São precisos docentes em teletrabalho para apoiar alunos em casa
“Na maioria das escolas, para não dizer em todas, temos alunos que também pertencem a grupos de risco, muitos por problemas do foro respiratório. Estas crianças deveriam ter direito a aulas normais, com ensino à distância. Os professores de risco seriam os indicados para dar essas aulas”, defendeu a presidente da ASPL em declarações à Lusa.
“Além dos estudantes que pertencem a grupos de risco, vão surgir situações de alunos que terão de ficar em casa, porque surgiu um caso de covid-19 na família, no emprego de um dos familiares ou na turma de um irmão”, exemplificou a presidente da ASPL, Maria de Fátima Ferreira.
“Não vai haver professores para todos os alunos”, alertou a presidente da associação sindical, defendendo que estes docentes “poderiam dar apoio não apenas aos seus alunos, mas a outros que precisassem, através da criação de bolsas que poderiam funcionar a nível local ou regional”.
Maria de Fátima Ferreira garantiu à Lusa que “não faltará trabalho”, dando ainda como exemplo a necessidade de reforçar as aprendizagens, sobretudo ao nível dos apoios educativos, uma espécie de explicações para os alunos com mais dificuldades.
Para a ASPL, a solução deverá passar por permitir aos docentes que pertencem a grupos de risco continuar a trabalhar de casa, se assim o desejarem.
“Já tínhamos proposto esta solução anteriormente, no fim do passado ano letivo, e agora voltamos a propor. Os nossos associados dizem que nas escolas não há respostas para a sua situação”, lamentou, contando que na segunda-feira a ASPL enviou um ofício ao ME pedindo nova reunião.
A presidente da ASPL criticou o Ministério da Educação por “não ter acautelado todas as situações” que garantissem maior segurança em tempos de pandemia: “Não houve redução de alunos por turma, não houve desdobramento de turmas, não se procurou diminuir o número de aulas presenciais e desenvolver trabalho autónomo que poderia ser feito à distância“.
A ASPL propõe por isso ao Ministério que, sempre que possível, os docentes dos grupos de risco possam continuar em regime de teletrabalho, “em vez de serem obrigados, pelas suas condições de saúde, a entrarem em baixa médica”.
Na semana passada, o secretário de estado adjunto e da educação, João Costa, reiterou que os professores que pertencem a grupos de risco para a covid-19 não poderão exercer as suas funções em teletrabalho.
Tal como os restantes funcionários públicos, têm de meter baixa, recebendo o salário apenas durante os primeiros 30 dias. Depois, as faltas continuam a ser justificadas, mas deixam de receber.
A presidente da ASPL lembrou que este modelo não é viável. Segundo Maria de Fátima Ferreira, os professores querem continuar a trabalhar e serão raros os que podem ficar sem receber salário.
5 comentários
Passar directamente para o formulário dos comentários,
ASPL muito bem! A fazerem mais do que os outros sindicatos, que dizem ser os que defendem, verdadeiramente, os professores.
Se esses professores pudessem dar explicações individuais à distância aos alunos que necessitariam de apoio os pais não necessitariam de pagar a explicadores privados. Seria um serviço fornecido pela escola, utilizando uma bolsa de professores de risco para os alunos que têm dificuldades no seu método de estudo e de trabalho. Não se esqueçam que a escola por turnos vai colocar muita criança sozinha em casa enquanto os pais trabalham.
No meu Agrupamento, a seu tempo, eu quis entregar ao Diretor a declaração da médica( sou diabética) e o requerimento para pedir para ficar em teletrabalho e o o Diretor não me quis receber os documentos dizendo-me para esperar que viessem novas diretrizes. Fui lá noutro dia, e para entregar a uma funcionária administrativa.Esta recebeu os documentos para lhes dar entrada e uma outra funcionária que estava avisada pelo Diretor para não os receber, alertou a colega para não os receber e esta assim fez. Voltei para casa com os documentos.Perante esta situação , enviei-os em carta registada com aviso de receção. Antes de me chegar o aviso da receção, o Diretor enviou-me um email a acusar a receção dos documentos por mim enviados (declaração médica e requerimento).
Neste momento encontro-me com um horário normal e com turmas com 28 alunos.
Concordo em absoluto com o que li no artigo.Muitos alunos de risco a precisarem de professores de risco e alunos que necessitem de apoio. Como o teletrabalho foi posto de parte, recebi hoje o pedido indeferido (neste caso com razão).
Não se esqueçam que a escola por turnos vai colocar muita criança sozinha em casa enquanto os pais trabalham.
Soluções existem muitas.
É preciso é o governo querer.
Ou ser forçado por sindicatos, associações, partidos ou PR.
Por favor, sejamos adultos e não totós!
O secretário de estado disse ainda coisas piores. Sugeriu que os professores nessas condições cometessem fraude, ao se referir ao atestados médicos.
Como nós todos já entendemos, o próprio primeiro ministro não dá qq relevância à legalidade de procedimentos. Ao integrar a comissão de honra de um delinquente – delinquente é quem já cometeu delitos e, esse senhor, pelo menos, cometeu um delito em 1993, pelo qual foi condenado a prisão efectiva, transitado em julgado, apesar de, por portas e travessas, ter conseguido não a cumprir.
Ao apoiar esse senhor, A. Costa “disse” de que lado estava, até porque me parece haver quem dispute as mesmas eleições que declare querer acabar com a ilegalidade nesse clube.
Assim ficamos esclarecidos quanto ao apego à legalidade desses senhores.
Perante situações tão disfuncionais, impróprias de qq estado de direito, não é recorrendo a processos convencionais que se pode lutar contra este tipo de prepotências.
Como eu não gosto de criticar sem apresentar soluções, aqui vai uma proposta de solução que advinho muito eficaz.
A solução é simples e não muito cara. Os professores nessas condições – e eu até posso ser um deles – adquirem um equipamento completo de protecção ( não é difícil arranjar ou mesmo confeccionar um que não precisa respeitar as exigências dos verdadeiros ) coberturas para os sapatos, luvas, etc e apresentam-se assim para dar aulas. Simples.
Conseguem imaginar a repercussão deste acto?
Já imaginaram isso nos telejornais?
Já imaginaram a reacção dos alunos?
E dos pais dos alunos?
E dos senhores directores, nomeadamente aqueles que são directores porque como ex-professores de trabalhos manuais ou do ensino primário, nunca poderiam atingir um cargo tão elevado ( no entender deles)!
Meus caros, deixem-se de choradeiras e ajam como gente crescida, com formação superior (ao contrário de muitos desses arrivistas directores) sentido crítico e não, apenas, carneirada bem amestrada e temente ao São superior hierárquico. Cresçam e se estiverem afim de se comportarem como gente crescida e não quiserem ter que arcar com o ónus de agirem sózinhos, digam isso aqui.
Comecemos aqui a organizar acções conjuntas -não litúrgicas – que respondam de forma efectiva e intransigente -sempre no respeito pela lei que os nossos governantes desprezam – sem bandeirolas na mão mas com determinação e inteligência nos procedimentos.
Eu estou preparado e tu?