Ministério quer passar professores de cursos profissionais a técnicos superiores

Apesar de exercerem funções de docentes, os professores de cursos profissionais vão ser integrados na carreira de Técnico Superior. A alteração representa a perda de rendimento.

Ministério quer passar professores de cursos profissionais a técnicos superiores

Os docentes dos cursos profissionais denunciaram esta quarta-feira que a tutela vai integrar os técnicos especializados na carreira de Técnico Superior, acusando o ministério de aproveitar as greves para, “à socapa”, fazer esta alteração que representa perda de rendimento.

“Aproveitaram esta revolução que está na Educação, o facto de andarem muito ocupados com a reivindicação dos sindicatos das carreiras dos professores, para mandar isto à socapa. Não publicaram e mandaram [a informação] diretamente para os diretores”, disse à Lusa Maria Olinda Marques, Técnica Especializada para Formação. A Lusa questionou o Ministério da Educação e aguarda informação sobre o assunto.

Maria Olinda Marques, docente no Agrupamento de Escolas Abel Salazar, São Mamede de Infesta, Matosinhos, explicou que os docentes dos cursos profissionais foram surpreendidos, na segunda-feira ao final do dia, com a informação de que seriam integrados na carreira de Técnico Superior, apesar de exercerem funções de docentes e assumirem, em muitos casos, cargos de coordenação, direção de curso e turma, entre outros.

“Todas as nossas funções são exatamente iguais às dos professores. Avaliamos, ensinamos os alunos a saber ser, a saber estar e a saber fazer. (…) Portanto ficamos incrédulos com aquilo que o ministério estava a fazer, até porque, já em 2019, [a tutela] tinha recuado porque nós não nos enquadrávamos no perfil do técnico superior”, disse.

“Agora aparece no perfil de técnico superior um parágrafo que descreve as funções de formador”, afirmou, acusando a tutela de fazer uma alteração que permite enquadrar qualquer trabalhador nestas funções e, mais grave, permitir que qualquer técnico superior possa substituir um professor.

Maria Olinda Marques sublinhou que os técnicos especializados para formação sempre foram avaliados e sujeitos às quotas da carreira docente, pelo que, defendeu, é nela que devem ser integrados e não numa categoria que traria também perda de rendimento.

“No meu caso, eu tenho duas licenciaturas – uma em Marketing, outra em Turismo, duas pós-graduações e um mestrado em Educação com especialização em Administração das Organizações educativas – e neste momento ia perder, do pouco que já ganho, passou para 1.400 este mês e iam-me integrar numa carreira a ganhar 1310 euros“, revelou.

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14 comentários

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    • prof on 26 de Janeiro de 2023 at 9:18
    • Responder

    O que se entende, neste caso em concreto, por professores dos cursos profissionais? Certamente não serão os professores de inglês, português. Educação Física, TIC, Economia, Biologia, FQ, matemática, etc que concorrem como docentes profissionalizados nos concursos de docentes e tanto dão aulas ao ensino regular como ao profissional, certo?

    Entende-se aqueles que são recrutados através de concurso específico de técnicos especializados e que em muitas situações até são professores profissionalizados e têm aqui um mecanismo para contornarem a situação e serem admitidos. Esta situação já hoje constitui um recrutamento por critérios escolhidos a dedo pelo diretor da escola, certo? Então sendo uma situação irregular, faz sentido que não sejam considerados docentes , mas sim técnicos especializados.Há muito que esta situação, fraudulenta, em muitos casos ,carece de ser desmascarada e denúnciada e posto um ponto final.

    Técnicos especializados deveriam ser apenas técnicos recrutados apenas para disciplinas demasiado técnicas que não se englobam em nennum grupo disciplinar. Ex: Formadores de cozinha, pastelaria, proteção civil, e áreas muito muito especícificas.

    Quem não é recrutado num qualquer concurso de professores, tendo habilitação profissional, não é professor!

      • prof on 26 de Janeiro de 2023 at 9:25
      • Responder

      A meu ver faz sentido que estes técnicos, que apenas, devem dar disciplinas da componente técnica, possam ser diretores de curso, orientadores da PAP e orientadores da FCT. Já direção de turma não me parece adequado.

    • Zabka on 26 de Janeiro de 2023 at 9:40
    • Responder

    Tanto esquema, cunha e aldrabice na contratação dos técnicos. Se são técnicos (que não são colocados por concurso) têm de estar na carreira dos técnicos

    • Paulo on 26 de Janeiro de 2023 at 10:07
    • Responder

    Pelas mensagens acima percebe-se perfeitamente que não sabem do que se passa nem do que estão a falar!

    A questão é serem Técnicos Especializados e não Técnicos Superiores!!!

    Atualmente precários durante anos a receber pelo índice 151, inferior ao 1º escalão docente, e querem integra-los agora numa carreira cujo índice de remuneração é inferior em cerca de 120€.

    Acham normal vincular profissionais e reduzir o salário, que já era baixo???

    Muitos deles com mais formação que muitos professores!

    Eles não querem ser chamados de PROFESSORES, mas querem uma vinculação justa ao Ministério!

    • Carlos on 26 de Janeiro de 2023 at 10:23
    • Responder

    A integração na carreira técnica superior por si só pode não representar descida de ordenado, até poderá ter subida, tudo dependerá no escalão onde irão ser colocados.

    • Paulo Fonseca on 26 de Janeiro de 2023 at 10:41
    • Responder

    À semelhança de outros anos letivos, estou neste ano como docente de disciplinas técnicas de 3 cursos profissionais e tenho 2 turmas do ensino básico, 7º e 8º ano Ed. Visual.
    Também já fui coordenador de cursos profissionais, orientador de PAP e de estágio.
    Mas sou QZP do grupo 600. Quando mudo de escola tanto me pode calhar no horário ser professor de um curso profissional, quanto dar aulas de EVT ao 5º ano ou ir trabalhar para uma instituição de acolhimento de jovens.
    Sem conhecer o diploma, esta situação não faz sentido nenhum.

      • prof on 26 de Janeiro de 2023 at 11:56
      • Responder

      A meu ver o colega é professor e obviamente que ao dar aulas aos cursos profissionais está correto pois os conteúdos a lecionar enquadram-se no seu grupo de recrutamento. Portanto, esses tempos letivos são bem atribuídos ao seu grupo. Já dar formação de cozinha ou proteção civil carece de conhecimentos que não se encontram em grupos de recrutamento e aí podem recrutar técnicos especializados.

      Por exemplos nos grupos 430 e 530 há muitos horários que deveriam ir a concurso de professores e ficam na gaveta para depois haver contratação de escola como técnicos especializados. E é isto que não pode continuar a contecer!

    • Sofia on 26 de Janeiro de 2023 at 10:56
    • Responder

    A questão aqui é que os técnicos especializados para formação fazem exatamente o mesmo do que um professor. Estão na escola há muitos anos. Querem ter acesso à profissionalização em serviço e serem integrados na carreira.
    É justo.
    Há que haver sinceridade. Os professores fogem do Ensino Profissional é a custa destes trabalhadores que os cursos vão abrindo!
    Quando eles se foram embora, ficam todos sem horário mas confortáveis com as cadeiras de Pedagogia que não vos vão servir para nada.
    Há N professores nas escolas que hoje seriam tecnicos se o bloqueio à profissionalização que há hoje sempre tivesse existido.

      • RF on 26 de Janeiro de 2023 at 20:59
      • Responder

      Aprenda aa escrever. Não lhe digo para aprender a pensar, porque é uma técnica.

        • AO on 26 de Janeiro de 2023 at 22:51
        • Responder

        Isso não é pensar! Tendo em conta aquilo que escreveu…

        • Um prof on 28 de Janeiro de 2023 at 15:55
        • Responder

        Sou Professora e nunca trataria assim um colega do profissional. Incrível como se considera superior. Tenha vergonha colega. Muitos colegas dos profissionais são mais valorosos do que alguns professores. Chocante a sua posição. Lamentável e arrepiante.

    • Paulo on 26 de Janeiro de 2023 at 12:17
    • Responder

    Sejam UNIDOS, senão isto não passa de um País de Quintinhas!!!

    O Bem/justiça dos Outros, nunca provocou Mal a ninguém!

      • AO on 26 de Janeiro de 2023 at 22:58
      • Responder

      Apoiado.

    • Vera Roxo on 26 de Janeiro de 2023 at 13:08
    • Responder

    São especialistas nisso. Os passes de mágica que transformam uns em insetos e outros em CEOs.

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