Enquanto decisor de questões tão simples, mas ao mesmo tempo complexas quanto esta, não é fácil decidir o trabalho que deve ser feito de forma presencial e o trabalho que deve ser feito à distância.
Não tomo decisões radicais dizendo que tudo deve ser feito à distância ou de forma presencial. Devo avaliar aquilo que realmente pode ser feito de uma forma ou de outra.
Em primeiro lugar defendo sempre que tudo deve ser feito de forma presencial, frente a frente, cara a cara e olhos nos olhos. No entanto, há situações que podem e devem ser passadas para a distância.
No início do ano tomei a decisão de deixar à consideração de cada departamento ou grupo disciplinar decidir a forma de reuniões entre pares. Decidi que ficaria na decisão de cada coordenador de departamento ou grupo disciplinar optar pela melhor forma de reunião. Dei apenas as seguintes regras: Onde houvesse professores novos que as reuniões fossem presenciais para que cada um pudesse se conhecer de forma pessoal. Seria estranho que professores novos na escola não se conhecessem pessoalmente e isto já aconteceu durante o terceiro período onde professores novos colocados nunca chegaram a conhecer pessoalmente os restantes professores da escola até final do ano letivo e ainda hoje são apenas uma figura de avatar numa plataforma virtual. Também optei por influenciar as reuniões à distância onde o número de elementos permitisse o distanciamento entre todos. Calhou relativamente bem, porque neste caso as reuniões à distância calharam precisamente nos departamentos onde não existiu nenhum docente novo na escola.
No caso das reuniões com os encarregados de educação, quando a maioria das escola optou por as anular ou passar para a distância, sempre optei para que todas fossem feitas de forma presencial, respeitando todas as regras de distanciamento. Neste caso a opção também foi feita por perceber que caso a opção fosse para passar para reuniões à distância nem metade dos pais compareciam e neste caso prefiro ter pais informados sobre um ano completamente diferente dos anteriores.
Há decisões que precisam de ser tomadas em função da realidade de cada uma das escolas e tomar decisões que podem não ser iguais à generalidade das escolas compete a quem tem de decidir escolhe-las. E isso garanto que não é fácil, nem consensual.
Perceber o que é importante ser presencial e à distância é uma opção que deve ser gerida caso a caso, em função de cada realidade e com muita ponderação. Mas quem toma decisões destas não se deve nunca ficar numa redoma isolado do risco das decisões que toma. No meu caso apenas estive presente em 28 reuniões de pais, quando alguns achavam demasiado arriscado a decisão de se fazer estas reuniões de forma presencial. Não sou Trump, nem Bolsonaro, mas há riscos ou atitudes que se devem tomar para menorizar situações de risco futuras.
Quantos às coisas inúteis que se fazem nas escolas aconselho vivamente que se passem todas para a distância, até porque em muitos casos se tornam mais produtivas desta forma. Mas há sempre coisas que devem ser feitas de forma presencial, quanto mais não seja para conhecer um professor novo que chega à escola e transmitir os valores de uma escola cara a cara. E se alguma vez perdermos estes pequenos gestos iremos perder de vez o sentido da responsabilidade que devemos ter para a educação da nossa sociedade.
Poderia não fazer este artigo, mas se não o fizesse iria por deixar de dizer aquilo que sinto sobre este assunto.