A heroica resistência dos professores – Alexandre Parafita

 

O que vemos, ouvimos e lemos traz-nos o retrato de um país enleado no desgoverno de líderes e decisores que, em seus atos desorientados, vêm ensombrar os horizontes de esperança que um novo ciclo de oportunidades vinha alimentando. Portugal, assim, mais parece um país-caravela, que navega à deriva em águas turbulentas, na busca, desesperada, de uma âncora que quanto mais se deseja mais ela tarda.

A heroica resistência dos professores

Pior que tudo ainda é assistirmos à destruição dos seus alicerces: a educação. É vergonhoso o trato a que está sujeita uma das classes profissionais mais imprescindíveis do país. A desautorização, o desrespeito, a humilhação, nas escolas e na sociedade, o congelamento de carreiras, as estranhas regras de mobilidade, a terrível burocracia a recair sobre os professores, as turmas e horários sobrecarregados, a violência impune nas escolas vêm tornando o exercício da profissão de professor uma verdadeira tortura, não se vislumbrando, malgrado a profusão de greves e manifestações, sinais animadores de compreensão e justiça por parte de quem tem o poder de governar e decidir.

Ainda assim, os professores conseguem fazer milagres, ser inventivos, contrariando as desventuras de um sistema que lhes retira direitos de ano para ano, de um sistema inibidor do entusiasmo e da criatividade. E continuam a obter resultados, a plantar sorrisos entre as crianças, a abrir rumos de esperança no seio dos jovens.

Queiramos que, neste malbaratar de oportunidades e de bom senso, haja ainda uma réstia de decoro, e que a heroica resistência dos professores, com tantos sacrifícios já sofridos, permita, finalmente, recuperar a paz e a esperança de que a educação em Portugal tanto carece. E convençamo-nos de que se ainda há esperança para Portugal, ela está na educação.

In JN

 

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3 comentários

    • Lucinda Pereira on 31 de Maio de 2023 at 13:07
    • Responder

    Sem dúvida, a Educação é o motor de arranque para tudo e, sobretudo, num país que se encontra num desgoverno total, ecompletamente à deriva e a saque!
    A Educação é a última tábua de salvação, aquela que permite abrir portas para novos mundos, novos caminhos.

    • Tem outro nome on 31 de Maio de 2023 at 20:03
    • Responder

    Não somos “resistentes” nem “heróicos”. Somos aqueles que num dia fazem manifestações onde vão rua fora com bombos e pandeiretas a protestar contra o governo, e no outro dia, nas Escolas, é tudo de espinha curvada, a ignorar as greves lançadas, a fazer serviço extraordinário e atividades não letivas, visitas de estudo para cá, projetos da treta para lá, e a esforçar-se por manter o Sistema a funcionar, sempre com “Sim, Sr. Diretor” na boca. Isso não é ser “resistente”, e muito menos “heróico”. Tem outro nome, mas não vou dizê-lo que já tive comentários aqui, que nunca viram a luz do dia, nem sei porquê.

    • ZE TOY on 31 de Maio de 2023 at 22:15
    • Responder

    Os serviços mínimos devem ser assegurado pelos assistentes operacionais na vigilância dos exames? assim os docentes já podem fazer greve à vontade sr, Ministro. ze toy

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