Porque se conhecessem o bem estar docente não fariam muito do que fazem todos os dias aos professores.
Achei curioso este parágrafo o que demonstra muito bem como a administração central não tem a mínima ideia de como se forma o bem estar docente. “o projeto assume que as emoções e o bem-estar docente estão no cerne do ensino e da aprendizagem, do mesmo modo que as competências sociais e emocionais dos professores se revelam essenciais para o seu desempenho profissional e para a gestão da carreira.”
No ano lectivo passado, o calendário escolar teve de ser alterado em Fevereiro devido à pandemia.
Até sexta-feira deverá ser conhecido o calendário escolar que estará em vigor no próximo ano lectivo. A garantia foi dada ao PÚBLICO pelo Ministério da Educação: “É publicado esta semana em Diário da República”.
No ano passado, já sob os efeitos da pandemia, tal aconteceu a 3 de Julho. Este calendário acabou por ser alterado em Fevereiro devido ao agravamento da situação sanitária e ao encerramento das escolas por vários dias.
Ficou-se então a saber, por exemplo, que o 3.º período iria durar mais cinco dias do que o previsto para os alunos do pré-escolar e do 1.º e 2.º ciclos, que só nesta quinta-feira, dia 8, terminarão as aulas.
Uma das novidades já anunciadas, pelo Governo, para o próximo calendário escolar será a inclusão da possibilidade de as escolas organizarem as aulas por semestres, desde que os estabelecimentos escolares pertençam ao mesmo município, como já acontece, por exemplo, em Almada, Odivelas e Amadora.
Em comunicado, divulgado nesta quarta-feira, a Federação Nacional de Professores (Fenprof) alertou para o “atraso” na publicação do calendário escolar e de outros instrumentos de organização das escolas. “Para um ano lectivo que será excepcional, como o de 2021-2022, exigem-se normas excepcionais e atempadamente divulgadas sobre calendário escolar, constituição de turmas, organização do ano lectivo (OAL) e, ainda, segurança sanitária. Só que em 7 de Julho (quarta-feira) ainda nada se conhece”, escreve a organização liderada por Mário Nogueira.
Nesta mesma nota, a Fenprof lamenta também que o Ministério da Educação não tenha optado por “normas de carácter excepcional” para aplicar o novo plano de recuperação de aprendizagens. Tendo, pelo contrário, ignorado “as propostas que foram apresentadas por praticamente todos aqueles que foram consultados, como a redução do número máximo de alunos por turma ou o reforço do crédito de horas das escolas”, através do qual estas poderão contratar mais docentes.
“Em reuniões que têm decorrido entre responsáveis do ME e direcções de escolas, quando são colocadas questões concretas sobre a redução do número de alunos por turma, reforço de apoios, reforço do crédito horário, reforço do número de docentes, a resposta é, invariavelmente, no sentido de as escolas apresentarem projectos que serão apreciados para decisão”, adianta a Fenprof, para frisar de seguida que os estabelecimentos escolares “não podem viver de decisões casuísticas”.
… que deixa os professores suspensos com a lista de colocações do concurso interno/externo por um capricho que se desconhece, passando hoje 77 dias após o conhecimento das listas provisórias. Em nenhum momento se passou um prazo tão longo entre a publicação das listas provisórias e as listas definitivas.
Estamos quase em meados de julho e após publicação hoje das orientações para a recuperação das aprendizagens 21/23 , as escolas não conseguem definir o próximo ano letivo devido às movimentações dos docentes que vão ocorrer com a publicação destas listas. Existem créditos de horas que não se podem determinar porque a movimentação implica uma mudança, em muitos casos drástica, no número de horas disponíveis para 2021/2022 desses créditos horários.
Enquanto diretor não consigo ainda determinar essas horas e o término do ano letivo está aí à porta. E se esperam que passe o meu direito a férias para dias de férias não gozados, enganam-se.
A partir do momento que sou apenas bom, por não ter quota disponível, o próximo ano letivo irá ser programado em função da minha disponibilidade de trabalho e não conforme os caprichos do ME.
a) O CH é determinado a partir do número de turmas existentes e de horas já disponíveis nos termos do artigo 79.º do Estatuto da Carreira dos Educadores de Infância e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário, aprovado peloDecreto-Lei n.º 139-A/90, de 28 de abril, na sua redação atual (ECD), de acordo com a seguinte fórmula:
CH = 8 x número de turmas – 50 % do total de horas do artigo 79.º do ECD
b) No ano letivo 2021/2022, nas escolas integradas em TEIP, a fórmula a aplicar é a seguinte:
CH = 11 x número de turmas – 50 % do total de horas do artigo 79.º do ECD
c) O reforço do CH em resultado da aplicação das fórmulas previstas nas alíneas anteriores é exclusivamente utilizado para a recuperação e consolidação de aprendizagens, nomeadamente através de horas de apoio educativo e coadjuvação de aulas, com principal incidência nos anos de transição de ciclo e no 3.º ano de escolaridade.
Ocorreu-me a expressão mágica que abre o esconderijo de um tesouro na história de “Ali Babá e os Quarenta Ladrões”, ao ler o Público de 23 de Junho. “Melhores professores fariam desaparecer até dois terços das notas negativas”, era o sugestivo título de um texto de Samuel Silva, referindo que um estudo “mediu pela primeira vez o efeito que um professor tem no desempenho dos estudantes das escolas públicas”.
O recurso às metodologias e aos modelos agora usados não é novo, contrariamente ao que a leitura do texto possa sugerir. Cito, por outros, Hanushek, Eric A. 2011. Valuing Teachers: How Much is a Good Teacher Worth? Education Next, 11 (3): 40-45. Como não é nova a controvérsia científica que a sua aplicação tem suscitado, evidenciada pela literatura publicada sobre o tema. O que é novo é o desenvolvimento informático, que permite hoje manipular com facilidade enormes bancos de dados.
A variável crítica do ousado estudo é o denominado VAP (Valor Acrescentado do Professor), indicador que permitiria calcular o impacto de cada professor no resultado dos alunos. Este VAP, esclarece o texto em análise, “calcula-se medindo o desempenho de um aluno numa prova nacional antes de ter aulas com um determinado professor e novamente, numa outra prova nacional, após ter trabalhado com esse docente”, sendo que, continuava o texto, a “metodologia usada permite isolar os efeitos de outros factores que influenciam as aprendizagens, como a formação dos pais, o nível de rendimento familiar ou factores ligados à própria escola”.
A sofisticação da metodologia estatística usada e a dimensão dos dados tratados (1,7 milhões de classificações atribuídas a Português e Matemática, ao longo de uma década, em provas finais dos 4º, 6º e 9º anos, por mais de 40 mil professores), não chega para mascarar a parcialidade de uma análise que pretende isolar de outros impactos o impacto da qualidade dos professores nos resultados dos alunos, para concluir que, se uns melhoram e outros pioram, os responsáveis são … os professores. Com efeito, o estudo permite conclusões substantivas. Cito as mais “convenientes” aos pregadores de determinadas pedagogias: os maus resultados dos alunos devem-se a “piores professores”; “o professor mais determinante é o do ano do exame”; “manter um professor com a mesma turma ao longo de todo o ciclo de estudos não parece ter impacto nos resultados dos alunos”.
Lamento que ilustres investigadores tenham, assim, ferrado os professores antes de, pelo menos, terem medido, com um outro VAP qualquer, o impacto nos resultados provocado por políticas educativas desastrosas, pelas vergonhosas desigualdades sociais que persistem na nossa sociedade e pelas desumanas condições de trabalho, que infernizam a vida dos docentes. Alcandorar o professor a factor único determinante para a eficácia das aprendizagens é música celestial para determinados ouvidos, porque remete para o limbo da irrelevância tudo o que 47 anos de democracia decadente não mudou.
Que avaliação farão os autores do estudo sobre as métricas internacionais da OCDE, que evidenciam expressivos incrementos dos resultados médios dos alunos portugueses ao longo dos últimos anos, apesar de tantos professores “piores” existentes?
Que dizer sobre conclusões tão temerárias sobre a qualidade dos professores, construídas por um estudo que deixou fora da sua análise a maioria das disciplinas e a esmagadora maioria dos docentes em exercício?
Se substituirmos os melhores professores de Singapura pelos piores professores da Guiné e vice-versa, que acontecerá ao VAP de uns e de outros, e aos resultados dos alunos?
É preocupante a promoção da ideia de que o futuro se construirá com vantagem, substituindo as relações pedagógicas humanizantes pelo novo iluminismo das aprendizagens mediadas pelas tecnologias e pelas enviesadas correlações estatísticas, que chegam ao êxtase de apurar a qualidade de um professor pela simples aplicação de uma fórmula matemática.
Deixemos que as decisões se fundamentem mais nas ciências relevantes para a Educação (Neurociência, Psicologia Cognitiva e demais ciências humanas) e menos na Economia da Educação e na Estatística. Contribuamos para que as decisões sejam tomadas sem escorraçar da equação o simples senso comum e sem sugerir práticas inquisitoriais para os que discordam do mainstream.