O ministro da Educação do Brasil, Camilo Santana, anunciou um reajuste de 14,9% no valor mínimo a ser pago a professores no início de carreira.
“A valorização dos nossos profissionais da Educação é fator determinante para o crescimento do nosso país“, afirmou Camilo Santana, numa nota divulgada pelo Ministério da Educação.
O valor mínimo a ser pago aos professores passará de 3.845,63 reais (697 euros) para 4.420,55 reais (802 euros), num país cujo salário mínimo global é de cerca de 235 euros.
“O piso nacional da categoria é o valor mínimo que deve ser pago aos professores do magistério público da educação básica, em início de carreira, para a jornada de, no máximo, 40 horas semanais“, lê-se na mesma nota.
De acordo com a imprensa local, este reajuste salarial tinha sido divulgado em portaria interministerial nos últimos dias do Governo de Jair Bolsonaro, tendo sido agora confirmado.
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Carlos Neto, pedagogo e investigador na área da motricidade humana, defende que a actual instabilidade entre os docentes cria o momento oportuno para reinventar a escola.
Os pais têm razões para se preocupar com o impacto da instabilidade que se vive nas escolas nas crianças?Penso que os professores têm toda a legitimidade para a indignação que estamos a ver e têm todo o direito de mostrar ao país que merecem mais respeito, estabilidade profissional. Mas também é verdade que não podemos fazer uma avaliação do sistema educativo sem pensar em todos os seus intervenientes, desde a família à comunidade — não só educativa, mas também a comunidade local.
Pode haver cidadania sem desenvolvimento? Discutindo a relação local-global nas práticas de ED na Escola e na Formação é o repto que lançamos para discussão no evento que encerrará dois anos de percurso que o CIDAC – Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral – e a FGS – Fundação Gonçalo da Silveira – desenvolveram em conjunto com vários atores da comunidade escolar.
Este percurso visou contribuir para oreforço das condições da aplicação prática doReferencial de Educação para o Desenvolvimentono sistema formal de ensinoatravés de um estudo em que identificasse as problemáticas potenciadoras e bloqueadoras da sua aplicação e da Educação para o Desenvolvimento (ED), em geral, e que retroalimentasse a formação inicial e contínua de educadores/as e professores/as neste campo educativo.
Dia25 de janeiropartilharemos as principais conclusões deste estudo, das 14h30 às 18h30, no auditório do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, sita na rua Rodrigues Sampaio, 113 (entrada traseira do edifício, paralela à Avenida da Liberdade), emLisboa. Para além da partilha das conclusões, gostaríamos de discutir com atores das comunidades educativas – professores/as; educadores/as; estudantes; diretores/as; coordenadores/as da Estratégia de Cidadania; auxiliares educativos/as; encarregados/as de educação; organizações da sociedade civil; edilidades e entes públicos, a dimensão do Desenvolvimento nas práticas de ED e de Cidadania e Desenvolvimento na Escola e na Formação.
Oprogramado encontro está disponívelaqui. Para participar, basta preencher estaficha de inscriçãoaté dia22 de janeiro. Obrigada!
O evento seráacreditadocomo Ação de Formação de Curta Duração (ACD, ao abrigo do Despacho 5741/2015 de 29 de maio), para efeitos de progressão da carreira docente de educadores de infância, docentes dos ensinos básico e secundário e docentes de educação especial pelo Centro de Formação de escolas António Sérgio. O formulário a preencher para efeitos de acreditação é este:https://www.cfantoniosergio.edu.pt/centro/index.php
Caso o custo de deslocação seja impeditivo da sua participação, entre em contacto connosco de modo a encontrarmos uma forma de a viabilizar.
Pedimos desculpa caso receba esta mensagem em duplicado.
Com os melhores cumprimentos, Cecília Fonseca, Sandra Fernandes e Sílvia Franco
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CIDAC – Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral
Rua Tomás Ribeiro, nº 3 a 9, 1069-069
LISBOA – PORTUGAL
+351 21 317 28 60 www.cidac.pt–cidac”at”cidac.pt
Além das questões de carreira e salariais, o mal-estar docente resulta também da burocracia com que os professores se confrontam nas escolas e de ser uma profissão muito desgastante, pelo que a paz social só voltará às escolas quando os governos satisfizerem de forma plena e completa as reivindicações de todo o corpo docente
A perspetiva de uma parte dos professores deixar de ser recrutada por meio de concursos a nível central e poder vir a ser selecionada e contratada através de concursos locais (não autárquicos, mas por um conselho local de diretores de agrupamentos escolares) constituiu a gota de água que, qual tsunami, gerou a revolta docente a que se tem assistido por todo o país.
De facto, o profundo descontentamento de que os professores ora dão mostras é devido a questões de carreira “stricto sensu” (a não recuperação da totalidade do tempo de serviço congelado na época da troika, mas não só; a existência de quotas nas avaliação de desempenho; a necessidade de obtenção de vaga para acesso ao 5.º e ao 7.º escalões; o aumento da idade para a aposentação, mesmo para quem já tenha mais de 40 anos de serviço docente), mas também devido a um conjunto de situações que de forma larvar têm vindo a contribuir para agravar o mal-estar docente.
No âmbito desse conjunto de situações, queixam-se os professores da excessiva carga burocrática com que são confrontados nas escolas. Também António Sampaio da Nóvoa, anteriormente embaixador de Portugal na UNESCO, com o prestígio académico que lhe é reconhecido, em artigo no “Público”, dia 6 do corrente, no qual procede a uma avaliação, v.g., dos “últimos sete anos” de João Costa no ministério, e no qual reduz a política educativa deste a um conjunto de sete “nadas”, coloca a seguinte questão: “Disposições para facilitar e desburocratizar o dia a dia dos professores?”. À qual responde: “Nada”!
Em artigo de resposta ao reitor honorário da universidade de Lisboa (no mesmo jornal, dia 10) sobre esta matéria, João Costa limita-se a responder que “está em curso (…) um levantamento da atividade burocrática dos professores, com vista à sua redução”… Até pode estar em curso há vários anos, pois há vários anos que nós e outros sindicatos reivindicamos uma solução para este desiderato – o problema é que os anos passam e ela teima em não chegar.
Sistematicamente, os professores são obrigados à elaboração e preenchimento de múltiplas grelhas, a que se junta a resposta a inquéritos e plataformas digitais, quantas vezes fora da escola e em prejuízo do tempo que deveria ser para usufruto pessoal ou familiar.
Não raro são levados a frequentar e a investir em ações de formação contínua para além do seu horário de trabalho, situação atípica em outras profissões especializadas e com idênticos graus académicos.
Por vezes, os professores são convocados pelos dirigentes escolares para um número excessivo e demorado de reuniões, das quais importa elaborar atas quase sempre longas, não vá algum órgão da tutela fazer esta e mais aquela exigência. Outras vezes, são levados a preencher toda uma série de papelada cujo préstimo se desconhece, mas que retira tempo e disponibilidade intelectual para aquilo que deve ser a função nobre do professor: o ensino, o ato pedagógico, a interação com os respetivos alunos. Tarefa assaz difícil quando um único professor tem centenas de alunos.
Acresce a elaboração e preenchimento de múltiplas grelhas, a que se junta a resposta a inquéritos e a submissão daquilo que deveria ser a sua autonomia pedagógica a plataformas digitais, no tempo que poderia ser aproveitado para a sua valorização cultural “lato senso”.
E como se tudo isto não fosse já de mais, as escolas têm vindo a ser confrontadas com sucessivas alterações curriculares de âmbito nacional, mas introduzidas de forma mais ou menos dissimulada, pois, ao contrário do que seria normal, nem todasforam plasmadas em letra de lei, facto que facilitaria o seu escrutínio pela cidadania e pelo Parlamento. Redundaram quase sempre em criação de nomenclatura e na imposição de novas siglas pedagógicas, perfis, com carradas de textos/materiais afinal normativos que só uma boa preparação em hermenêutica por parte do corpo docente permite que se tornem inteligíveis.
No fundo, a sobrecarga burocrática emana de uma pré-compreensão da tutela sobre os professores que os obriga a proceder a registos despiciendos e a enviar uma multiplicidade de documentos redundantes para os órgãos das escolas e agrupamentos, desviando os professores do foco nos alunos.
A par do sobretrabalho, da desvalorização da profissão e da carreira, do desrespeito pelos professores, é também toda esta parafernália burocrática, agravada pela crescente indisciplina discente, que contribui para o “burnout” de muitos docentes, principalmente os mais velhos, mas não só, e que tem dissuadido os jovens universitários de se matricularem nos mestrados em ensino, provocando a atual enorme falta de candidatos com qualificação profissional para o ingresso na carreira docente.
Mais do que pedir pareceres à PGR, indiscutivelmente legítimos e porventura necessários, sobre a onda de contestação que se instalou no seio da profissão docente, importa que os governantes atentem que ela só é suscetível de ser estancada com o seu pleno e completo reconhecimento material e simbólico.
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