O que vemos, ouvimos e lemos traz-nos o retrato de um país enleado no desgoverno de líderes e decisores que, em seus atos desorientados, vêm ensombrar os horizontes de esperança que um novo ciclo de oportunidades vinha alimentando. Portugal, assim, mais parece um país-caravela, que navega à deriva em águas turbulentas, na busca, desesperada, de uma âncora que quanto mais se deseja mais ela tarda.
A heroica resistência dos professores
Pior que tudo ainda é assistirmos à destruição dos seus alicerces: a educação. É vergonhoso o trato a que está sujeita uma das classes profissionais mais imprescindíveis do país. A desautorização, o desrespeito, a humilhação, nas escolas e na sociedade, o congelamento de carreiras, as estranhas regras de mobilidade, a terrível burocracia a recair sobre os professores, as turmas e horários sobrecarregados, a violência impune nas escolas vêm tornando o exercício da profissão de professor uma verdadeira tortura, não se vislumbrando, malgrado a profusão de greves e manifestações, sinais animadores de compreensão e justiça por parte de quem tem o poder de governar e decidir.
Ainda assim, os professores conseguem fazer milagres, ser inventivos, contrariando as desventuras de um sistema que lhes retira direitos de ano para ano, de um sistema inibidor do entusiasmo e da criatividade. E continuam a obter resultados, a plantar sorrisos entre as crianças, a abrir rumos de esperança no seio dos jovens.
Queiramos que, neste malbaratar de oportunidades e de bom senso, haja ainda uma réstia de decoro, e que a heroica resistência dos professores, com tantos sacrifícios já sofridos, permita, finalmente, recuperar a paz e a esperança de que a educação em Portugal tanto carece. E convençamo-nos de que se ainda há esperança para Portugal, ela está na educação.
3 comentários
Sem dúvida, a Educação é o motor de arranque para tudo e, sobretudo, num país que se encontra num desgoverno total, ecompletamente à deriva e a saque!
A Educação é a última tábua de salvação, aquela que permite abrir portas para novos mundos, novos caminhos.
Não somos “resistentes” nem “heróicos”. Somos aqueles que num dia fazem manifestações onde vão rua fora com bombos e pandeiretas a protestar contra o governo, e no outro dia, nas Escolas, é tudo de espinha curvada, a ignorar as greves lançadas, a fazer serviço extraordinário e atividades não letivas, visitas de estudo para cá, projetos da treta para lá, e a esforçar-se por manter o Sistema a funcionar, sempre com “Sim, Sr. Diretor” na boca. Isso não é ser “resistente”, e muito menos “heróico”. Tem outro nome, mas não vou dizê-lo que já tive comentários aqui, que nunca viram a luz do dia, nem sei porquê.
Os serviços mínimos devem ser assegurado pelos assistentes operacionais na vigilância dos exames? assim os docentes já podem fazer greve à vontade sr, Ministro. ze toy