As famílias tentam preparar-se para o E@D, mas estão ansiosas

As escolas públicas preparam-se para o E@D, mas ainda não informaram as famílias como vai ser a partir da próxima semana, urge faze-lo. Com a obrigação de repercutir o horário semanal em momento síncrono e assíncronos, as aulas vão ser diferentes das do 3.º período do ano letivo passado, 1/3 das aulas têm obrigatoriamente de ser em momentos síncronos.

Mas para as famílias os constrangimentos vão continuar, os prometidos equipamentos informáticos não chegaram. A organização familiar vai continuar a ser uma dor de cabeça para a maioria.

Telescola. Falta de horários no ensino público deixa alunos e pais ansiosos

A uma semana do arranque das aulas à distância para milhares de alunos em férias forçadas, pais prepararam mais este desafio. Ainda falta informação quanto a horários no ensino público, mas quem tem os filhos no privado, regra geral, já sabe com o que vai contar. E graças à experiência do ano passado, em que também houve ensino à distância, pais reorganizaram espaços em casa e aumentaram a capacidade de acesso à internet. Para que tudo corra pelo melhor. Ou pelo menos, melhor do que da primeira vez.

Patrícia Gonçalves e o marido trabalham na mesma multinacional e há meses que estão em teletrabalho. Lá em casa são sete, a maioria do tempo.

“Nós temos quatro crianças – sendo que uma é do Ricardo e não vive a tempo inteiro connosco, mas está connosco também bastante tempo. Além disso, temos a minha mãe, que é doente de Alzheimer e que tem estado connosco agora durante esta fase”, explica Patrícia.

Em matéria de ensino à distância, já teve, no ano passado, uma experiência com resultados distintos, porque “tem crianças no privado e no público, e a forma como foram tratados na altura foram diferentes”.

Os que estavam no privado “tinham aulas a manhã toda, normais, com os seus professores”. Já os que estavam na escola pública, “uns tinham telescola, outros tinham uma aula hoje, outra amanhã. E nós não sabemos como vai ser agora”.

O que sabe, desde já, é que a inércia tomou conta das crianças.

“Mesmo em termos de raciocínio e de desenvolvimento, eu acho que isto é prejudicial para eles. São horas infindáveis de TikTok e de jogos que lhes tiram a dinâmica e o interesse pelo aprender. Embrutecem, não é bom para crianças que estão a crescer e a desenvolver-se. Precisam de estímulo”.

Estímulo que virá daqui a uma semana. Até lá, reina a ansiedade em torno dos horários das crianças que estão no ensino público. Porque para a filha que tem no privado, já foi tudo definido, pois “já tem indicação da escola que está tudo preparado. Vão ter a manhã toda preenchida, com aulas de ginástica, o inglês, a música. Tudo Igual. Os outros, que estão no público, não fazemos sequer ideia do que vai acontecer”.

Mesmo assim, Patrícia e o marido já prepararam a logística. Já têm computadores para todos, “porque tivemos essa possibilidade”. Têm os quartos “mais ou menos orientados” e espaço para que eles fiquem divididos. “E aumentámos a largura de banda da nossa internet”, de forma a evitar problemas.

André Frescata fez o mesmo. Em casa com três filhos, teve de melhorar a velocidade na internet, porque “da última vez estava a trabalhar também, a partir de casa”. De resto, com a experiência que já teve, “eles já se habituaram às ferramentas informáticas”. Por isso, espera que tudo corra melhor.

Mas o que mais preocupa é que o digital, na sua opinião, esteja a mudar a vida das crianças. “Aumentou muito na vida deles. Eu noto o mais novo, como é rapaz, que saía mais para jogar à bola ou fazer outras coisas. Como agora não sai, joga mais”.

Os dois filhos de António Morão, tal como os pais, também vivem na ansiedade de saber os horários das aulas à distância. “A única coisa que sabemos é que haverá aulas online. E é a única informação que temos”.

Em matéria de preparativos, já tem uma estratégia delineada. “Vamos acompanhar mais do que no ano passado”, explica António, que não quer deixar os filhos no computador ou no tablet sozinhos”, a terem aulas.

Tudo isto em simultâneo com o trabalho à distância. Nesta matéria, Patrícia Gonçalves admite que não é tarefa fácil, porque se perde muita coisa, já que “há momentos em que uma pessoa se distrai com o que está a acontecer no seu trabalho”. Porque “não é possível estar em todos os lados ao mesmo tempo”.

Filipa Faria, mãe de duas crianças, também conseguiu trabalhar, com o marido, a partir de casa, enquanto os filhos tinham aulas à distância. Nem que para isso tivesse de “utilizar os fins de semana, compensando com o que não conseguia trabalhar durante a semana”.

Também ela enfrenta a dúvida quanto ao dia a dia, a partir de dia 8, porque se já sabe os horários da filha, que está no 1º ciclo; do rapaz, que está no secundário, nada sabe. Mesmo estando os dois no mesmo agrupamento de escolas.

 

 

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10 comentários

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    • Cláudia on 1 de Fevereiro de 2021 at 12:19
    • Responder

    Bom dia! Onde está a indicação oficial de que 1/3 das aulas têm obrigatoriamente de ser em momentos síncronos?

      • ilma on 1 de Fevereiro de 2021 at 18:55
      • Responder

      o ser sincrono nao implica videoconferencia … pode ser atraves de um CHAT

      a palavra sincrona em informatica significa “pergunta e resposta em tempo real”

      • Fernando, el peligroso de kas verdades. on 2 de Fevereiro de 2021 at 1:35
      • Responder

      Se fosse só 1/3 era bom, era! Querias umas vacanças como en el otro año?
      Ó rapaz, o minimo é 70%.

    • PROFET on 1 de Fevereiro de 2021 at 15:15
    • Responder

    E os professores, não estão também ansiosos? E não têm filhos? Houve escolas em que as direções impuseram aulas síncronas com a mesma carga horária do ensino presencial, sobrecarregando praticamente para o dobro o trabalho dos professores e dos alunos… e, por conseguinte, a azáfama dos pais. Isto aconteceu graças aos imbecis do ME, que não fazem nada, nem sequer pensam, pois não criaram as condições necessárias, nem são capazes de dar orientações concretas e viáveis, só andam a mamar às nossas custas. Cambada de acéfalos.

    • Manuel on 1 de Fevereiro de 2021 at 18:35
    • Responder

    A afirmação seguinte é falsa: “Os que estavam no privado “tinham aulas a manhã toda, normais, com os seus professores”. Já os que estavam na escola pública, “uns tinham telescola, outros tinham uma aula hoje, outra amanhã. E nós não sabemos como vai ser agora”. – cuidado com as generalizações. Numa pública escola estou e o ensino não era à toa nem noutras escolas públicas de que tenho conhecimento. Parece encomendado…

    • ilma on 1 de Fevereiro de 2021 at 18:53
    • Responder

    é o drama … é o horror …

    é pá … isto é ensino de EMERGENCIA á distancia … durante 2 meses. Não morre ninguem … ninguem fica viciado em tecnologia por isto (ja estavam ) … nao tem pc as escolas ou as camaras municipais emprestam …

    tanto problema

    • tgv on 1 de Fevereiro de 2021 at 19:34
    • Responder

    A estes pais “informados” não se lhes ouve uma palavra sobre o RGPD, é ver imagens de alunos com menos de 13 anos alegremente a partilharem as suas caras e vozes nas videoconferências.

      • Helio on 1 de Fevereiro de 2021 at 20:44
      • Responder

      Isso agora não interessa nada…
      O governo é o nosso grande líder da proteção de dados…. Viva viva

    • Maria on 1 de Fevereiro de 2021 at 21:10
    • Responder

    Se o ME mandasse as crianças para a escola não estariam tão “ansiosos”…

    • Anabela on 2 de Fevereiro de 2021 at 17:33
    • Responder

    Sim. Mas onde está escrito 70>>%?

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