Como professor contratado, nestes mais de 20 anos, tive direito:
– a não ter direito, à motivação;
– a não ter direito, à meia-jornada;
– a não ter direito a um horário completo;
– a não ter direito a aceder à carreira docente;
– a não ter direito à CGA;
– a não ter direito a um salário digno;
– a não ter direito a um ano de serviço por cada ano de trabalho;
– a celebrar mais de 30 contratos, com mais de 20 escolas/agrupamentos diferentes;
e, por isso, atualmente:
– recebo, pelo segundo ano letivo consecutivo, pouco mais de 400€ líquidos;
– tenho horário anual incompleto;
– é praticamente impossível acumular mais horas;
– faço GREVE até quando ela durar!
E, adoro ser professor!
Nuno Domingues
3 comentários
Em todos esses anos que tanto lamenta, teria, com certeza, muitas oportunidades de mudar de profissão.
Não é só inaceitável, é sobretudo inacreditável que um país pertencente a UE permite que isto se passe… a minha história e de muitos milhares de outros professores não é muito diferente. Eu entrei para os quadros em 1 de setembro de 2022, há 4 meses, 28 anos depois de ter começado… a unica coisa boa no meio disto tudo é que tantos anos assim, me obrigaram a criar outras fontes de receitas que me permitem neste momento fazer greve os dias que quiser, na boa das verdades podia não voltar a dar aulas este ano letivo, se a greve se mantiver. Já fiz 3 dias de greve e não fiz mais porque dou aulas numa escola secundária, onde a visibilidade é pouca, uma vez que os alunos são já completamente autónomos e não precisam dos pais para nada se não tiverem aulas! Ainda assim, amanhã vou fazer ao 1º tempo… e farei sempre que me apetecer e achar que faz sentido
Eu já não adoro ser professor! Pelo contrário e já há bastante tempo.