“Não tem havido investimento, nem qualquer trabalho nesta área para inverter a falta de professores” que “já faltam no sistema”, revelou Maria João Horta, numa conferência promovida pelo Conselho Nacional de Educação.
A subdiretora-geral da Educação, Maria João Horta, garante que já há falta de professores no sistema e denuncia a falta de investimento na área para inverter a situação.
“Parece que vamos deixar de ter professores em Portugal”, disse Maria João Horta, com tristeza, numa conferência promovida pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre “O digital numa pedagogia ativa e autonomizadora”.
Inquérito com respostas de cerca de 23 mil pais dá conta que, com confinamento, estes passaram a valorizar mais o papel dos professores.
A pandemia de covid-19, e em especial ao confinamento a que nos obrigou, aproximaram pais e professores, esbatendo “claramente as clivagens que por vezes se sentem entre eles”. O que “terá tornado a escola mais humana, mais dependente do esforço conjunto de pais e professores e mais cooperante”. Esta é uma das principais conclusões do estudo O papel da escola na pandemia, do ponto de vista dos pais, promovido pelo projecto Escola Amiga da Criança em parceria com a Católica Porto Business School e a Faculdade de Psicologia da Universidade Católica do Porto.
A recolha de dados decorreu entre Junho e Julho, tendo sido obtidas 23.136 respostas. Os resultados do estudo serão apresentados às 18h30 desta quinta-feira no canal de Youtube da LeYaEducação. Mas pelas conclusões a que o PÚBLICO já teve acesso fica-se a saber, por exemplo, que os pais consideram que os professores têm um “papel determinante na aprendizagem dos seus filhos (4,54 numa escala de 5) e que valorizam o esforço que estes fizeram “na adaptação aos desafios que a quarentena trouxe à educação” (4,05). Indicam também que durante o confinamento “a comunicação com os professores foi regular e contínua” (4,07 numa escala de 5).
Devido à pandemia, os alunos do 1.º ciclo ao 10.º ano foram para casa em Março e já não voltaram à escola até ao final do ano lectivo. Os do 11.º e 12.º ano regressaram em meados de Maio para prepararem os exames nacionais. Durante a quarentena, 26% dos pais referem que passaram mais de duas horas por dia a apoiar os filhos nos trabalhos escolares e 40% reduziram este encargo a uma ou duas horas diárias.
E quais foram as principais dificuldades sentidas neste tempo pelos pais? Ter tempo para conciliar com todas as outras tarefas que já tinham (27%); cansaço e disponibilidade mental (19%); conciliar com o teletrabalho (15%) e com as necessidades dos vários filhos (15%).
Quanto ao tipo de apoios prestados aos filhos, destaca-se a monitorização da atenção e realização das tarefas escolas por parte dos filhos (35%) e o apoio na realização destas (27%).
Neste questionário também foi perguntado aos pais quais as principais dificuldades que os seus filhos tiveram nesta experiência de ter aulas em casa. E a principal é também uma das que mais se faz sentir, tanto em testes, como em exames: dificuldade na interpretação e compreensão (33,5% em todos os anos de escolaridade). Seguem-se-lhe a “resolução de actividades” (22,3%) e a pesquisa para a realização das mesmas (21,7%).
Por outro lado, fica confirmada a importância da presença de um adulto para que os alunos levem as suas tarefas a bom porto: só 24% dos pais dão conta de que os filhos “realizaram sozinhos as tarefas escolares”. Para 50% dos alunos, as actividades no âmbito do ensino à distância ocuparam duas a quatro horas por dia, bem menos do que nas aulas presenciais que chegam a prolongar-se por oito horas.
Talvez esta discrepância se deva, em parte, a disciplinas que ficaram ausentes do cenário. Foi o que se passou para 19% com expressão física ou motora ou com 8% no caso das ciências exactas. Em média, 15% dos pais indicam que os filhos não tiveram todas as disciplinas durante o tempo de ensino à distância.
Título: “Addiction” | Autores: “Canal de Youtube: Kurzgesagt – In a Nutshel“
Este vídeo foi adaptado do livro best-seller de Johann Hari no New York Times ‘Chasing The Scream: Os primeiros e últimos dias da guerra contra as drogas.
A Federação dos Sindicatos da Administração Pública (Fesap) considerou esta terça-feira, após reunião negocial com o Governo, que a proposta de Orçamento do Estado “é de austeridade” e contribuirá para a degradação dos salários na administração pública.
“Esta proposta de orçamento, que se diz que visa manter os rendimentos dos trabalhadores, é uma proposta de austeridade, que a dada altura só nos conduz a que os nossos salários continuem a ser degradados”, disse aos jornalistas o secretário-geral da estrutura sindical afeta à UGT, José Abraão.
“Vimos com uma mão vazia, outra cheia de nada”, apontou o dirigente sindical, acrescentando que, com esta proposta do Executivo, a generalidade dos trabalhadores fica “no sítio onde estava”.
“Não podemos ser hoje os heróis perante um problema sanitário e, amanhã, sermos os vilões porque acabaríamos por consumir recursos que o Estado não tem”, sublinhou José Abraão, reiterando esperar que os trabalhadores da administração pública não sejam novamente chamados a dar um contributo com a austeridade que está pressuposta no documento.
“Falaram-nos num investimento de 800 milhões de euros nos serviços públicos […] se é para investir nos edifícios e em tecnologia e não se investe nos trabalhadores, acho que é um caminho errado”, acrescentou.