “visão de desencanto” que os alunos, “professores de amanhã”, têm manifestado sobre a profissão durante as aulas.
Dentro da escola, mais de uma dezena de estudantes repetiam as palavras de ordem que os professores gritaram no exterior.
De braço em riste, João Miranda, de 11 anos, entoava “Ministro escuta, a escola está em luta”.
Aluno do sexto ano de escolaridade, João quer “ajudar” na luta dos professores que “querem que os anos sejam contados”.
“Nós percebemos o que está o acontecer e, estamos a tentar demonstrar para que eles [professores] consigam vencer esta luta”, disse Inês Alcobia, 12 anos, aluna do sétimo ano da EB 2,3 Frei Bartolomeu dos Mártires.
O protesto de hoje em Viana do Castelo tem ainda prevista uma concentração no largo da Estação, seguida de desfile pela Avenida dos Combatentes da Grande Guerra até à Praça da Liberdade.
Haverá ainda a iniciativa “Sentada”, promovida por um grupo de professores locais, com o apoio dos sindicatos. A ação prevê que os docentes se sentem na rua e cumpram seis minutos, seis segundos e, 23 centésimos de silêncio, simbolizando o tempo de serviço não devolvido aos professores.
A greve dos professores por distritos está a decorrer desde segunda-feira e até 12 de maio, percorrendo todos os distritos do país por ordem alfabética inversa (de Viseu a Aveiro), prevendo-se que cada dia de luta comece às 12:00, sem que tenham sido decretados serviços mínimos.
Em vez de haver um pré-aviso de greve para os 18 dias úteis, cada uma das nove organizações apresenta um pré-aviso para cada um dos dias de luta.
Além da Fenprof e da FNE, a plataforma de sindicatos inclui a Associação Sindical de Professores Licenciados (APSL), Pró-Ordem dos Professores (Pró-Ordem), Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados (Sepleu), Sindicato Nacional dos Profissionais de Educação (Sinape), Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (Sindep), Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) e Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (Spliu).
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Stop mantém greve nas escolas com proposta da tutela de “migalhas para alguns”
André Pestana considera que a proposta apresentada pela tutela é um “documento insuficiente que não vai às questões essenciais” que têm levado aos protestos e greves.
O coordenador do Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (Stop) considera que as propostas apresentadas pelo ministério são “migalhas para alguns” professores, e que deixam de fora as reivindicações que continuam a motivar greves nas escolas.
Em declarações aos jornalistas, antes de entrar para mais uma reunião com responsáveis do Ministério da Educação, André Pestana considerou que a proposta apresentada pela tutela é um “documento insuficiente que não vai às questões essenciais” que têm levado aos protestos e greves de professores e pessoal não docente.
O anteprojeto de decreto-lei do ministério tem como alvo o tempo de serviço congelado apresentando um conjunto de medidas com impacto na progressão na carreira dos professores em funções desde 30 de agosto de 2005, ou seja, para quem atravessou os dois períodos de congelamento durante a última crise económica.
A proposta é que esses docentes recuperem o tempo em que ficaram a aguardar vaga no 4.º e no 6.º escalões a partir do ano de descongelamento (2018), que fiquem isentos de vagas de acesso aos 5.º e 7.º, além da redução de um ano na duração do escalão para aqueles que também ficaram à espera de vaga, mas já estão acima do 6.º.
“São apenas migalhas para alguns”, criticou o coordenador nacional do Stop, antes de entrar para a reunião, onde estão também representantes do Sindicato Nacional dos Professores Licenciados (SNPL) e do Sindicato dos Educadores e Professores do Ensino Básico (SIPPEP).
André Pestana voltou a lembrar as três principais reivindicações do Stop: Equidade dos docentes do continente com os das ilhas, a quem já foi garantida a recuperação integral do tempo de serviço; o fim das quotas e vagas de acesso ao 5.º e 7.ºescalões e melhores condições profissionais e salariais para o pessoal não docente.
Sem acolher estas exigências, o STOP duvida que os trabalhadores das escolas – “a quem cabe decidir” – queiram suspender as greves já anunciadas para a próxima semana ou para o arranque das provas de aferição, que começam a 2 de maio. Também a plataforma de nove sindicatos, da qual fazem parte as duas maiores federações de professores (Fenprof e FNE), já fizeram saber que estão contra a proposta apresentada pela tutela para corrigir os efeitos do congelamento da carreira.
Para os professores, as propostas do ministério deixam de fora milhares de docentes e criam desigualdades ao só abrangerem os docentes que, ao longo dos dois períodos de congelamento, tiveram sempre horários anuais completos. Segundo os sindicatos, ficam de fora docentes que tenham estado ausentes mais de 30 dias por motivo de doença, bem como os que estiveram em escolas dos Açores e da Madeira ou a ensinar português no estrangeiro.
A recuperação de todo o tempo de serviço congelado tem sido um dos principais motivos dos protestos e greves de professores. As nove organizações sindicais iniciaram esta segunda-feira uma nova greve por distritos, que começou no Porto e vai terminar a 12 de maio em Lisboa.
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Boa noite.
Sigo o seu blogue com interesse, mesmo que nem sempre concordando com tudo (é da vida…).
Nesta coisa das provas, há algo que ainda não compreendi e que, se puder clarificar, agradeço:
1. A sua discordância com estas provas é ‘geral’ ou apenas relativa ao formato digital que vai ser adotado?
2. Relativamente ao formato digital, parece-me que será desadequado no caso EB1. Mas, sendo professor do EB2 (se bem percebi), como justifica a escusa de responsabilidade?
Antecipadamente agradecido.
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