E se assim for só resta ao Ministro da Educação, na segunda-feira, resolver o Problema dos Professores.
Porque como o governo sempre disse, não poderia beneficiar uma única carreira (a dos professores) não resolvendo os problemas de outras carreiras. E se amanhã surgir um acordo não existe outra escapatória para este governo em resolver também a carreira dos professores.
O presidente do sindicato acha necessário que o Governo perceba que os profissionais de educação “não desistem de lutar por uma escola pública de excelência para todos os alunos, independentemente de serem filhos de ricos ou de pobres”.
O Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (STOP) anunciou este sábado uma greve de duas semanas, de docentes e não docentes, entre 13 e 19 de novembro, e uma manifestação nacional em Lisboa, no dia 18 de novembro.
Esta manhã, em Coimbra, numa conferência de imprensa, o presidente do sindicato considerou necessário que o Governo perceba que os profissionais de educação “não desistem de lutar por uma escola pública de excelência para todos os alunos, independentemente de serem filhos de ricos ou de pobres”.
“Num ano de crescimento económico e receita fiscal extra de mais de dois mil milhões de euros, não podemos continuar com dezenas de milhar de alunos com falta de professores, psicólogos, terapeutas, assistentes operacionais e com profissionais de educação desconsiderados, exaustos e roubados nos seus direitos”, sublinhou André Pestana.
O líder sindical considerou que a atual proposta do Orçamento do Estado (OE) para 2024 “não investe, efetivamente, na escola pública, nem na dignificação de todos os que lá trabalham e estudam”.
“Queremos alertar os pais e a sociedade em geral que, se nada for feito, o próximo OE irá aprofundar a degradação da escola pública e a qualidade de ensino dos nossos filhos, comprometendo de forma irreversível o seu futuro”, salientou.
Segundo o presidente do STOP, a decisão de avançar com um “novembro de luta”, no mês da discussão do OE, foi tomada na quinta-feira à noite, numa reunião online, por mais de 100 comissões sindicais e de greve.
A greve nacional de 13 a 29 de novembro será organizada em cada escola e agrupamento, como no ano letivo anterior, através dos fundos de greve, “que são 100% legais, com total autonomia e decisão democrática dos docentes e não docentes de cada estabelecimento”.
O último dia coincide com a data da votação final do OE 2024 na Assembleia da República, para pressionar que o documento “reflita, de facto, as necessidades que a escola pública tem e que não estão refletidas”.
A manifestação nacional de 18 de novembro vai realizar-se do Ministério da Educação até à Assembleia da República.
“Nós não pedimos felicidade, apenas um pouco menos de dor”. (Charles Bukowski)
A História da Educação, nos tempos que correm, está marcada pela engenhosidade e inventividade políticadesde 2005, em que as políticas educativas se fundem com as convicções dos governantes e confundem o superior interesse público da “res publica” com acções pessoais autocráticas, de personalização do poder e do líder, autoritário e sem controlo, despótico. Em que impera a ditadura da maioria, de rompimento disruptivo e de forma distópica com a normalidade; de opressão totalitária sobre a legalidade, a regularidade e o consuetudinário.
É a realidade que se passa hoje na Escola Pública e a verdade que atormenta professores e educadores. A escola-arena consubstancia-se em Portugal no início do século XXI, a partir de 2005/2006, facto confirmado pelo próprio Primeiro-Ministro, Dr. António Costa, que em declarações à Sic Notícias, em 2015, afirmou: “os professores foram vítimas de uma guerra injusta decretada num conselho de ministros de que fiz parte em 2006”.
Carlos Calixto
Está validada a guerra, em forma de guerrilha institucional permanente com o professorado, tendo como grandes vítimas além dos docentes, os alunos, a Escola Pública, a qualidade do sistema educativo, da sofrívilidade à mediocridade do ensino-aprendizagem. Ora de forma sub-reptícia, ora de forma explícita, o verdugo e o chicote político fere incessantemente os professores, numa tormenta persecutória que é já “assédio moral laboral”.
Vivemos o estranhamento da negatividade negacionista da centralidade do professor no sistema educativo. Uma descentralidadepremeditada e paulatinamente implantada pelo Estado. Cujo objectivo político é minar a autoridade do professor, ao disseminar, diluir o poder e arbítrio, controle e mando docente. Foi morrendo o direito legal de decisão e de se fazer obedecer. Acabada está a autoridade do professor. Afirmado está o poder político autocrático de cultura anti-escola, anti-professor e anti-educação.
Harari valoriza lidar com as mudanças e manter o equilíbrio mental no ignoto.A conjuntura actual é de indignação e revolta dos professores. De libertação da consciência de classe e da “revolução” há muito adiada. “Numa época dementiras universais, dizer a verdade torna-se um acto revolucionário”. (George Orwell)
Os professores têm entranhado o comportamentoKafkianodo MEe a vivência do desprezo, ostracismo e abandono. Dói! “O poder ilimitado nas mãos de pessoas limitadas sempre leva à crueldade”. (AleksandrSolzhenitsyn)
Politicamente falando, analisados os factos com visão histórica, concluímos da premeditação, planeamento, consciente má-fé, método e rigor, assertividade cirúrgica e escolhas minuciosas dos ataques às vertentes vitais da profissionalidadedocente. Falamos do octograma do mal. No sentido das oito ideias maquiavélicas postas em marcha: desmantelamento do Estatuto da Carreira Docente (ECD); “quadridentis” ataque à carreira, avaliação-progressão, digito-burocracia, administração e gestão escolar; detonar a autoridade e respeitabilidade docente; cianetamento do clima de escola e toxicidade-relações humanas; negação e menosprezo pela proposição, negociação e concertação.
O esvaziamento da essencialidade docente, conduziu à menoridade intelectual da figura do professor, agora funcionalizado e cada vez mais proletarizado pelos governos, numa imposição ministerial-tutelar ridículo-farsante do “faz tudo”; menos a sua missão central de pedagogo eintelectual, com autonomia e poder de decisão. Ao invés do panorama “pidesco” de vigilância apertada e “prestação de contas” humilhante, no pensar e no sentir dos professores.
O professor finge o que não sente e representa o que não é. Viola violentamente a sua própria consciência, com a ética deontológica em conflitualidade, e vê a sua axio-profissionalidadeconspurcada, numa miríade de tarefeiro-estafeta “burrocrático”. Princípio e insultodestruidor da auto-estima. A profissão não é mais fruição, atracção, valorização e realização pessoal. Para mais, quando é o próprio ministro da Educação, João Costa, a assumir publicamente que apenas 50% dos professores poderiam sonhar alcançar os três últimos escalões da carreira.
Não há motivação porque a escola-arena infantiliza a intelectualidade e maturidade do pensamento docente; é uma escola de diminuta e infinitesimal exigência e do sucesso escolar ficcionado exponenciado, na valência do “faz de conta”. Que choca o professorado na sua proximidade com o facilitismo e aproximação ao grau zero. A massa crítica docente é descrente na “escolinha dos projectos”, endeusada de “inovação” e “felicidade”.
Na escola-arena, a visão política liliputiana do professor-pigmeu faz vingar a importância raquítica da dimensão tecnológica, que não a humana e humano empenhamento dos professores, na miragem invertida e desfocada da sua medida de grandeza, em forma de “circusprovocatioabsurdum”, rumo a tempos “apocalípticos” na educação. Temos o “munduseducatus” de patas para o ar, “daquele que não é conduzido” – o aluno.
De sobra temos a burocracia estupidificante e embrutecedora “É fartar, vilanagem”. Quanto menos burocracia melhor. O professor não é burocrata.A burocracia é depreciativa do trabalho do professor. O professor é intelectual. Precisa da “ociosidade do tempo livre” para poder pensar e preparar as aulas.
Impõe-se um pacto social e político a médio-longo prazo, um novo contrato para a Educação, que recentralize a figura e a autoridade do professor na organização escolar.
Há a contingência emergente da tecno-ciência e da acção pedagógica online. A submissão da humana performance docente à ciber-cultura tecno, exponenciada pelas redes sociais, colide numa dialéctica tensional entre elementos contrários.
A mediatização e o espaço público operam a mudança e transição da “intimidade” da sala de aula para a “extimidade” da escola, num determinismo reducionista e solucionismo apressados, de pensamento único imposto, em nome da escola do futuro e das novas gerações digitalmente nativas e incapazes imberbes analógicos.
Comunicacionismohiper-mediatizado cibernético, em função à máquina, ao computador e ao tablet, contrário e ao arrepio da solidez temporizada das “humanum” ensino-aprendizagens dos professores; ficando a faltar a conexão e a alteridade do Outro, do interlocutor, do primado do humano, agora secundarizado. Donde, a perda da interacção dos sujeitos professor-aluno, com a imediaticidade a troncar o normal processo de socialização.
A virtualidade e “modus operandi”da pedagogia online, na actual Escola Pública em metamorfose, descentra o professor e descentra a proeminência da palavra do professor, “mutatismutandis”, com descrédito valorativo e nada atractivo para o capital humano e social – subvalorizado e deflaccionado do professor.
Urge acabar com a reduflação do professor e ressignificar o humano na clássica relação da escola de sempre, com os alunos do séc. XXI, 3º milénio d.C., que já nasceram “conectados” às telas, ecrãs e filtros; viciados e isolados socialmente nos recreios das escolas por treinamento contínuo com os smartphones. Sendo os telemóveis uma extensão da sua própria idiossincrasia, de “olhos em bico” em pequenos monitores, dedando freneticamente.
Estar cara a cara, o respirar e o sentir a cumplicidade professor-aluno, o pulsar de interacçãoe emocão e o olhar de duas pessoas, é muito diferente de qualquer interface e de uma qualquer interactividade.
Ser professor é ser humano; não é ser máquina automática, numa escola “travestida” de digitalizações e Inteligência Artificial (IA), apagantedo “homo sapiens”. O sinal e estímulo telemático do paradoxal coercivo tem de acabar já, e o professor, sem demoras, tem de voltar a ocupar a centralidade natural da sua relevância institucional na escola, na comunidade e na sociedade portuguesa.
A escola-arena metamorfoseada, da apologéticapolítica digital, do ChatGPT e da IA faz uma rupturacom a ancestral continuidade educativa, algo deabsolutamente estranho à emocionalidade, centralidade e significação humana e de valores humanistas do professor; em vivência de subalternidade a uma ciber-cultura invasora e arrasadora de métodos, pedagogias, didácticas, hábitos, valores e cultura de escola. O assalto assumido e a assumpção de uma nova “territorialização” que assusta e intimida. De eficácia fracassada e comprovada.
Vem vencendo o projecto tecnológico e tecnocrático e perdendo o projecto humano e de auto-realizaçãohumanista. E o erro, o erro está em pensar que o devir é tecnológico e o passado é antropocentrista, secundarizando e descentrando o papel do professor.
Nada mais errado por parte das “iluminárias das trevas” do ME, deslumbradas com o imediatismo efascínio de digi-modas que agora cá chegam, mas que no estrangeiro avançado e culto, nomeadamente na Europa do Norte, estão a ser abandonadas. Com a agravante da perda da identidade do professor. Facto é que o poder político legitimou e afirmou o primado do wi-fi e do tecno– ensino-aprendizagem, em detrimento da pessoa humana do professor.
O professor vê-se encurralado, emparedado, perdido num labirinto que o esmaga entre a “obsolescência” de toda uma vida profissional em concreto, e a “insânia” da tutela na insistência de ambiguidades, projectos e contradições dialécticas doentias, ao martelar o “entranhar o estranhamento”, numa atitude provocatória do ME, que tem como resposta a resistência de toda a classe docente. Liderar não é impor. Liderar é despertar no outro a vontade indomável de acreditar e fazer. Não se reforma por Decreto!
O Governo e o Ministério da Educação (ME) estão a precisar de uma operação de catarse em larga escala, para limpeza conceptual e purificação ideológica. “The Great Reset”. Apagar para começar a grande reinicialização.
É que o “deliriumtremens” de mirabolantes melhorias e sucesso educativo nas aprendizagens “pandémicas”, não passa de uma monumental esquizofrenia e surreal mentira.
A escola-laboratório de projectos falhados, de experiências estrangeiras e influxos “importchanges” falhadas, fundamentalista anti-papel por troca com o e-book de formato digital, de ideários fervilhantes, é tempo devoltar à escolaintemporal da axiologia humanista, das pessoas e para as pessoas, tendo como Maestro o Professor.
Só as vítimas da dor sentem a dor e a intensidade do sofrimento da dor que tanto dói e destrói. Entender a dor do Outro é pensar, passar e sentir a mesma doída dor.
“A espécie de felicidade de que preciso não é tanto fazer o que quero, mas não fazer o que não quero”. (Rousseau)
Disse.
Nota: professor que escreve de acordo com a antiga ortografia.
Os alunos estão a escrever pior? São vários os colegas que confirmam nesta peça da CNN e eu acrescentaria que estão a perceber muito pior qualquer pequeno texto ou instrução escrita ou mesmo oral, se não for explicadinha às migalhinhas. Cada vez mais, é necessário entrar em detalhes que há uma década eram desnecessários para que os alunos de 5º-6º ano (a minha “clientela”) entendam o que se pretende com algo como“preenche o quadro seguinte com um território do Império Português no século XVIII” (atenção que não é de memória, pois antes vem um mapa com os nomes) ou “de todos os territórios assinalados no mapa, do qual vinham mais riquezas para Portugal?”
A aula vai começar e, enquanto os alunos vão entrando, inicia-se o ritual que se repete várias vezes ao dia, semana após semana, mês após mês, ano após ano. Dado que os computadores das salas de aula, em avançada fase geriátrica, com mais de uma década, com software e hardware desatualizados, não oferecem garantias de bom funcionamento e deixaram de ser opção confiável, o professor retira da sua mochila o computador pessoal, o rato, a pequena coluna de som, o adaptador para ligar o cabo VGA do videoprojetor e o hotspot que garantirá uma internet razoável sempre que a rede WiFi da escola falhar, pois todos sabem que isso acontece amiúde e quando está disponível move-se apenas em duas velocidades – devagar e devagarinho. Quanto ao sumário, já nem se tenta registar na aula, pois o programa informático para o efeito (designado por E360, embora lhe assentasse melhor EZero), da responsabilidade direta do Ministério da Educação e pago com o dinheiro dos contribuintes, é uma vergonha inominável: lento e nada intuitivo, incapaz de devolver estatísticas e relatórios significativos, ou sequer numerar os sumários automaticamente, não permite a justificação de faltas pelos encarregados de educação (daí resultando um acréscimo de trabalho burocrático) e mantém alertas de excesso de faltas, na página de entrada, relativos a alunos que estão agora, três anos depois, a concluir o Secundário noutras escolas. Brilhante! Fechado este parêntesis e reunida a parafernália tecnológica que parece ser suficiente para uma aula mais envolvente, dinâmica, motivadora e enriquecedora, passamos à próxima fase de desenvolvimento do processo educativo: no meio do calor sufocante que faz com que os alunos já tenham tirado umas folhas dos cadernos para improvisarem uns leques, pois isto não é bem uma aula, é uma visita de estudo a uma sauna, liga-se o videoprojector, que grita (numas salas com mais ruído que noutras) há muito tempo por substituição e logo surge no ecrã o aviso que já ninguém nota: “substituir lâmpada”! Logo de seguida, surge também o pedido do professor a que os alunos já se habituaram: “apaguem as luzes e desçam os estores, por favor” (aqueles que se conseguem descer, pois muitos estão avariados, esperando por intervenção da autarquia há longos meses). Mesmo assim.… com a sala escurecida no máximo das possibilidades, o que se consegue vislumbrar no ecrã é pouco mais que uma imagem ténue, desfocada e difusa, pois a lâmpada do videoprojector já ultrapassou há muito o seu tempo útil de vida e faltam lumens, precisamos de lumens, e não há lumens!
Também precisamos de recuperar o tempo de serviço congelado, precisamos de ter menos turmas por professor, menos alunos por turma, menos falta de professores (com a devida qualificação científica e pedagógica) menos indisciplina e mais respeito, menos falta de técnicos especializados, psicólogos, terapeutas, mediadores sociais, professores de apoio e educação inclusiva, menos instabilidade e mais justiça nos concursos de colocação de professores, menos hipocrisia política e mais verdade, com efetivas ajudas de custo à deslocação e alojamento, menos professores qualificados a abandonar o sistema e uma carreira mais atrativa que cative os melhores, menos medo e mais direitos e poder deliberativo dentro da escola, menos absolutismo e mais inteligência emocional na gestão escolar, menos competição e menos injustiças no processo avaliativo, menos burocracia, menos papéis, menos redundâncias, tabelas e grelhas, mais tempo para pensar, ler, estudar e organizar, menos pressão para um sucesso estatístico e mais confiança no trabalho dos professores, menos foguetório panegírico nos Planos de Atividades e mais auditórios dignos desse nome, que abram portas a mais Cultura e Cidadania.
Enfim, precisamos de tudo isto e muito mais, mas o professor Ricardo, naquele dia e àquela hora, precisava mesmo era de lumens, e lumens era o que não havia, e quase nada se via, mesmo com as luzes apagadas e cartolinas pretas, coladas de improviso, nas janelas novas com estores velhos e danificados. Ainda assim, e apesar de todas estas limitações, a aula avança, o trabalho decorre, há textos para ler e analisar, animações, vídeos, tabelas, mapas, gráficos e outros documentos para ilustrar, interpretar, demonstrar e explorar, e lá vão trabalhando… professor e alunos, em colaboração constante, “navegando à bolina” da tecnologia disponível, mesmo que às vezes, quando se pretende registar e preencher no quadro, com a participação dos alunos, um esquema, um mapa de conceitos, um friso cronológico, ou fazer qualquer tipo de anotação, seja necessário desligar o projetor e subir o ecrã, pois o quadro (que tem 40 anos e também já pede reforma) fica por detrás do ecrã onde se projeta a imagem do videoprojetor. Logo depois, voltaremos a ligar o projetor, descer o ecrã e continuar a aula, com as condições que (não) temos! Podíamos trabalhar só com o manual e com fotocópias, acetatos, retroprojetores, ou com mapas pendurados no quadro, cassetes VHS e aulas meramente expositivas? Poder, podíamos, mas… não era a mesma coisa! Agora, há mapas interativos, e animações 3D, e visitas virtuais a monumentos e outros destinos de interesse histórico e patrimonial, e Google Arts & Culture, e tantas outras bibliotecas digitais e plataformas de recursos educacionais, gamificação e avaliação formativa, enfim, ferramentas que enriquecem o processo educativo e que devem estar disponíveis para todos, em todas as aulas, em todas as salas, em todas as escolas! Naquela sala de aula, naquele dia, a aula chegou ao fim e, apesar do calor sufocante e de todas as limitações, trabalho foi feito, aprendizagem foi conseguida, com a dedicação e empenho de professor e alunos! Como acontece em tantas salas de aula semelhantes, e com tantos milhares de alunos e professores por este país fora! Com vergonha alheia de um ministro e um governo, que (mal)trata assim a Escola Pública e todos aqueles que lhe dão vida e sentido! E que merecem mais, muito mais, em particular, Respeito, Justiça, Valorização e… Investimento!
Aquela aula terminou, mas o dia continuou, outras aulas se seguiram e à noite houve trabalho de direção de turma para fazer, documentos para preencher, dados para coligir, registos diversos para inscrever em papeladas sem fim, aulas para pensar e organizar, correspondência eletrónica para colocar em dia, um sem número de tarefas, que consomem e aspiram tempo da vida pessoal e familiar, muitas vezes adiada e irrecuperável. É assim a vida de um professor, com a sorte de ter a família sempre por perto e a estabilidade profissional que muitos milhares de colegas ainda não alcançaram! E é por tudo isto, e por todos nós, que vale a pena continuar a lutar, em defesa da Escola Pública, de uma Educação de Qualidade, e de um País com futuro! Aos pais, e respetivas Associações, que leram este texto, deixo a pergunta direta e sentida: o que falta ainda, para chegarem?
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