Os manuais escolares distribuídos gratuitamente têm de ser devolvidos exceto os do 1.º ciclo.
Os manuais têm de ser entregues para que sejam emitidos novos vales para o ano seguinte;
Caso os Encarregados de Educação não devolvam os manuais escolares ou não os entreguem em condições de reutilização, têm de pagar o preço de capa. Enquanto este pagamento não for feito, ficam inibidos de receber vales. Estas sanções não se aplicam quando o manual já tenha atingido o tempo de vida útil da reutilização ou para alunos beneficiários de ação social escolar, casos em que se aplica exclusivamente o Estatuto do Aluno e Ética Escolar.
Exigir avaliação docente transparente é a mais eficaz forma de lutar contra ela.
A ação contra as injustiças pode ser um ato individual. Não é preciso um grande movimento organizado. Basta cada um não deixar de fazer a sua parte.
No caso da ADD se a injustiça ficar à mostra é um grande passo para acabar com ela.
Uma ideia de ação fácil de executar para antes de férias.
O gabinete jurídico do Stop elaborou minutas para que todos os Profissionais de Educação independentemente de serem sócios do S.TO.P. (pessoal docente e não docente) que se sintam prejudicados na sua avaliação possam solicitar, com base legal, a consulta do processo avaliativo. Todos os interessados nessa minuta, basta que a solicitem para S.TO.P.SINDICATO@GMAIL.COM . Nesse email que enviarem a solicitar a minuta devem colocar no assunto “Minuta – consulta processo de avaliação”, no texto do email devem indicar se são pessoal docente ou não docente e, também, se pretendem consultar o seu processo avaliativo deste ano letivo e/ou de anos letivos anteriores. A quem solicitar a minuta serão disponibilizadas mais informações.
Com a publicação dos denominados “Roteiros”, no âmbito do Plano de Recuperação das Aprendizagens 21/23 Escola+, prevê-se um Ano Lectivo de 2021/2022 verdadeiramente esquizofrénico, insano e delirante…
Dada a naupatia e a “mareação” sentidas logo no início da leitura, confesso que não tive a “coragem” nem a disponibilidade mental necessárias para analisar detalhadamente as mais de 300 páginas dos 6 Roteiros, se incluirmos os respectivos Anexos, mas pelo que já li parece que estamos perante um prodigioso exercício de imaginação e de criatividade ou de um devaneio onírico, de quem não conhece a realidade, nem faz a menor ideia do que é o dia-a-dia numa escola…
O próximo Ano Lectivo promete, assim, transformar as escolas em cenários de uma Saga, com muitos episódios de ficção científica, com destaque previsível para muitos e variados efeitos especiais…
Plagiando Lauro António: “Let´s look at the trailer” ou, se se preferir, a versão caricatural de Lauro Dérmio: “Letz luq ate de treila”…
O “trailer” deste filme, consubstanciado pelos já mencionados Roteiros, foi apresentado há poucos dias… E se a principal função de um “trailer” é aguçar a curiosidade e o interesse pelo visionamento de determinado filme, no caso presente, deixou-me sem qualquer vontade de o ver, muito menos de participar nele, seja como Personagem ou como Adereço…
O sucesso de um filme está quase sempre dependente da qualidade do respectivo Argumento… Ora o Argumento deste filme, de Roteiro em Roteiro, parece um estafado “remake” de um filme já visto nos Anos 80 e 90, com cenas repetitivas e fastidiosas levadas até à exaustão e com uma linguagem obtusa, camuflada de “linguagem técnica”, típica de quem ainda não percebeu que um bom Argumento deve ter uma linguagem simples e cognoscível…
E, na verdade, não sei se o género deste filme deva ser considerado como Comédia, Drama, Terror ou Non Sense…
Em 2 de Abril de 2021, a propósito da criação pelo Ministério da Educação de uma Equipa de Trabalho sobre Recuperação das Aprendizagens Perdidas, escrevi o seguinte:
Como previsivelmente acontecerá, atulhar as escolas, os alunos e os profissionais que nelas trabalham com mais projectos e programas irrealistas e artificiais, concebidos à custa de enquadramentos teóricos impossíveis de concretizar em termos práticos e feitos à medida de quem não faz a mínima ideia do que é o dia-a-dia numa escola, não parece ser nem sensato nem consequente… A auto-flagelação, os episódios folclóricos e a demagogia na Educação parecem estar a agigantar-se…
Lamentavelmente, parece que os Roteiros agora conhecidos confirmam essas expectativas negativas e que, no próximo Ano Lectivo, a entropia irá adensar-se dentro de cada escola, assim como o frenesim por Projectos, traduzidos, quase sempre, pelo gasto de improfícuas resmas de papel e pelo dispêndio de muitas horas de trabalho insano…
Sem qualquer subtileza, das duas uma: ou os referidos Roteiros não são para levar a sério e, nesse caso, não se compreende a sua publicação, tornando-se a mesma ridícula e risível; ou se são para levar a sério, fica-se incrédulo e atordoado perante o alheamento da realidade e a incapacidade prática, ao nível da sua concepção…
Se forem para levar a sério, no sentido da sua execução, custe o que custar, restarão, talvez, estas alternativas aos profissionais de educação: ou fazem de conta que acreditam na palavra dos “Evangelhos” e simulam que praticam o que está estipulado nos mesmos; ou fingem a sua total incompetência/ignorância para conseguir aplicar o preconizado nos “Evangelhos”; ou recorrem à estratégia da tanatose que, basicamente, consiste em “fazerem-se de mortos”, com o intuito de enganar os “predadores”, evitando que estes últimos se interessem por si…
As mais de 300 páginas dos mencionados Roteiros, poderiam reduzir-se a apenas uma linha de texto, materializada numa única medida que, por certo, seria muito mais eficaz em termos da recuperação de eventuais aprendizagens perdidas:
– Mandar reduzir drasticamente o número de alunos por turma…
Tão simples quanto isso, sem floreados e sem sobrecarga de adornos linguísticos…
Mas como por cá tudo o que é simples não é bom, continuamos presos ao atavismo do “quanto mais difícil, melhor”… E o lema parece ser: Complique-se o mais possível!
(Esta crítica sarcástica visa Políticas Educativas e não Pessoas em si mesmas…).
Boa parte dos professores angustiados por não conhecerem onde trabalharão no próximo ano, pais e alunos presos a exames finais e o país alvoroçado e deprimido pela quarta vaga pandémica constituíram um contexto emocional propício à execução, de fininho, do “golpe” perpetrado por um simples despacho, o n.º 6605-A/2021. Assim, a partir do próximo dia 1 de Setembro, todos os programas até agora em vigor, do 1º ao 12º ano, serão substituídos por “aprendizagens essenciais”, eufemismo para designar a mediocridade assassina da desconstrução curricular iniciada em 2015. Acresce o absurdo dessas “aprendizagens essenciais” serem obviamente indissociáveis dos programas … que o despacho anulou. Nunca assisti a uma alteração curricular desta magnitude, feita desta maneira. O menor denominador comum, do qual seria expectável que tentássemos afastar todos os alunos, passa a ser o Santo Gral para que devemos conduzir todos. Eis o desígnio da “escola inclusiva”, caritativamente grátis para quem não puder pagar ensino privado. Eis o que os Costas (o António e o João) prescrevem para o futuro dos nossos jovens, se outra coisa não sobrar de nós, senão submissão e conformismo.
A versão menos elaborada e mais redutora do paradigma ideológico chegou, autoritária, populista, para substituir a densidade dos vários saberes disciplinares pela superficialidade de uma cultura digital estupidificante e escravizante de professores e alunos, mas favorável ao império das multinacionais tecnológicas, que cada vez mais grudará os mais desfavorecidos às suas frágeis circunstâncias de partida.
O caso do programa de Matemática, alvo de tratamento autónomo, é paradigmático, neste contexto. Em 2018, via as decantadas “aprendizagens essenciais”, viu-se amputado de um quinto dos seus conteúdos, alguns dos quais críticos para a compreensão do que restou. E agora retoma a metodologia do “ensino pela descoberta”. Ora as propostas construtivistas, ditas “compreensivas” e assentes na “descoberta”, informadas por teorias disruptivas, têm décadas e são fósseis pedagógicos, que nunca solucionaram problemas. Outrossim, sempre que foram ensaiadas, deram desastre e retrocesso.
O que se está a construir é uma escola com cada vez menos conhecimento, conformada com medíocres “competências” e indigentes “aprendizagens essenciais”. Seja de esquerda ou de direita, algum cidadão racional e minimamente informado pode dar crédito a estes próceres da destruição da escola pública? Continuaremos a aceitar anúncios atrás de anúncios, que nada significam? Aceitaremos como pedagogia a simples alienação de docentes e discentes e obscenas intervenções administrativas, com o efeito imediato de dizer aos alunos que trabalhar, ler e estudar é simplesmente inútil? Permitiremos que se tome a igualdade de oportunidades por nivelamento por baixo, como se os pobres fossem estúpidos, enquanto os ricos fogem para as escolas privadas, das elites financeiras?
Uma democracia não pode aceitar a prevaricação continuada por parte de políticos e de políticas irresponsáveis e sem seriedade, que substituem a verdade pela mentira e acham que a inclusão supõe a exclusão do rigor e do conhecimento. Sem pudor, o monolitismo “alunocentrista”, que aprova passagens de ano com meia dúzia de negativas, vem neocolonizando a independência profissional dos docentes e o futuro dos estudantes.
O conhecimento, fruto do pensamento estruturado pelo estudo, que nunca dispensará na escola a intervenção presencial do professor, está a ser perigosamente subalternizado pela ideia reducionista de que pode ser substituído pelas torrentes de informação que jorram da Internet. Foi arrepiante ver (recente entrevista ao Expresso) como o próprio ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior ignora o elementar: uma aula teórica não serve para repetir a informação disponível em vários suportes; é antes uma fonte original de conhecimento, na medida em que analisa, questiona, problematiza e relativiza essa informação. Que nem sempre seja assim, é outra questão.
Já tínhamos vários e graves vazios provocados pela turbulência dos dois últimos anos lectivos. Junta-se-lhe, agora, uma autêntica terraplanagem de orientações curriculares estruturadas, servida pela subordinação mental provinciana a uma espécie de globalização digital da nossa Educação.