Não chegam para metade dos alunos com escalão A… é apenas um remendo que não resolve os problemas, mas ameniza. tivessem chegado 15.000 todas as semanas e tinhamos o problema resolvido neste momento.
As escolas vão receber esta semana 15 mil computadores destinados a alunos do ensino básico, revelou à Lusa o representante dos diretores escolares.
“Vão começar a chegar, a qualquer momento, 15 mil computadores para os alunos mais novos. Algumas escolas podem receber já hoje outras será ao longo desta semana”, disse Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).
A decisão de adquirir estes equipamentos foi tornada pública há cerca de duas semanas, quando o Conselho de Ministros aprovou a autorização de despesa para a compra de computadores e internet para alunos carenciados.
“Este número de computadores está muito longe de dar resposta a todos os alunos mais carenciados, ou seja, os que têm escalão A do Apoio Social Escolar (ASE), mas já é uma ajuda”, afirmou Filinto Lima, que é também diretor de um agrupamento em Vila Nova de Gaia.
No passado dia 12 de fevereiro, através do Despacho n.º 1689-A/2021, o Ministério da Educação deu a conhecer as alterações ao calendário escolar para o que resta do ano letivo.
Uma vez que houve uma pausa letiva recentemente, achou o Ministério por bem que se eliminassem vários dias às interrupções letivas, começando já pelos dias de Carnaval – 15, 16 e 17 de fevereiro. Até aqui ainda se compreende, pois a proximidade com a anterior pausa é real e não há de facto a necessidade de se interromper outra vez.
Mas olhando para o restante ano letivo, o que nos espera a todos, mas sobretudo aos alunos, é um ano penoso, quer pelo seu comprimento quer pela falta de pausas letivas que são tão necessárias aorefreshmental de professores e alunos.
Este alongar do calendário escolar serve sobretudo para, no entendimento do Ministério da Educação e até de muitos comentadores, evitar ainda mais o comprometimento das aprendizagens. Mas permitam-me uma analogia: não me parece que seja com mais dias de treino que se tratam lesões. Até porque não há certeza de quando se conseguirá fazer novamente a transição para o presencial.
Este calendário, a ter de ser cumprido em E@D, trará problemas de saúde pública bem mais graves do que a perda de qualquer aprendizagem!
De há quase um ano para cá tenho lido muito sobre o impacto que as escolas fechadas terão nas aprendizagens das crianças e a maioria dos relatos são para mim demasiado pessimistas.
É óbvio e unânime que a situação sanitária em que o mundo, não só Portugal, vive tem influência direta nas aprendizagens. É verdade. Mas não me parece que o foco principal do Governo seja esse. As escolas ficam abertas não por causa das aprendizagens dos alunos, mas sim pela função assistencialista que a escola foi tomando como sua. Este fenómeno antigo, mas cada vez mais vincado, acontece por falta de quem na sociedade cumpra esse papel. Há que dizê-lo sem medos. Só assumindo este facto e encará-lo com coragem poderemos partir para a reconstrução do papel da escola.
Se no horizonte dos sucessivos governos estivesse, de facto, como foco principal as aprendizagens, já muita coisa teria sido feita em prol desse sucesso. Rapidamente posso apontar duas políticas que seriam garante de melhor ensino e aprendizagem: acabar com as turmas numerosas e turmas multinível. E nada têm a ver com o número de dias que permanecem na escola. Sobre este assunto, o estudo da OCDE,“Education at a Glance 2019“,admite que o tempo a mais nas escolas portuguesas não esteja a ser usado “de forma tão eficiente como noutros países”.
É possível perceber que as crianças do 1.º Ciclo do Ensino Básico passam 5.460 horas em aulas, valor que comparado com as 4.258 horas da média da União Europeia é bastante superior – e estamos a falar de cerca de 50 dias, quase dois meses! O estudo revela que também no segundo ciclo há uma grande diferença. Os alunos portugueses passam 8.214 horas nas salas de aula, acima das 7.260 da União Europeia, quase 40 dias a mais.
Quero com isto dizer que muito antes da pandemia, a Escola já estava em falência técnica. Os entraves com que um aluno se depara ao ingressar no seu percurso escolar são muitos, diversificados e verdadeiros empecilhos no processo de ensino e aprendizagem e não dependem do aumento de dias de permanência no espaço escolar. Sobre estes, nem uma palavra!
Os problemas reais da escola estatal estão identificados há muitos anos e a maioria dos governantes conhecem-nos e usam-nos como bandeiras eleitorais. Mas o destino que lhes dão nunca é o anunciado.
Eu próprio defendi o reajuste do calendário, porque também defendi a interrupção letiva ao invés da passagem para o E@D, mas não nestes termos. Se se pensa que os problemas se resolvem anunciando milhões e aumentando o calendário, que me desculpem, mas passam ao lado da realidade!
As Escolas Públicas de Hudson (distrito escolar), em Massachusetts, nos EUA, estão a recrutar um(a) professor(a) para lecionar no programa de Aprendizagem Bilingue na Farley Elementary School, em Hudson, no Jardim de Infância.
Os candidatos viáveis para esta posição devem:
Ter uma licenciatura que lhes permita lecionar no ensino básico.
Ter lecionado no ano letivo de 2020/2021; ou ter lecionado durante dois anos nos últimos oito anos e ter completado um mestrado relacionado com a área que lecionam nos últimos doze meses.
Possuir um nível de competência em inglês de B2 ou superior.
Ter experiência com práticas efetivas de planeamento de ensino, instrução e avaliação.
Preferência será dada a candidatos que cumpram os seguintes critérios:
Experiência em ensino de língua estrangeira ou língua de acolhimento.
Experiência a viver ou lecionar no estrangeiro.
O recrutamento para a posição é feito pelas Escolas Públicas de Hudson.
Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2021/02/recrutamento-de-professor-para-programa-de-aprendizagem-bilingue-escolas-publicas-de-hudson/
Acredito que os dedos do meu corpinho devem chegar para contar o número de alunos portugueses que,a priori, gostam de estudar. É que ir para a escola socializar é uma coisa. Estar na sala de aula, primeiro, a aprender a ouvir, segundo, a aprender a esperar e, terceiro, a aprender, é outra completamente diferente. É claro que, depois de lá estarem dentro, até acham piada a isto ou aquilo. Mas são situações pontuais.
Agora, imagine-se, com o confinamento, as intrujices que eles não inventam para não terem aulas. Ainda, por cima e, literalmente, eles não têm de dar a cara!
Por enquanto, cheguei à conclusão de que, na área onde leciono, tirando aqueles que estão presentes durante toda a aula, ou porque são a exceção à regra ou porque a mãe (normalmente é ela) os obriga, os alunos podem ser divididos em grupos:
os atrasados – aqueles que nunca eram pontuais e que, mesmo em casa, continuam a aceder tarde às aulas;
os jogadores alucinados – aqueles que estão a utilizar dois dispositivos eletrónicos em simultâneo (um fica solitariamenteonlineenquanto o outro é vítima de ultrajantes investidas até que o próximo nível doFortniteseja atingido), acreditando que o professor não percebe que não estão a acompanhar a aula;
os atletas de salto em comprimento – aqueles que cumprimentam no início e se despedem no final, pois foram esses os momentos em que estiveram na aula;
os incontinentes – aqueles que se ausentam intermitentemente, supostamente para irem ao quarto de banho;
os discretos – aqueles que estão sempre lá, quer dizer, não entram, mas também não saem, para não sabermos se estão ou se não estão;
os esquecidos – aqueles que estão sempreonline, de tal modo que assim continuam muito depois de a aula terminar, porque não estavam lá, claro!
Provavelmente, a pergunta que mais temos feito nestes últimos dias é “Estão m’a ouvir?”/ “Estás m’a ouvir?”, na falsa ilusão de que vai ser “hoje” que os todos os alunos vão efetivamente estar. E também é provável que ofeedbackmais recorrente que temos ouvido seja “Não sei.”, “Pode repetir a pergunta?”, “Eu estava a ouvir. Só não entendi a pergunta.”, “Eu concordo com ele.” e “Pode repetir? É que fiquei sem net.”. Deveras frustrante.
Ainda assim, insisto em remar contra a maré, fazendo um esforço hercúleo para que os alunos estejam na aula e aprendam qualquer coisinha, quase como quem pede uma esmola, mas, ao meu redor, só vejo inércia, cobardia, desculpas esfarrapadas, a desculpa do “coitadinhos”.
O governo empurra com a barriga os seus deveres até passar a pasta ao próximo e, entretanto, não assume os seus erros e procura um bode expiatório para o que está e estará mal no ensino neste contexto pandémico. Muitos dos pais demitem-se das suas funções e amparam o jogo dos meninos, porque é mais cómodo e, assim, eles já não os chateiam. E alguns diretores de turma, cheios de benevolência (o que até entendo, devido ao contexto familiar e socioeconómico de alguns adolescentes), afirmam, em muitos casos, que, salvo seja, põem a mão no fogo pela veracidade das palavras destes alunos.
Ainda não consegui entender muito bem é porque é que a rede quase nunca falha no início e no fim das aulas, sabem, quando eles dizem “Olá” e “Adeus”, não me marque falta.
Agora fico a aguardar a validação da petição e das assinaturas, que são o dobro daquelas que são exigidas para que a iniciativa possa ser discutida no parlamento.
Vou agora proceder a um estudo do impacto financeiro que a anulação das vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalão possa ter no orçamento para quando for necessário ter estes estudos todos feitos.
Entretanto, podem continuar a assinar a petição e enviar relatos sobre a injustiça da existência de vagas com exemplos reais para uma nova conta de e-mail criada para este efeito: peticao@arlindovsky.net
Inspirado nas “Cartas a um Jovem Poeta”, de Rilke, Agostinho da Silva escreveu um livro sobre pedagogia intitulado “Sete Cartas A Um Jovem Filósofo”. Nele, refletia sobre a função de professor e apresentava conselhos ao Luís, um jovem professor de Filosofia.
Uma vez que a proposta que me foi feita se inspira na ideia de manifesto, resolvi adotar um estilo assumidamente interpelador na forma de pequenos fragmentos, que, por analogia, designei tweets, e que são, num certo sentido, a forma que o discurso polémico e assertivo assume nos nossos dias.
Aqui fica, então, o meu contributo. Julgo fazer o que se espera que o filósofo faça: fazer pensar. Não esquecendo, contudo, as palavras sábias de Agostinho da Silva:
“Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence.”
1. Pensa. Mas não penses em ti, nem como costumas pensar. Pensa como os teus alunos. Quero que adivinhes as perguntas inseguras deles: fico com o nariz grande no ecrã? A minha voz vai soar ridícula? Tenho a t-shirt da minha banda preferida a lavar; que é que eu vou vestir? O meu cabelo estará bem? Queres que pare com as perguntas? Estás a sentir-te desconfortável? Perfeito. Agora já podes pensar no que vais fazer nas tuas aulas online.
2. Queres estratégias para impedir que os alunos saiam da sala sem tu dares conta? Estás a pensar estipular uma percentagem nas atitudes para isso? Esquece, isso não interessa para nada. A pergunta que tens de fazer é outra: o que devo fazer para que eles queiram estar na minha aula até ao fim?
3. Já reparaste que a maioria das tuas preocupações têm a ver com as dúvidas que tens quanto ao modo como vais avaliar os teus alunos? Para de pensar em como vais dar as notas, para de ter medo de errar, para de ter medo dos recursos dos pais. Mas, acima de tudo, para de pensar em ti e nas tuas avaliações. O objetivo da escola não são as notas que tu vais dar, são as aprendizagens que aos teus alunos vais proporcionar. Não interessa tanto a dificuldade em dar notas, mas sim a qualidade do que se aprende.
4. Eu não estaria tão orgulhoso do monte de fichas e atividades que já criaste para os alunos trabalharem autonomamente. Sim, claro que estão tecnicamente bem feitas: respeitam as Aprendizagens Essenciais, estão organizadas por competências e isso tudo. Mas a questão não é essa. Pensa comigo: se os alunos não têm hábitos de trabalho e precisam que lhes estejamos sempre a explicar o que têm de fazer (como se ouve dizer a toda a hora nos conselhos de turma), que sentido tem esperar que, agora que estão sozinhos em casa, vão superar tudo isso e compensar com trabalho autónomo as aulas que tu não vais poder dar? Repara nesta fórmula, digna de um filme: alunos excessivamente dependentes do professor + menos aulas + mais trabalho autónomo = aprendizagens bem-sucedidas. Sou só eu que vejo aqui a tentativa de encontrar a quadratura do círculo?
5. Tens à mão uma máquina de calcular? Sim, o telemóvel serve perfeitamente. Vamos somar o tempo que tu achas que os teus alunos demoram a resolver as fichas que lhes vais mandar para fazer durante a semana. Já está? Agora multiplica por 2. Sim, porque sem tu lá estares para ajudar eles vão demorar pelo menos o dobro do tempo. Acrescenta 1 hora (no mínimo) para os tempos mortos durante a realização das tarefas (ver o telemóvel, mandar sms, jogar um jogo, etc.). Já somaste tudo? Pois bem, é este o “Plano de Trabalho Semanal” em que te deves focar, não aquele todo xpto que o teu departamento aprovou para ser ratificado no conselho pedagógico.
6. Não, não estou só a dizer mal. Pediste-me que te ajudasse a pensar melhor as tuas aulas online e é isso que estou a tentar fazer. Mas, se é dicas que queres, também te dou algumas. Aqui vão elas, então.
A primeira tem a ver com as expetativas dos alunos face às aulas. Lembras-te de falarmos no receio que tens de eles saírem da aula e não ficarem até ao fim? Pois bem, faz como eu. (Sou um sortudo, não preciso disto com os meus alunos, faço-o pelo prazer que nos dá). Em cada aula, há um aluno que escolhe uma música segundo um critério pouco habitual (música que associamos a uma cor, por exemplo). É com essa música que terminamos a aula. Depois, quem escolheu diz quem vai escolher para a próxima aula e indica também o critério (música que te faz lembrar a infância, por exemplo). E assim sucessivamente…
A segunda dica tem a ver com a avaliação dos alunos, que tanto te preocupa. Queres diversificar e queres que os instrumentos que substituem os testes sumativos que não vais poder fazer sejam credíveis? Estás preocupada porque tens cento e tal alunos (como no meu caso)? Olha, eu estou a pensar fazer perguntas sobre diferentes competências em algumas das aulas síncronas e eles têm 2 minutos para me responder via WhatsApp com mensagem de voz. Eu depois ouço uma a uma e atribuo uma classificação. Tudo deve ser avaliado, mas nem tudo tem de ser avaliado através da escrita, certo? Além do mais, explicar oralmente as nossas ideias com clareza é fundamental. Mesmo os alunos mais céticos acabarão por reconhecer isso, que mais não seja quando tiverem a primeira entrevista de emprego…
Terceira dica: envolve as famílias. Eles estão em casa, é uma excelente oportunidade para envolver os pais, os irmãos e os avós nas suas aprendizagens. Em Filosofia, um exemplo clássico é o dilema do trólei, que normalmente se refere nas aulas de Ética. Desviar o trólei e matar 5 pessoas para salvar 50: sim ou não? Quando, na aula, discutirem o assunto, não serão apenas os teus alunos que estarão lá: serão eles e a riqueza de um debate filosófico improvável que juntou a família ao serão…
Quarta e última dica, esta relacionada com a manutenção dos laços afetivos e a entreajuda. Diz-lhes que criem pares pedagógicos para estudarem online em rede. Como as alcateias: os lobos não deixam ninguém para trás. Estão relutantes, talvez porque receiam que lhes “calhe” um colega que não conhecem ainda muito bem? Cria uma tarefa sobre uma competência mais subtil (raciocínio lógico, por exemplo) com 2 perguntas e 2 momentos: responder à pergunta e avaliar a resposta do colega, com base nos descritores previamente fornecidos por ti. Uma coisa simples, tipo avaliar de 1 a 5. A tarefa conjunta de ambos é, depois, enviada para ti, que a avalias também de 1 a 5. Até podes assumir que a classificação final será uma síntese entre a tua avaliação e a deles. Sim, os alunos podem e devem intervir no processo de avaliação. Já agora, eles são normalmente justos, muitas vezes até bem menos generosos do que nós.
7. Para finalizar: ouve os teus alunos antes de tomares as decisões sobre as adaptações aos critérios e instrumentos de avaliação. Apresenta-lhes as tuas ideias e pede-lhes que te digam as deles. Faz perguntas concretas e intuitivas como: o que sugerem para substituir a avaliação da competência x ou y que fazemos habitualmente nos testes? Eu vou fazer isso antes da reunião do grupo disciplinar para tomarmos esta semana decisões nessa área. Não faz qualquer sentido deixar de fora deste processo os alunos do secundário, pelo menos.
Vê bem: se há momento histórico e profissional em que estamos mais próximos dos nossos alunos e mais necessário se torna pensarmos em conjunto em estratégias para enfrentar uma situação completamente nova para todos – esse momento é precisamente este.
Não me perdoaria se não aproveitasse esta oportunidade para desaprender das ideias feitas e renovar-me pedagogicamente com a ajuda dos meus alunos.
O Futuro pertence-nos e começa a desenhar-se hoje.
*Professor de Filosofia na Escola secundária Manuel Teixeira Gomes, em Portimão
No passado sábado, foi criada uma petição denominada “Pelo fim das vagas no acesso ao 5.º e ao 7.º escalões da carreira docente”, tendo chegado a mais de 14 mil assinaturas em pouco mais de 24 horas. Para ser apreciada pelo plenário da Assembleia da República eram necessárias 7500 assinaturas. Para os professores poderem progredir para os 5.º e 7.º escalões, precisam de ser avaliados com a nota de “Muito Bom” ou “Excelente”.
Contudo, existe um número limite disponível para se obter essas classificações. Muitos professores ficam, por isso, por tempo indeterminado sem progressão.Os professores responsáveis pela criação da petição acreditam que é necessário “atrair mais gente para o ensino e também melhorar as condições da carreira, sob pena de, dentro de meia dúzia de anos, não haver professores em número suficiente para todos os grupos de recrutamento”.
Pelo fim das vagas no acesso ao 5.º e 7.º escalão da Carreira Docente
Ainda nenhum professor foi bafejado com um computador, destes que o governo anda a dizer que vai emprestar. Sabe-se que há computadores, dos primeiros 100.000 distribuídos para os alunos, que estão nas escolas e não podem ser utilizados pela escola ou pelos professores. Estão em repouso à espera de determinação governamental.
O ensino à distância regressou na semana passada, mas a falta de computadores continua a ser um problema não só para os alunos, como também para os professores. Segundo contou ao Jornal Económico o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, não existem perspetivas de reforço de computadores para professores ou nas escolas.
Na perspetiva de Filinto Lima, “o ministério devia dar indícios de distribuição de computadores para professores e escolas”. “Somos mais de 100 mil professores, nem um teve a título de empréstimo facultado pelo Ministério da Educação”. “Se o professor não tem direito a uma cedência temporária é desmotivador para algumas pessoas”, completa.
Segundo o presidente da ANDAEP, tanto professores como alunos reforçaram “as competências digitais” e recorrem “cada vez mais ao digital”. No entanto, à chegada às escolas, “os computadores são os mesmos, não são melhores”, assegura Filinto Lima.
Como muitos docentes não têm possibilidades de trabalhar a partir de casa vão para as escolas, uma situação relatada por Filinto Lima, mas que também já tinha sido denunciada pela FENPROF.
Apesar de tentarem contornar o problema de não terem material suficiente em casa para trabalhar, os professores não têm mais sorte quando se deslocam à escola sendo que as condições dos materiais informáticos nas escolas não são de grande qualidade, segundo a ANDAEP.
A erosão emocional está em acelerado crescimento e a vida suspensa é uma amálgama de ansiedade e frustração. Os mais idosos são vítimas de abandono e os mais novos estão confusos quanto ao futuro. O vizinho que antes mudava de passeio para me apertar a mão e dizer bom dia, mudou ontem de vereda no jardim que eu, solitário, atravessava sem máscara. Promove-se a bufaria a obrigação cívica. O confinamento já não é físico. É psíquico. Já não separa só um do outro. Começa a separar muitos de si próprios, mentalmente doentes. São poucos os que gritam para fora. Mas, alienados pelo medo, são muitos os que gritam para dentro. Está em curso um genocídio social.
O muito grave problema de saúde pública com que estamos confrontados, particularmente o número de mortos, poderia e deveria ter sido combatido com prevenção organizada, que não com proibições centralistas, obsessivas e extremistas. Impede-se a maioria da população de trabalhar e a sociedade de funcionar e viver, porque houve e há incompetência para fazer o rastreamento dos que contactaram com os infectados, em tempo útil para prevenir a disseminação da doença. Não é preciso ser virologista ou epidemiologista para perceber que este procedimento seria bem mais eficaz e bem menos nefasto socialmente que confinamentos cruéis para a maioria da população.
Previsões que vamos ouvindo, sem apresentação de prova suficiente da relação causal entre os efeitos a jusante e os fenómenos a montante, fazem-me pensar que passou a ser difícil destrinçar astrologia de matemática. E, assim, muitas decisões radicais vão sendo tomadas a partir do que, em rigor, ignoramos, com razoável desprezo pelo que já sabemos. Porque são sempre os mesmos “cientistas” que intervêm publicamente e porque quem ouse exercer o contraditório sério e construtivo ganha lugar cativo no índex dos negacionistas, tem-se confundido o consenso político entre o presidente da República e o primeiro-ministro, peritos em transformar hipóteses em leis, com consenso científico.
Sobram normas contraditórias e terror noticioso e falta planeamento estratégico e informação útil e rigorosa. Já com mais de 800 mil desempregados e um quinto da população em risco de pobreza, 1 milhão e 200.000 consultas e 125.000 cirurgias canceladas, é revoltante ouvir o primeiro-ministro garantir que não houve poupanças orçamentais em 2020, quando os números o desmentem com estrondo (ficaram por executar sete mil milhões de euros, dos quais 1.500 milhões poderiam ter sido investidos no SNS e 1.250 milhões usados para mais apoios sociais).
Dados publicados pelo INE revelam cerca de oito mil mortos a mais, por referência à média de anos anteriores. Desse número, não chegam a 30% as mortes oficialmente atribuídas à covid-19. Seria bom que a ministra da Saúde ou António Costa dissessem a que atribuem as restantes 5.600 mortes a mais. Dirão certamente respeito a doentes crónicos (diabéticos, oncológicos, cardíacos, entre outros) que deixaram de ser tratados por uma gestão negligente da saúde dos portugueses.
Dizem os que mandam que a vacinação protege da morte por infecção com SARS-CoV-2. Dos quase 65 mil infectados maiores de 80 anos, cerca de 10 mil morreram. Nenhuma coorte, etária ou profissional, se aproxima, nem de longe, destes resultados trágicos. Porque não foram, desde o primeiro momento, os maiores de 80 anos a primeira prioridade para receber a vacina? Que modelo matemático mais significativo do que este facto justificou que não tenha sido feito o que deveria ter sido feito? É dura a resposta, a única, que podemos retirar da negritude social em que estamos mergulhados. Em qualquer retrovisor político despido de preconceitos, António Costa só pode sentir vergonha quando olhar para trás.
A continuarmos assim seremos como os pássaros criados em gaiolas, que acreditam que voar é uma doença. E aceitaremos brevemente que a arte de governar é a arte de nos curvar a estatísticas de morte e servidão, onde polícias serão mais eficazes que políticos, já que a Constituição virou capacho. Que importa que dois prefeitos estejam a transformar Portugal num enorme internato, se lá para o Verão, 70% dos sobrevivos estiverem vacinados?
In “Público” de 17.2.21