E os Profissionais da Educação Não Têm Fé na Lixívia
Surpreendi-me com o regresso às aulas. Parecia-me sensato um modelo gradual para salvar vidas e proteger a saúde e a economia. Somos um país com turmas e escolas numerosas e sabe-se que uma turma de 20 contacta com 800 pessoas em 48 horas (e uma de 30 com 1200). Como detalhei noutro texto, turnos de semana sim, semana não, e intervalos descentrados, reduziriam a frequência para números civilizados: uma escola de 1000 alunos nunca teria mais de 250, os espaços fora da sala de aula registariam 15 a 60 e existiriam entradas e saídas faseadas nas escolas; é que é crucial prever o congestionamento no exterior e nos portões de acesso. É óbvio que milhares de jovens a conviver, dentro e fora da escola, contrariam qualquer teoria das bolhas e transportam (nos dois sentidos) o vírus para as famílias e para o tais festejos tradicionais; e são, quase garantidamente, assintomáticos com elevada capacidade de contágio, com a agravante de se saber (Johan Giesecke) que o “distanciamento físico é mais importante do que usar máscara” (o que não contraria, obviamente, a importância da máscara). Apesar da impreparação para tempos tão difíceis que justifica todas as pedagogias, não adianta culpar os miúdos e quem os educa pelas previsíveis e inevitáveis aglomerações.
Resta-nos o recurso à boa disposição e à experiência de pertencer à profissão mais devassada da história mediática. Aliás, atenuam-se os números porque os profissionais da educação não tem fé na lixívia. Cumprem rigorosamente os procedimentos. Os que estão horas a fio em salas apinhadas, fazem fé na falta de comparência do vírus já que não se prevê a ingestão diária de cocktails a 3000 euros a dose, depois do suportado pela ADSE, como imaginam os crédulos.
5 comentários
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Muito bem… mas agora torna-se urgente fechar as escolas… ontem já era tarde e o resultado está bem à vista, por muito que tentem esconder… porque os casos de infetados que frequentam os espaços escolares reportados pelo governo e DGS representam apenas 10% da realidade, que devem ser já mais de 2 mil casos, para além das contaminações que se vão alastrando pelas suas famílias e ambiente laboral das mesmas. Basta verificar o boletim da DGS desde o início do ano letivo, e isto vai crescer exponencialmente daqui em diante.
Errado Profet!!!!
A Graça já esclareceu que a culpa é das famílias. Estão a reunir-se em demasia.
Coincidiu exatamente com o início do ano letivo. Mera coincidência.
Até o Marcelo ajudou a corroborar esta tese dizendo para repensarmos o Natal (ou é burro ou fez-se de burro para ajudar nessa falácia).
Mal as férias acabaram e as aulas começaram, as famílias foram acometidas por uma vontade arrebatadora de se reunirem.
Ah malandras, não fossem as reuniões familiares e estaria tudo sob controle.
“experiência de pertencer à profissão mais devassada da história mediática.”
É verdade, devemos ser todos umas grandes bestas e fazer um trabalho de m***** para merecermos tais “piropos” .
Era interessante saber a % de políticos, jornalistas, comentadores, analistas e afins, ie, aqueles que têm cobertura mediática e são opinion makers, que têm os estudantes das suas famílias em escolas públicas.
WTF
Porque é que os professores não têm coragem , pricipalmenre os que tem vinculo. para sensibilizar e reponsabilizar os pais que se aglomeram à porta da escola sem mascara? Está visto que se não formos nós, ninguém o fará por nós: nem DGS, nem a classe política. Está toda a gente a assobiar para o ar…é incrível!
Isso não ocorre na minha escola.
Os pais ficam bem distanciados uns dos outros no portão e com máscara.
Eles não são estúpidos. São muito mais inteligentes do que a cambada que nos anda a gerir.