3 de Outubro de 2020 archive

Da negligência das palavras à (des)lealdade institucional – Isabel La Gué

 

Qual elefante numa loja de porcelana, o incómodo do ministro da Educação é óbvio: como explicar à população portuguesa, sequiosa do regresso dos nossos jovens à normalidade da vida escolar, que esse regresso é (também) ameaçado, nalgumas zonas do país, entre as quais Lisboa, pela (quase total) inexistência de candidatos às funções docentes?
No dia 30 de setembro, em entrevista à revista Visão, pode ler-se:
“[…] Interrogado sobre a falta de professores e o arranque do ano letivo com turmas sem vários docentes, Tiago Brandão Rodrigues diz que ‘a substituição dos professores é um sistema muito oleado’. ‘Conseguimos substituir os professores com relativa celeridade. Todas as semanas correm reservas de recrutamento que substituem os professores que eventualmente estejam num sistema de proteção por baixa médica ou que pertençam aos grupos de risco’, explica. ‘Sabemos que as necessidades que temos de professores e a oferta disponível são uma luva e uma mão que não encaixam perfeitamente’, admite porém.
Acerca de um caso concreto, na Escola Rainha Dona Amélia, em Lisboa, onde algumas turmas arrancaram o ano com falta de professores em seis disciplinas, o ministro é perentório: mais do que falta de diligência, houve ‘negligência’. ‘A diretora da escola foi negligente na substituição [dos professores] e não pediu aquilo a que tinha direito. E os serviços do Ministério da Educação contactaram a diretora para entender o que tinha acontecido. As pessoas erram, nós entendemos, mas a escola não fez o trabalho que devia ter feito’, afirma. […]”
Muitas serão as questões de ordem ética que tais palavras, proferidas pelo mais alto responsável da Educação, suscitam junto de muitos de nós. Tremendo, ou mesmo irrevogável [1], é o estrago produzido. Depois de ditas, as palavras, cuidadosa ou negligentemente escolhidas, deitam por terra qualquer hipótese de redenção. A verdade, essa, parece ficar absoluta e liminarmente secundarizada.
Fazendo um verdadeiro esforço de contenção e de objetividade, considero que urge esclarecer o seguinte, para que não restem quaisquer dúvidas:
A falta de professores na Escola Secundária Rainha Dona Amélia (ESRDA) é um facto que persiste, à data de hoje, e que seguramente não resulta de eventual falha, a ter acontecido, da atual diretora. Importa esclarecer que existe um problema de fundo no sistema educativo português; um problema que não data, apenas, da anterior legislatura, mas que tem sido negligenciado de forma sistemática por mais do que um titular da pasta da Educação. Qual elefante numa loja de porcelana, o incómodo do ministro da Educação é óbvio: como explicar à população portuguesa, sequiosa do regresso dos nossos jovens à normalidade da vida escolar, que esse regresso é (também) ameaçado, nalgumas zonas do país, entre as quais Lisboa, pela (quase total) inexistência de candidatos às funções docentes?
É disto evidência a recente publicitação da 4.ª Reserva de Recrutamento, disponível no sítio da Direção-Geral da Administração Escolar [DGAE] – dos nove horários pedidos pela diretora da ESRDA, apenas um terá sido preenchido…
Tal como noutros tempos, a política parece ser a de dividir para reinar. Os diretores são elogiados quando convém e descartados à primeira oportunidade
Na “máquina oleada” do Ministério da Educação falta a matéria-prima sem a qual o sistema educativo entra em falência: os professores. Assobiar para o lado e fingir que tudo corre sobre rodas, assumir que as falhas são humanas e da gestão de quem está no terreno, é não só desleal, como preocupante: todos sabemos que não será de um ano para o outro que se repõem os quadros docentes nas escolas. Há que repensar a carreira desde o seu início. Por que razão não são os cursos de ensino atrativos para os candidatos ao ensino superior? O que tem sido feito para dignificar a carreira docente de modo a torná-la, como deveria ser, estimulante e apelativa, de difícil acesso, até? Uma carreira a que só os melhores pudessem aspirar… Estamos muito longe de tudo isso, infelizmente.
Tal como noutros tempos, a política parece ser a de dividir para reinar. Os diretores são elogiados quando convém e descartados à primeira oportunidade. Os professores, de tão maltratados, começam a acreditar que a solução é desistir, ou fazer por merecer os maus tratos. Os pais querem acreditar nas escolas, mas abrem-se brechas de insegurança, pois a confiança não é cega nem inabalável. Muitos alunos continuam, e mais ainda continuarão no futuro próximo, sem professor(es).
À gritante falta de soluções, soma-se o silêncio dos inocentes. Todos nós.
[1] Programa Irrevogável, Visão
Professora e presidente do Conselho Geral da Escola Secundária Rainha Dona Amélia, Lisboa

 

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A Minha Posição na Lista com Dados da RR4

Foi atualizada a aplicação “A Minha Posição na Lista” com os dados da Reserva de Recrutamento 4.

 

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Em 2 dias mais de 700 horários para Contratação de Escola… e muitos completos e anuais

Dos 851 horários em Oferta de Escola neste momento, 750 dizem respeito a horários que não foram ocupados nas Reservas de Recrutamento.

Há 136 horários completos por preencher… só no grupo de Informática são 106, mas os grupos de Inglês, Geografia e Eletrotecnia também entram na equação. E brevemente veremos outros grupos com o mesmo problema.

Lisboa, Faro e Setúbal continuam a ser os distritos onde a falta de professores mais se faz sentir. Só no Agrupamento de Escolas das Laranjeiras há 16 professores por colocar. Ficam os números…

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Faltam professores em Lisboa mas as listas de candidatos já estão a esgotar-se

No público de hoje o estudo feito no blog esta semana sobre os candidatos que se encontram nas listas de não colocação.

Ainda faltam professores em Lisboa mas as listas de candidatos já estão a esgotar-se

Os três professores de História que foram colocados, nesta quinta-feira, em escolas de Lisboa praticamente esgotaram a lista de candidatos disponíveis para ensinarem esta disciplina na capital e arredores. A previsão é feita pelo professor e especialista em estatísticas da educação Arlindo Ferreira depois de ter analisado as listas de docentes não colocados no concurso semanal (reserva de recrutamento) concluído a 1 de Outubro.

Nos últimos dois anos, História tem sido uma das disciplinas com mais falta de professores em Lisboa, a que se juntam informática, Geografia e Inglês. Nas duas primeiras não houve docentes colocados na última reserva de recrutamento em Lisboa e segundo os cálculos apresentados no blogue de Arlindo Ferreira, “Dearlindo”, nas listas de não colocados já não existirão candidatos que concorram a esta região. No que respeita a Inglês, que também não teve colocações na capital, sobrarão 24 potenciais candidatos.

Nestes concursos os professores são colocados em função das preferências que inscrevem nas candidaturas. Através das reservas de recrutamento, que se iniciaram a 4 de Setembro, foram colocados cerca de nove mil professores, dos quais 1754 no concurso desta semana (40 em Lisboa)

No ano passado, por volta desta altura, o número de colocados foi de 845. Apesar do número de colocações estar a ser superior ao de 2019 em todos os concursos já realizados este ano, as queixas devido à falta de professores continuam a chegar das escolas, sobretudo as situadas nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo e Algarve.

O envelhecimento da classe docente

As razões circunstanciais para que tal aconteça estão identificadas. Com o envelhecimento da classe docente há cada mais professores do quadro a sair para a reforma. Entre 2019 e 2021 serão cerca de seis mil, segundo estimativas do Ministério das Finanças. E os contratados que os poderiam substituir recusam ser colocados nas regiões onde o custo do aluguer de casas mais subiu, como é o caso de Lisboa e do Algarve.

O vencimento destes docentes é calculado em função das horas de aulas que dão e muitos dos horários que se encontram disponíveis para ocupar estão abaixo das 22 horas por semana, que é a carga lectiva “normal” dos professores até aos 50 anos.

Na semana passada, o Ministério da Educação garantiu que o sistema de incentivos para fixar professores nestas regiões, anunciado no ano passado, “será agora incrementado”, mas continua sem se saber exactamente quando ou em que consistem tais incentivos.

Este ano há também o problema da covid-19, mas segundo o ministério só 250 professores tinham apresentado, até à semana passada, atestados comprovando que pertencem a grupos de risco, podendo por isso ficar dispensados de dar aulas.

Pelo caminho sobram 18 mil docentes por colocar, mas só a educação pré-escolar e a educação física têm mais candidatos à espera do que aqueles que, entretanto, já tiveram lugar. Mais uma vez o balanço é de Arlindo Ferreira. Quanto a regiões, Lisboa e Vale do Tejo terá agora 15 disciplinas com menos de 5% de candidatos e o Algarve soma oito. Para além das disciplinas “clássicas” no que respeita à escassez de recursos juntam-se agora, no 3.º ciclo e secundário, Física e Química, Biologia e Geologia, Matemática e Português entre outras.

 

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Subdelegação de competências nos diretores para a constituição de Reservas de Recrutamento

Por este andar a bolsa estará pronta a colocar “pessoal” em junho…

 

Publicado hoje o Despacho do Subdiretor-Geral da Administração Escolar, César Israel Mendes de Sousa Paulo, com a subdelegação de competências nos diretores dos agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas e nos presidentes das comissões administrativas provisórias, para a realização do procedimento concursal comum de recrutamento, nos termos do artigo 32.º da Portaria n.º 125-A/2019, de 30 de abril (Reservas de recrutamento em órgão ou serviço).
Educação – Direção-Geral da Administração Escolar

 

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Recomendação do CNE sobre: “A condição dos assistentes e dos técnicos especializados que integram as atividades educativas das escolas”

 

O Conselho Nacional de Educação, em reunião plenária de 24 de setembro, deliberou aprovar o projeto, emitindo a presente Recomendação sobre A condição dos assistentes e dos técnicos especializados que integram as atividades educativas das escolas  que é complementada pelo RelatórioTécnico.

 

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Cinema Sem Conflitos: “Saudade”

Título:  “Saudade” | Autores: “Agota Vegso

A história de um velho que viaja de volta em suas memórias e se redescobre nesta jornada interior. Saindo da solidão, ele encontra amizade, amor, obsessão, aceitação e, finalmente, paz.

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