O Paulo Tem toda a razão…
Se Bem Percebo…
… há quem nem tenha considerado a possibilidade destas circunstâncias anómalas justificarem um aligeiramento dos procedimentos burrocráticos. Pelo contrário, parece motivo para toda uma nova batelada de documentação a preencher por causa da “recuperação das aprendizagens” e outras coisas assim. Tudo bem registadinho em papel e em digital, só faltando ser em 25 linhas e com assinatura daquelas com chip.
8 comentários
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O que poderia perfeitamente ficar escrito em 10 linhas, em Portugal é traduzido em páginas e páginas, regra geral pessimamente redigidas. Tique característico de gente intelectualmente pouco hábil e, no caso vertente, criaturas de poucas letras, arrivistas das “ciências” da educação , que verdadeiramente nunca souberam o que é estudar .
A título de exemplo. Atente-se na dimensão dos documentos referentes aos “Planos Nacionais de Recuperação Econónica” – UE :
Portugal – 127 páginas ; Alemanha ficou-se pelas 35 . Elucidativo…
Pelo contrário, “as circunstâncias anómalas” estão a ter como consequência um acréscimo de papéis e de registos online.
Tudo em duplicado e triplicado na plataforma moodle, no Inovar , nos registos de actividades semanais. Para além de novas planificações que serão reformuladas para substituirem as que durante 3 meses foram trabalhadas no ano passado de acordo com as aprendizagens essenciais e o perfil dos alunos . Aparecem as metalinguagens, com as “rubricas” que substituem não sei bem o quê. E, ó gente, juro que li 3 palavras sobre a avaliação, a saber: “avaliação formativa holística” .
E os professores aceitam e calam (a maioria), aceitam e batem palmas (alguns, especialmente quem fez aquilo) ou dão uma opinião , precisamente chamando a atenção para a burocracia estéril para memória futura.
Estes últimos, pouquíssimos , levam uma reprimenda do sr director e são ameaçados de várias formas, qual delas a mais tonta.
Não consigo conversar com quem se cala. E admito o meu total desprezo.
Como vos subscrevo inteiramente. É isso e a corrupção.
Aqui a competência mede-se pela quantidade de papeis produzida.
M… de país.
Espero por-me a andar daqui para fora em pouco tempo, junto com os meus filhos. E depois venham com “incentivos” fiscais para aliciar as populações mais jovens a regressarem…
A maior responsabilidade não é da Assembleia da República, não é do primeiro ministro nem do ministro da educação. Também não é do (a) diretor (a) da escola.
Apesar de haver cobertura hierárquica para a “burrocracia”, a grande responsabilidade é daquele (a) colega que na reunião de grupo inventa mais 4 documentos, daquele (a) outro (a) colega que na reunião de departamento inventa outros tantos e outros (as) colegas que no pedagógico inventam ainda mais. Ou seja, a maioria dos professores que condena os muitos documentos inúteis e redundantes que é obrigada a preencher é a mesma maioria responsável pelo trabalho inútil.
JJM
Desconhecia o que acabou de referir . A ser verdade – se o diz é por que é – desoladamente concluo que boa parte da classe docente é sadomasoquista
” se o diz é porque é”
A percepção que se tem é a de que os docentes muito organizadinhos ( e como adoram ser, parecer, e aparecer organizadinhos ) acarretam consigo resmas de papel, sem esquecer o original, o duplicado, a cópia, a fotocópia e o digital. Pela dúvida, traz mais um para o fulano e sicrano assinarem, mais o presidente da junta e o piriquito.
Trabalho algures num sítio em que a pandemia serviu para que passasse a prática corrente e para sempre o seguinte: para cada aula deve ser preenchido com bastante pormenor um formulário em word (!) em que constam informações como dia e hora da aula e das 5 aulas que se seguem, local, manual utilizado, atividades com ligações para materiais, trabalho que os alunos devem entregar e como e objetivos. Depois, esse plano deverá ser enviado aos pais por email com antecedência – em pdf anexo, não no corpo da mensagem – e guardado o pdf numa pasta na nuvem com o título planosemanal+número+turma. Isto depois de uma reunião em que se pediram e ignoraram sugestões para tornar este processo mais célere, para depois se fazer questão de sublinhar o imperativo de seguir ao pormenor os aspetos mais improdutivos e burocráticos do “sistema”, em que se replicam tradições do tempo do papel selado no mundo digital. Obviamente, este processo não substitui, antes se sobrepõe a práticas de gestão das aulas como planificações de ano/unidade e sumários. Da experiência da quatentena, esta comunicação semanal rapidamente se torna ruído na vida dos pais, que acabam por não ler as mensagens. Desmoralizante.