27 de Março de 2023 archive
Mar 27 2023
Pactos, Antes também Houvesse para a Educação
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Mar 27 2023
172 contratados na RR26
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Mar 27 2023
A falácia da vinculação dinâmica dos Professores contratados
O tema da Educação e das condições dos Professores tem sido amplamente debatido, já todos percebemos que é inequívoca a falta de dignidade e reconhecimento pelo papel fundamental da classe docente desempenha na nossa sociedade.
Perante isto, vemos os sindicatos a insistirem vincadamente nas progressões de carreira e no tempo de serviço congelado, causas mais que justas e que carecem da reposição devida. Mas entretanto, parece que a situação dos milhares de Professores contratados vai de mal a pior.
A nova medida anunciada, a vinculação dinâmica, permitirá aos Professores contratados vincularem ao quadro já no próximo ano lectivo na Zona de Quadro Pedagógico onde actualmente estão colocados, mas em 2024 serão obrigados a concorrer a todo o País, ou seja, têm um “rebuçado envenenado”, pois daqui a dois anos vão continuar com a casa às costas por tempo indeterminado e se não aceitarem ficar longe das famílias e com mais encargos inerentes à distância de casa, têm como única solução o desemprego sem direito a subsídio.
Isto é a precaridade profissional elevada ao extremo, mas espanta-me que pouco se fale nesta medida inconcebível na comunicação social e temo que os sindicatos se contentem com as progressões de carreira dos Professores efectivos e não lutem pelos Professores contratados com tudo o que isso implica, nomeadamente mais docentes a desistir da carreira e cada menos jovens a escolherem esta profissão para futuro.
O governo não pode colocar em causa o futuro da Escola Pública, tomando medidas que apenas contribuem para a instabilidade dos Professores que ainda resistem em permanecer na carreira e afastando muitos outros, quando temos falta de docentes nas escolas.
Que moral tem um Estado que enquanto entidade patronal, obriga as suas pessoas a estarem anos deslocadas de casa e das suas famílias sem qualquer ajuda de custo e com remunerações baixas?
Qual a empresa que pode ter um funcionário a contrato durante 20 anos?
O que pode exigir o Estado às empresas quando é o pior exemplo?
É por estas e por outras que o País está à deriva rumo a um indesejável naufrágio.
Fernando Camelo de Almeida
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Mar 27 2023
Suicídio: a tragédia dos rankings – João André Costa
O Andy liga-me da secretaria e diz, “É uma chamada da Tribal”.
“Tribal?”, respondo, “O que é a Tribal, Andy?”.
Contra-resposta, “A Tribal é Ofsted” e o mundo parou.
Estava há duas semanas numa nova escola e desta feita pela primeira vez como Director, ainda mal aquecera o lugar e já frente a frente com o “Office for Standards in Education” e a minha primeira inspecção dali por dois dias.
O resultado era simples: caso falhasse a inspecção, dentro de 48 horas a escola estaria fechada para todo o sempre, os alunos e professores distribuídos pelas escolas vizinhas e este que vos escreve concomitantemente desempregado e ninguém quer dar emprego a um Director com uma inspecção falhada no currículo.
Pequeno aparte: não, eu nunca quis ser Director de uma escola, estando em Londres há 3 anos havia subido meteoricamente na hierarquia escolar mas sempre por agências de trabalho temporário e este era o meu primeiro contracto. Permanente.
Perder este emprego significaria o mais que provável regresso ao trabalho temporário e às substituições dia-a-dia.
Ou pior, o regresso a Portugal com uma mão atrás e outra à frente para gáudio da populaça e regressar a Portugal não é, nem nunca foi, uma opção e regressar a Portugal só morto. Ainda hoje é assim.
Telefonei para casa: hoje à noite não contes comigo, vou dormir na escola.
E não dormi, ou a dormir dormi pouco, talvez duas horas e o susto do senhor das limpezas às 4 da manhã: “Está tudo bem, sou apenas eu”.
Mas antes de aqui chegar foi uma tarde de filas e filas de representantes do município entre conselhos e avisos, mais conselhos e avisos, outros tantos telefonemas e se por um lado era bom ter quem se preocupasse, por outro o tempo fugia-me das mãos e quando finalmente percebi o necessário e premente corri com toda a gente ao bom estilo da vassourada e fiquei sozinho na escola.
Pela manhã não havia um centímetro de chão no meu escritório sem um papel com o nome de cada um dos professores e a respectiva lista de tarefas.
E sim, ao fim do dia e a 12 horas da inspecção, voltei para casa, adormeci e não ouvi o despertador tal o cansaço.
Acordaste-me ainda a tempo de apanhar um táxi e chegar a horas, esperar pelo Inspector à porta e começar.
Começar as aulas observadas, a qualidade do ensino, planos de aula, a aprendizagem, os objectivos, o bem-estar dos alunos, a relação com os pais, entrevistas com os alunos, inspecção da escola em si e da estrutura do edifício, entrevistas com professores, inquéritos aos pais, proveniência dos alunos e o sucesso escolar e no fim a certeza de um “Satisfactory” em contraposição com o tão temido e fatal “inadequate” e o “Alive” dos Pearl Jam a vingar na aparelhagem da escola enquanto o inspector se despede e fecha a porta.
Num país onde a educação é também um negócio e o liberalismo grassa, a categoria de “Satisfactory” já não existe e por conseguinte ou uma escola passa na inspecção entre a excelência do “Outstanding”, e o “Good” ou falha redondamente entre o “Requires improvement” e o “Inadequate”.
Em nome das crianças e em nome das crianças ou somos todos bons ou todos culpados e já não há 48 horas de aviso, apenas 24 e ocasionalmente batem-nos à porta sem aviso.
E nada justifica o suicídio de Ruth Perry, Directora desde 2010 na Caversham Primary School, quando a escola que a acolheu como aluna e onde um dia se fez Directora passou da categoria de “Outstanding” a “Inadequate” graças ao TikTok e a um aluno a dançar no recreio, “prova de como a escola promove a sexualidade precoce dos seus alunos”.
Isso e uma discussão entre alunos elevada ao patamar de agressão física e o bem estar das crianças em causa.
Nada justifica 32 anos de ensino reduzidos a nada, uma palavra apenas, “Inadequate”, a ansiedade, a desesperança, a sentença, uma questão de tempo, a depressão, uma questão de tempo, o fim, uma questão de tempo, precoce.
Num mundo cada vez mais aberto à importância da saúde mental, do cuidar e da empatia, a eterna espada da Ofsted suspensa de 3 em 3 anos, quando não todos os anos, sobre as escolas é a certeza de cada vez menos professores no ensino britânico.
É também o eterno mofo feudal a pairar sobre Albion, lembrando às mentes mais incautas quem verdadeiramente manda aqui desde a nobreza ao rei e do rei a Deus.
E ninguém discute Deus e a virtude, já o disse. Nem a pátria. E Deus é Ofsted e ninguém discute o Ofsted.
Até hoje, entre Inspectores barrados à porta das escolas e petições no parlamento. Lá em cima já se tinham esquecido dos professores e do nosso papel em momentos de crise mas nós não nos esquecemos, não quando vivemos constantemente em crise.
Começa um movimento.
https://www.bbc.co.uk/news/uk-england-berkshire-65021154
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