Maria Augusta Santos sofreu um acidente que a deixou incapacitada para trabalhar. No entanto, a Caixa Geral de Aposentações não a considerou incapaz para o exercício das funções.
Os professores andaram, durante anos, a encher a sua capacidade de resiliência perante sucessivas injustiças e a serem vilipendiados no seu profissionalismo por diversos governos.
Perante o estado limite de toda uma classe que já não aguenta mais, como é que o ministro da Educação pretende resolver a falta de professores e a instabilidade constante de um corpo docente que nunca sabe onde irá lecionar no dia de «amanhã»?
Com uma proposta de concursos terrível e insultuosa para tantos profissionais que andam há décadas a correr as escolas do país, atirando-os definitivamente para longe das suas residências sem esperança de poderem regressar às suas famílias.
Com esta panela de pressão, pronta a explodir, o ministro opta pelo decretar de serviços mínimos, fechando a válvula de escape e, com a inflexibilidade de alterar as propostas de negociação, ateia-lhe ainda mais lume.
E a consequência é mais do que óbvia – a panela vai explodir.
E no dia em que isso acontecer, João Costa e António Costa, terão de se justificar perante os portugueses pelo que irá acontecer devido ao tratamento de terrorismo psicológico que estão a causar a uma classe que está a ser continuamente torturada por atitudes altamente desrespeitadoras e cujas reivindicações estão a ser completamente ignoradas.
Que não se atrevam a continuar a pressionar e a subestimar os professores pois, para defender uma escola pública de qualidade e a dignidade das suas vidas, estão dispostos a tudo. Desta vez, ninguém os conseguirá parar enquanto não forem tratados com a justiça que merecem.
Carlos Santos
Não, não venho proferir uma elegia. Sou realista: os professores não operam milagres, embora muitos esgotem o possível. Laboram e lançam a semente da esperança no terreno da incerteza, sem a garantia de que a sementeira alcance o propósito almejado. Ou seja, os semeadores não decidem inteiramente o decurso e o resultado do cultivo, mas são um fator importante da qualidade da colheita. Para tanto não bastam a paixão e o sentido de missão; carecem de condições propícias ao desempenho do mister. Entre elas contam-se a valorização e a estabilidade da carreira.
Ademais, a pedra relacional constitui o alicerce do ensino e da comunidade escolar. Ora, quando a moldura profissional é feita com tábuas de nomadismo e precariedade, não é possível criar relações sadias e frutuosas. O atual quadro circunstancial não concede aos professores tempo, ânimo e oportunidades para cuidar da melhoria da sua formação, competência e personalidade, para integrar grupos consistentes e produtivos, partilhar experiências e ideias, desenvolver projetos renovadores da instituição educativa. Não é desta feição que ela corresponde às exigências do nosso tempo.
Estou, pois, solidário com eles. É civicamente inaceitável e leva a escola para mau fim o descaso de que são alvo. Todavia, atrevo-me a fazer um pedido: não encarem o Estado como inimigo, nem se vejam como grupo ‘especial’, fechado em torno de si e à margem de quantos lutam pela dignidade que lhes é devida!