Valorização Da Educação E Da Função Social Do Professor Explicam Sucesso Finlandês

Valorização da educação e da função social do professor explicam sucesso finlandês

O sistema de ensino finlandês, os mitos que o rodeiam e as realidades que o definem, estiveram em análise na edição desta semana do programa “Educar tem Ciência”.

Dinheiro Vivo
22 Abril, 2023 • 06:58

Quando, em 2001, o país surgiu no topo dos resultados do PISA, a Finlândia despertou o interesse dos investigadores, que desde então têm procurado os fatores por trás do sucesso do sistema de ensino do país nórdico. Apesar de estar a cair nos rankings desde 2006, o sistema educativo finlandês é dos mais estudados mas também dos mais mitificados. E foi para combater mitos e pôr em evidência as causas do sucesso – a aposta na formação de professores e a valorização da educação e da função social do professor – que o investigador João Marôco e Nuno Crato, presidente da Iniciativa Educação, entraram em debate na edição desta semana do “Educar tem Ciência”, um projeto da Iniciativa Educação em parceria com a TSF e o Dinheiro Vivo.

“O que se viu em 2000 era o reflexo das políticas educativas de duas décadas atrás e não das políticas educativas mais atuais, que têm feito com que a Finlândia tenha caído nestes rankings”, começou por esclarecer João Marôco. Por seu turno, Nuno Crato referiu a importância de olhar para o sucesso educativo “com espírito crítico”. “O que se está a passar neste momento, é que muita gente vai ver a Finlândia pelos maus motivos. Porque a política atual da Finlândia não é aquela que produziu este sucesso”, disse o presidente da Iniciativa Educação, que alertou para o facto de haver medidas que têm impacto imediato, como a introdução ou retirada de exames, e outras, como a formação de professores, cujos efeitos são sentidos a mais longo prazo.

Por seu turno, João Marôco apontou a necessidade de combater mitos como o da ausência de avaliação dos alunos. “Não é verdade que os alunos finlandeses não façam testes”, garantiu. Na realidade, explicou, os alunos submetem-se a exames, com caráter voluntário. Mas, quando transitam para o secundário e pretendem escolher as melhores escolas, são selecionados a partir das notas dos exames que as escolas promovem, explicou o investigador. A grande fluidez e ausência de áreas disciplinares é outro mito associado ao do país nórdico. “Os alunos têm muitos temas, têm avaliações e todos os professores têm de produzir avaliação quantitativa”, corrigiu.

Para o investigador, o sucesso do sistema finlandês – que apesar de ter descido nas avaliações continua no topo – deve-se à valorização da educação pela sociedade finlandesa e pelo prestígio social de que os professores gozam. Como consequência, explicou João Marôco, a carreira da educação e a formação para professor é das áreas mais procuradas. “Em 2010 havia na Universidade de Helsínquia dez candidatos por cada uma das 660 vagas para programas de formação de professores. Era mais fácil entrar em Medicina. Em 2020-2021 houve 14 116 candidatos a cursos de formação de professores e entraram 2042”, recordou o investigador, para quem a autonomia e responsabilidade dos professores é outro fator de peso para os bons resultados da Finlândia.

Nuno Crato lembrou que, apesar de ser muito bom, o sistema finlandês já foi melhor. “Devemos olhar para o que fez de bom, mas também para o que a Finlândia não está a fazer de tão bom, e que é essencialmente uma maior diluição do currículo e uma visão mais vaga do que é a aprendizagem do aluno”, alertou. Crato recordou ainda que no TIMSS de 2015, Portugal ultrapassou a Finlândia em cinco pontos no quarto ano de matemática.

“Quatro anos bem orientados, bem ambiciosos numa determinada disciplina, permitiram que os nossos alunos passassem à frente da Finlândia. Ou seja, o milagre finlandês também pode ser replicado por um milagre português. Assim se sigam as políticas certas”, garantiu.

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4 comentários

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    • jose on 22 de Abril de 2023 at 12:32
    • Responder

    Ah pois é preciso lata . então passam a vida a criticar o modelo finlandês e deposi vêm com tretas
    Então digam lá. Como é que são os concurso no tal modelo??
    Existem listas nacionais ou é o meio local e a escola que escolhe dos docentes???
    É `assim que devia ser certo??? para dar o tal reconhecimento

    • Ultracongelado on 22 de Abril de 2023 at 16:37
    • Responder

    Lembram-se da Prova de Aptidão de Conhecimentos imposta pelo Sr. Nuno Crato aos professores contratados, das bolsas de escola para contratação de professores e do cheque ensino?
    Penso então que está tudo dito sobre a visão deste senhor para a escola pública, não está?

    • Zabka on 22 de Abril de 2023 at 23:23
    • Responder

    Essa aventesma balofa nojenta desse cabrão do Crato não tem vergonha na cara?
    A desonestidade intelectual desse monte de esterco é gritante. Junto com os queques da iniciativa neo-liberal e dos grunhos do chunga essa besta quer acabar com a escola pública.
    Lata não lhe falta…

    • Cunha on 23 de Abril de 2023 at 11:24
    • Responder

    Bibá Cunha, bibó boy!

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