6 de Outubro de 2020 archive

Ensino doméstico regista números nunca vistos

Não é só o ensino doméstico que surgiu em força, o ensino a distância para alunos de risco também é um fenómeno novo e que teve muito mais impacto na vida das escolas e das crianças.

Há cada vez mais pais interessados em retirar alunos do ensino tradicional

Desconfiados das medidas para prevenir a Covid-19 nas escolas, há cada vez mais interesse de alguns pais em retirar os alunos do ensino tradicional, revela a Associação Nacional de Pais em Ensino Doméstico.

Esta associação regista, no último mês, um aumento de seis vezes mais pedidos de informação do que em igual período do ano passado.

No “ensino doméstico”, os estudantes passam a ter aulas em casa, lecionadas pelos próprios encarregados de educação, se tiverem o grau de licenciatura ou por professores contratados para o efeito, que se deslocam ao domicílio.

Um fenómeno que parece estar em crescimento, devido aos riscos do coronavírus.

 

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Aumentos em 2021 não são para todos os funcionário publicos

 

Helena Rodrigues procurava sublinhar o facto de não estarem garantidos aumentos salariais transversais para todos os funcionários. A frente sindical liderada pelo STE propunha um aumento de 1%, em linha com a promessa deixada pelo Governo no ano passado.

O Governo “refere-se a taxa de inflação prevista e portanto podendo eventualmente situar-se em zero”, disse a dirigente sindical. Quanto às atualizações “haverá [eventualmente] para alguns mas não para todos”.

Para alguns, quais? “Não sabemos ainda em concreto, temos de ver as propostas concretas”, disse, sublinhando que as progressões implicam aumento de rendimentos.

“Para a generalidade dos trabalhadores não haverá atualização remuneratória. Foi a sensação com que ficámos”, disse, sublinhando que acredita que o governo ainda vai considerar as propostas dos sindicatos.

“Todos estamos a contribuir para a crise mas os trabalhadores devem ter a sua remuneração, seja público ou privado. Se não tivermos essas condições de remuneração como é que vamos ter uma administração pública altamente qualificada?”

 

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Milhares de alunos continuam sem aulas porque faltam professores

Milhares de alunos continuam sem aulas porque faltam professores

Inglês, Matemática, Geografia, Eletrotécnia e Informática são as disciplinas com as maiores falhas. Este ano, já foram colocados mais de metade dos docentes disponíveis através das reservas de recrutamento, uma situação que no ano passado aconteceu só em dezembro.

Nesta altura, pelas contas do blogue do professor Arlindo Ferreira, dedicado a questões de educação, faltam 851 professores.

Lisboa, Setúbal e Faro são os distritos onde a falta de docentes mais se faz sentir. Só no agrupamento de escolas das Laranjeiras, em Lisboa há 16 profissionais por colocar.

Esta situação origina muitos furos nos horários de milhares de alunos, como diz Rui Martins, presidente da Confederação Nacional Independente de Pais e Encarregados de Educação (CNIPE). “As aulas começaram a 16/17 de setembro e até hoje há muitas turmas que não têm professores a uma ou duas disciplinas.”

Nesta altura, há 136 horários completos por preencher. Só no grupo de Informática são 106, mas os grupos de Inglês, Matemática, Geografia e Eletrotécnia também têm falta de professores.

“Percebe-se que é mais no Sul do país, uma parte do Alentejo e Algarve, mas a incidência é enorme em Lisboa e Vale do Tejo. Temos que isto se alastre ao resto país…de facto escasseiam os professore”, reconhece Filinto Lima, presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas.

Segundo este responsável, a falta de docentes só pode ser atenuada com uma carreira mais atrativa ao mesmo tempo que é preciso combater a precariedade.

Este ano por causa da pandemia por Covid-19, mais de duas centenas de professores de risco estão de baixa uma situação, o ainda assim, para Filinto Lima tem um impacto reduzido no sistema. “Esta profissão não é motivadora. Temos até bastantes professores contratados, que estão no sistema já há 15 ou 20 anos, mas não entram para os quadros. Já alguns dos professores que estão nos quadros de agrupamento começam a pedir meia jornada e licenças sem vencimento por um ano ou mais, porque querem experimentar outras atividades, eventualmente mais rentáveis, como melhor futuro, em prejuízo da Educação.”

Atualmente, estão por colocar cerca de 12 mil docentes, a maior parte do Norte do país, mas que não querem dar aulas em regiões onde o custo de vida é mais elevado. O vencimento muitas vezes não dá para pagar as despesas de aluguer de casa e o transporte.

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Os professores: sal da terra, luz da humanidade – José Matias Alves

 

Os professores: sal da terra, luz da humanidade

“Os professores não têm futuro. Eles são o futuro.”
Philippe Meirieu

“Ensinar não é uma atividade como as outras. Poucas profissões serão causa de riscos tão graves como os que os maus professores fazem correr aos alunos que lhe são confiados. Poucas profissões supõem tantas virtudes, generosidade, dedicação e, acima de tudo, talvez entusiasmo e desinteresse. Só uma política inspirada pela preocupação de atrair e de promover os melhores, esses homens e mulheres de qualidade que todos os sistemas de educação sempre celebraram, poderá fazer do ofício de educar a juventude o que ele deveria ser: o primeiro de todos os ofícios.”
Pierre Bourdieu

Sabemos que ser professor é uma profissão única e singular. Sem professores, nenhuma outra profissão existiria. Sem professores, a herança científica, tecnológica e artística tenderia a desaparecer. Sem professores, a vida social e cultural ficaria mergulhada num deslaçamento caótico. E por isso, deveria ser o primeiro de todos os ofícios. No entanto, esta óbvia centralidade não tem tido o reconhecimento devido, seja no exterior, seja no interior da profissão.

No exterior, assistimos frequentemente a uma desvalorização do seu papel e estatuto. A uma desconsideração sobre o seu lugar no mundo educativo. A uma proletarização das suas condições de vida e de trabalho. De facto, basta lembrar a precariedade laboral de muitos milhares de professores sucessivamente contratados durante repetidos anos; a peregrinação recorrente por múltiplos lugares numa exigente adaptação a muitos contextos geográficos; o bloqueamento na progressão da carreira, congelando legítimas expetativas e burocratizando o regime de avaliação; a muito difícil tarefa de ensinar, muitas vezes, quem não quer aprender e de interagir semanalmente com muitas dezenas de alunos, todos únicos, todos diferentes; a intensificação (e a crescente complexidade) do trabalho que tende a ultrapassar largamente as horas legalmente prescritas; um estatuto da carreira docente estrangulado, funcionarizado e mal pago; um tempo pandémico que exige tudo às escolas e aos professores numa missão de alta complexidade; e a desautorização praticada por instâncias políticas e administrativas que se não coíbem de ordenar e de mandar executar ações que deveriam ser da responsabilidade exclusiva de cada profissional ou do colégio docente.

Os fatores enunciados fazem da profissão uma prática socialmente desprestigiada e pouco atraente, havendo o risco de uma crescente falta de professores, já hoje visível em diversos grupos de docência. A conjugação desta escassez com o envelhecimento crítico da classe é de molde a instituir um grave grito de alerta que tem de ser urgentemente considerado.

Mas não são só do exterior que surgem estes sinais preocupantes. No interior da classe, há uma excessiva tentação do rebanho, uma grande dessintonia em relação às funções chave do que deveria ser um professor, uma persistente subserviência face a orientações superiores que deveriam ser ilegítimas e por isso não acatadas, um excesso de obediência burocrático-normativa que faz esquecer o dever primeiro de fazer aprender, uma clausura no fechamento da sala de aula, uma solidão existencial que tende a não ver a vantagem do trabalho colaborativo no enfrentar e no resolver os problemas de aprendizagem, uma adesão a práticas avaliativas tendencialmente seletivas e excludentes, um investimento provavelmente insuficiente na capacitação e desenvolvimento profissional.

A profissão vive, assim, entre a proletarização e o profissionalismo. E seria bom que um número crescente de professores preferisse e praticasse uma ordem profissional mais autónoma, mais crítica, mais reflexiva, mais comprometida, mais solidária, mais colegial e mais inscrita no território onde se exerce. Pois só esta ordem nos redime da tentação canina e nos salva.

Mas esta opção exige uma radical desaprendizagem e uma reinvenção da pedagogia. Neste tempo tão exigente e cruel, precisamos de olhar, ver, reparar e intervir. Desaprender o vício da exposição, a servidão do dar a matéria e cumprir o programa, a comodidade do ensinar a todos como se todos fossem um. Fazer a identificação do que é dispensável ensinar e aprender, prescindindo de tudo o que sobretudo visa operar a distinção e a segregação escolar. Selecionar o que é social e humanamente relevante, nunca descurando a empregabilidade social dos saberes. Implicar os educandos na procura dos problemas e das soluções, organizando situações didáticas de participação, de pesquisa, de debate, de produção de conhecimento que ilumine a ação. Diversificar e contrastar as fontes de informação, escrutinar a fiabilidade, perceber a verdade e a falsidade. Multiplicar os canais de comunicação, os sistemas de entreajuda e complementaridade. Clarificar as metas ou os objetivos a alcançar e os caminhos e recursos que poderão sustentar um trabalho progressivamente mais competente, responsável e autónomo. Clarificar ab initio os critérios, os instrumentos e os procedimentos de avaliação, as condições de êxito e inêxito, as regras do jogo avaliativo. Valorizar a função reguladora, emancipadora e democrática da avaliação que deve ser muito mais importante do que a função classificativa/certificativa. Reconhecer e valorizar as inteligências múltiplas e saber que o sucesso tem de ser conjugado no plural, porque não há um, mas vários sucessos e a escola tem de os ver, reconhecer e valorizar. Criar e adotar múltiplos instrumentos de avaliação, relegando o teste escrito (os dois por período) para um secundaríssimo plano. Exercer a autoridade no seu sentido pleno e original de fazer crescer o outro em responsabilidade e autonomia. Dispensar a ameaça que inibe e o medo que paralisa procurando fundar uma comunidade exigente e solidária.

Também por estas razões, este é, como disse Bourdieu, o primeiro de todos os ofícios: o mais exigente, o mais necessário, o mais sensível, o mais delicado, o mais difícil. Um ofício que deveria merecer um outro suporte social e político, um outro olhar, um outro reconhecimento. A esperança e a confiança passam, necessariamente, por aqui.

 

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Cinema Sem Conflitos: “Brave Heart”

Título:  “Brave Heart” | Autores: “Luca Schenato / Sinem Vardali

Uma ação / comédia peculiar e surrealista em que um coração corajoso tenta realizar suas tarefas metabólicas diárias, mas precisa implantar um protocolo especial para colocar seu corpo de ressaca em ação.

Mais videos didáticos sobre Amor e Sexualidade, Bullying, Dilemas Sociais, Drogas, Emoções, Família, Racismo, Relações Interpessoais, Religião e Cultura, Violência em  https://cinemasemconflitos.pt/

 

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Do COVID-19 nas Escolas – Da Dualidade, ou Mais!, de Critérios

Uma reflexão de Anabela Magalhães entre as condições em que se realizou o Conselho de Estado e as condições que se vivem nas escolas… e a dualidade de critérios em que se realizam testes a uns e outros, também me deixam perplexo, num país onde as igualdades estão cada vez mais desiguais.

Clique para ler:

Do COVID-19 nas Escolas – Da Dualidade, ou Mais!, de Critérios

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