7 de Outubro de 2023 archive

Dar Com Uma Mão e Tirar Com a Outra

Tal como se aproveita para fazer com o “acelerador” da carreira, em que retira a muitos docentes o tempo do faseamento que atribuíu em 2018, ou as tranches usadas pelos docentes para contabilizar tempo na lista de acesso ao 5.º ou 7.º escalão.

 

Governo pode aumentar IUC para compensar descida no preço das portagens

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Português continua entre as disciplinas com mais pedidos de professores

Português continua entre as disciplinas com mais pedidos de professores

 

Número de colocados na reserva de recrutamento desta sexta-feira voltou a descer.

Português volta a ser uma das disciplinas com mais necessidades de substituição de professores. É o terceiro grupo com mais colocações (31) para esse efeito na sexta reserva de recrutamento, cujos resultados foram divulgados nesta sexta-feira.

 

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Da queda da escola pública: há, fatalmente, temas tabu para Governo, partidos e sindicatos

Da queda da escola pública: há, fatalmente, temas tabu para Governo, partidos e sindicatos

 

A proletarizarão dos professores, com os resultados que são hoje incontestáveis, começou em 2006 e em quatro eixos integrados: carreira, avaliação do desempenho, burocracia como prestação de contas e modelo autocrático de gestão para sustentar tudo isso na dependência do centralismo partidário (centro-esquerda ou centro-direita; mais centro-esquerda nos últimos 17 anos). Após 17 anos de luta dos professores, só na carreira houve uma mudança: derrubaram-se os titulares impostos pelo centro-esquerda, mas o centro-direita substitui-os por outra tragédia: vagas baseadas em quotas. Os restantes 3 eixos agravaram-se e estão intocáveis (alude-se à burocracia, mas sem qualquer efeito); e, fatalmente, são temas tabu para Governo, partidos e sindicatos.

A escola pública adoeceu e adoece os seus profissionais. “Desistem” milhares de professores em funções (mas não desistem de lutar), desistiram milhares de qualificados que experimentaram e desistirão os que vão entrar já rotulados pela impreparação científica e pedagógica (mais um legado indecente da geração que governa) e entregues a uma selva de amiguismo, clientelismo e caudilhismo.

A desorientação com a falta estrutural de professores vai concretizando uma espécie de pecado original: a proletarizarão dos professores e a desistência educativa do orçamento do Estado. Entramos no 50º aniversário do 25 de Abril com a escola excluída do laboratório da democracia. Mais do que a mesa negocial que leva um ano sem qualquer resultado efectivo (a única pressa para acordos centra-se na industria da formação e a recuperação do tempo de serviço destinar-se-á a reformados que nem a um lar de idosos terão acesso), exige-se que o Parlamento e o PR façam cumprir a constituição e a igualdade de oportunidades.

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Os professores têm de voltar a ocupar o seu lugar, “já”

Os professores têm de voltar a ocupar o seu lugar, “já”

 

Ser professor é um chamamento! Os professores têm de ocupar novamente um lugar prestigiante na sociedade.

 

Diz a sabedoria popular que saber esperar, é uma grande virtude. Sendo eu uma pessoa emotiva por natureza, faço o exercício de explorar de forma sistemática um estado de tranquilidade emocional que aplaque a minha revolta contra as injustiças. Sei que fazem parte da vida, mas ainda assim, considero um atentado contra a dignidade humana a forma como se têm vindo a degradar as condições de vida e a carreira dos profissionais em Portugal. Hoje, quero refletir em específico sobre as condições e processos de trabalho dos professores. Porque ser professor hoje não é atrativo, não é prestigiante e expõe os profissionais a uma miríade de riscos e desafios que conduzem inevitavelmente a situações de elevados níveis de stress, de ansiedade, que conduzem invariavelmente a estados depressivos, ao síndrome de Burnout e à doença mental.

Cumpri o meu objetivo de me distanciar no tempo, tendo em consideração que o arranque do ano letivo já “vai longe”. Mas, ainda assim, permitam-me caracterizar toda esta situação como dramática, e que inclusive, já se perpetua há imensos anos. Esta tendência para a crescente degradação das condições de vida dos professores e, consequentemente das suas famílias, associada ao aumento do nível de vida, à crise na habitação e ao encarecimento dos combustíveis conduzem estes profissionais a situações impossíveis, desumanas e desesperantes. Este desespero tem vindo a ser denunciado através de vários exemplos amplamente difundidos em vários órgãos de comunicação social: “um casal de professores que está a 300 kms de casa faz “sacrifício” para manter a profissão”; “… o professor Rui Garcia que dorme no carro e faz a sua higiene e as refeições na escola”; a professora Maria Sanches considera que “É um prémio que dou a mim mesma”, “aos 68 anos entrar para os quadros”, e “O ano letivo começa mal e provavelmente será um dos piores.” “Mais de 92 mil alunos começam as aulas sem professores” (fonte: comunicação social portuguesa).

Parece-me que estamos na presença de um flagelo social. Porquê? Porque coloca em perspetiva a sustentabilidade da nossa sociedade. Os professores são os artesãos que moldam o futuro. Se os professores estão doentes são também as crianças e jovens deste país que ficam com o seu futuro comprometido. Os dados indicam que uma importante fatia dos professores em Portugal adoeceu a trabalhar, porque não existe suporte social para promover as condições de trabalho adequadas a estes profissionais em específico. O relatório Eurydice de 2021, publicado pela Comissão Europeia, compara um conjunto de 38 países da Europa, incluindo os 27 estados-membros da União Europeia (UE), no que respeita às carreiras e ao bem-estar dos docentes. Conclui que quase 50 % dos professores declaram sentir entre “algum stress” ou “muito stress” no trabalho. Na Hungria, em Portugal e no Reino Unido (Inglaterra), a percentagem de professores que refere sentir “muito” stress no trabalho é o dobro da UE. Portugal lidera a tabela entre os professores do 3º ciclo do ensino básico, onde cerca de 88% dos profissionais nacionais refere sentir “bastante stress” e “muito stress” no trabalho. Quanto aos fatores de stress, os professores destacam: (1) o peso das tarefas administrativas, (2) o volume de trabalhos de alunos para corrigir, (3) o facto de serem responsabilizados pelos resultados dos alunos, (4) a manutenção da disciplina em sala de aula, (5) a necessidade de responder às exigências das entidades reguladoras e (6) as sucessivas reformas educativas.

A educação é um eixo estratégico para o futuro porque capacita os jovens a serem críticos, a refletirem com rigor e a serem mais justos e equilibrados. E nós precisamos “desesperadamente” de “reter massa critica” em Portugal, eles são o nosso futuro! Contudo, é necessário preparar o futuro porque percebemos as dificuldades que as novas gerações enfrentam devido à multiplicidade de fenómenos que se precipitam em catadupa quase diariamente. Exige-se dos professores que tenham a capacidade de abraçar todos estes desafios, mas com que recursos? E a quantidade de professores que “batem” com a porta anualmente e abandonam a docência? E quem serão os jovens que, face ao panorama geral, “terão a coragem de arriscar” e abraçar uma carreira ao nível da docência em Portugal? Muitas questões, mas todas elas de resposta muito óbvia!

 

Daniela Lima, in Observador

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