Eu sou daqueles que entendem que os próximos meses serão decisivos para a luta dos professores contra o roubo de tempo que lhes foi feito em 2018 e contra um conjunto de outras barbaridades que nos impedem de cumprir com eficácia e com efetividade a nossa missão junto dos nossos alunos.
Como é evidente, toda esta luta dos professores, nomeadamente as greves, também contribuem para introduzir alguma a ineficácia e alguma inefetividade no sistema, aproveitando alguma opinião pública para atacar os professores por causa desses prejuízos para os alunos. O seu raciocínio é o seguinte: os professores, ao mesmo tempo que combatem as decisões do governo que prejudicam a “escola pública”, eles próprios, com a sua luta, estão também a contribuir para algum prejuízo da mesma “escola pública”. Acusando-nos, assim, de alguma hipocrisia. A falácia desse raciocínio resolve-se com perguntas sobre a guerra na Ucrânia: de quem é a responsabilidade de, neste momento, existir uma guerra na Ucrânia com milhares de mortos dos dois lados? É do agressor ou do agredido? É de Putin ou de Zelensky? É do invasor ou de quem tem de defender o seu território? Para mim, neste contexto, bem como na situação dos professores, a resposta é muito clara: a culpa é do agressor e não do agredido que tem de se defender. O que significa que, para mim, a culpa e a responsabilidade por tudo o que de negativo está a acontecer na Educação Pública em Portugal, com o que isso representa de benefícios para o ensino privado, é de António Costa e de João Costa. Eles são os agressores. Todos os prejuízos que os alunos possam sofrer neste e nos próximos anos letivos são da responsabilidade daqueles que deviam resolver as questões e não as resolvem. Eles é que são os ladrões e os invasores. Os professores são os agredidos que têm, por todos os meios ao seu alcance, de se defender do roubo do seu património (tempo e dinheiro) e da “invasão” das suas condições de trabalho, as quais, de dia para dia, se têm vindo a agravar com as decisões deste e de outros governos.
Assim sendo, o meu entendimento é que os docentes devem continuar com a sua luta e que devem mesmo procurar novas formas de luta, cada vez mais duras e mais radicais, até ao final deste ano letivo.
As minhas sugestões, como meras contribuições para que se possa iniciar uma discussão sobre esta matéria entre todos os interessados, seriam as seguintes:
– encontrar formas radicais/diferentes/originais de luta que marcassem todas as semanas e que nos levassem em crescendo até ao dia 06/06/23, no qual se deveria voltar a fazer uma gigantesca manifestação em Lisboa, ou em Lisboa e no Porto, que fechasse escolas por todo o país;
– uma forma de luta original em Educação, mas muito usada na Saúde, seriam as demissões, que, nos meses de maio e de junho, teriam efeitos muito significativos na organização dos exames nacionais, se, por exemplo, todos os docentes dos Conselhos Gerais e dos Conselhos Pedagógicos se demitissem, nem que fosse, como fazem os médicos, para, mais tarde, todos voltarem a assumir os seus lugares, o que seria fácil de consensualizar dentro das escolas/agrupamentos;
– outra forma de luta a considerar devia ser a luta “à francesa”, isto é, manifestações muito ruidosas e intensas, em data a designar, nas imediações dos edifícios do Conselho de Ministros, do Ministério da Educação, das Delegações Regionais da DGEstE e de outros edifícios públicos onde estejam pessoas que já nos deveriam ter ouvido e ainda não ouviram;
– por último, julgo que se deveria pensar também em greves bem convocadas e que afetassem o arranque do próximo ano letivo, uma vez que há muito trabalho que os docentes fazem em julho, que, a não ser feito, pode comprometer o normal início do próximo ano letivo em muitas das nossas escolas.
Que comece a discussão e que participem todos os interessados…
Por mim, a luta continua!
Espero que a luta seja cada vez mais radical e mais intensa, até nos devolverem o que é nosso!