A “nova” escola dos nossos filhos
Neste ano letivo a escola mudou. Não é a mesma que conhecíamos há décadas, é uma nova escola ode nunca sonhamos deixar os nossos filhos.
A pandemia trouxe uma realidade com ela que ninguém esperava viver, uma realidade cheia de receios e incertezas. Qualquer saída á rua significa o perigo no regresso. A ida à escola não vai ser diferente.
As escolas tentam prepara-se da melhor maneira para o início do ano letivo, mas não está a ser fácil prepara-se contra um inimigo invisível. Os receios são muitos, tanto por parte dos profissionais, como dos encarregados de educação, até, dos próprios alunos. A incerteza de que a preparação do novo ano letivo funcionará apenas no papel está presente na mente de todos.
A azafama nas escolas sente-se à entrada, os Assistentes Operacionais recortam setas para colar no chão, nas salas de aulas joga-se Tetris com as mesas para tentar assegurar a distância pretendida entre elas, nos refeitórios marcam-se lugares a ocupar e a não ocupar, muda-se a mobília de lugar vezes sem conta e os alunos ainda nem sequer chegaram para lhe dar uso. Professores a olhar para qualquer espaço escolar como se para o vazio não significa distração, mas preocupação com uma qualquer medida que ali tem de aplicar, mas depois de medições e reviravoltas não consegue ir além do “se possível”.
Quando os alunos entrarem pela porta principal da escola, tudo tem que estar preparado. Se possível, todas as medidas têm que estar presentes no novo dia a dia da escola. O isolamento de grupos, as brincadeiras em espaços limitados com colegas predefinidos, os intervalos reduzidos, as refeições comidas às pressas para que, depois de desinfetado, outro ocupe o seu lugar, os novos acessórios da moda sempre presentes, o esfregar de mão constante envoltas em sabão ou álcool… as novas rotinas tão anormais como impensáveis noutros inícios de ano.
A escola vai ser muito diferente do que era. Este ano letivo vai deixar marcas numa geração inteira, vai deixar recordações que ninguém quer ter.
As nossas crianças e jovens ainda não iniciaram o novo ano letivo, mas começam a ter um vislumbre do que poderá ser esta escola que nenhum quer frequentar. Dia 17 de setembro todos eles estarão perante uma realidade que desconhecem. Preparados, ou não, todos terão que enfrentar a realidade para a qual não foram preparados. Será nessa preparação que os professores terão um papel fundamental, mas também ninguém se deu ao trabalho de os preparar a preparar. Exigiremos dos professores aquilo que não exigimos de nós ou de quem tem o dever. Sejamos francos, ninguém está preparado para este ano letivo. Tudo o que possa estra escrito em papel ou anunciado por “especialistas”, não passa de “achismos”, ou no máximo de esperanças.
Esta não é a escola que desejamos para os nossos filhos. Pelo menos aqueles que, ao telefone, não parecem ter outra preocupação se não saber se a cantina vai servir almoços às crianças… Tenham o melhor ano letivo “possível” face às circunstâncias em que, neste momento, vivemos.
Rui Gualdino Cardoso, Professor, Colaborador do Blog DeAr Lindo
5 comentários
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Ainda agora começou já estão os estragos a aparecer , para quê os valentões fazerem frente ao vírus ? De joelhos por favor … https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/tres-turmas-da-escola-alema-de-quarentena-preventiva-em-casa
… tem de ser de joelhos …
“Estudo prevê 20 mil casos diários em dezembro em Portugal”
https://zap.aeiou.pt/estudo-preve-20-mil-casos-dezembro-345066
Se as escolas estão a fazer o melhor que podem, em função dos meios que têm?
Sinceramente, acredito que sim. Acredito que a maioria esteja realmente a dar o seu melhor, apesar de todas as incertezas e de todos os legítimos receios…
Mas é exactamente com isso que o ME conta e sempre contou…
Conta com a abnegação dos profissionais de educação, conta com o conformismo dos pais/encarregados de educação, conta com o cumprimento das principais normas pela maior parte dos alunos… Conta, em suma, que tudo apareça bem feito, como que por “milagre”…
Um ME que manda colocar dentro de uma sala de aula, com dimensões inapropriadas, cerca de 30 alunos e um ou mais professores não merece o respeito que deviam ter por si…
Cumprir ordens no estricto dever de obediência hierárquica não é o mesmo que respeito ou apreço… E estes dois últimos dificilmente este ME conseguirá obter por parte da maioria daqueles que nos próximos tempos terão que se confrontar diariamente com as condições deploráveis criadas por si… E tudo porque não autorizou o (sensato) desdobramento de turmas…
E se isto correr mal, e neste momento tudo indica que irá correr dessa forma, espera-se que o ME tenha, pelo menos, a hombridade de assumir perante todos as suas próprias culpas e responsabilidades, sendo certo que, lamentavelmente, a morte não pode voltar atrás nem ser ressarcida…
(Lamento, mas hoje estou particularmente “azeda” e com motivos objectivos para isso…).
Está a decorrer a reunião do Infarmed. Da parte que foi transmitida é possível retirar uma grade conclusão, a saber: o Sr. Filinto e o Sr. Ascenção não passam de dois crápulas mentirosas cujas intervenções só têm como objetivo a defesa de interesses próprios. Passo a explicar.
Diz o sr. Filinto que as escolas estão preparadas. Não estão. Não se tratou do problema dos transportes; não se resolveu a questão das cantinas; a maioria das escolas não tem condições para manter o distanciamento; nos países europeus a distância em sala de aula é de 2 m, 1,5 ou, no mínimo, de 1, por cá é o que for possível. O sr. Filinto é mentiroso.
Diz o sr. Ascenção que os pais estão confiantes. Não estão. Cerca de 50% mostraram-se bastante inseguros. O sr. Ascenção é mentiroso.
Só para as Tias de Cascais?
“O município de Cascais vai testar o pessoal docente e não docente de todas as escolas públicas e privadas do concelho.”
https://observador.pt/2020/09/07/cascais-testa-todo-o-pessoal-docente-e-nao-docente-das-escolas/