Dizem os entendidos remontar a 1926 a primeira chamada de atenção para a importância, corrija-se, preponderância e relevância dos afro-americanos no seu contributo para a sociedade de então que é também e inevitavelmente a sociedade de hoje.
Qual a sua história, quais as suas histórias e o porquê da sua ausência dos livros e anais da História, assim apontando o dedo à injustiça dos séculos e com o mesmo dedo, não, com as mãos inteiras reconhecer quem esquecido apenas porque sim, porque a pele calhou ser de outra cor mesmo se o coração sempre igual.
“Se a cor não tem história, se não tem tradição, então é negligenciável no pensamento do mundo e corre o risco de extinção”. As palavras são do académico e historiador Dr. Carter G. Woodson, o fundador do que viria ser hoje, tantos anos depois, o Black History Month, presença assídua no currículo escolar do ensinou básico ao Secundário.
A origem Norte Americana dita Fevereiro como o mês de eleição ou não fosse este o mês do nascimento dos abolicionistas Abraham Lincoln e Frederick Douglass e a divulgação da História e das histórias afro-americanas um catalisador imediato para a sã convivência entre os alunos, entre as crianças.
Já o Reino Unido comemora o Black History Month em Outubro, longe da pressão dos exames de fim de ano e o Verão há tão pouco tempo, por conseguinte a melhor oportunidade para incutir nos alunos mais igualdade, mais tolerância, mais amor entre os povos.
A crise identitária dos caribenhos de segunda geração perdidos nos meandros do urbanismo britânico e cinzento dos anos 80 foi em si a razão para a adopção do Black History Month.
Ou um apelo necessário de pais para filhos em nome do orgulho nas suas origens, cultura e tradições quando não há verdade maior que a nossa verdade e a nossa história.
E falar dos grandes timoneiros e do seu papel fulcral não apenas ao longo de um mês mas do ano inteiro e o mote está lançado com o intuito de incluir africanos e caribenhos e igualmente sul-americanos, asiáticos, indígenas e todos os povos e todas as línguas numa grande festa universal.
Basta falar de um personagem marcante e Mandela foi marcante quando nascido para ser um rei entregou 27 anos de vida ao cárcere contra a iniquidade. A sua formação e educação, onde se incluía o domínio do Afrikaans para grande espanto dos seus captores, são a base para um perdão como até então a Humanidade não havia assistido e no perdão a união de um país inteiro.
E as vidas salvas. A humanidade perdura e não se extingue.
Para quando um Black History Month em Portugal? Para quando a coragem para verdadeiramente falar não só do Portugal esclavagista e colonialista mas atroz na guerra do ultramar.
Se já somos capazes de reconhecer Wiriamu para quando a sua inclusão nos manuais escolares? E enquanto esperamos pelos mesmos manuais, para quando a discussão aberta nas escolas?
Para quando a credibilização dos professores e apoio consequente se queremos melhorar a sociedade onde nos inserimos?
Porque as quatro paredes de uma sala de aula nunca valeram nada se o mundo ao redor, as vidas que são as nossas ao redor e esta é a nossa escola e a verdade do Black History Month.
Quanto à tradução de tal iniciativa deixo na capaz língua dos meus conterrâneos e colegas a incumbência da tarefa. Até porque tenho de ir dar uma aula, Mandela não espera e as crianças também não.