Vamos supor que há falta de professores em certas zonas do país.
Vamos supor que nessas zonas, a escassez de professores é mesmo muito grave.
Vamos supor que essas zonas do país são zonas onde um t1, na melhor das hipóteses, custa 500€ e um quarto ronda os 250€.
Vamos supor que um professor contratado em Portugal, mesmo com 2 décadas de serviço, não saí do índice 167, ou seja, 1.°escalão e o seu vencimento, dependendo do desconto de IRS, SS e eventualmente ADSE, ronda os 1100€.
Vamos supor que a classe docente envelhecida, essa cheia de regalias de que se fala nas notícias, ronda os 60 anos. mas os joviais professores ainda contratados andam quase nos 50. vamos só supor, claro.
Com quase 50 anos a malta ou é casada ou divorciada ou nem uma coisa nem outra, mas tem família, certo. todas as pessoas têm família, certo. vamos só supor que a malta tem família.
Por ventura até poderão ter filhos. filhos que ou estão ou entrarão na universidade. Portanto, casa da família. Casa ou quatro para onde se vai trabalhar, transportes, comida, despesas de educação ou propinas da universidade dos filhos ou mesmo lares dos pais de quem, obviamente, não podem cuidar.
Vamos só supor que para além dos contratados, há técnicos de AEC, que na verdade são professores, mas como estão nas AEC recebem pelo índice 126, independentemente de serem profissionalizados. Não recebem sequer o ordenado mínimo nacional. repito, nem sequer recebem metade do ordenado mínimo nacional.
Vamos supor que este é o retrato da educação de Portugal. reformulo, vamos supor que esta é a vida de milhares de professores em Portugal. os tais milhares de quem querem “tratar” num espaço de 10 anos, até 2030. Entretanto, pode ir para professor qualquer pessoa que precise ganhar uns trocos em part-time. Eu por exemplo, enquanto estudei trabalhei na restauração no verão, mas agora a malta pode ser professor e fazer umas tasks quaisquer. Malabarismo. Equilibrismo. Palhaçadas.
Entretanto se quiserem posso começar a cuspir fogo neste circo. Agora pensem. Agora por favor pensem que professores querem para os vossos filhos. Que educação almejam para o nosso país.
Eunice