CARTA ABERTA DOS PROFESSORES DA ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES AO MINISTRO DA EDUCAÇÃO, PROFESSOR JOÃO COSTA

Ex.mo Sr. Ministro da Educação,

Os últimos dias têm sido de tempestade, ruas alagadas, lojas destruídas, árvores caídas, vidas em suspenso. Também a Educação tem passado por idênticas tormentas.

Cada Ministro que passa quer deixar a sua marca, mas esquece o que é importante e urgente fazer: tratar das feridas abertas numa classe desrespeitada, ignorada e desconsiderada, embora considerada fulcral em situações de calamidade!

Nos últimos dias, a Presidência do Conselho de Ministros tornou pública a Resolução do Conselho de Ministros n.º 123/2022 com um conjunto de intenções para resolver algumas das preocupações e reivindicações de longa data dos professores. O corpo docente da nossa Escola, tal como o de outras, leu-o, analisou-o. Face à parca informação, muitas dúvidas surgiram.

Os professores da Escola Secundária de Camões apresentam-nas em seguida:

Fazendo a classe docente parte da Função Pública, e tendo a grande maioria dos seus funcionários recuperado o tempo de serviço congelado, porquê um tratamento diferente e desigual para os professores? A contagem integral do tempo de serviço será recuperada pela classe docente? Equidade é um direito!

Havendo falta de professores e estando a classe envelhecida, por que razão não tornar mais atrativa a carreira, recuperando o modelo de estágios remunerados com atribuição de turmas?

Será que é possível resolver o problema da falta de docentes sem ajudas de custo para deslocação, principalmente nos grandes centros urbanos? Como resolver a assimetria entre o norte e o sul sem tais ajudas?

As escolas passarão a pertencer aos municípios e serão geridas financeiramente por estes?
Em que é que se traduzirá, na prática, «Acompanhar, coordenar e apoiar a organização e funcionamento das escolas e a gestão dos respetivos recursos humanos»?

Haverá lugar a uma revisão do Estatuto da Carreira Docente, nomeadamente no que diz respeito ao ingresso na carreira, ao modelo de avaliação e à progressão? Vão manter-se as condições de acesso ao 5.º e 7.º escalões? Com estas condições, como é que o Ministério da Educação pretende atrair novos docentes para a carreira?

Os concursos de docentes continuarão a ser da responsabilidade do Ministério da Educação? Haverá uma lista de graduação profissional única ou, além da graduação profissional, existirão outros critérios a aplicar na colocação de professores? Na abertura de vagas, como vão funcionar as prioridades?

Está previsto o reconhecimento da aquisição de habilitações académicas pelos professores (mestrado e doutoramento), independentemente da condição contratual, como acontece nas regiões autónomas da Madeira e dos Açores?

Atendendo ao atual contexto de falta de professores, fará sentido a alocação de recursos humanos para a realização de um ano probatório na entrada em QZP?

Senhor Ministro da Educação, se aqueles que já são professores não se sentem reconhecidos e valorizados, como espera atrair as novas gerações para a profissão? Revele coragem política e reconheça verdadeiramente o papel determinante dos professores e da Escola Pública!

Acreditamos que, com os professores, ganhamos o futuro do País. Nós, professores da Escola Secundária de Camões, estamos disponíveis para tornar isto real!

Conte connosco. Contamos consigo?

Escola Secundária de Camões, 2 de janeiro de 2023.

Os Signatários,

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1 comentário

    • Isabel Castro on 4 de Janeiro de 2023 at 23:12
    • Responder

    Muito bem! Se o Sr. Ministro, em vez de andar a apelidar uns e outros de mentirosos e de fazer dos professores seres acríticos e sem vontade própria, que se deixam manietar pelos sindicatos, esclarecesse todas as dúvidas aqui expostas com clareza e objetividade e tivesse a coragem política para fazer o que deve ser feito, aí, sim, ficaria para a História, pelos melhores motivos.
    Nada mais reivindicamos senão justiça e respeito pelos nossos direitos. Ainda mais quando vivemos num país onde alguém que trabalha numa empresa do Estado, ao fim de 2 anos sai do cargo com uma indemnização de meio milhão!

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