Falta de uma hora no horário que faz perder o vínculo

Uma professora com 24 anos de serviço não vai tornar-se efetiva no final do ano letivo por lhe faltar uma hora no contrato anual que tem com o Agrupamento de Escolas da Mealhada, contou hoje a própria à agência Lusa.

Professora na Mealhada falha efetivação por falta de uma hora no horário

Há dois anos estive em Anadia com contrato completo e anual, no ano passado estive na Lousã, também com contrato completo e anual e, este ano, estou na Mealhada com um contrato anual de 21 horas, ou seja, falta uma para ter o horário completo”, explicou Anabela Pedro.

À agência Lusa, a professora de Físico-Química, do grupo 510, que lhe permite dar aulas ao terceiro ciclo e secundário, disse que aceitou o horário, “porque se não aceitasse ficaria sem trabalho e sem direito a fundo de desemprego”.

“Não podia não aceitar. Como só faltava uma hora ao horário, coloquei a questão na direção do agrupamento de escolas, até porque, para podermos efetivar, precisamos de ter três contratos anuais, e completos, seguidos”, precisou.

Anabela Pedro disse que a direção do Agrupamento de Escolas da Mealhada, no distrito de Aveiro, lhe respondeu que “já não tinha mais crédito horário para poder aumentar a hora em falta” no seu horário.

A docente referiu ainda que tem uma direção de turma, que lhe atribui “naturalmente mais quatro horas de serviços, mas que não são contabilizadas, porque é para atender os alunos e os pais, e não para lecionar”.

“Os meus colegas de grupo também propuseram apoio a alunos que já estavam sinalizados como sendo os que tinham mais dificuldades, e que se agravaram com os confinamentos durante a pandemia, com as aulas à distância”, contou.

Uma proposta que “também não foi aceite” pela direção do agrupamento que, “em dezembro, contratou um novo professor do mesmo grupo de Físico-Química com um contrato de seis horas”, ou seja, Anabela Pedro defendeu que “havia a necessidade, não havia era vontade”.

“E é isso que também me revolta. Isso e, em setembro, quem não aceitava o horário ficava sem trabalho e sem receber fundo de desemprego, mas agora, tendo em conta as necessidades existentes, estão a ir buscar esses professores”, manifestou.

Esta professora, natural de Coimbra, disse à agência Lusa que “é por situações destas que já ninguém quer ser professor e que há tanto desânimo na profissão, porque depois de tantos anos a dar aulas é como morrer na praia”.

“Vou entrar no 25.º ano de serviço a continuar a ser contratada e a tentar outra vez completar o ciclo de três contratos seguidos anuais e completos, na esperança, porque nada garante que não volte a acontecer, que no último ano não fique novamente de fora por uma hora”, lamentou.

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9 comentários

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  1. E como ela, outras do mesmo grupo e de outros grupos estão na mesma situação. Seja por uma hora ou por duas horas, ou por mais horas, tudo isto se torna ainda mais surreal por causa da prepotência típica dos governantes atuais.

    • Zabka on 11 de Maio de 2022 at 16:32
    • Responder

    A norma travão é geradora das maiores injustiças e os professores ficam dependentes da sorte e da boa vontade das direcções (que neste caso não houve descaradamente).
    Injustiças destas há muitas e depois temos pessoal a efectivar com 15.6 de graduação com menos de 2000 dias de serviço… mas o César Paulo e o Crato que cozinharam isto não perdem noites de sono de certeza.

    • Norma_fora_de_casa_4_anos on 11 de Maio de 2022 at 17:10
    • Responder

    Podia ter posto ‘horários completos’ e ‘anuais’ no início do concurso do ano passado se queria garantir a vinculação. Estar a 30kms de casa os 3 anos também não é assim tão mau.

    São opções diria eu, e chororo.

  2. Ela e muitos outros milhares nos últimos anos. Também os colocados nas RR3 perdiam o direito de efetivar apenas por uns dias. As mudanças têm que acontecer mas é para todos.

    • Paula Vieira on 12 de Maio de 2022 at 8:44
    • Responder

    Que lamúria … faz como os outros, incluindo eu. Estou a 400 kms de casa e pago duas rendas… Agora a 30kms de casa…

    • Rafael on 12 de Maio de 2022 at 9:14
    • Responder

    Efetivamente, quem estava dependente de um horário completo não devia ter concorrido a horários incompletos, pois corria riscos e ficar dependente de ser possível ou não completar o horário.
    Mais, chamo a isto a lei do “Chicoesperto”. Fico num horário incompleto, perto de casa, ultrapasso outros que não o fizeram e depois as Direções que completem.
    As pessoas querem ficar perto de casa e criticam quem arrisca.

      • Bekas510 on 12 de Maio de 2022 at 18:58
      • Responder

      Eu estou dependente de horário completo e anual, logo só concorro para eles… e pronto estou a 300 e tal km de casa! É um esforço enorme, mas não me queixo, as opções têm de ser tomadas!

    • Lucas Castro on 12 de Maio de 2022 at 11:52
    • Responder

    Os piores inimigos dos professores são … outros professores.
    Enquanto isto se passar os políticos medíocres que temos em Portugal há muito, farão o que quiserem, prejudicando irremediavelmente a Educação.

    • Betmate on 16 de Maio de 2022 at 13:15
    • Responder

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