7 de Maio de 2023 archive

António Costa: um cidadão cumpridor do Código da Estrada ou um 1º Ministro com uma acção ardilosa?

 Pelos “esclarecimentos” prestados por João Galamba Ministro das Infraestruturas na conferência de imprensa, que o próprio convocou em 29 de Abril de 2023, pode concluir-se, nomeadamente, que:

– Após os incidentes, alegadamente, ocorridos no Ministério das Infraestruturas, envolvendo o ex-Adjunto Frederico Pinheiro, a primeira pessoa a quem o Ministro João Galamba terá telefonado foi ao 1º Ministro António Costa;

– O 1º Ministro António Costa não terá atendido esse telefonema, por supostamente se encontrar a conduzir…

– Por, naquele momento, o 1º Ministro se encontrar incontactável, o Ministro João Galamba terá recorrido a outros elementos do Governo para se aconselhar sobre os incidentes ocorridos nas instalações do Ministério que tutela, tendo-lhe sido sugerido, por algum desses pares, que reportasse a situação ao SIS…

Se foi como o Ministro João Galamba descreveu na referida conferência de imprensa, como qualificar a actuação do 1º Ministro António Costa no dia dos supostos incidentes?

Vejamos:

– Se o 1º Ministro se encontrava, de facto, a conduzir no momento em que o Ministro João Galamba o tentou contactar por via telefónica e não o atendeu por esse motivo, fez muito bem António Costa, porque o Código da Estrada deve ser cumprido por todos os cidadãos…

– Mas, partindo do princípio de que o 1º Ministro terá na sua lista de contactos o número de telefone do Ministro João Galamba e que, por esse motivo, facilmente teria percebido que não era um número desconhecido a tentar contactá-lo, o mais lógico e avisado seria que, na primeira oportunidade, parasse o carro para devolver a chamada telefónica ao seu Ministro…

Contudo, e pelas palavras do próprio Ministro João Galamba, depreende-se que o 1º Ministro não o terá feito… Porque motivo não o fez?

Que justificações poderão existir para que um 1º Ministro não responda à tentativa de contacto de um dos seus Ministros, manifestando um presumível desinteresse por conhecer os motivos que levaram esse elemento do Governo a contactá-lo?

Por seu lado, em 1 de Maio de 2023, sobre a intervenção do SIS nos referidos incidentes, o Gabinete de António Costa comunicou que:

O primeiro-ministro não foi nem tinha de ser informado. Nem tomou qualquer diligência. O ministério das Infraestruturas deu – e bem – o alerta pelo roubo de computador com documentos classificados. As autoridades agiram em conformidade no âmbito das suas competências legais”, conforme se pode ler no Jornal Observador…

O primeiro-ministro não foi nem tinha de ser informado”?

Então, aconteceu um incidente no Ministério das Infraestruturas, alegadamente, tão grave que justificou um pedido de intervenção ao SIS, e o Chefe do Governo considera que não tinha que ser informado, pelo seu Ministro, acerca dessa suposta gravidade, nem das acções que se seguiram?

Se o 1º Ministro considera que não tinha que ser informado, afinal, a quem devem reportar os Ministros para dar explicações sobre as eventuais incidências da sua acção governativa?

Os Ministros respondem, afinal, perante quem?

Que autoridade deve ser reconhecida ao 1º Ministro?

O primeiro-ministro não foi nem tinha de ser informado”?

É aceitável e verossímil que o Gabinete do 1º Ministro considere como normal que o mesmo não tenha sido informado acerca do pedido de intervenção do SIS realizado pelo Ministério das Infraestruturas?

Afinal, o que pretenderá o Gabinete do 1º Ministro com a mencionada comunicação?

Desonerar o 1º Ministro da autoridade e da responsabilidade que lhe competem enquanto Chefe do Governo?

Omitir o teor da sua eventual participação nesta trapalhada, ilibando-o de qualquer responsabilidade?

António Costa será um cidadão cumpridor do Código da Estrada ou a justificação de estar a conduzir e, por isso, incontactável, não passará de mais uma manigância, no sentido de não se comprometer com as decisões tomadas pelo seu Ministro, nomeadamente o alerta realizado junto do SIS?

Os Portugueses têm o direito de saber se António Costa agiu como um exemplar cidadão cumpridor do Código da Estrada ou se agiu como um 1º Ministro ardiloso, inconfiável ou negligente e isso não é um pormenor sem qualquer importância…

Até porque se António Costa tivesse intervindo atempadamente, informando o seu Ministro de que a situação em causa não reunia os critérios necessários para ser reportada ao SIS, ter-se-ia evitado parte significativa desta trapalhada…

Assim, pergunta-se:

– António Costa estava efectivamente a conduzir e, por esse motivo, não acompanhou, em tempo útil, o desenrolar do incidente ou terá sabido, desde o início, do que se estava a passar no Ministério das Infraestruturas, mas optou por não agir em conformidade com os seus deveres de 1º Ministro?

– O que fará de João Galamba um indefectível Ministro para António Costa?

Se, pela manutenção de João Galamba no Governo, António Costa quis demonstrar ao Presidente da República quem é que mandava no Governo, o mínimo que se pode dizer é que o 1º Ministro escolheu muito mal o meio pelo qual fez essa afirmação de Poder…

Não podendo, agora, dar o dito por não dito, terá que suportar esse erro crasso e arcar com as respectivas consequências…

O 1º Ministro decidiu, em consciência, manter João Galamba em funções, segundo as suas declarações proferidas por si na noite do passado dia 2 de Maio…

Infere-se, assim, que não terá sido uma decisão irreflectida ou impulsiva, o que a tornará ainda mais incompreensível…

Os Portugueses aguardam por esclarecimentos cabais acerca desta situação absolutamente rocambolesca, marcada por vários aspectos em que será muito difícil acreditar…

E não pode deixar de se assinalar a extraordinária generosidade e a imensurável benevolência com que João Galamba tem sido tratado pelo 1º Ministro, absolutamente contrastantes com o indisfarçável desprezo e a notória intolerância com que o Chefe do Governo tem brindado os profissionais de Educação, em particular os Professores…

(Paula Dias)

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2023/05/antonio-costa-um-cidadao-cumpridor-do-codigo-da-estrada-ou-um-1o-ministro-com-uma-accao-ardilosa-2/

Em Direto: Esclarecimento sobre greve às provas de aferição

Esclarecimento sobre greve às provas de aferição

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António Costa: um cidadão cumpridor do Código da Estrada ou um 1º Ministro com uma acção ardilosa?

António Costa: um cidadão cumpridor do Código da Estrada ou um 1º Ministro com uma acção ardilosa?

 

Pelos “esclarecimentos” prestados por João Galamba Ministro das Infraestruturas na conferência de imprensa, que o próprio convocou em 29 de Abril de 2023, pode concluir-se, nomeadamente, que:

– Após os incidentes, alegadamente, ocorridos no Ministério das Infraestruturas, envolvendo o ex-Adjunto Frederico Pinheiro, a primeira pessoa a quem o Ministro João Galamba terá telefonado foi ao 1º Ministro António Costa;

– O 1º Ministro António Costa não terá atendido esse telefonema, por supostamente se encontrar a conduzir…

– Por, naquele momento, o 1º Ministro se encontrar incontactável, o Ministro João Galamba terá recorrido a outros elementos do Governo para se aconselhar sobre os incidentes ocorridos nas instalações do Ministério que tutela, tendo-lhe sido sugerido, por algum desses pares, que reportasse a situação ao SIS…

Se foi como o Ministro João Galamba descreveu na referida conferência de imprensa, como qualificar a actuação do 1º Ministro António Costa no dia dos supostos incidentes?

Vejamos:

– Se o 1º Ministro se encontrava, de facto, a conduzir no momento em que o Ministro João Galamba o tentou contactar por via telefónica e não o atendeu por esse motivo, fez muito bem António Costa, porque o Código da Estrada deve ser cumprido por todos os cidadãos…

– Mas, partindo do princípio de que o 1º Ministro terá na sua lista de contactos o número de telefone do Ministro João Galamba e que, por esse motivo, facilmente teria percebido que não era um número desconhecido a tentar contactá-lo, o mais lógico e avisado seria que, na primeira oportunidade, parasse o carro para devolver a chamada telefónica ao seu Ministro…

Contudo, e pelas palavras do próprio Ministro João Galamba, depreende-se que o 1º Ministro não o terá feito… Porque motivo não o fez?

Que justificações poderão existir para que um 1º Ministro não responda à tentativa de contacto de um dos seus Ministros, manifestando um presumível desinteresse por conhecer os motivos que levaram esse elemento do Governo a contactá-lo?

Por seu lado, em 1 de Maio de 2023, sobre a intervenção do SIS nos referidos incidentes, o Gabinete de António Costa comunicou que:

“O primeiro-ministro não foi nem tinha de ser informado. Nem tomou qualquer diligência. O ministério das Infraestruturas deu – e bem – o alerta pelo roubo de computador com documentos classificados. As autoridades agiram em conformidade no âmbito das suas competências legais”, conforme se pode ler no Jornal Observador…

“O primeiro-ministro não foi nem tinha de ser informado”?

Então, aconteceu um incidente no Ministério das Infraestruturas, alegadamente, tão grave que justificou um pedido de intervenção ao SIS, e o Chefe do Governo considera que não tinha que ser informado, pelo seu Ministro, acerca dessa suposta gravidade, nem das acções que se seguiram?

Se o 1º Ministro considera que não tinha que ser informado, afinal, a quem devem reportar os Ministros para dar explicações sobre as eventuais incidências da sua acção governativa?

Os Ministros respondem, afinal, perante quem?

Que autoridade deve ser reconhecida ao 1º Ministro?

“O primeiro-ministro não foi nem tinha de ser informado”?

É aceitável e verossímil que o Gabinete do 1º Ministro considere como normal que o mesmo não tenha sido informado acerca do pedido de intervenção do SIS realizado pelo Ministério das Infraestruturas?

Afinal, o que pretenderá o Gabinete do 1º Ministro com a mencionada comunicação?

Desonerar o 1º Ministro da autoridade e da responsabilidade que lhe competem enquanto Chefe do Governo?

Omitir o teor da sua eventual participação nesta trapalhada, ilibando-o de qualquer responsabilidade?

António Costa será um cidadão cumpridor do Código da Estrada ou a justificação de estar a conduzir e, por isso, incontactável, não passará de mais uma manigância, no sentido de não se comprometer com as decisões tomadas pelo seu Ministro, nomeadamente o alerta realizado junto do SIS?

Os Portugueses têm o direito de saber se António Costa agiu como um exemplar cidadão cumpridor do Código da Estrada ou se agiu como um 1º Ministro ardiloso, inconfiável ou negligente e isso não é um pormenor sem qualquer importância…

Até porque se António Costa tivesse intervindo atempadamente, informando o seu Ministro de que a situação em causa não reunia os critérios necessários para ser reportada ao SIS, ter-se-ia evitado parte significativa desta trapalhada…

Assim, pergunta-se:

– António Costa estava efectivamente a conduzir e, por esse motivo, não acompanhou, em tempo útil, o desenrolar do incidente ou terá sabido, desde o início, do que se estava a passar no Ministério das Infraestruturas, mas optou por não agir em conformidade com os seus deveres de 1º Ministro?

– O que fará de João Galamba um indefectível Ministro para António Costa?

Se, pela manutenção de João Galamba no Governo, António Costa quis demonstrar ao Presidente da República quem é que mandava no Governo, o mínimo que se pode dizer é que o 1º Ministro escolheu muito mal o meio pelo qual fez essa afirmação de Poder…

Não podendo, agora, dar o dito por não dito, terá que suportar esse erro crasso e arcar com as respectivas consequências…

O 1º Ministro decidiu, em consciência, manter João Galamba em funções, segundo as suas declarações proferidas por si na noite do passado dia 2 de Maio…

Infere-se, assim, que não terá sido uma decisão irreflectida ou impulsiva, o que a tornará ainda mais incompreensível…

Os Portugueses aguardam por esclarecimentos cabais acerca desta situação absolutamente rocambolesca, marcada por vários aspectos em que será muito difícil acreditar…

E não pode deixar de se assinalar a extraordinária generosidade e a imensurável benevolência com que João Galamba tem sido tratado pelo 1º Ministro, absolutamente contrastantes com o indisfarçável desprezo e a notória intolerância com que o Chefe do Governo tem brindado os profissionais de Educação, em particular os Professores…

(Paula Dias)

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29 mil professores a menos em 10 anos

Os professores estão entre as profissões que mais diminuíram entre 2011 e 2021. Há hoje menos 29 mil professores, mas são ainda a quinta profissão mais numerosa do país .

 

https://www.pordata.pt/portugal/populacao+empregada+segundo+os+censos+por+algumas+das+principais+profissoes+(2011+)-3756-325800

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Mãe

 

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertavam junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubessem como ainda amo as rosas,
talvez não enchessem as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha — quer me ouvir? —
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que dezenas na moldura;

ainda oiço a tua voz:
          Era uma vez uma princesa
          no meio de um laranjal…

Mas — tu sabes — a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber,

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixei-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade, in “Os Amantes Sem Dinheiro”

 

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