Os Professores… os Professores… os Professores…
Nas últimas semanas, a palavra ‘Professores’ tem sido a mais badalada na comunicação social. A falta de professores está demasiado evidente e não era de esperar outra coisa, bastava olhar para as Escolas e ver discrepância de idades. A maior parte dos docentes anda na volta dos 60 anos, depois aparece a malta dos 40 e a seguir os acabadinhos de sair das faculdades, sendo estes últimos em menor número, não só porque ainda precisam de ganhar tempo de serviço, mas sobretudo porque há muito poucos que querem ser Professores.
As regalias dos Professores é o ponto mais evidente que leva a sociedade a olhar para os Professores como uns privilegiados. Na verdade, até eram mesmo! Mas eram os mais velhos, os que já estão na reforma. Tinham muitas regalias, trabalhavam perto de casa e eram uns senhores… Claro que isto não se aplica aos dias de hoje. Quem quiser trabalhar desde o início do ano tem de se sujeitar a trabalhar longe de casa, principalmente na zonas de Lisboa ou Algarve, pagar rendas altíssimas que podem variar entre os 275 euros por um quarto e os 450 ou 600 por um apartamento. Ou seja, mais de metade do ordenado está destinado logo à partida, o que sobra para o resto às vezes não chega ao salário mínimo…
É claro que ninguém é obrigado a seguir a carreira. Poderá ficar nas terrinhas e trabalhar noutra coisa, se é que há trabalho para todos, mas como tudo na vida, as opções estão ao dispor de qualquer um e não é com queixas que se muda o sistema. Quem quer vai, quem não quer que arrepie caminho.
As Escolas também não estão no cenário mais apetecível. Há burocracia a mais. Muitos papéis a preencher que não servem para nada, a não ser para deixar tudo bonitinho para o caso de uma inspeção. As planificações, as aprendizagens essenciais, os critérios de avaliação, as grelhas de avaliação, os vários documentos para os alunos com Necessidades Educativas
Especiais, os planos das tutorias, mentorias… Na verdade, se eu mandasse, a maior parte destes documentos eram reduzidos a três ou quatro e fazia tudo na mesma. Talvez tivesse era tempo para planificar bem as aulas, dar mais atenção aos alunos com as suas inúmeras dificuldades e problemas e, ainda, ter tempo para construir os melhores projetos, fossem estes para o Projeto Maia ou o Ubuntu.
Há uma necessidade urgente de descomplicar as Escolas e permitir que os professores se possam voltar a concentrar no mais importante: o aluno. O aluno tem de voltar a ser o centro da Escola, não as papeladas, e conseguir com isso traçar o melhor percurso que pode e deve ser cada vez mais prático e experimentado na sociedade civil (associações, autarquias, empresas…), sempre auxiliado pelo conhecimento e rigor científico.
Os professores têm sido os maiores inimigos dos Professores!
Não é o Ministério que faz as grelhas, ainda que lance a confusão para as Escolas, são outros Professores. Também não é o Ministério que marca as greves, são outros professores nos sindicatos que teimam em agendar às sextas, descredibilizando a luta e dando a ideia de fim de semana prolongado.
Não faço greves de um dia! Mas estou disponível para começar a fazer uma semana inteira. É preciso ir à luta como foram os camionistas. É preciso fechar as Escolas para que a sociedade perceba que não consegue funcionar sem as Escolas. Se os alunos não estiveram nas Escolas, os paizinhos terão de se ocupar deles ou ficarão nas ruas e, desta forma, iniciar-se-á uma preocupação maior das autarquias com tantos jovens, sem ocupação, a deambular pelas ruas da cidade.
Basta de brincar aos Professores e às grevezinhas! É preciso ir à luta e exigir o que já é atribuído a outras profissões, sejam ajudas de custo (deslocações e estadias), seja no aumento salarial que está cada vez mais próximo do salário mínimo, seja na reorganização administrativa do sistema.
Voltar a centrar a educação nos alunos é apostar definitivamente no futuro de Portugal!
8 comentários
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Outro corpo celeste que chocou com o planeta.
O colega ou tem andado muito distraído/ocupado ou é muito novinho não conhecendo bem os docentes…
Sacrificar o HOJE para ganhar o AMANHÃ. Vencem todos, alunos e professores. CONTRA o CONFORMISMO ,UMA semana de luta, sem tréguas….APOIADO!
Paleio, paleio, paleio, …
Eu já devia ter mudado de escalão há mais de 2 meses, outros colegas há menos tempo, e ainda outros há muito tempo. Mas até isso se tornou impossível porque a plataforma de progressões do Ministério se encontra bloqueada desde maio.
No dia 19 escrevi uma cartinha ao nosso querido ministro a informá-lo de todas as leis que esse ato viola. Enviei a cartinha aos diferentes partidos, ao TC e ao Arlindo. Alguém a viu publicada? Eu não. Mas paleio é coisa que não falta neste blog. A ação não é tão interessante. Mas eu vou continuar a minha luta e vou organizar uma petição ao TC e à Provedoria da Justiça da UE a exigir o respeito pelos direitos de TODOS os professores. Espero que esteja disponível para a assinar.
Guidinha, pede também que os colegas com avaliação de 9,6 continuam a aguardar vaga. Outros ,numa escola ao lado ,com 8,8 ascenderam ao escalão seguinte…
Continuo em greve zelosa pelo cumprimento rigoroso do horário.
Será para corrigir várias situações de abuso e de violação de direitos: plataforma de progressões bloqueada, fim das vagas de acesso ao 5° e 7° escalões, integração nos quadros dos colegas contratados com pelo menos 5 anos de tempo de serviço, concursos justos que evitem ultrapassagens, para já.
Concordo plenamente!!! Greves de um dia, só deixam ficar mal a nossa classe! Mas uma greve geral de uma semana ia ser o fim do mundo neste país….! Coragem para isso? É só blá. blá, blá, como em muitas outras áreas…! Já os médicos, são unidos e quando param, param mesmo.
Greve só se for de um mês!
É preferível perder 1300€ num ano (mês) do que 1300€ em 10 anos de greve!
Concordo plenamente com o colega, estarei disponível para uma semana de greve. No entanto, enquanto houver sindicatos a representar-nos, coniventes com os aparelhos partidários e enquanto formos eternamente uma classe dividida e mesquinha ( onde reina a inveja e o regosijo em ver o colega mal) nunca iremos a lado nenhum. Solução: A criação de uma Ordem e deixarmos de ver o colega ao lado como o nosso inimigo.