Soubemos pela comunicação social (JN de 27/09/2023) que a diretora do nosso agrupamento está a ser alvo de um processo disciplinar que, de acordo com o jornal, surge na “sequência da colocação, na sede do agrupamento, de uma tarja preta em que se lê ‘Estamos a dar a aula mais importante das nossas vidas’”.
Esta tarja foi concebida, paga e colocada pelos professores do agrupamento que, em fevereiro consideraram que deviam mostrar à comunidade, de forma explicita, que todos os dias, se empenham para dar aos seus alunos o melhor de si, a aula mais importante das suas vidas. Numa altura em que a profissão é por tantos desprezada e desrespeitada, consideramos que devíamos deixar claro que esta é uma profissão de gente empenhada, que muitas vezes deixa para trás a sua vida pessoal e a sua família em prol dos seus alunos.
Foi por isso com surpresa e perplexidade que soubemos deste processo disciplinar. A ser verdade a noUcia vinda a público deixamos claro o seguinte:
1) A responsabilidade da tarja é dos professores e educadoras do Agrupamento. Foram eles que a conceberam, pagaram e colocaram, tendo a senhora diretora apenas autorizado a sua colocação;
2) OArUgo37daConsUtuiçãodaRepúblicaPortuguesa,determinaque:1.Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem discriminações; 2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer Upo ou forma de censura.
Assim sendo, estamos enquanto docentes a exercer um direito consagrado na ConsUtuição da República Portuguesa.
3) AescoladeveeducarparaacidadaniaenapáginadaDGEesclarece-seque“O exercício da cidadania implica, por parte de cada indivíduo e daqueles com quem
interage, uma tomada de consciência, cuja evolução acompanha as dinâmicas de intervenção e transformação social. A cidadania traduz-se numa aBtude e num comportamento, num modo de estar em sociedade que tem como referência os direitos humanos, nomeadamente os valores da igualdade, da democracia e da jusBça social”.
Será certamente estranho que os professores devam educar para a cidadania, mas não devam eles próprios ter uma tomada de consciência, uma reflexão e a possibilidade de intervenção e transformação social. Será que devem educar para a cidadania, mas não devem ser eles próprios cidadãos reflexivos?
Infelizmente no ano em se comemora a revolução de abril de 1974 que consagrou o direito à liberdade de expressão há comportamentos que parecem nascidos no tempo da ditadura. Apesar de conquistada em 1974, a liberdade deve ser salvaguardada todos os dias. É isso que enquanto educadores fazemos!
Face ao exposto os professores/as e educados abaixo-assinados manifestam total solidariedade com a Diretora do nosso agrupamento e informam que, a haver processo disciplinar ele deve contemplar todos os que são responsáveis pela tarja e que assinam este comunicado.
Os Professores/as e Educadoras do Agrupamento de Escolas Júlio Dinis, Gondomar