É preocupante que profissionais da educação, e que exercem as funções mais diversas, não percebam o défice democrático das políticas educativas. Acredito que algo de sério está a acontecer quando a sociedade não se questiona sobre a perda de direitos fundamentais.
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Greve de professores é é hipótese caso sejam esquecidos no próximo Orçamento do Estado, numa luta que começa dentro de uma semana em frente ao parlamento, revelou hoje o secretário-geral da Fenprof.
Aumentos salariais e uma carreira mais atrativa são algumas das reivindicações dos professores que “não têm medo” de maiorias absolutas nem de “ir para a rua exigir os seus direitos”, afirmou hoje Mário Nogueira. A luta vai “começar de hoje a uma semana”, disse, explicando que no próximo dia 04 de outubro os professores vão realizar um plenário nacional em frente à escadaria da Assembleia da República.
Implementar medidas que tornem a carreira atrativa, que combata a precariedade e valorize a profissão são algumas das reivindicações dos docentes que este ano celebram o Dia Mundial do Professor a 04 de outubro.
“Sei que o ministro da Educação se incomoda muito quando se fala em lutas e na possibilidade de greves”, afirmou Mário Nogueira, sublinhando que ainda não estão a anunciar a marcação de uma greve “mas, se o Orçamento do Estado de 2023 (OE2023) passar ao lado dos professores, se calhar não teremos alternativa que não seja recorrer à greve”.
Os professores querem o fim das quotas nas avaliações, querem ser ressarcidos pelos anos em que os seus salários estiveram congelados, pedem que acabem as vagas que impedem a progressão na carreira.
“A existência de greve ou não está mais nas mãos do Governo do que nas nossas. Não queremos que o Orçamento do Estado resolva todos os problemas em 2023, mas queremos que haja um protocolo negocial da legislatura, entre a Fenprof e outros sindicados e o ME, que preveja a forma de valorizar de forma faseada a profissão dos professores”, explicou Mário Nogueira.
Por isso, os docentes vão aguardar pela proposta do Orçamento do Estado.
Mário Nogueira lembrou ainda que são precisos aumentos salariais que possam responder à desvalorização acima de 14% sentida na última década, defendendo que aumentos “abaixo de 10% é uma perda tremenda”.
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No agrupamento onde labuto, 100% das psicólogas estão de baixa e é muito bom para o país.
Ambas estão grávidas e vão nascer crianças.
O nosso ministro mostra, nas declarações de ontem, que é mesmo de Letras e sofre do fascínio dos grandes números, típico de quem lida mal com números e acha que eles podem ser olhados na linha do advérbio “aproximadamente”.
E acha que atirar números sem contexto prova alguma coisa. Só prova que é preciso ver os números com mais atenção.
E está a fazer microgestão e um discurso de micro-gestor, para disfarcar o problema que o devia preocupar realmente ao nível de gestão macro, que é o que ocupa: porque faltam substitutos para tão poucas baixas? Que medidas tomar para as baixas naturais deixarem de ser problema?
As baixas são, para o ministro, como os incendiários nos fogos florestais. Interessa pouco saber como nasce o fogo, quando o que é preciso é apagar. Neste fogo florestal da falta de professores o ministro quer ser a PJ que descobre indícios ou o espontâneo que se queixa do fogo posto na televisão, em vez do bombeiro que apaga.
Discutir baixas é conversa para o nível de batalhão (os diretores), não para o general. Eu discuto e conto baixas ao nível do agrupamento. E faço gestão de assiduidade. E tem de ser.
As baixas têm atestados médicos, sempre. O colega da saúde, que acho que os passará, lhe explicará a futilidade de se queixar disso.
Números agregados não se olham assim: às paletes.
Porque até nem são assim tantas as substituições e para horários anuais ainda vai havendo quem lhes pegue.
Se houver, no total, 100 mil professores em Portugal, ao fim do mês, as mil semanais (ainda que sejam todas baixas novas) serão 4000 baixas. 4% ou menos do total de professores.
Então não se consegue substituir 4% do total de trabalhadores? Tão pouco? (para quem não saiba há indicadores, em alguns setores, de absentismo médio na casa dos 10% ou mais) . O ministro podia dizer-nos a taxa em vez de atirar “mil”…. Mas é para dar ideia que são muitos…..Paletes de baixas.
E saliento que a maioria das baixas são de pessoas com 14 horas letivas e os substitutos potenciais podem trabalhar até 28 horas letivas por semana. No limite, para 4000 baixas pode nem precisar de 4000 professores e governar o caso com bem menos que esse número.
Que sejam 3500. No proximo mês não se arranjam 3500 pessoas para substituir? O trabalho é assim tão mau?
Um exército que não esteja preparado para render 4% ou menos do seu efetivo, que baixa ao hospital militar no espaço de um mês, tem um problema: os generais.
Estes números indicam que, em média, num agrupamento médio de 200 professores há 2 doentes por semana, 8 ao fim do mês, se nenhum se curar. 1 professor doente em 100 é assim tão grande problema para o ministro se vir lamentar?
Quando chegar a gripe, ou o covid atacar de novo, ui…..
A ironia é que o ministro está a salientar o que é normal, apenas para disfarçar o problema de que não quer falar: sempre houve substituições.
Hoje são baixas de gente com idade. No passado eram gravidezes. Mas tirando a Cláudia Raia, não há quem tenha filhos aos 50/55 que é a média de idades…..
Mas no passado havia quem (como eu fui) aceitasse ir fazer substituições. Agora não há porquê, senhor general?
No agrupamento em que vivo 10 horas por dia, as psicólogas estão as 2 de “baixa”. E desejo que assim continuem. É sinal que estarão cheias de felicidade a tratar os seus recém-nascidos.
Desejo a essas crianças que cresçam num mundo com menos gente a torcer números para disfarçar falta de soluções e inabilidade política.
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Será por termos uma classe docente envelhecida e sujeita a um desgaste físico e psicológico (principalmente) acima da média. O desgaste psicológico entende-se bem, só quem não exerce profissão ou não está em contacto direto com ela não o entende. O desgaste físico é inerente ao psicológico e agravado por constantes deslocações a que os docentes com 20 e mais anos de serviço ainda estão sujeitos. O Sr. ministro, ouviu da boca de um professor, numa das reuniões com os sindicatos, que em trinta anos de serviço, esse professor conseguiu aproximar-se do seu concelho de residência, apenas, cerca de 8 Km, ou seja, ainda se encontra colocado a 32 Km de casa. Será por isso que o desgaste físico leva a tantos pedidos de baixa? Cada um que tire as suas conclusões.
Também podíamos falar da MPD, mas já nem vale a pena, tudo foi dito, só não ouviu quem não quis.
João Costa assegurou que 97% das necessidades estão hoje preenchidas. Isso significa, admitiu, que 3% dos alunos não têm todos os docentes. E, “um aluno sem aulas é um aluno a mais”, disse, citado pela rádio TSF.
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A atribuição do apoio “não carece de qualquer adesão por parte dos cidadãos, sendo automática”, explica o Ministério das Finanças. IBAN precisa de estar actualizado.
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O Governo quer almoços grátis e o prolongamento do horário do Pré-Escolar para lá das cinco horas letivas atuais. A medida consta no Plano de Ação da Garantia para a Infância, a que o JN teve acesso. O documento prevê, entre outras iniciativas, o reforço do regime de licenças de parentalidade. No âmbito da Agenda do Trabalho Digno, está em discussão a possibilidade de os pais poderem, 120 dias após o nascimento do filho, conciliar a licença parental com o trabalho a tempo parcial e, assim, aumentar o tempo com o bebé.
O Plano de Ação da Garantia para a Infância 2022/2030, assente em quatro pilares de intervenção, tem como objetivo lutar contra a exclusão social das crianças e dos jovens, “através da garantia do acesso efetivo ao acolhimento na primeira infância, a uma educação de qualidade, a cuidados de saúde, a uma alimentação saudável e a uma habitação digna”. Até 2030, a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza tem como meta a retirada de 170 mil crianças desta condição.
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Segurança Social ou Caixa Geral de Aposentações? São grandes as diferenças entre os dois sistemas de previdência, sobretudo na proteção durante a doença.
As queixas arrastam-se há anos e são mais um problema a desgastar a relação dos professores com o Ministério da Educação: na última década, inúmeros docentes foram transferidos para a Segurança Social sem justificação legal aparente, deixando de descontar para a Caixa Geral de Aposentações.
A diferença não é apenas uma questão de nome: descontar para a Segurança Social significa um corte abrupto de ordenado em períodos de doença que pode chegar, por exemplo, a menos 35% no primeiro mês de subsídio de doença (em comparação com a Caixa Geral de Aposentações), numa diferença que se vai avolumando para baixas prolongadas em doenças graves.
As queixas são às centenas e só a Federação Nacional dos Professores (FENPROF) acompanha 90 docentes que avançaram para tribunal. Quase todos ainda aguardam por uma decisão da justiça e quatro já tiveram decisões favoráveis.
“Esperamos agora por uma quinta decisão idêntica para poder estendê-la a todos os outros casos”, diz o sindicalista Francisco Gonçalves.
“Os professores sabem que mudaram para a Segurança Social no momento em que estão doentes, nos momentos em que estão mais frágeis”, relata Maria João Torres, uma das professoras afetadas e que espera há anos por uma decisão da justiça, tal como Fernanda Martins, que sublinha: “Eu estou na mesma escola que os colegas, tenho as mesmas funções, e não há igualdade”.
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Segundo o parecer jurídico solicitado pela tutela e divulgado esta sexta-feira, o Ministério da Educação não pode analisar caso a caso os pedidos de mobilidade por doença dos professores que não obtiveram colocação.
“Não é legal a análise casuística de pedidos que não se enquadram no Decreto-Lei n.º 41/2022, de 17 de junho”, que estabelece o novo regime, refere o parecer do Centro de Competências Jurídicas do Estado – JurisApp divulgado pelo Ministério da Educação em comunicado.
Em causa está um parecer jurídico solicitado pelo Ministério da Educação sobre a legalidade da análise e decisão casuística dos pedidos de mobilidade por doença feitos pelos professores à margem do procedimento conduzido pela Direção-Geral da Administração Escolar em julho e em que apenas 56% dos mais de 7.500 professores candidatos conseguiram colocação.
Na altura, a tutela anunciou que iria analisar, caso a caso, esses pedidos, mas a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) alertou que a apreciação casuística causaria dúvidas entre os docentes admitidos, mas não colocados. Por isso, e entendendo que a organização sindical colocava assim em causa a legalidade do procedimento, o Ministério pediu um parecer jurídico.
De acordo com a apreciação da JursiApp, só poderão ser analisados os pedidos que, por um lado, “resultem de doença que ocorra durante o ano letivo” ou, por outro lado, quando estejam em falta elementos processuais e a candidatura possa ser aperfeiçoada.
Assim, vão ficar sem resposta os 1.285 pedidos de reapreciação recebidos recebidos até à data, dos quais 1.118 foram apresentados por doentes admitidos, mas que não conseguiram colocação na escola para onde tinham pedido a transferência por não haver capacidade de acolhimento, indica o Ministério da Educação em reposta à Lusa.
As situações de suprimento de elementos processuais para aperfeiçoamento da candidatura já foram, entretanto, analisados, sendo que, nesses casos, os docentes deverão ser notificados da decisão final durante a próxima semana.
Em comunicado, a tutela acrescenta que “está a organizar e desenvolver os mecanismos de gestão dos seus Recursos Humanos (…) que respondam às necessidades dos docentes que careçam de adaptação das suas condições de trabalho nos agrupamentos de escolas/escolas não agrupadas em que se encontram colocados”.
Em resposta à agência Lusa, o Ministério da Educação esclarece que esses mecanismos incluem, por exemplo, “a possibilidade de desempenharem a sua atividade, quando as condições de saúde assim o imponham, com a determinação de conteúdo funcional adaptado, os chamados trabalhos moderados, determinados por serviços de Medicina no Trabalho”.
“O Ministério da Educação está disponível para encontrar soluções que permitam aos docentes que, em resultados dos concursos não obtenham colocação próxima da residência ou que, estando já colocados na escola pretendida, ou nela venham a ser colocados, apresentem situações clínicas que justifiquem alterações das suas condições de trabalho, em sede das negociações sindicais em curso para revisão do modelo de recrutamento e seleção de professores”, acrescenta a tutela.
Da parte da Fenprof, o secretário-geral rejeitou a justificação, afirmando que a legalidade da análise casuística nunca foi questionada e que a Fenprof até defendia que fosse feita.
“Isto não é um concurso. Tem regras, mas há casos que é preciso ter em conta, analisar e resolver”, disse à Lusa Mário Nogueira, considerando que essa avaliação era a única forma de alguns professores conseguirem obter colocação, ainda que pudesse ser entendida como injusto pelos docentes que não viram a sua situação resolvida.
O secretário-geral da Fenprof referiu ainda que, em seu entender, não era necessário qualquer parecer jurídico e alertou para as consequências de haver agora um entendimento de que o Ministério não pode, legalmente, analisar os pedidos que não conseguiram colocação.
“Muitos destes professores estavam disponíveis e capazes de trabalhar desde que não tivessem de fazer colocações, mas isto vai aumentar o número de baixas, porque muitos ainda estavam a aguardar a decisão”, sustentou Mário Nogueira.
Este ano, foram aterradas as regras da mobilidade por doença, com critérios que limitam, por exemplo, a colocação dos docentes à capacidade de acolhimento das escolas, tornam obrigatória a componente letiva, e definem uma distância mínima entre a escola de origem, a residência ou prestador de cuidados médicos e a escola para a qual o docente pede transferência.
Com o novo regime, só 4.268 dos 7.547 pedidos de mobilidade por doença para o ano letivo 2022/2023 foram aceites, o equivalente a 56%.
Comparativamente ao ano letivo passado, quando cerca de 8.800 doentes tinham mudado de escola por motivo de doença, o número de professores em mobilidade caiu para menos de metade.
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