9 de Janeiro de 2023 archive

Reuniões negociais ME/Sindicatos a 18 e 20 de janeiro

 

O Ministério da Educação convocou os sindicatos do setor para uma nova reunião negocial sobre a revisão do regime de recrutamento e mobilidade para os dias 18 e 20 de janeiro.

 

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Um Diretor que fala assim, não é gago…

Para ouvir e ver como se explica a escola de hoje e os seus problemas… clicar na imagem. Vale a pena…

 

 

 

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Turnos do Acampamento

Face à ausência de respostas, FENPROF acampará junto ao Ministério da Educação, de 10 a 13 de janeiro, em vigília de protesto e luta

 

 

A FENPROF considerou 10 de janeiro como prazo para o Ministro da Educação abandonar as intenções, manifestadas em documentos entregues aos sindicatos, para revisão do regime de concursos e também para calendarizar processos negociais relativos a outras matérias, como a carreira, combate à precariedade, aposentação, horários de trabalho ou mobilidade por doença.

Não se prevendo que, até amanhã, aquelas solicitações mereçam resposta, a FENPROF e os Sindicatos de Professores que a integram, como anunciaram, irão acampar junto ao Ministério da Educação, aí permanecendo de 10 a13 de janeiro, como forma de protesto e luta, mas também demonstração de disponibilidade para a negociação,  esperando que também seja essa a vontade dos responsáveis ministeriais. Concluído este período, a partir de dia 16, segunda-feira, iniciar-se-á uma greve que, distrito a distrito, correrá todo o território continental. Esta sequência de greves distritais terminará com a Manifestação Nacional marcada para 11 de fevereiro, em defesa da profissão de Professor.

Entretanto, para o dia em que for marcada nova reunião no ME, será convocada uma grande Concentração/Manifestação de Professores e Educadores, prevendo-se que a mesma possa acontecer na terceira semana de janeiro, de acordo com declarações de responsáveis do ministério.

Este acampamento de protesto pela falta de soluções para os problemas que afetam e desvalorizam a profissão docente decorrerá de acordo com a seguinte organização:

 

10 de janeiro:

– 16:00 horas: Início do acampamento, com declarações à comunicação social sobre os seus objetivos; neste primeiro dia será o Secretário-Geral Adjunto da FENPROF José Feliciano Costa a permanecer até ao dia seguinte com outros dirigentes, delegados e ativistas do SPGL.

 

11 de janeiro:

– 16:00 horas: Mudança de turno; neste segundo dia, será o Secretário-Geral Adjunto da FENPROF Francisco Gonçalves a permanecer até ao dia seguinte com outros dirigentes, delegados e ativistas do SPN.

 

12 de janeiro:

– 16:00 horas: Mudança de turno; neste terceiro dia, será o Secretário-Geral da FENPROF, Mário Nogueira, a permanecer até ao dia seguinte com outros dirigentes, delegados e ativistas de SPRC e SPZS.

 

13 de janeiro:

– 16:00 horas: Levantamento do acampamento, com declaração à comunicação social sobre as ações seguintes: greve por distritos, a partir de dia 16, e Manifestação Nacional em defesa da Profissão de Professor, em 11 de fevereiro.

Ao longo do período de permanência no local, decorrerão atividades que serão divulgadas oportunamente pelos Sindicatos que ali permanecerão.

 

Lisboa, 9 de janeiro de 2023

O Secretariado Nacional da FENPROF

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Nada Irá Mudar Até Lá

Mário Nogueira irá acampar a partir de amanhã em frente ao Ministério da Educação e os autocarros para dia 14 continuam marcados.

 

Ministério da Educação convoca sindicatos para reunião em 18 e 20 de janeiro

 

 

É a terceira ronda de um processo negocial que se iniciou em setembro.

O Ministério da Educação convocou os sindicatos do setor para uma nova reunião negocial sobre a revisão do regime de recrutamento e mobilidade para os dias 18 e 20 de janeiro.

É a terceira ronda de um processo negocial que se iniciou em setembro, e cuja última reunião foi em 8 de novembro, sendo que o ministro da Educação já tinha remetido para o mês de janeiro novo encontro, justificando que, até lá, o Governo iria fazer o levantamento das necessidades do sistema educativo para desenhar propostas concretas.

Apesar de não terem criticado, na altura, o adiamento, várias estruturas sindicais têm pressionado a tutela para agendar a terceira reunião, acusando o Ministério da Educação de ter suspendido a negociação.

Em comunicado, o Ministério refere que será também “analisada uma proposta de calendário negocial sobre outras matérias”.

A abertura de outros processos negociais é uma das reivindicações das oito estruturas sindicais, incluindo a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), que organizaram um acampamento de quatro dias, a partir de terça-feira, à frente do Ministério da Educação, em Lisboa.

Contactado pela Lusa após o anúncio das novas reuniões negociais, o secretário-geral da Fenprof explicou que as ações de luta vão, para já, manter-se como previstas, porque “a convocação de uma reunião, por si só, não altera nada”.

Os sindicatos definiram o dia 10 de janeiro, terça-feira, como o prazo para a tutela recuar em algumas das propostas que apresentou no âmbito da negociação da revisão do modelo de recrutamento e mobilidade, e iniciar novos processos negociais sobre outros temas.

Além desse acampamento, convocaram também uma greve por distritos, entre os dias 16 de janeiro e 08 de fevereiro e uma manifestação em Lisboa no dia 11 de fevereiro.

Entretanto, decorre, desde 9 de dezembro, uma greve por tempo indeterminado convocada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP), que já entregou pré-avisos de greve para todo o mês de janeiro. No sábado, realiza uma marcha nacional em Lisboa, entre o Marquês de Pombal e o Terreiro do Paço.

O Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE) também iniciou na semana passada uma greve parcial ao primeiro tempo de aulas, que se vai prolongar até fevereiro.

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Pela TV

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Posição da Federação de Pais da Póvoa de Varzim

…que compreende e defende a posição do pessoal docente  que luta em defesa da escola pública.

Se tivéssemos um governo preocupado com as preocupações dos pais  já teríamos visto  abertura para alguma negociação sobre as reinvindicações dos professores.

 

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Terá Havido Hoje Colocações por MPD

Devem ser escassas pois as contingências já devem ter sido esgotadas.

 

Mobilidade por motivo de doença (art.º 9.º)

 

Exmo.(a) Sr.(a) Diretor(a)/Presidente da CAP,

Tendo sido hoje divulgados os resultados no âmbito do procedimento de Mobilidade de docentes por motivo de Doença 2022/2023, regulado pelo art.º 9.º do Decreto-Lei n.º 41/2022, de 17 de junho, informa-se V. Exa. que poderá consultar os dados relativos aos docentes que saíram ou foram colocados no AE/ENA que V. Ex.ª dirige através desta forma de mobilidade, na plataforma SIGRHE – Situação Profissional > Movimentação de docentes.

Com os melhores cumprimentos,

A Subdiretora-Geral da Administração Escolar

Joana Gião

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Chegou a hora de os Professores dizerem: Basta! – Alexandre Parafita

Estou, incondicionalmente, solidário com os Professores e com a greve que iniciaram. Ando há anos a escrever sobre os seus dramas (em especial em artigos no JN).

Desde que uma Ministra de tão nefasta memória, nomeada por Sócrates, poisou na cadeira da Educação, nunca mais os professores tiveram sossego.

A desautorização, o desrespeito, a humilhação, nas escolas e na sociedade, o congelamento de carreiras, as estranhas regras de mobilidade, a terrível burocracia a recair sobre os professores (que os obriga a trabalhar pela noite e madrugada fora…), as turmas e horários sobrecarregados, a violência impune nas escolas, os novos e enigmáticos modelos de recrutamento… vêm tornando o exercício da profissão de professor numa verdadeira tortura.

Se este Ministro não tem capacidade de se sentar à mesa com quem representa os professores e de atender ao seu desencanto e revolta… então que siga o caminho do seu ex-colega Pedro Nuno (esse deu conta a tempo que estava mais…)

 

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Hoje

Escola Comandante Conceição e Silva (Agrupamento de escolas António Gedeão em Almada)

AE Santiago do Cacém

Agrupamento de escolas Alexandre Herculano

 

Águas Santas em luta…pela escola pública…

Agrupamento de escolas General Humberto Delgado, Loures

Agrupamento de Escolas Abel Salazar, Matosinhos, escolas todas (cinco) encerradas.

Várias escolas de Albufeira poente

Agrupamento de Escolas Júlio Dinis – Grijó

Agrupamento de Escolas de Padrão da Légua

 

 

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A Escola: Um lugar que já não é como era. – André Rodrigues

A Escola: Um lugar que já não é como era. 

Como estudante, e participante diário na escola acho que, a escola portuguesa precisa de Inovar, conteúdos programáticos adaptados à geração, de modo que demonstremos mais interesse sobre a escola.

Falar mais sobre a atualidade no mundo, falar mais sobre educação financeira e como este mundo está a evoluir com as criptomoedas, mais projetos que envolvam alunos, como o Ubuntu: precisamos de mais felicidade.

Na minha opinião precisamos de um verdadeiro ‘upgrade’ na escola portuguesa, como referia Tânia Gaspar: a necessidade de a escola “se atualizar e conseguir acompanhar os jovens no seu modo de contacto com o conhecimento”.

E a necessidade deste ‘upgrade’ não vem de agora, já deveria ter sido feito há muito tempo e deve acompanhar as necessidades de uma geração, e não estamos a fazê-lo, mas um dia vai ter que ser feito — mais cedo ou mais tarde.

A escola é cada vez mais vista como uma espécie de prisão, e temos que mudar esse paradigma, e se o mudarmos, acredito que este estudo terá outros resultados (claramente satisfatórios).

Esta falta de inovação não é culpa dos professores, dos alunos, do pessoal não docente, dos pais ou dos diretores, é culpa de um “sistema predefinido” que não muda à anos, não evoluiu, não se adaptou às novas gerações, aos novos pensamentos.

E é por isto tudo que falta motivação às pessoas que frequentam diariamente aquele espaço, e como disse Pedro Chagas Freitas: “Falta felicidade às escolas.”

Alunos, professores e pessoal não docente, desmotivados daquilo que devia ser a motivação deles, desmotivados do local onde passam a maior parte do dia, crianças e jovens cada vez mais tristes, isto reflete o dia-a-dia do espaço escolar.

E com isto surgem questões: “Será que algum dia vamos conseguir inovar?”; “Será que teremos uma mudança significativa” — tudo incógnitas.

🔗 Ler em artigo: https://www.mais-sobre-educacao.uno/2023/01/a-escola-um-lugar-que-ja-nao-e-como-era.html

 

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ADD, UMA INUTILIDADE CANCERÍGENA – António Paulo Costa

 

A maior parte dos professores argumenta contra o atual sistema de avaliação do desempenho docente (ADD) por este não permitir reconhecer, em termos práticos – isto é, com uma avaliação de Muito Bom ou de Excelente e respetivas consequências -, o seu infindável trabalho com os alunos. Têm duplamente razão: não apenas nem todos veem premiado o seu trabalho quando isso seria justo, como aqueles que obtêm classificações muito altas (por exemplo, >9 na escala até 10) veem depois “martelada” a sua avaliação para apenas Bom por conta das famigeradas quotas. Isto é como mostrar a PlayStation a um miúdo que trabalhou mesmo bem e a seguir retirar-lha da frente com um sorriso de hiena, o que torna este sistema uma coisa desmoralizante para avaliados, massacrante para avaliadores e cancerígena para as relações entre colegas.

Vou elaborar mais um bocadinho. Os teóricos da Pedagogia distinguiram há muito tempo a avaliação referida a critérios da avaliação referida a normas. No primeiro caso, o dispositivo de avaliação tem de permitir verificar se é cumprido um dado critério. Por exemplo, nos centros de inspeção automóvel faz-se avaliação referida a critérios: os pneus estão carecas? o veículo emite gases excessivos? a direção está desalinhada? Não satisfaz o critério. Reprovado a vermelho. Note-se que este veículo não é comparado com o veículo inspecionado antes, nem com o veículo inspecionado a seguir. Chumba por si, sem importar se é melhor ou pior do que os outros. Sai-se de uma avaliação criterial com um carimbo aprovado/não aprovado, ou algo parecido. Ponto final.

Numa avaliação referida a normas, estabelece-se uma comparação entre o desempenho de um dado indivíduo com o desempenho (normal) do grupo a que pertence. O dispositivo de avaliação referida a normas tem de permitir seriar rigorosamente os indivíduos do grupo, estabelecendo quem são os que estão acima da norma do grupo, os que estão dentro da norma do grupo e os que estão abaixo da norma do grupo. Estão a ver os percentis de desenvolvimento dos bebés? É uma avaliação referida à norma. Quando me dizem que o meu Zé está no percentil 95 de altura para a idade dele, significa que apenas 5% dos miúdos da idade dele são mais altos do que ele. Aqui está a comparação entre o indivíduo e o grupo. Estar no %95 não é bom nem é mau. Não pode ser condutor de tanques militares. Pode pintar tectos e mudar lâmpadas.

Mas, o que é a atual ADD? Uma salgalhada conceptual. Por imposição de uma política que impõe competição entre docentes, pretende-se fazer uma avaliação normativa no interior de cada escola/grupo – o tal universo de avaliados. Assim, em teoria o dispositivo permitiria determinar a norma dessa escola/grupo, os que estão acima da média (e que podem ser premiados com menções Muito Bom e Excelente), os que estão na média e os que estão abaixo da média (sujeitando-se às consequências disso, não necessariamente punitivas). Mas isto é a teoria. Na prática, constroem-se dispositivos de avaliação tendencialmente criterial (o docente planifica com rigor? o docente contribui para a ligação à comunidade? o docente fez as horas de formação a que estava obrigado?), como se faz na avaliação do carro na inspeção, para depois fazer-se uma seriação. O resultado é desastroso. Não só porque a avaliação criterial é difícil, mas porque um dispositivo feito para ela não é eficiente para seriar desempenhos. Esta ADD é, pois, um disparate técnico. Gostava que os gurus da avaliação escrevessem uma “folha” acerca disto, eles que são tão profícuos na folhagem pedagógica.

Mas há mais. Andei a vasculhar estatísticas de exoneração de professores por incompetência. Sim, isso mesmo. Um sistema de ADD com qualidade tem de permitir pôr a andar ou reciclar aqueles que manifestamente não se adequam ao conteúdo funcional da docência. E um sistema tão cancerígeno como o atual tem de poder justificar-se pelo menos como instrumento de exclusão dos maus professores das salas de aula. Bom, não só não encontrei nada (e o Governo seria suficientemente safado para brandir isso contra os professores), como não conheci diretamente mais do que 2 situações de exoneração na minha vida de professor, ambas por conduta imprópria e não por desadequação ao perfil requerido para ser docente (exceto na parte da conduta).

Que se conclui daqui? Se o atual sistema de ADD é demolidor da motivação dos melhores professores e se não é eficaz para excluir os piores professores, não serve para nada. Qualquer departamento de recursos humanos empresarial poderia ensinar ao ME o efeito da desmotivação e do sentimento de injustiça na produtividade, na disponibilidade, no envolvimento do trabalhador. Sai seguramente muito mais caro do que atuar de forma a manter o trabalhador empenhado, focado, feliz e produtivo. Mas esta gente não aprende nada. Escreve uma linha dourada no CV e vai embora à sua vida.

Por fim, eis como antevejo três eixos do futuro da avaliação do desempenho docente:
1) Formativa. Baseada em feedback oportuno, sobretudo dos seus pares, não para punir nem “congelar”, mas para melhorar.
2) Iterativa. O desempenho de cada docente num dado momento seria comparado com o desempenho do próprio docente no ciclo anterior, tendo em vista apreciar a sua evolução.
3) Compromissiva. Detetadas fragilidades ou potencialidades, cada docente comprometer-se-ia a elaborar e a cumprir, no ciclo avaliativo seguinte, um plano de ação que o levasse a ultrapassar essas fragilidades ou a capitalizar ainda mais as suas potencialidades. Caso optasse por não o fazer, seria então ponderado o “congelamento” da sua evolução na carreira, temporário ou definitivo, em termos a definir.

Este seria um paradigma totalmente diferente, mais baseado na cooperação do que na competição, mais responsabilizador e respeitador da autonomia do docente, menos “vertical”, mais estimulante do desenvolvimento profissional e pessoal. Temos de o discutir, porque a alternativa ao cancro ADD atual tem de partir de nós próprios e não ser deixado na mão dos mesmos, de onde sairá apenas uma metástase ADD.

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O primeiro Natal depois de ti, Ava-Mae – João André Costa

“Desde o início do 7° Ano, a Ava-Mae tem sido extremamente ofensiva para com os professores e pessoal auxiliar, regularmente recusando-se a cumprir o determinado pelo professor e expressando profanidades em resposta.”
Assim começava por versar a escola da Ava-Mae, aluna ainda no 7° ano e os professores já de cabeça em água e cabelos em pé sem saber o que e como fazer para apaziguar um furacão de metro e meio de altura mas cujo vórtice trazia o fim imediato a todas as aulas por onde passasse.
Mas não só, ou não estivesse a catraia em risco de exclusão em resultado de repetidas agressões sempre que desafiada por um qualquer colega e os dias passados em casa de conta há muito perdida.
Conclusão: em meados de 2020, com a pandemia em modo de pausa e as escolas de novo abertas, recebemos a Ava-Mae por um período de 6 semanas.
O objectivo? Recomeçar do zero e em 45 dias dar à Ava-Mae uma outra escola, uma escola onde as expectativas sobrepõem-se às consequências, uma escola onde a responsabilidade faz as vezes do castigo e a disciplina não é senão o eco da confiança depositada desde o primeiro minuto nos ombros desta pequena grande aluna.
O objectivo? Voltar a acreditar na escola e sorrir ao fim do dia.
Trabalhar diariamente com crianças cujos problemas de comportamento vão literalmente do 0 aos 100 entre dificuldades de aprendizagem, agressividade e desobediência (tudo por esta ordem) significa esta dificuldade imensa para explicar a quem nos rodeia o porquê da insistência em continuar, incansavelmente, a trabalhar com estes pequenos seres mais os seus problemas sem fim.
Simplifiquemos e temos a Ava-Mae de sorriso rasgado no meio do campo de jogos a cada intervalo e hora de almoço a distribuir caneladas por todos os alunos sem destrinça, dó ou piedade pelas canelas dos ditos e futebol para que te quero.
Não obstante, lembrem-se, estávamos em plena pandemia com o distanciamento social como regra de ouro imposta pelas mais altas instâncias.
No entanto, as mais altas instâncias não conheciam a Ava-Mae nem tampouco esta necessidade imensa de contacto.
Talvez assim se explique o porquê de os alunos, todos os alunos, mas não só, professores e pessoal auxiliar por igual, tudo fazerem menos admoestar os golpes sem fim desta pequena reguila que pouco mais pedia para além de um pouco de atenção.
Por não haver outra oportunidade para o contacto físico até Ava-Mae entrar em campo. Por ser permitido, pelo menos em jogo. Por ser possível. Por não ser impossível voltar a ter o toque.
Mesmo se à custa de caneladas. Mesmo se em troca de algumas nódoas negras. E poder voltar a rir.
Sim, à custa de chutos e pontapés. E assim se resumem as necessidades educativas e o significado de trabalhar numa escola de ensino especial.
E acreditem ou não, não fossem estes chutos e pontapés e a alegria contagiante de Ava-Mae e talvez não tivéssemos sobrevivido ao distanciamento social mais a pandemia.
Por já estar mais do que comprovado o estreito abraço da depressão aquando dos confinamentos.

https://www.nature.com/articles/s41562-022-01453-0

https://www.news-medical.net/amp/news/20220530/Increase-in-depression-and-anxiety-rates-in-the-UK-identified-during-COVID-19-lockdowns.aspx

Se findas as 6 semanas a Ava-Mae regressou à escola, a sua marca, literalmente, não foi esquecida, antes trazida na memória, nos braços e nas pernas durante os longos meses seguintes, assim alumiando o caminho enquanto se desenha um sorriso nos lábios.
A Ava-Mae veio visitar-nos há pouco: tem a irmã mais nova, também em risco de exclusão, na nossa escola, por outras 6 semanas. Aquando da sua visita, tive a oportunidade e a felicidade de lhe agradecer. Mas também explicar a importância do seu papel naquele que foi para muitos o período mais difícil das suas vidas.
Para mim, foi.
Se de caminho passaram dois anos e meio, este foi verdadeiramente o primeiro Natal depois de ti, Ava-Mae. O primeiro Natal em que pudemos estar todos juntos outra vez, sorrir outra vez, abraçar outra vez, respirar outra vez, beijar, tocar, abraçar, chorar, recordar, sentir, viver, não temer.
Obrigado por nos fazeres chegar até aqui. Incompreensivelmente à custa de pontapés.
Mas era tudo o que tínhamos e na verdade não doíam nada.
O que doeu foi aprender a gostar de ti e de todas as Ava-Mae deste mundo. E o que dói é ver-vos partir depois de sorrir outra vez ao fim do dia na escola.

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