Pelo que parece, o atraso na análise das reclamações sobre a Mobilidade por Doença existe porque a FENPROF colocou dúvidas sobre a legalidade dessa análise.
Ficam as declarações do Ministro da Educação nesta notícia.
Sobre a reavaliação dos processos de mudança de escola de cerca de 3.000 docentes com doença, o ministro adiantou que estão a ser efetuadas, mas que foram colocadas dúvidas sobre a legalidade dessa análise por parte da Federação Nacional dos Professores (Fenprof).
“Para que não haja equívocos, pedimos um parecer jurídico sobre a legalidade deste processo de reavaliações e estamos a aguardar o resultado desse parecer para podermos saber se, de facto, é legal ou não fazer esta reavaliação”.
Enquanto não vem essa análise, os DO(C)ENTES esperam….
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Após a RR1 verificamos que até à data 2239 candidatos reúnem condições para a Norma-Travão. O número não está fechado porque ainda faltam mais duas reservas de recrutamento e haverá necessariamente algumas vagas que não conseguimos apurar porque eram horários temporários equiparados a anuais.
Fica a distribuição por grupo e QZP.
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Lista Colorida atualizada com colocados e retirados da RR1.
A legenda é a seguinte:
VERDE– Candidatos colocados nesse grupo de recrutamento AMARELO– Candidatos colocados noutro grupo de recrutamento VERMELHO– Candidatos que renovaram horários completos VIOLETA– Candidatos que renovaram horários incompletos LARANJA– Candidatos retirados (oferta de escola, desistiram, …)
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Pedido de horários (AE/ENA) – Disponível das 10.00 horas de dia 05 de setembro até às 17 horas de dia 06 de setembro de 2022;
Validação (DGEstE) – Disponível das 10.00 horas de dia 05 de setembro até às 18 horas de dia 06 de setembro de 2022;
RR 02 – 9 de setembro de 2022.
Aceitação
Os docentes colocados na Reserva de Recrutamento (QA/QE, QZP e Externos) devem aceder à aplicação e proceder à aceitação da colocação na aplicação eletrónica no prazo de 48 horas úteis, correspondentes aos dois primeiros dias úteis após a publicitação da colocação. (ou seja, Segunda e Terça-feira)
Apresentação
A apresentação dos docentes (QA/QE, QZP e Externos) no AE/ENA é efetuada no prazo de 48 horas, correspondentes aos dois primeiros dias úteis após a respetiva colocação. (ou seja, Segunda e Terça-feira)
Foram colocados 3667 contratados em horários anuais na Reserva de Recrutamento 1, distribuídos de acordo com a tabela abaixo. Mais de 1/3 são horários completos.
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Publicitação das listas definitivas de Colocação, Não Colocação, Retirados e Listas de Colocação Administrativa – 1.ª Reserva de Recrutamento 2022/2023.
Aplicação da aceitação disponível das 0:00 horas de segunda-feira dia 05 de setembro, até às 23:59 horas de terça-feira dia 06 de setembro de 2022 (hora de Portugal continental).
Já fui jovem para sempre até começar a morrer.
Não encontro um eufemismo para o dizer de outra forma.
Eu não queria falar disto, mas preciso de o dizer…
O primeiro dia de setembro leva-me de regresso à estrada que se estende infinita diante dos meus olhos. Apresentar-me na escola subtraiu duas horas ao meu dia numa rodovia regional que serpenteava entre montes e vales levando-me o tempo e consumindo-me um pouco mais de vida. Preso na negrura do alcatrão que não me larga neste ciclo que acaba sempre na estrada, encaro no espelho retrovisor as rugas e os cabelos brancos que foram aparecendo sem que me tivesse realmente apercebido, lembrando-me que só eu estou a ficar velho, pois a estrada permanece na mesma, de pele suave, implacável e perpétua.
Tomo consciência que poderia morrer hoje, aqui e agora afundado neste negrume, que ninguém para quem trabalhei ou dediquei todo o meu ser, iria reparar, se iria importar, se iria lembrar… evidência de que nada mais sou do que apenas um número facilmente descartável e substituível.
Preso aqui, no meio de uma multidão de carros e gente, nunca me senti tão só e derrotado pela vida. Suster as lágrimas e acreditar que nada está errado tem sido a minha glória, porque me ensinaram que um homem nunca chora. Lágrimas que já não tenho, desperdicei-as ao longo de todo o imenso tempo em que chorei para dentro sentindo desperdiçar tantos dos meus anos, dos meus sonhos, da minha mocidade sem que a minha vida profissional tivesse melhorado alguma coisa.
Ainda que não quisesse, tenho de encarar que novamente a vida mudou e, aparentemente, também desta vez não foi para melhor.
Uma vida inteira na estrada, mas sem remuneração nem reconhecimento. Como fazer compreender às pessoas que não sou chauffeur de praça, nem condutor de viatura de emergência, nem camionista?! Sou professor, pertenço a essa classe que vê grande parte do seu dia, durante toda a sua vida laboral, consumido em deslocações pagas do próprio bolso.
Que não haja, pois, equívocos quanto à minha profissão – é justamente lecionar, ensinar e não andar a fazer de motorista ou conduzir viaturas gratuitamente.
Já estou tão habituado a percorrer esta prisão de asfalto para poder chegar ao meu local de trabalho, que já nem me dou conta da violência física e financeira que me leva tudo o que tenho. Mas como fazer compreender isto a essa horda de ministros que se desloca para o trabalho de rabo sentado no banco traseiro de viaturas do estado conduzidas por motoristas, pagos por todos nós? Pessoas como nós que não só não recebemos apoios financeiros, como ainda temos de pagar essas mordomias a altos dirigentes de cargos públicos que beneficiam mesmo fora de horário laboral. Tivessem de pagar as suas deslocações, conduzir a sua própria viatura e trabalhar longe do domicílio e, talvez, conseguissem entender a minha revolta… uma incompreensão partilhada por tantos professores na mesma situação.
O requinte maquiavélico de todo este sistema que diminui o ser humano à condição servil de escravo do dever é algo que me ultrapassa. Remeto-me à crua realidade de não ser mais do que um homenzinho esmagado pela realidade que, por mais que tente, não conseguirá nunca mudar o mundo. Pertencendo a um grupo profissional tão grande, «sozinho» é como me sinto… aliás, quase todos nós nesta profissão nos sentimos assim, sozinhos perante a sociedade, isolados uns em relação aos outros.
Como o meu trabalho não é o de camionista, não sou pago ao quilómetro. Se fosse, teria muito dinheiro a haver das muitas centenas de milhar de quilómetros que já dei do meu tempo nas estradas para poder realizar o mester de ensinar.
De manhã quando chego à escola já estou cansado e em prejuízo por ter dado horas do meu tempo e suportado a despesa de deslocação… e ainda não comecei verdadeiramente a trabalhar e a ser remunerado.
Além de não me ser contado o tempo de trabalho despendido em deslocações, ninguém me paga a despesa de combustível e de oficina. Bem vistas as coisas, um camionista, por exemplo, se tiver uma avaria na viatura, não tem de pagar do seu próprio bolso, assim como o combustível, é o patrão quem paga, enquanto os professores, ao miserável salário que auferem, ainda têm de descontar estas despesas diárias (já para não falar daqueles que têm de pagar uma segunda renda de casa). Tudo privilégios.
Assim, numa profissão com gente cada vez mais envelhecida, cinquenta e sexagenários a quem lhes é exigido renovar a carta de condução por dúvidas sobre aptidões físicas para conduzir, se considerem plenamente aptos para fazerem diariamente dezenas ou, até mesmo, centenas de quilómetros na estrada para poderem trabalhar, sujeitos à sinistralidade que já visitou muitos de nós em serviço.
Perante esta simples e menosprezada situação de quase eterna itinerância que, infelizmente, cada vez mais faz parte da minha vida, não admira que nos dias de hoje ninguém se queira sentar atrás deste volante para me substituir.
E eu, professor, lá vou continuando de carro carregado de papelada, deveres e responsabilidade, cumprir o meu dever o melhor que sei e que posso, camuflando a dor que mora cá dentro. Eu e tantos vamos aceitando tudo o que nos é exigido. Até quando…?
Lamento dizê-lo, mas já não basta o sorriso dos meus alunos, nem a gratidão de muitos pais. Por muito que me encha o coração com pinceladas de cor, a gratidão não põe pão na mesa, não repõe a saúde perdida na estrada, não devolve tudo o que me foi roubado ao longo de tantos anos.
Reconheço que todos os dias nesta estrada, usado como carne para canhão pelos sucessivos governos, aos poucos, estou a começar a morrer até ao dia em que fossilize e também eu me torne alcatrão. Bem sei que ditas estas palavras em voz alta soam a loucura, mas haverá maior loucura do que continuarmos a acreditar em dias melhores depois de tudo aquilo que nos têm feito?
Sei que à minha volta me olham como uma pessoa com vigor, mobilizador, determinado e inabalável sem debilidades.
Mais uma vez experimento o sentimento de fraqueza, porque sou apenas humano, como todos vós, e vou aguentando, não sei até quando… principalmente porque me vejo obrigado a ir suportando tudo para que o ensino ainda vá funcionando.
Não era suposto falar disto…
À minha esposa, também ela há 3 décadas aprisionada ao volante a caminho de uma escola distante, não lhe vou falar nem deixar que veja o cinzento que hoje descoloriu um pouco mais a minha alma. Não frequentando redes sociais jamais saberá destas palavras que nunca lhe direi…
Perdoem o desabafo sobre todo o desencanto com o ensino logo no início do ano escolar.
Carlos Santos
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