16 de Novembro de 2021 archive

Como se apaga um professor

Chega a ser perturbador ver quantos, dentro de uma sala de professores, dizem já não aguentar a profissão que escolheram. A profissão que um dia os iluminou. E que ainda os apaixona. Se, por um lado, sonham com a alforria flagelante de uma aposentação, por outro não trocariam a sua profissão de décadas por nenhuma outra.

O abandono escolar não se faz só de alunos. Faz-se também de professores. E faz-se à vista desarmada, ao ponto de dispensar prova e estatística. São aos milhares os que se afastam daquele que dizem ser o mais incendiário e luminoso ofício do mundo: transformar quem não sabe em alguém que sabe.

Como se apaga um professor

A quantidade de docentes que abandona a profissão representa uma ferida permanente nos sistemas educativos. Não nos ocuparemos aqui com a trama das aposentações. Não é isso que discutiremos. Vamos ao que importa, mesmo. A um fenómeno mais remoto. O temor maior de qualquer profissional. A abdicação. Os professores que, permanecendo no “quadro”, já há muito o abandonaram. Aqueles que deixaram de acreditar. Que perderam o amor à escola. Que a transformaram tacitamente num emprego. A renúncia. A capitulação íntima de deixar de se querer estar onde se está. Não é coisa pouca. Falamos de um incêndio com muitas frentes activas e muita área ardida.

Atravessamos uma conflagração de rendições silenciosas, cujas consequências ultrapassam a mera dimensão individual. Há milhares de docentes a reconhecer que já não encontram dentro de si aquele vigor intrínseco, indispensável para acompanhar conjuntos de jovens, que cada vez mais exigem esse tónus muscular e emocional. Chega a ser perturbador ver quantos, dentro de uma sala de professores, dizem já não aguentar a profissão que escolheram.

A profissão que um dia os iluminou. E que ainda os apaixona. Se, por um lado, sonham com a alforria flagelante de uma aposentação, por outro não trocariam a sua profissão de décadas por nenhuma outra. E ninguém se entende. Uns é porque tudo está diferente, outros é porque nada muda. Uns dizem que os miúdos estão insuportáveis, outros dizem que é só por causa deles que ainda não se foram embora. Uns dizem que estão indiferentes e apáticos, outros que são irrequietos e insolentes. Mas estão de acordo com algumas coisas. Que não foi para isto que estudaram. Que não é nada disto que queriam. Que antes, ao menos, respeitava-se a “figura do professor” e que hoje nem se sabe bem o que isso é. Que há uma degradação contínua do sistema educativo. Que estão velhos. Que só o dinheiro manda e que não há dinheiro para nada. “Economicista”, coisa benigna, tornou-se chavão pejorativo.

Não obstante o aviso de muitos, a quarentena de admissões no funcionalismo público não ajudou nada. Bem pelo contrário. Tomada por uma boa ideia para reduzir a sua pegada orçamental, “Menos Estado, melhor Estado” foi a proclamação hipnótica do canto das Nereidas do Défice. Mas, como qualquer velho sabe, nem sempre o que parece, é.

No caso da educação, tais medidas representaram nada menos do que um acto de extorsão pública. Um arresto irresponsável da vitalidade essencial a qualquer sistema educativo. Afugentar sangue novo das salas de professores produziu uma anomalia organizacional de contornos terríveis. Não saber prever que a reposição dessa vitalidade iria demorar décadas e muito mais fortunas do que aquelas que se pouparam é, simplesmente, uma medida própria de um tonto. Um tiro no pé. Nenhuma empresa privada arriscaria tal desvario. Seria até mais provável que enxotasse os velhos para dar lugar aos novos. De resto, isso acontece todos os dias. Fazê-lo na educação gerou, ao invés, o advento de uma maioria silenciosa que custa rios de dinheiro e uma constante perturbação do curso regular das aulas.

Recrutar professores começa a parecer-se com um leilão onde só licitam os desesperados. E o desespero é um sector em expansão.

Na azáfama de exterminar a já irrisória reputação dos professores, os jornais afadigam-se periodicamente em noticiar milhares e mais milhares de baixas médicas fraudulentas na educação. Tornou-se um clássico. Mesmo que logo a seguir nos choraminguem mais outra professora oncológica que uma frígida junta médica sentenciou que fosse, mas é, trabalhar.

QUEM SÃO ESTAS MULTIDÕES DE PROFESSORES QUE TENTAM ESGUEIRAR-SE DA SUA PROFISSÃO?

Mais do que serem “fraudulentas”, interessa perceber porque são milhares e mais milhares. Quem são estas multidões de professores que tentam esgueirar-se da sua profissão? Porque o fazem. De que fogem? De quem fogem? Por que fogem? O que lhes fizeram?

Perguntem à Helena, professora de Filosofia, desde sempre reconhecida como professora exemplar; sempre encorajadora dos seus colegas e amada pelos seus alunos. Foi orientadora de dezenas de estágios: “Há colegas que são tão bons para os miúdos. É um gosto vê-los a crescer como profissionais. Tenho muitas saudades disso”.

Perguntem à Luz, que passou pelo Ensino Superior com enorme sucesso e que, depois, se entregou de corpo e alma a todas as suas turmas do secundário e que dela têm, anos passados, a mais sorridente recordação. “Não imaginas o grau de culpa que sinto por abandonar os meus alunos”.

Perguntem ao Pedro, que foi para Timor dois anos e de lá trouxe uma inesquecível experiência que espalhou por toda a escola, dinamizando clubes, exposições, conferências. “Percebi que dava demasiado de mim aos meus alunos e descuidei a minha saúde e a minha família. Não podia continuar”.

São tantos os professores que encontramos por aí, desembrulhando atestados e sussurrando esgotamentos. Ver estas sombras de si mesmos e mentir-lhes o melhor possível, assegurando que estão com bom ar, enquanto nos confessam medicações e sorrisos tristíssimos é uma desolação permanente. Vemo-los em nós. São um pouco de nós. Eram como nós. Como foram ali parar?

“Esta sala de professores mais parece o Vale dos Caídos”, brincava a sério uma colega há dias, ao mesmo tempo que ali preparava “um lanchinho informal para todos quantos queiram aparecer às seis da tarde”. A quantidade de professores com acompanhamento regular por depressão é interminável.

É PRECISO SABER RESPONDER A UMA PERGUNTA: “COMO SE EXTINGUE UM PROFESSOR?”

Não é precipitado ou crédulo imaginar que ainda podemos ir a tempo de evitar um cataclismo. Há uma diferença entre o famigerado burnout e a desmotivação dos professores. Dentro de cada organização educativa deve-se estudar e combater os passos, as medidas, as decisões e as indecisões que eliminam qualquer vestígio de prodigalidade e entrega, atributos essenciais de todo o educador.

É preciso saber responder a uma pergunta: “Como se extingue um professor?”

Nada mais simples.

Três coisas: aumentar as distâncias, adular o acessório e descuidar o essencial.

Insistir na prevalência do administrativo sobre o pedagógico; perder o pulso directivo perante a degradação da urbanidade entre a miudagem; considerar o assédio moral como uma ferramenta de ortopedia e liderança organizacional; circunscrever a condução democrática do sistema representativo escolar, privilegiando uma cultura “colegial”; reduzir artificialmente as classificações dos professores em avaliações de desempenho, porque “não há quotas”, depreciando professores com evidências de “excelência”; manter uma cultura hierárquica de condescendência institucional; generalizar modelos pedagógicos benevolentes e divorciados de qualquer relação original com as comunidades onde se pretende que venham a ser implementados; animar um constante estado de tumulto legislativo que conduz à mais completa ininteligibilidade do sistema educativo por parte dos seus principais actores e protagonistas; descuidar uma política activa de atrair e reter professores na profissão; persistir nas dosagens em conta gotas nos apoios a alunos mais necessitados, material e academicamente, esmagados em papelada bem intencionada, de emprego exclusivamente protocolar; persistir no sistema de comunidades educativas descomunais onde todos possam viver em espaçoso isolamento; manter uma política salarial e um estado de vulnerabilidade laboral que impedem que uma mulher e o seu homem achem boa ideia ter filhos, no intervalo que consideram biologicamente adequado das suas vidas.

O abandono dos docentes não é um fenómeno português. A época de incêndios está aí e é internacional. A insatisfação profissional e a preservação da saúde mental constituem as suas principais causas.

A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação do Rio de Janeiro revelou que 54% dos professores brasileiros já pensou em abandonar a sua profissão.

Um estudo norte americano aponta para cerca de 30% o número de professores com sintomas de depressão. Portugal caminha na mesma direcção. “Adoro os miúdos e é muito desafiante perceber que podes mesmo fazer a diferença nas suas vidas. Mas é destruidor perceber também como és tão pouco valorizado, com pais mal-educados, direcções escolares acomodadas, uma sobrecarga de trabalho e salas de aula com turmas enormes”, dizia-nos um professor de música, doutorado: “Nem falo de vencimento. Tenho 12 turmas. Nunca vou conhecer os meus alunos. Só em Conselhos de turma e intercalares são 60 reuniões. Entro num ciclo interminável de stress e sensação de incapacidade crónica. Quero sair daqui, mais cedo do que mais tarde”.

Enquanto muito se fala da “formação de professores”, pouco se pensa sobre a “deformação de professores”.

Inverter tudo isto tem de ser uma obsessão política, se pretendermos rechear as escolas com gente completa, entregue, vivida. Caso contrário, extinta a chama original, onde havia seiva só restará cinza.

 OPINIÃO DE RUI CORREIA

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A discussão de hoje na Comissão de Educação foi…

O resultado dessa discussão é que ainda não se sabe…

 

  • Projeto de Resolução n.º 1492/XIV/3.ª (PAN)  Recomenda ao Governo que assegure que as vagas de acesso ao 5.º e ao 7.º escalão em 2021 sejam idênticas ao número de docentes que integram as listas de acesso nestes dois escalões e que assegure uma solução que garanta a recuperação de todo o tempo de serviço dos docentes que estiveram em suspenso nas listas de vagas

 

 

 

 

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Divulgação: Espaço de Aprendizagem da União Europeia (UE)

 

 Espaço de Aprendizagem da União Europeia (UE).

Só em 2020, mais de 1,7 milhões de visitantes utilizaram esta plataforma interinstitucional online da UE. Disponível nas 24 línguas oficiais da UE, o Espaço de Aprendizagem consolida centenas de materiais educativos interativos sobre a UE. Abrange 12 tópicos de interesse na UE, incluindo a cultura e a história da UE, as alterações climáticas e o ambiente, a alimentação, a agricultura e a pesca, e a ciência e investigação.

Adaptado a crianças entre 5-18 anos, bem como aos seus professores e pais, o Espaço de Aprendizagem convida os utilizadores a explorar concursos relacionados com a UE, materiais didáticos e jogos, possibilidades de trabalho em rede para professores e atividades de voluntariado para estudantes.

Também há um boletim informativo eletrónico mensal em 24 línguas – Espaço de Aprendizagem: notícias – que pode subscrever para se manter atualizado sobre as últimas notícias no site.

Explore o Espaço de Aprendizagem

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Professores (e outros) morrem à espera de atestado multiusos

 

Mais um caso em que o Sistema Nacional de Saúde e o governo português falharam e deixaram que uma mulher perdesse a vida, sem os devidos cuidados médicos e descanso necessários. Ana Margarida Lopes não resistiu um cancro de mama.

Era natural de Viseu e sempre foi professora. O seu cancro espalhou-se por todo o corpo e já estava muito mal de saúde: “Estou há uma semana sem sair do quarto. Estou a receber oxigénio”. Deixou uma bebé de um ano e meio e um marido.

Susana Gomes, de 44 anos, também doente oncológica, conta as últimas palavras da amiga: “A mim já me vão levar o atestado ao caixão”. “Nesse dia, ela estava alegre, mas conformada que não iria ter o atestado. Demos um abraço forte e senti a sua revolta. Para a Ana Margarida foi o fim de uma luta, mas ela agarrou-se sempre à vida, pelos filhos e pelo marido”.

“Eu estou à espera do atestado desde maio. Nos meses que mais sofri, o Estado não me ajudou e continua sem o fazer”. As duas não tiveram direito aos atestados devido às pandemia da COVID-19, quando o governo suspendeu as juntas médicas.

 

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Professores precisam-se

 

 

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FALTAM PROFESSORES E FALTAM SOLUÇÕES

 

FALTAM PROFESSORES E FALTAM SOLUÇÕES

Há alunos sem professor desde o início do ano letivo e as dificuldades para encontrar substitutos são cada vez maiores. Governo prometeu medidas, mas nada mudou ainda

Geografia e Filosofia desde o início do ano letivo. Inglês, Português e Francês. Física e Química até esta semana. Mais um professor de Tecnologias de Informação que vai sair e cuja substituição já sabe que andará entre o muito difícil e o impossível. “Estes são os meus calcanhares de Aquiles”, desabafa Rosária Alves, diretora do Agrupamento de Escolas de Benfica, em Lisboa, e onde cerca de uma dezena de turmas não têm neste momento professor a alguma disciplina.

No Agrupamento Monte da Lua, em Sintra, ainda se procura um docente de Físico-Química para uma turma do 8º ano. A situação de Filosofia foi resolvida na semana passada, Informática continua com ‘buracos’, mesmo depois de recorrer a professores sem habilitação específica para o ensino. Para resolver o problema com a falta de um docente de Inglês, partiu-se o horário em parcelas mais pequenas de forma a poder distribuir em horas extraordinárias pelos docentes da casa e fazer com que menos turmas permaneçam com ‘furos’. E são cada vez mais as escolas que estão a conseguir resolver as falhas recorrendo a este mecanismo: até cinco horas adicionais, os professores têm de aceitar este trabalho extra.

No ano passado, ainda foi pior, conta o diretor, Nuno Cabanas: “Tivemos uma turma sem Francês praticamente o ano inteiro e outra do 11º sem Física e Química (disciplina com exame nacional) durante mais de três meses. A situação é preocupante.” No Agrupamento de Escolas de Queluz/Belas, também em Sintra, ainda há uma turma de 3º ciclo sem Matemática e que em vez de cinco aulas por semana está a ter uma com um professor de apoio.

Basta ligar aleatoriamente para escolas da Área Metropolitana de Lisboa para constatar as dificuldades que as direções estão a sentir em encontrar substitutos para os horários que vão surgindo ao longo do ano letivo — decorrentes de baixas médicas, aposentações, parentalidade. A situação tem-se agravado nos últimos anos, sem que tenha havido até agora um plano conhecido para tentar diminuir as dificuldades que afetam esta região e também o Algarve.

Com a dificuldade em encontrar professores, não se conseguem recuperar aprendizagens e acentuam-se os atrasos
O problema é complexo, tem muito que ver com o envelhecimento desta classe profissional (que origina mais aposentações e mais baixas médicas), com um desequilíbrio entre a oferta e a procura (os candidatos são sobretudo do norte e as necessidades estão a sul) e com mecanismos que possibilitam milhares de mudanças de escola todos os anos. A consequência é assistir-se a situações que não aconteciam desde o século passado, com alunos sem aulas a uma ou mais disciplinas durante semanas e até meses e o recurso a professores sem preparação específica para o ensino de uma dada matéria, admite o presidente da Associação Nacional de Diretores de Escolares, Filinto Lima.

No programa do Governo são várias as medidas inscritas. Fala-se na necessidade de “rejuvenescer” o corpo docente, criar “incentivos à aposta na carreira e ao desenvolvimento de funções em áreas do país onde a oferta de profissionais é escassa” e rever o modelo de colocação de professores para garantir “maior estabilidade”. Mas dois anos depois ainda não se conhecem medidas.

Em entrevista ao “Público” em julho, a secretária de Estado da Educação Inês Ramires tinha previsto para setembro passado a apresentação de um estudo sobre as necessidades do sistema para os próximos cinco a dez anos, mas ainda não aconteceu. Quanto à revisão dos concursos, cujas negociações deveriam iniciar-se em outubro, o processo ainda não foi desencadeado. “Nada fizeram nos últimos dois anos. Nem este Governo negociou qualquer matéria estruturante durante os últimos seis”, aponta o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira.

MILHARES RUMAM A NORTE
Entretanto, nestas escolas mais afetadas lançam-se semanalmente os horários por preencher nas plataformas. “Temos sistematicamente necessidade de substituir professores e temos várias situações por resolver desde o início das aulas”, admite a responsável pelo Agrupamento Aqua Alba, no Cacém.

Para este ano letivo, este novo mega-agrupamento já teve de contratar mais de cem professores. Muitos acabam por desistir da colocação quando percebem que o que vão ganhar é insuficiente para fazer face aos custos da deslocação ou porque apesar de constarem das listas nacionais de professores disponíveis para a contratação arranjaram entretanto alternativas que lhes compensam mais. As dificuldades revelam-se também através das ofertas de escola que são lançadas e que, só em outubro, foram mais de 60 neste agrupamento.

Estes anúncios feitos diretamente pela escola só podem ocorrer se já não houver candidatos inscritos nas tais listas nacionais de contratados teoricamente disponíveis ou se as colocações forem recusadas por duas vezes. Ou seja, cada horário lançado em oferta de escola significa que há uma ou mais turmas sem aulas daquela disciplina há pelo menos duas semanas.

Em respostas ao Expresso, o Ministério da Educação nota que até à semana passada havia pouco mais de 200 horários completos por preencher (o equivalente a cerca de 1100 turmas com furos a pelo menos uma disciplina), que há professores permanentemente a sair do sistema e a serem substituídos e que estes números representam uma fatia muito pequena de um sistema que conta com “mais de 50 mil turmas e centenas de milhares de horários preenchidos por mais de 120 mil professores”.

Mas o facto é que muitos horários completos desapareceram não por terem sido preenchidos, mas por terem sido partidos. Além disso, persiste o problema de fundo, lembra Davide Martins, professor de Matemática, colaborador do blogue “ArLindo” e que tem feito as contas a este problema. Num exercício recente, Davide Martins constatou que há disciplinas, como Geografia, Alemão, Informática, Matemática, Biologia e Geologia e Português para as quais já não há, ou quase, professores disponíveis para dar aulas em escolas de Lisboa e Vale do Tejo nas tais listas nacionais de recrutamento.

Outro sinal do desequilíbrio manifesta-se nas movimentações de professores entre escolas, legalmente previstas. Um dos mecanismos tem a ver com situações de doença (ver texto ao lado). E das quase 9 mil mudanças autorizadas, mais de dois terços foram de professores que saíram do seu lugar em escolas do sul para o norte. Outra possibilidade prevista é a escolha de uma escola mais próxima da residência (mobilidade interna). Segundo Davide Martins, saíram este ano 1100 professores afetos ao quadro de zona pedagógica da Área Metropolitana de Lisboa e vieram apenas 127 de outras regiões. “Não resolveria o problema, mas limitar esta mobilidade permitiria ganhar algum fôlego e não ter tantos alunos sem aulas”, sugere. A ausência é tanto mais grave quando se segue a dois anos letivos condicionados pela pandemia e ensino à distância. “O Ministério lançou um plano de recuperação e permitiu às escolas avançar com vários projetos, que dependiam da colocação de mais recursos. Mas com esta falta de professores, não só não se recuperam as aprendizagens, como se acentuam atrasos”, lamenta a diretora do Agrupamento de Benfica.

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