25 de Março de 2023 archive

Maioria dos professores pede fim da greve do STOP

 

75% dos docentes discordam da continuação da greve por tempo indeterminado iniciada em dezembro.
Os apelos para que o Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (STOP) termine com a greve por tempo indeterminado têm-se multiplicado por parte de diretores e restantes organizações sindicais. Alegam que a greve tem pouca adesão e que os serviços mínimos (SM), que obrigam a três horas de aulas diárias por turma, complicam muito a vida nas escolas e limitam a adesão a outras greves.

Maioria dos professores pede fim da greve do STOP

 

 

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Está prestes a começar mais uma “Época da Monitorização das monitorizações”…

 

Em cada Agrupamento de Escolas, como ciclicamente costuma acontecer, está prestes a começar uma nova “Corrida mais louca do Mundo”:

 

– O preenchimento de bateladas de Fichas de “Monitorização das monitorizações”, resultantes das Reuniões de Avaliação do Final do 2º Período Lectivo ou das Reuniões Intercalares, estas últimas, se os Agrupamentos tiverem adoptado a Semestralidade…

 

Decorrente da prolongada exposição ao preenchimento insano de Fichas de “Monitorização das monitorizações”, em cada “Época da Monitorização das monitorizações”, a hormona mais libertada em cada escola, será, com certeza, a adrenalina…

 

A adrenalina, essa portentosa substância química, que perante situações potencialmente stressantes, perigosas ou excitantes, costuma ser libertada na corrente sanguínea, apodera-se de quase todos os que deambulam pelos corredores de cada escola, saindo de uma reunião, para entrar na seguinte…

 

E cada um não pode deixar de agradecer às suas glândulas supra renais por tão abundante segregação hormonal, pois que sem ela dificilmente sobreviveriam a tão intenso frenesim, despoletado pelo preenchimento das mais variadas Fichas de “Monitorização das monitorizações”…

 

Conseguir reagir, respondendo a múltiplos estímulos, e sobreviver aos mesmos, é o principal objectivo…  

 

Em cada “Época da Monitorização das monitorizações”, os Directores de Turma, a quem foi incumbida a suprema responsabilidade de supervisionar o preenchimento de grande parte das Fichas de “Monitorização das monitorizações”, pobres criaturas, costumam andar numa azáfama, quase sempre acompanhada de algumas arreliações…

 

Pois que há sempre quem se esqueça do preenchimento da Ficha de “Monitorização das monitorizações” Nº 547, absolutamente imprescindível para apresentar como Evidência (do que quer que seja), sobretudo naquelas ocasiões em que a escola possa ser visitada pela IGE

 

Claro está que o preenchimento desenfreado das mais variadas Fichas de “Monitorização das monitorizações” se enquadra naqueles procedimentos absolutamente redundantes, existentes na maior parte das escolas, vulgarmente designados por Burocracia…

 

Nas escolas não se vive sem Burocracia, aquela Arte de “converter o fácil em difícil, através do inútil” (roubado da Internet, de autor desconhecido)…

 

Chega mesmo a ser muito difícil conceber uma escola sem procedimentos redundantes, de tão enraizados que os mesmos se encontram…

 

Tão difícil, que até se poderá imaginar, por exemplo, a reacção de alguém que integre um Conselho de Turma perante a, muito hipotética, missiva de não ser necessário preencher qualquer Ficha de “Monitorização das monitorizações”:

 

– “Como assim, não é preciso preencher nenhuma Ficha de “Monitorização das monitorizações”?!?!?!

 

(Verbalização acompanhada por uma expressão facial de incredulidade e de um indisfarçável horror, mas também de um, inconfessável, pensamento: “isto está bonito está, querem lá ver que agora se passou à bandalheira de não preencher Fichas”?)…

 

O consumo compulsivo de Burocracia nas escolas chega mesmo a assemelhar-se a uma qualquer dependência…

 

Se o preenchimento de Fichas de “Monitorização das monitorizações” cessasse, o que poderia substituir aquela gloriosa sensação de alívio e o excelso sentimento de “missão cumprida”, aquando da entrega das 1348 fichas de registo na Direcção do Agrupamento ou na respectiva Secretaria?

 

E a Burocracia nas escolas, fez-me lembrar desta “maldade”, em forma de gracejo:

Chefe da Secretaria, pergunta ao Director:

 

Sr. Director, o nosso Arquivo está completamente cheio, não poderíamos deitar fora os documentos e as pastas com mais de 10 anos?

 

Director:

 

Excelente ideia! Mas antes tire cópias de tudo

 

Agora mais a sério, e sem tanta ironia e sarcasmo, uma das formas de lutar contra a Burocracia nas escolas será subscrever a Petição pelo “Fim do Projeto MAIA” que, como é sabido, tem gerado profusas Fichas de “Monitorização das monitorizações”, sem utilidade prática reconhecida…

 

Já a subscrevi e posso garantir que, depois de o fazer, o meu humor melhorou substancialmente…

 

(Paula Dias)

 

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O Ministério da Educação demitiu-se da desburocratização – Paulo Prudêncio

Após anos a anunciar que estava estudar o assunto, e a agendá-lo para as negociações com os sindicatos, o ME “demitiu-se” do inferno da burocracia que criou e entregou-o à LABX – “Centro para a Inovação no Setor Público – unidade orgânica integrada na Agência para a Modernização Administrativa (AMA, I.P.)”. Esta confissão de incapacidade é grave. Desburocratizar neste domínio é um acto de gestão, de política educativa e de domínio de sistemas de informação. É para professores decidirem. Acima de tudo, é para eliminar incontáveis procedimentos inúteis. Requer um decreto com um só artigo: a um professor não se pode exigir uma qualquer procedimento que inverta o ónus da prova.

Esta decisão representa a falência da gestão do ministério que, durante décadas, foi gerido como se fosse uma empresa privada dos partidos políticos.

Escrevi (5.10.22) assim recentemente no Público (“Foi fatal não confiar nos professores”): “(…)É desafiante desconstruir, neste breve registo, este monstro que “adoeceu” os professores e que Governo e sindicatos reconvocam para a mesa negocial com um preocupante desconhecimento do universo informacional ao circunscrevê-lo à penosa tarefa burocrática de um grupo específico (directores de turma).””

Recupero um texto (resumo-o) que escrevi para o blogue e para a impressa do Público em 21.01.2009:

“Bloco da precaução:

Quem reflecte sobre o sistema escolar escolhe um ponto de partida. A minha opção concentra-se no tratamento da informação e sistematizei-a em 3 blocos: ensino, organização escolar e precaução.

Duas questões prévias:

Sabe-se muitas maneiras de ensinar, mas sobre o modo como cada um aprende a palavra-chave é ignorância. Então, é avisado não hierarquizar métodos de ensino;

Os critérios para a tomada de decisões obedecem à hierarquização de três categorias: delimitar, obter e fornecer informações. Deve ser feita uma análise aturada que estabeleça a informação que é estruturante para a obter e fornecer em tempo real com o recurso a novas tecnologias.

Situemos a argumentação e façamos a caracterização dos três blocos.

O bloco do ensino é o lugar que determina a actvidade que cada professor faz dentro da sala de aula; neste imenso universo é indiscutível que cada professor deve estar sempre preparado para fundamentar as opções científicas e didácticas e os critérios para avaliar os alunos.

O bloco da organização escolar é o espaço que cria as melhores condições para que cada aula se realize: é a sua primeira finalidade. Solicita aos professores duas informações: a classificação e assiduidade de cada aluno. Deve seleccionar a informação que pretende obter para a fornecer em tempo real e com a exigência da produção de conhecimento.

O bloco da precaução caracteriza-se por um universo informativo que é obtido apenas para arquivo e que está determinado de modo central por invenções técnico-pedagógicas. E é aqui que encontramos um elenco interminável de burocracia inútil que adoece os profissionais.

A institucionalização deste bloco, e a sua aparente autoridade, parte dos serviços centrais do MEC e alastra-se à organização das escolas. As invenções burocráticas devidamente preenchidas, são, por precaução, a única consciência profissional de muitas. Isso retira sentido de autonomia e de responsabilidade e gera fenómenos de subserviência e de medo.

Este bloco, que foi construído paulatinamente ao longo de anos e que criou um inferno, é difícil de derrubar.

O que mais impressiona é a incredulidade dos que estiveram anos a fio do lado errado: começaram por crer nas virtudes dos dogmas, sustentaram as suas vidas na acomodação a cinzentos privilégios e acabaram como defensores acérrimos de burocracia monstruosa.

A situação dos professores explica-se deste modo: imersos num tentacular assombro burocrático, os professores, indignados e saturados, e sem liberdade para ensinar, ecoaram os seus protestos dos lugares mais recônditos do país até ao histórico Terreiro do Paço. Os incrédulos funcionários desta industria que move milhões ficaram atónitos e surpresos, mas ainda esperançosos: têm, em quem governa o MEC, um último e desesperado bastião. Não deve ser fácil assistir a uma queda sem fim e presenciar a ruína das convicções.

Contudo, foi possível identificar um conjunto denominado de “boas práticas” que tornava “exequível” aquilo que depois se provava ser inaplicável: é essa uma parte crucial da história recente da avaliação do desempenho dos professores e do seu arrastamento insuportável. Quando se tentou perceber as boas práticas das escolas ditas de referência, o ridículo eliminou rapidamente a visibilidade mediática que se quis impor.

Também por precaução se deixou de falar nisso.”

 

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