Título: “Rotoscopia – A Bailarina”” | Autores: “Lucas Argentat“
Na expectativa de encontrar uma nostalgia ao rever objetos de seu passado, uma menina encontra uma caixinha de música que a envolve em um sonho de infância não realizado, de se tornar uma Bailarina. Curta-metragem animado utilizando a técnica de Rotoscopia, ilustração sobre o material gravado.
À semelhança da semana passada, publico os números referentes aos professores não colocados após a publicação da Reserva de Recrutamento 6.
Pela análise dos números, percebe-se que também no grupo 510 – Física e Química deixou de haver professores disponíveis no QZP 7 para as próximas reservas, apesar de as listas de não colocados contarem ainda com 255 candidatos.
O quadro abaixo torna evidente que o número de professores disponíveis tem vindo a diminuir, mas que o problema não tem o mesmo impacto em todo o território nacional.
Se não contabilizarmos os grupos de Educação Pré-Escolar, 1º ciclo e Educação Física, percebemos que restam pouco mais de 1000 professores disponíveis para preencher horários completos no QZP 7, número esse que será bem menor se considerássemos também os incompletos.
Há problemas estruturais que vão desde a formação de professores, até às condições de trabalho nas escolas, passando pela forma como a classe docente é vista pela sociedade civil, mas há também um problema geográfico que se tem sido agravado com os mecanismos de mobilidade existentes.
Fica no próximo quadro o resumo das contratações de escola por grupo de recrutamento e distrito dos horários que estiveram em concurso entre o dia 12/10/2020 e o dia 22/10/2020.
No caso do 1.º ciclo a grande mudança processa-se na redução da primeira tranche com direito a Assistente Operacional, que por arrasto beneficia as seguintes tranches.
Na portaria 272-A/2017 referia que no 1.º ciclo do ensino básico o ratio de assistentes operacionais é de um por cada conjunto de 21 a 48 alunos, acrescendo:
a) Mais um assistente operacional por cada conjunto adicional de 1 a 48 alunos;
A nova portaria reduz a primeira tranche para:
“No 1.º ciclo do ensino básico o ratio de assistentes operacionais é de um por cada conjunto de 18 a 36 alunos, acrescendo:
a) Mais um assistente operacional por cada conjunto adicional de 1 a 48 alunos;”
Se até aqui uma escola do 1.º ciclo com 95 alunos apenas tinha direito a 2 Assistentes Operacionais, a partir de agora basta que existam mais de 84 alunos para a escola ter direito a 3 Assistentes Operacionais.
Para o conjunto de alunos da escola, os alunos com necessidades específicas passam a valorizar como 2,5 alunos, pelo que, se a escola tiver 80 alunos e 3 deles tiverem necessidades educativas específicas, devidamente fundamentadas pelas Equipas Multidisciplinares de Apoio à Educação Inclusiva a escola passa a ver considerados 84,5 alunos para o seu cálculo do ratio dos AO e que assim passa a ter direito a 3 Assistentes Operacionais.
Muito em breve iremos disponibilizar uma aplicação que pode ajudar as escolas a calcular o seu ratio de acordo com a nova portaria.
Mas, enfim, 5 turmas de seguida rebentam com qualquer um. Quer dizer, antigamente rebentavam, agora explodem. E implodem connosco, porque quando um professor sai da escola está absolutamente morto para o mundo.
Eu sei, não serve de desculpa, mas, vejamos, a rotina mudou – não há correrias nos intervalos, não há sala de professores para partilhar mágoas, quando tenho de me cruzar com alguém respiro para o lado oposto, quando oiço tosse sinto fogo no rabo e fujo a toda a brida.
A máscara está tão colada à cara que há colegas com quem trabalho há anos e que quando nos cruzamos não os reconheço.
Depois as notícias vão ganhando entorno confuso – há um aluno infetado na turma B, na C e F também, o professor de FQ está em casa, bem como o de Português e Francês que são de risco. A coisa é tão caricata e inusitada que, na semana passada o delegado de saúde mandou uma turma e professores para casa na sexta-feira e sábado reenviou Mail a pedir desculpa que se tinha enganado. Portanto, segunda-feira, todos ala de regresso à escola e ninguém testa mais coisa nenhuma e calem-se bem caladinhos que a nossa escola ainda não apareceu no ranking das infetadas do país.
Portanto, convenhamos que uma pessoa se pode enganar. É normal.
Ainda para mais, olho para eles e só vejo olhos. Sentámo-los pela planta para ir tudo a eito, mas o 26 não vê o quadro e o 3 não se senta com o 4, e o 10 é par pedagógico do 28 desde o ano passado, e correu tudo muito bem, stora, mais o 16 que é vítima de bullying do 17 e, portanto, toca de reformular a planta toda da sala. E como não lhes sei os nomes, nem os consigo memorizar, é óbvio que as coisas acontecem, não é?
E começa logo tudo na chamada. A gente chamar, chama, mas não há memónica que funcione. Ana Flecha – máscara, olhos, presente!
Beatriz Carrilha – máscara, olhos, presente!
Carlos Teodósio – máscara, olhos, presente! E por aí adiante até ao final do alfabeto.
Também não há vindas ao quadro – Please, tell me your daily routines.
What teacher? Não te ouvimos aqui atrás!!
I SAID (apontando na direção precisa), CAN YOU, PLEASE, TELL US ABOUT YOUR DAILY ROUTINES?
Who, me?
No, you (apontando na direção precisa), please. You there, near the window (há 2 janelas). Not you, you there, yes, you, please, thank you. No, not you, your partner, what’s your number? Yes, number 22. CAN YOU, PLEASE, TELL US ABOUT YOUR DAILY ROUTINES?
Portanto, é isto. Passo as aulas a gritar, a tentar que responda um aluno que eu não sei exatamente quem é, nem de onde lhe sai a voz. E isto para conseguir ter alguma avaliação da oralidade. Enfim.
Portanto, dito isto, admito que nada serve de justificação, mas como atenuante para o meu enormíssimo erro.
Em poucas palavras: há um aluno que tem passado várias aulas a fazer ruídos impertinentes, e eu confesso que tive muita dificuldade em localizar os sucessivos “roncos”, dada a situação toda que já expliquei. Contudo, o meu lado Sherlock Holmes apanhou o perturbador finalmente e não hesitei em tomar as medidas devidas – falta disciplinar por arrotos repetidos e recado via on-line para a Encarregada de Educação. Confesso que não me poupei nas palavras, destilando a minha raiva e sofrimento naquele Mail – a educação recebe-se em casa, a escola é para aprender e exige um ambiente de respeito, o seu educando tem reiteradamente e de propósito perturbado as aulas com ruídos impróprios, blá, blá, blá….
No dia seguinte é-me solicitado que receba a Encarregada de Educação do perpetrador com urgência. Assim o fiz, confiante da minha implacável certeza. Comecei por explicar o sucedido, o comportamento impróprio da Santiago na sala, como isso causava perturbação e refletia uma atitude de má educação por parte do Santiago, etc, etc.
A senhora ouviu-me com toda a atenção, deixando-me dizer frase-por-frase sobre o Santiago.
Quando acabei de destilar o meu elevado desconforto proferiu sinteticamente:
Professora, agradeço toda a informação, mas o meu filho é o Salvador que está sentado ao lado do Santiago. Segundo o meu filho, foi o colega dele que fez tudo isso, não ele.
E, então, fez-se luz. Engoli em seco, pedi desculpa e reformulei nova acusação com a devida correção. Adenda para futuro: deixai-os lá arrotar à vontade que me estou bem a marimbar para a autoria.
Mas, afinal, somos todos humanos.
E mascarados somos todos, absolutamente todos, iguais.
Na Secundária João de Barros, no Seixal, não se espera só pelo fim das obras, iniciadas pela Parque Escolar há mais de dez anos. Desespera-se por professores. Após um mês do início das aulas — período que devia servir para recuperar o que não se aprendeu no passado ano letivo, com o ensino à distância —, há turmas onde faltam seis docentes, o que significa que os alunos estão sem aulas em metade das disciplinas.
[…]
O diagnóstico está feito, mas faltam soluções. E os números comprovam que as dificuldades agravam-se de ano para ano. Só na primeira quinzena de outubro, as escolas viram-se obrigadas a pedir 1870 horários através do mecanismo de contratação de escola. Isso significa que já não há professores disponíveis nas tais reservas de recrutamento ou os que existem recusaram o lugar.
O processo começa sempre pelas reservas de recrutamento. Se ao fim de duas semanas os horários continuarem vazios, passa-se para a fase de contratação de escola. Só na semana passada foram solicitados por esta via 637 professores, mais do dobro do registado no ano passado no mesmo período (255). Os distritos de Lisboa, Setúbal e Faro são as zonas para onde é mais difícil encontrar professores. Informática, Geografia, Inglês, Português e Educação Moral e Religiosa são as disciplinas mais carenciadas.
As contas são feitas para o Expresso por Davide Martins, professor de Matemática no Agrupamento de Matosinhos e colaborador do blogue de Educação ArLindo. “Em 2019, desde o início do ano letivo até 31 de outubro, saíram 1322 horários em contratação de escola, o que já é um número considerável. Este ano esse valor já foi ultrapassado no dia 10, evidenciando que a falta de professores tem aumentado e se faz sentir cada vez mais cedo”, explica.
Um mês após o arranque do ano letivo, haverá milhares de alunos ainda sem aulas a pelo menos uma das disciplinas e um número “anormal” de professores que estão a recusar horários.
“Mais de 500” entregaram declarações de risco, revelou o Ministério da Educação (ME), que invoca a pandemia para justificar as dificuldades nas colocações.
“Já tive uma professora que me respondeu que recusava o horário porque ganha mais no Continente e a continuar a viver em casa da mãe, no Norte, do que aceitar dar aulas em Setúbal”, revela Pedro Tildes. Na Secundária do Bocage, que dirige, há 21 turmas que não têm todos os professores: cinco estão sem aulas a Matemática, quatro a História e dez a Filosofia, incluindo do 11.º que vão fazer exame.
A partir de agora os docentes colocados em horário temporário na Reserva de Recrutamento 2 poderão voltar à lista da Reserva de Recrutamento, pelo que se tornaria muito mais complexa a elaboração desta aplicação.
Para o próximo ano letivo regressaremos com esta ferramenta.
De acordo com o SIPE, o corpo docente enfrenta agora um dos seus maiores desafios e está emprenhado em cumprir todas as regras, mas a segurança perante o contágio não está totalmente garantida.
“Embora as escolas estejam a redobrar-se em esforços para cumprir as normas de segurança, tal não é possível quando a grande maioria das turmas é constituída por cerca de 30 alunos, que têm de permanecer na mesma sala de aula”, advertiu o SIPE em comunicado.
Cidadania, Educação Tecnológica e Orientação do Trabalho Autónomo são três novidades da nova Telescola, escreve este sábado o jornal “Público”. Aulas na TV para alunos do secundário só avançam online
Depois de alguns meses em que apenas foram repostos conteúdos que já tinham sido passados, a Telescola arranca na próxima segunda-feira e traz novidades, como é o caso das novas disciplinas de Cidadania e Desenvolvimento (para alunos de 3º ciclo), Educação Tecnológica (2º ciclo) e Orientação do Trabalho Autónomo (1º, 2º e 3º ciclos), escreve o “Público” este sábado.
Além das novas disciplinas, a nova temporada do #EstudoemCasa, que passa na RTP Memória, conta com uma equipa permanente de professores e um grupo de coordenação.
É um problema estrutural que tem as suas causas na má planificação do Ensino Superior. O problema esteve na abertura de vagas para o ensino superior via ensino. Dou-vos um exemplo, no distrito de Viseu, no início deste século estavam em pleno funcionamento quatro Escolas Superiores de Educação e uma Universidade com cursos via ensino. Quantas estavam abertas, em pleno funcionamento no distrito de Lisboa ou do Porto? Este desfasamento entre a população residente e a perspetiva de número de habitantes no futuro, e o número de professores a sair do Ensino Superior deu origem ao problema que estamos a viver nos dias de hoje, muitos professores no Norte e Centro do país (que aí querem residir e trabalhar, mesmo que não seja na área da educação) e falta de professores nos grandes centros e sul do país. Eu nem sequer vou falar de tudo a que têm submetido os professores nos últimos 20 anos, era deprimente demais e já é de conhecimento público. Neste momento, os responsáveis por tão atrozes ataques têm de mudar de “paradigma”.
A solução está em atrair os professores para as zonas do país onde o seu défice já começou a afetar o bom funcionamento das escolas, mas isso não se faz com ar e vento, são necessárias medidas. Entre essas medidas a adotar poderão constar arrendamento “bonificado”, subsidio de deslocação, menor carga letiva semanal ou , até, uma espécie de subsidio de “insularidade” como cheguei a receber aquando da minha estadia nas ilhas. A mensagem que quero passar é que, o problema não se vai resolver por milagre ou por obra divina do espírito santo, é necessário atrair professores aos grandes centros como se atraem médicos ao interior.
Uma turma de 5.º ano da Escola Básica 2,3 Professor Delfim Santos, do Agrupamento de Escolas (AE) das Laranjeiras, em Lisboa, não teve professores de Educação Musical e de Educação para a Cidadania durante todo o ano letivo 2019/20. Este ano, passadas cinco semanas do início das aulas, a situação mantém-se. Mais: até ao início desta semana, havia uma outra turma de 2.º ciclo na mesma escola com apenas quatro dos nove professores.
Paula Rodrigues, presidente da Associação de Pais da Escola Básica 2,3 Professor Delfim Santos, tem dois filhos na instituição. O mais novo, que frequenta o 1.º ciclo, tem em falta a professora de Inglês. Já a filha mais velha, aluna do 3.º ciclo, ainda não tem professor de História. “Já o ano passado teve um professor de História que foi colocado tardiamente [no final do primeiro período]. Se tivesse que avaliar, nestes dois anos, as aprendizagens que ela realizou em História são mesmo muito medíocres”, conta, em declarações à Renascença.
Segundo o blogue especializado em ensino DeAr Lindo, a Escola Básica 2,3 Professor Delfim Santos é, ao nível nacional, aquela que mais horários ainda tem por preencher: são 20, segundo dados do dia 10 de outubro. Este registo, entretanto, terá sofrido mudanças, tendo em conta que a Direção-Geral da Administração Escolar anunciou, esta sexta-feira, a contratação de mais 725 docentes na Reserva de Recrutamento 6.
“A questão de falta de docentes do 2.º ciclo não é uma questão nova. É uma questão que se tem vindo a agudizar, até porque a classe etária dos docentes do segundo ciclo é bastante elevada. Só que este ano houve ainda uma maior agudização deste fenómeno porque houve professores que colocaram as baixas de risco devido à pandemia”, afirma.
Acima de tudo, a responsável pela Associação de Pais quer soluções. Para colmatar a falta de docentes, sugere a criação de um “subsídio de deslocamento à semelhança do que acontece com os deputados” – até porque não se pode “comparar os índices salariais de um deputado com um professor”. “Os professores em início de carreira ganham mil euros”, lembra.
Ainda no ano passado, o AE das Laranjeiras enviou uma missiva a Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, a “apelar que houvesse a criação de residências semelhantes às residências universitárias, mas para alojamento de professores”. “Nós sabemos que uma variável que de facto impede os docentes de aceitar as colocações em Lisboa, nos grandes centros urbanos, é o elevado custo da fixação”, diz.
Outra ideia que lança: dado que há um “excedente” de professores de primeiro ciclo que não são colocados, talvez o regime do segundo ciclo pudesse ser alterado. “Em Espanha, há um regime semelhante ao primeiro ciclo no segundo ciclo. Há um professor titular e depois é coadjuvado. O que nós sugeríamos era que houvesse uma inventariação dos recursos que existem em excesso no 1.º ciclo e que fosse criado um programa de requalificação”, diz.
Apesar das múltiplas levas de recrutamento, continuam a faltar centenas de docentes em vários estabelecimentos de ensino nacionais. Lisboa, em todo o caso, é a região mais afetada. Da lista de 12 escolas com mais horários vagos, compilada no blogue DeAr Lindo a 10 de outubro, dez estavam situadas na região de Lisboa e Vale do Tejo, e duas no Algarve (uma em Silves e outra em Portimão).
“O que acontece em Lisboa é que muitos professores que lá estão colocados, como têm um estatuto que mais nenhuma carreia tem, pedem de imediato mobilidade”, diz Jorge Ascensão, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, em declarações à Renascença.
Vou aguardar para que não haja mais nenhuma retificação para começar a fazer contas e comparações com a Portaria n.º 272-A/2017, de 13 de setembro.
Curiosamente a retificação feita foi ao número 1 do artigo 8.º, mas que vai precisar de nova declaração de retificação pois a mesma refere que foi o artigo 2.º a mudar.
No artigo 2.º, onde se lê:
«Artigo 8.º
Recursos específicos para apoio à educação inclusiva
1 – Os alunos com mobilidade reduzida e com limitações acentuadas ao nível da autonomia pessoal que impliquem a mobilização de recursos específicos, devidamente fundamentados pelas respetivas Equipas Multidisciplinares de Apoio à Educação Inclusiva, salvo os apoiados pelo Centro de Apoio à Aprendizagem no âmbito das valências de apoio especializado e de ensino estruturado, são contabilizados em 2,5 em todos os ciclos de ensino, incluindo a educação pré-escolar, para efeitos de apuramento do número total de alunos, por estabelecimento de ensino.»
deve ler-se:
«Artigo 8.º
Alunos com necessidades educativas específicas
1 – Os alunos com necessidades educativas específicas, devidamente fundamentadas pelas Equipas Multidisciplinares de Apoio à Educação Inclusiva, salvo os apoiados pelo Centro de Apoio à Aprendizagem no âmbito das valências de apoio especializado e de ensino estruturado, são contabilizados em 2,5 em todos os ciclos de ensino, incluindo a educação pré-escolar, para efeitos de apuramento do número total de alunos, por estabelecimento de ensino.»
Não sei se esta minha previsão neste artigo serviu de alguma coisa para mudar aquilo que inicialmente poderia estar previsto e que foi depois retificado, mas a contabilização dos alunos em 2,5 apenas para os alunos com mobilidade reduzida e com limitações acentuadas ao nível da autonomia pessoal seria a mesma coisa que não dar nada às escolas.
“1 — Os alunos com necessidades educativas especiais, salvo os inseridos nas unidades de apoio especializado e ensino estruturado, são contabilizados em 2,5 em todos os ciclos de ensino, incluindo a educação pré-escolar para efeitos de apuramento do número total de alunos, por estabelecimento de ensino.”