20 de Novembro de 2023 archive

Educação em Portugal – uma declaração amigável – Rui Correia

A manete das mudanças na educação não parece querer sair do ponto morto. O problema não está na caixa. Está fora da caixa. Pode ter o motor engripado. Não se sabe ainda muito bem o que é mas os mecânicos da mudança escolar já têm o diagnóstico preliminar. Parece que o problema está no paradigma. Aquilo vai ter de levar uma peça nova. E não é barata.

Educação em Portugal – uma declaração amigável

A obra é avultada. O orçamento não é meigo e vai obrigar a bastante tempo de imobilização da viatura, o que nunca é bom. O pior é que não há direito a veículo de substituição. A apólice não prevê. O seguro é daqueles baratinhos. Não abrange cobertura a terceiros. Os mecânicos, esfregando as mãos em desperdício, também já nos avisaram que isto não vai lá com peças da concorrência. Têm de ser de origem. De marca. É melhor não arriscar.

Muitas vezes o barato sai caro. Se não gastarmos agora algum, depois é que vão ser elas. Vai-nos sair da carteira. Desta vez, vai ser mesmo necessário investir. Se o não fizermos hoje, imediatamente, pode resultar em custos de reparação muito mais elevados, amanhã.

Sempre em frente de marcha atrás

Aliás, nota-se no roncar. Quando se mete a primeira, percebe-se logo que o motor sacode todo. Curiosamente, funciona bem quando se mete a marcha atrás. Há quem ache que é assim que os problemas se resolvem. Acham que, vistas as coisas, o melhor é seguir em frente de marcha atrás. Que também nos leva lá. O problema é que conduzir com uma mão, e sempre a olhar por cima do ombro é muito arriscado. Ainda batemos de frente contra uma parede qualquer. Já outros o tentaram. É melhor não. Já experimentámos tudo e as mudanças não entram. Já mandámos vir peças do estrangeiro e não resultou. Pusemos vários condutores ao volante e não mudou nada. Mudámos de oficina e de mecânico várias vezes, mas nada feito. Não anda para a frente, pronto.

Aqui há uns anos esteve envolvido num grave acidente muito sério. Bateram-lhe até com bastante força. Bateram e fugiram. Resignados e indignados, lá o levámos ao bate-chapas, levou betume, foi à pintura, saiu polidinho e lavadinho mas a verdade é que nunca mais ficou na mesma. Perdeu força. Perdeu garra. Não é o mesmo. Há quem diga que é da cabeça do motor. Mas a realidade é que isto parece mais uma panne generalizada.

Empanou, foi isso. Aliás, não é só o motor que está comprometido. O sistema eléctrico também apresenta falhas. Não passa sinal. Está sem energia. Parece que anda tudo de fusíveis queimados. Isto vai ter de se desmontar o motor, bloco e cabeça, mudar o óleo porque está velho e queimado, mudar os filtros todos; do ar, principalmente que está visivelmente saturado, estofos gastos, pneus carecas. É preciso mudar muita coisa.

Debaixo do capô

Mas, afinal, o que é que se percebe quando se abre o capô? Percebe-se, logo num primeiríssimo olhar, que se fala muito de mudar isto e aquilo e depois, vai-se a ver e ninguém muda verdadeiramente nada. Por todo lado só se vêem peças velhas a precisar de reforma, as borrachas todas gastas e as juntas secas. Muita ferrugem e corrosão nas tubagens que ligam umas coisas às outras. E isto já se sabe, com a idade, começa a meter água. Como há muito atrito dentro do motor, as peças enferrujadas podem triturar e causar danos no funcionamento geral da máquina. Há muito motor partido por causa disso. Entra-se rapidamente em sobreaquecimento. É preciso muito lubrificante para que as peças do motor não aqueçam. É preciso que se mantenham frias, pois há muito atrito interno.

Falta de peças

Para cúmulo, percebe-se que há mesmo falta de peças no mercado. Se houvesse, podíamos mandar as peças velhas para uma muito merecida reforma e pôr novas. Mas não há. Já não se fazem. Deve ser por causa das guerras lá fora. O mercado está em convulsão e vamos ter de esperar anos até que a indústria produza peças de substituição em quantidade suficiente.

O que é lamentável é que não substituímos nada a tempo e depois fica tudo à espera que as peças velhas funcionem como se fossem novas. É inútil. Não é assim que a coisa funciona. Podemos recauchutar um pneu vezes sem conta mas nunca vai ter a mesma aderência e estabilidade de um pneu novo. Isto não há nada como cuidar bem das peças para que durem o mais possível. Acontece que aqui houve muita negligência do proprietário do veículo. Deixou correr tudo desmazeladamente e desprezou a saúde do motor. As peças lá vão aguentando enquanto podem. Mas há um limite.

O dono achou que estas coisas se cuidam a si mesmas. Não cuidam. Tudo na vida precisa de atenção e de estima. É simples: se não estimamos a máquina, perdemo-la.

Manipular a quilometragem

A verdadeira mudança reside aqui: estimar a máquina. Mimá-la. Polir por fora e olear por dentro. Garantir que todas as peças estão em condições. E quando não estão, investir na sua reparação ou na sua substituição. A tempo e horas. Programar as revisões e não faltar a nenhuma inspecção periódica. Multar as infracções, pois claro, porque não pode pagar o justo pelo pecador.

Aquilo que não pode ser é fingir que o motor tem uma quilometragem menor do que aquela que tem. Mexer no conta-quilómetros e reduzir-lhe a quilometragem para dar a ideia de que não andou tanto quanto andou, isso é que não. A quilometragem do odómetro pode ser manipulada e adulterada no mostrador, mas qualquer concessionário oficial detecta facilmente a patranha. Afinal, qualquer mau estacionamento dá direito a multa. A verdade não é sucata para abate.

Novos e velhos motores

Agora com os novos motores eléctricos e a hidrogénio percebe-se que a coisa vai levar uma grande volta. É inevitável. Andam sem ruído e poluem pouquíssimo. Pelo menos assim argumentam. Mas também há quem diga que as baterias custam caríssimo e que em termos ambientais não trazem assim grande melhoria. Mas estão na moda e vieram para ficar. O futuro pertence-lhes. É o tal do paradigma.

Resta aos calhambeques tornarem-se artigos de colecção. Peças de museu. Mas teremos sempre aquele prazer de os rever, nostalgicamente, e de os escutar. Sentir os assentos de pele verdadeira. De rodar a chave de um motor com muita rodagem e muitos cavalos de potência e eriçar a pele com aquele bramido sólido, mecânico, de quem soube sempre levar alguém de um lugar para outro, com segurança, com vagar e com muita, muita classe.

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As negociações de hoje – EPE

 

 

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Projeto C.A.F.E. – Procedimento Concursal 2024 – fase de entrevista – Listas

 

Publicam-se as Listas Provisórias dos candidatos selecionados e excluídos na fase de entrevista no Procedimento Concursal com vista à constituição de uma bolsa anual de docentes para o exercício de funções no Projeto C.A.F.E. em Timor-Leste, em 2024.

Listas Provisórias de seleção e exclusão

 

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Proposta do PSD para reposição integral do tempo de serviço dos Professores

 

 

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João Costa despede-se dos sindicatos

João Costa despede-se dos sindicatos

No Ministério da Educação decorrem hoje negociações e o ministro fez questão de aparecer, apesar de as reuniões estarem a ser lideradas pelo seu secretário de Estado. Em direto na RTP, João Costa justifica a sua presença com o facto de serem muito provavelmente as últimas reuniões e querer despedir-se dos sindicalistas e agradecer o empenho de todos.

“Esta será uma das últimas rondas negociais que temos, senão mesmo a última e, por isso, fiz questão de passar um bocadinho por todas as reuniões para agradecer os sindicatos os passos que conseguimos dar, umas vezes com acordo, outras vezes sem acordo”, diz o ministro, considerando que “foram dados muitos passos” no último ano.

As rondas negociais de hoje estão relacionadas com as carreiras dos professores de escolas portuguesas com estrangeiros e com a redução do período probatório dos professores recentemente vinculados.

In Expresso

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A PERDA DE PODER DE COMPRA DOS PROFESSORES 2011/2023

 

2023 foi mais um ano em que os trabalhadores das Administrações Públicas mais uma vez perderam poder de compra. Segundo o INE, em out.2023 a inflação anual foi de 5,73% (a de produtos alimentares atingiu 12,1%), e este governo pretende aumentar a remuneração base mensal dos trabalhadores de todas as Administrações Públicas, em 2024, em 52,63€ até 1754€ e, a partir deste valor subir em apenas 3%. O aumento que consta da proposta deste governo ainda funções nem compensa o aumento de preços verificado em 2023 e muito menos se adicionar a inflação que se registará em 2024 (o governo prevê 2,9%, mas será superior como acontecerá em 2023 que a previsão será ultrapassada).

Por Eugénio Rosa – economista

 

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