Junho 2022 archive

Plataforma Relevo

 

 

A Associação Nacional dos Professores Contratados (ANVPC) disponibiliza em www.relevo.org a RELEVO® – Comunidade Nacional de Boas Práticas Educativas, uma plataforma para disseminação de boas práticas educativas desenvolvidas desde a educação pré-escolar ao ensino secundário, por alunos, professores, diretores, pais e encarregados de educação e demais profissionais de educação e parceiros educativos.

Tendo entre os seus objetivos a criação de comunidades de partilha e de aprendizagem ou o estímulo do intercâmbio de ideias e de experiências inovadoras, a plataforma RELEVO® propõe-se divulgar projetos e atividades nas categorias da solidariedade, inclusão, sustentabilidade, cidadania, empreendedorismo, humanismo, entre outras, consentâneos com os princípios e valores definidos no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória.

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Alunos do Primeiro Ciclo não devolvem livros escolares

Foi aprovado o decreto-lei que altera medidas aplicáveis no âmbito da pandemia da doença Covid-19, sendo de destacar:
– criação de um regime excecional que permite que, no ano letivo 2021-2022, os alunos do 1.º ciclo do ensino básico não tenham de devolver os manuais escolares no final do ano letivo, devendo a sua devolução ocorrer no ano letivo seguinte.

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Impossibilidades

Pede a DGAE que se determine a capacidade de acolhimento de docentes em mobilidade por doença, por grupo de recrutamento, até ao dia 8 de julho.

As matrículas dos alunos do 2.º ao 7.º ano decorrem entre os dias 9 e 19 julho.

Pelo que, é impossível determinar com rigor o número de turmas que as escolas poderão ter para 2022/2023 e por conseguinte determinar qualquer necessidade de acolhimento ou até mesmo necessidades permanentes para o próximo ano letivo, até ao fim do prazo das matrículas.

A não ser que seja por aproximação.

 

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Mobilidade de docentes por motivo de doença Determinação da capacidade de acolhimento

Saiu a Nota Informativa sobre a  determinação da capacidade de acolhimento para os docentes em Mobilidade Por Doença (MPD).

1. Determinação da capacidade de acolhimento

1.1 O número de docentes a acolher deve ser calculado com base no total de docentes providos no AE/ENA (QA/QE), valor determinado a partir dos dados apurados no procedimento “Recenseamento 2022”.
1.2. O número total a indicar deve corresponder, no mínimo, a 10% do contingente referido no ponto anterior.
1.3. O número total de docentes a acolher deve ser distribuído e indicado à DGAE por grupo de recrutamento.
1.4. Para a distribuiçãodo número total anteriormente referido, deve ser dada prioridade aos grupos de recrutamento em que exista horário sem titular, completo ou incompleto com pelo menos seis horas de componente letiva, com turma ou grupo de alunos durante o período de lecionação de disciplina ou área curricular não disciplinar.
1.5. Sempre que a capacidade de acolhimento apurada nos termos do número anterior resultar num valor inferior a 10 % da dotação global do quadro de pessoal docente do AE/ENA, o diretor fixa o número de docentes a acolher por grupo de recrutamento, ouvido o conselho pedagógico, até perfazer a referida percentagem, considerando outras necessidades e prioridades no âmbito do Projeto Educativo do AE/ENA.
1.6. Nas situações em que existam horáriossem titular, completos ou incompletos com pelo menos seis horas de componente letiva, em número total superior a 10 % da dotação global do quadro de pessoal docente do AE/ENA, o diretor, ouvido o conselho pedagógico, pode indicar à DGAE, uma capacidade de acolhimento superior a 10 %.

 

2. Limites na determinação da capacidade de acolhimento

2.1. A mobilidade por motivo de doença não pode originar insuficiência ou inexistência de componente letiva dos docentes do quadro do agrupamento de escola ou da escola não agrupada de destino.
2.2. A mobilidade por motivo de doença não pode originar insuficiência ou inexistência de componente letiva dos docentes de Quadro de Zona Pedagógica colocados no âmbito do concurso de Mobilidade Interna 2021/2022 nos termos previstos no artigo 28.o do Decreto-Lei 132/2012, de 27 de junho, na redação em vigor, uma vez que se impõe o respeito pelo disposto no n.o 4 do referido artigo, considerando a regra da continuidade pedagógica.

 

3. Distribuição de serviço

Os docentes colocados ao abrigo do presente Decreto-Lei n.o 41/2022, devem ser considerados na
distribuição de serviço, aquando da determinação das necessidades a declarar no âmbito do
procedimento de preenchimento de necessidades temporárias.

4. Calendarização

Prevê-se a disponibilização da funcionalidade no SIGRHE, pelo período de 4 dias úteis, do dia 05 ao dia
08 de julho de 2022.

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Lista de docentes com concessão autorizada de Equiparação a Bolseiro – Ano Escolar 2022/2023

 

Listagem dos docentes a quem foi autorizada Equiparação a Bolseiro para o ano escolar de 2022/2023.

Lista Nominal de Equiparação a Bolseiro para o ano escolar de 2022/2023

 

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Lista de docentes com concessão autorizada de Equiparação a Bolseiro

Lista de docentes com concessão autorizada de Equiparação a Bolseiro – Ano Escolar 2022/2023

 

 

Listagem dos docentes a quem foi autorizada Equiparação a Bolseiro para o ano escolar de 2022/2023.

Lista Nominal de Equiparação a Bolseiro para o ano escolar de 2022/2023

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O SNS já rebentou, segue-se a Educação

 

O SNS já rebentou, segue-se a Educação

Dois terços das crianças do 2.º ano erraram ou nem sequer conseguiram responder ao que lhes perguntavam. Até podem saber juntar as letras e ver ali palavras, mas pouco entendem do que estão a ler e as dificuldades que têm para se exprimir por escrito são dramáticas. É apenas a ponta de um imensamente destrutivo icebergue, que representa (também) os estragos de dois anos de covid numa área fundamental para o futuro do país. E que nem toda a boa vontade dos professores pôde impedir, entre escolhos antigos e a flagrante falta de meios para tentar evitar novo naufrágio: os computadores que ainda vão chegar, a internet que não é certa, o desprezo a que quem ensina foi votado por um governo que ainda finge acreditar que atribuir mais uns milhões no orçamento (que nunca chegam) resolve problemas. Mas poucochinhos, que as contas têm de se manter certas e os tempos não estão para brincar, como ainda ontem avisou Christine Lagarde.

Nas escolas, tenta-se remediar o que se vai mantendo miraculosamente de pé, mas a Educação continuará para lá de remédio possível enquanto a solução passar por meros remendos de ocasião, sem visão, sem plano de fundo, sem estratégia para recuperar um ensino público esgotado e anacrónico.

Repito, a responsabilidade não é dos professores, a quem tantas vezes é apontado o dedo pelas falhas que tentam constantemente contornar e ultrapassar. Mas a degradação que já vinha acontecendo, fruto do desinvestimento de quem julga que ter uma escola pública é um bem imutável, acelerou a fundo. E cavou muito mais fundo o fosso entre os que têm – dinheiro, acesso, suporte, apoio, cultura, estrutura – e os que não têm.

O ensino das cada vez mais raras crianças em Portugal foi perdendo exigência e meios a cada mudança bianual, sem que alguma vez se medisse os resultados do que se foi (des)fazendo. Os professores foram abandonados à sua sorte com incompreensíveis programas curriculares ao colo e uma quantidade de tarefas burocráticas a cargo, que nada têm que ver com educação. A avaliação tornou-se opressiva – para alunos e para professores – e proscrita. Uma negativa deixou de ser sinal de que era preciso investir no aluno para se tornar estigma de professor incompetente; e chumbar é tarefa impossível exceto quando se entra em braço-de-ferro por causa da Educação Cívica.

No atual sistema, é mais importante passar aos alunos a ideia de que a Biologia não é uma ciência do que perceber (e resolver) porque há ainda tantas crianças e adolescentes que não entendem o que leem, que não sabem filtrar, relacionar ou interpretar a informação que lhes despejam em cima sem preocupação de quanto é verdadeiramente aprendido, não decorado.

O pré-escolar tornou-se obrigatório, como a educação física e a artística e os psicólogos escolares, mas raras vezes qualquer deles é mais do que uma anedota contada a quem pergunta o que se faz nessas horas letivas, que somam mais umas notas à pauta (que já não se pode afixar para proteger os dados e os sentimentos dos meninos e das respetivas famílias).

Perante o desastre iminente, qual é a maior preocupação do governo? Acabar com a balda dos professores que fingem estar doentes só para não serem colocados a 200 km de casa – mas para esses aldrabões os dias estão contados, graças às novas regras de mobilidade. Isso sim, uma medida urgente, por oposição à ordem, à lógica e à justiça que nunca chegaram às colocações. Isso sim, muito mais relevante do que garantir que, mais do que livros de graça só para quem está no público, há ensino de qualidade e adaptado à era digital. Isso sim, verdadeiramente relevante, quando comparado com garantir condições para as nossas crianças terem de facto acesso a atividades desportivas, culturais, artísticas de qualidade. E apoio na medida em que dele necessitem.

Só falta mesmo ouvirmos ao ministro algo semelhante ao que escutámos, em plena pandemia, à colega que tutela a Saúde: nisto da Educação, é preciso é resiliência. Depois de o colapso do SNS ter sido desvalorizado como “um problema específico das urgências obstétricas”, ainda vão tentar convencer-nos que a destruição na educação foi só um professor com uma crise de soluços.

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Por um calendário letivo igual para todos os ciclos de ensino

 

Exmo. Sr. Ministro da Educação,

Os alunos da Educação Pré-escolar e do 1° Ciclo do Ensino Básico, são os mais jovens do sistema de ensino. Apesar da sua pouca idade, crianças entre os três e os nove anos, são precisamente estes alunos que maior número de horas permanecem nas Escolas e Jardins de Infância durante todo o ano letivo, em atividades que os escolarizam, com reduzido tempo para viverem e crescerem de forma lúdica, adquirindo competências motoras, sociais, mentais e culturais.
A Escola oferece formação académica, mas não pode nem deve ser a única realidade a quem crianças destas idades estejam entregues.
Pedagogos, psiquiatras, especialistas de várias áreas, há anos vêm alertando para os perigos da falta de tempo livre em idades tão jovens.
Também os professores e educadores destes níveis de ensino se encontram numa situação de extrema sobrecarga de horas de trabalho ao longo de todo o ano escolar. Em virtude da sua qualidade de monodocentes, únicos docentes de uma turma, e vêm impossibilitada a hipótese de terem tempos não letivos para o desempenho de outras importantes tarefas da sua vida profissional, acabando por muitas vezes ter de trabalhar no limite das suas forças.
Perante isto, não é compreensível que sejam precisamente estes alunos e docentes a ver prolongado em duas semanas, o seu calendário letivo. É discriminatório, não se compreende o objetivo desta diferença e é ainda perturbador da vida das famílias e das escolas.
Pretendem os signatários desta petição a revogação desta medida, passando todos os alunos (obviamente não incluindo aqueles que se encontram em anos de exames nacionais) a ter a mesma data de fim de ano letivo.

 

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Prazo para extração de relatórios médicos prolongado por mais um dia

 

Mobilidade por doença – Prazo para extração de relatórios médicos prolongado por mais um dia

 

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O que será dos professores em mobilidade?

Governo prepara alterações legislativas já para o próximo ano letivo. Há professores que deixam de poder usufruir do regime de mobilidade e a quem não restará outra alternativa a não ser “meter baixa”.

O que será dos professores em mobilidade?

 

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Complicar é preciso, viver não é preciso…

 Há escolas que parecem estar permanentemente ligadas a um aparelho tecnológico danoso, sem “certificação de qualidade”, altamente complexo e confuso, e que carece das mais elevadas qualificações para ser devidamente dominado e manuseado…

Em muitas escolas, alguns “bem iluminados” esforçam-se, frequentemente, por “inventar” e fazer aplicar as suas “criações” e as suas “descobertas”, certamente fruto da sua imensurável criatividade, imaginação, engenho, brilhantismo e competência…

Surgem, assim, os “peritos inventores de trapalhadas”, gente que manifesta, quase sempre, um verdadeiro prazer em complicar…

E mesmo quando tudo parece já ter sido inventado, eis que surge quase sempre mais alguém com uma enorme capacidade “inovadora”, munido de mais um “guião de procedimentos” que, em última análise, servirá apenas para complicar o que, à partida, poderia e deveria ser simples, eficaz e despretensioso…

O problema principal reside, muitas vezes, na aplicação prática e na eficácia de tais “criações” e “invenções”, sobretudo aquelas que acabam por não beneficiar efectivamente ninguém…

Que eficácia poderá ser reconhecida a uma medida ou a um procedimento se os seus resultados não se traduzirem em vantagens/benefícios para alguém ou para um grupo de pessoas? E se, em vez disso, criarem ainda mais dificuldades, constrangimentos e obstáculos?

Dentro de cada escola, quanto de cada um é “consumido” em tarefas, procedimentos ou medidas de eficácia muito duvidosa?

Quanto tempo e que disponibilidade mental e física resta aos professores para se dedicarem ao essencial e prioritário que, e até prova em contrário, deveria ser o trabalho directo com os alunos?

Que contributo decorre desses procedimentos, quase sempre burocráticos, para a melhoria do trabalho pedagógico a desenvolver com os discentes?

A contradição parece evidente: as exigências burocráticas que sistematicamente são feitas aos professores escamoteiam a importância do seu trabalho directo com os alunos, ignorando, muitas vezes, que a função de Ensinar exige esforço, atenção e dedicação, mas que isso não é inesgotável…

Resolver essa contradição implica conseguir falar alto e nos locais próprios, como em reuniões de Grupo de Recrutamento, de Departamento ou de Conselho Pedagógico.

Também implica que os representantes dos professores (Coordenadores de Grupo ou de Departamento, Coordenadores de Directores de Turma, Coordenadores de Ciclo, entre outros) nos vários órgãos da escola consigam ser efectivos porta-vozes dos seus pares e não meros “ornamentos florais”…

O que resta depois de tudo isso? Resta pouco. Mas restam, quase sempre, os chamados “floreados” ou “fogos de artifício” e o “show-off”, que muitos, intencionalmente, confundem com estratégias muito inovadoras, também elas, por certo, e para alguns, sinónimo de muito dinamismo e iniciativa ou, se se preferir, muita proactividade, numa terminologia muito moderna e actual…

Quando, à partida, as exigências formuladas são impossíveis de serem cumpridas, pelo seu carácter desprovido de realismo, honestidade, pragmatismo e sensatez, o resultado mais óbvio é, inevitavelmente, a frustração, o desânimo e a insatisfação…

E tudo isto “mói” muito, cansa muito e vai-se tornando numa espécie de doença em estado crónico, que deveras incomoda pelos sintomas permanentes e persistentes que provoca… Enquanto perdurar o “ilusionismo”, não haverá condições para aliviar esse mal-estar…

Quantas vezes já se ouviu a afirmação de que a Classe Docente não costuma necessitar do Ministério da Educação para complicar a sua vida porque, para isso, e no geral, basta ela própria?

Quem desliga os “complicómetros” existentes em tantas escolas, onde o principal lema parece ser: complicar é preciso, viver não é preciso?

(Matilde)

 

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Proposta de Calendário Escolar 222/23

 

 

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Ninguém emigra porque quer (professores incluídos)

Podia já aqui estar, longe de tudo e de todos, há 40 anos, mas não estou, estou há 14.
Infelizmente, entre 14 e 40 não há diferença alguma quando a percepção de quem fica para trás é uma e sempre a mesma: emigrar é um capricho, uma aventura, uma criancice, uma brincadeira, teimosia, para não dizer birra.
Porque só assim se explica o porquê de deixar tudo para trás quando, e já toda a gente sabe, em Portugal bastam meia dúzia de anos para entrar para o quadro de uma escola seguido de uma carreira célere e bem remunerada a toda a brida até ao topo.
Sarcasmos à parte, concentremo-nos nos factos:
1) findo o estágio profissionalizante, fui colocado durante o ano lectivo de 2001/2002 em Tomar;
2) findo o ano em Tomar, não mais fui colocado;
3) antevendo o futuro de precariedade e desemprego ainda bem presente entre os professores da minha idade e que tantas notícias faz nos telejornais, inscrevi-me em enfermagem e em Setembro de 2003 voltei à universidade;
4) sim, enfermagem era o plano B para não ter de emigrar. Infelizmente, no 3° ano do curso chumbei num ensino clínico, pediatra, imagine-se, e como quem chumba uma só cadeira de ensino clínico tem de repetir o ano por inteiro, rapidamente fiz contas à vida e desisti do curso por falta de fundo de maneio;
5) a 5 de Setembro de 2007, depois de um ano e meio entre call-centres e centros de explicações, deixei a minha irmã e a Ana lavadas em lágrimas nos braços uma da outra no meio do aeroporto de Lisboa e rumei a terras de Sua Majestade.
A minha irmã e a Ana? Ainda lá estão, a 5 de Setembro de 2007 e sempre que lá volto e por mais que faça o fim é o mesmo e a promessa de nunca mais voltar quando o bilhete é só de ida e ninguém sabe o que nos espera do lado de lá.
Se pedimos ajuda a outros professores? Pedimos, e a resposta, peremptória, ainda hoje na ponta da língua: “Eu já sou do quadro” enquanto desvia o olhar com ar de enfado. E sim, se nos portássemos bem nas AECs, talvez nos deixassem ir à festa de Natal da escola.
Diante de tamanha solidariedade, empatia e união de classe, o que esperar de um futuro onde estamos sempre de passagem por uma escola e tantas vezes nem isso?
Já aqui o disse, em 2007 o país tinha um total de 30000 professores desempregados, os mesmos agora em falta. Para onde foram, não sei, mas que tiveram uma birra lá isso tiveram quando não há nada como passar a vida à espera de algumas migalhas conquanto se vote no sítio certo, como também me disseram, aliás.
Logo por azar, ou teimosia, lá está, quiçá princípios ideológicos tão em falta hoje em dia quando o que não falta é demagogia, insisti, e insisto, em votar sempre no sítio errado.
E se com o Brexit não posso deixar de apontar o dedo a um mundo em mudança e no qual se legitimam atitudes e acções supostamente erradicadas, a verdade para a qual a educação, e a administração pública em geral em Portugal, ainda não está preparada, fruto de décadas de compadrio e nepotismo é esta: em 2007, como professor em Inglaterra, auferia mensalmente 2000 libras. Nada mau, para começar. E em três anos subi de professor de substituição a director de uma escola.
E sim, entrei para o quadro.
E a enfermagem? Se em 2005 o mundo perdeu um péssimo enfermeiro, ao mesmo tempo perdeu um excelente médico, de investigação provavelmente. Futurismos, e modéstia, à parte, o saber não ocupa lugar e acabei a coordenar o ensino de alunos enfermos de um município inteiro de Londres.
Portanto, e enumerando, uma remuneração justa, nunca inferior a 2000 euros de base, estabilidade, carreira e mérito são os quatro princípios que há 14 anos (podiam ser 40 mas vão ser mais, muito mais) difundo e defendo por terras lusas.
Infelizmente, há ainda quem pense ser o contrário. Ou quem não queira saber. Porque as realidades de cada país, por mais individuais, podem assentar nos mesmos pilares, e em Portugal dar tiros no pé da educação é o desporto de sucessivos governos culminando numa classe docente desunida e à deriva.
Com o acréscimo de já nem podermos emigrar depois da saída do Reino Unido da União Europeia. Mentira, podemos, mas com o inglês ainda como língua franca, as alternativas estão por demais restringidas.

 

João André Costa

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Candidatura ao 𝗰𝗼𝗻𝗰𝘂𝗿𝘀𝗼 𝗱𝗲 𝗮𝗳𝗲𝘁𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 – RAM

 

Informa-se que decorre, 𝗲𝗻𝘁𝗿𝗲 𝗼𝘀 𝗱𝗶𝗮𝘀 𝟮𝟳 𝗲 𝟯𝟬 𝗱𝗲 𝗷𝘂𝗻𝗵𝗼, o prazo de candidatura ao 𝗰𝗼𝗻𝗰𝘂𝗿𝘀𝗼 𝗱𝗲 𝗮𝗳𝗲𝘁𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼.
O concurso de afetação visa a colocação dos docentes dos quadros de zona pedagógica numa determinada escola e é obrigatório.
Candidaturas através da aplicação AGIR, disponível em https://agir.madeira.gov.pt/.
Mais informações na página dos concursos de pessoal docente de 2022/2023, disponível aqui: https://www.madeira.gov.pt/…/UnidadeOrg…/26/CatalogoId/0

 

 

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Mobilidade de docentes por motivo de doença 2022/2023 – Formalização do pedido

Aplicação eletrónica disponível entre o dia 27 de junho e as 18:00 horas de 30 de junho de 2022 (hora de Portugal continental).

Nota Informativa – Pedido de Mobilidade de Docentes por Motivo de Doença

SIGRHE – Pedido de Mobilidade de Docentes por Motivo de Doença

 

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Publicada a Lei do Orçamento do Estado para 2022

 

Foi, hoje, publicado no Diário da República a Lei do Orçamento do Estado para 2022, aprovado na Assembleia da República.

Lei n.º 12/2022

 

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Corrida às reformas está a começar

Entre janeiro e junho deste ano passaram à aposentação 1066 professores e educadores de infância. Em julho reformam-se 158 docentes, elevando para 1224 o total desde o início, segundo as listagens da Caixa Geral de Aposentações. A média mensal de aposentados cifra-se em 175, e é a mais elevada desde 2013, ano em que se bateu o recorde de reformados na classe docente: 4628.

Mais professores na corrida às reformas

 

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Em 10 anos salários dos professores subiram 0,7% (uma verdadeira fortuna)

Clínicos e cientistas foram os únicos profissionais com redução salarial.

A evolução do ganho médio mensal das profissões do setor público é muito díspar ao longo dos últimos dez anos. Os magistrados e os representantes do poder legislativo foram os que mais viram o ganho aumentar. Já os investigadores e os médicos foram os que mais perderam.

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Ano letivo com início entre 13 e 16 de setembro

 

As aulas vão começar entre 13 e 16 de setembro e o regresso após o Natal e Ano Novo acontecerá a 3 de janeiro. Já a Páscoa volta a ter duas semanas de férias. Regressam os três dias de descanso no Carnaval. E as datas do final do ano letivo mantêm-se como este ano.

O final do ano letivo permanecer nas datas que teve, no caso da EPE e 1.º Ciclo ainda a decorrer, faz com que os dias letivos aumentem, na prática, para estes dois ciclos de educação/ensino em relação ao período pré-pandémico. Que ganhos terão os alunos?

Já nem vou falar da disparidade de horas letivas que estes docentes vão acumular a mais em relação os de outros ciclos, já que semanalmente, durante o ano letivo,  acumulam, pelo menos, 180 minutos.

 

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E lá decorreu o 1° exame da época Português do 12° ano…

 

“E lá decorreu o 1° exame da época Português do 12° ano… e eu levo à consideração dos amigos este texto que peço a paciência de lerem até o fim!… Vale a pena!
Teolinda Gersão escreveu:
Tempo de exames no secundário, os meus netos pedem-me ajuda para estudar português. Divertimo-nos imenso, confesso. E eu acabei por escrever a redacção que eles gostariam de escrever. As palavras são minhas, mas as ideias são todas deles.
Aqui ficam, e espero que vocês também se divirtam. E depois de rirmos espero que nós, adultos, façamos alguma coisa para libertar as crianças disto.
Redacção – Declaração de Amor à Língua Portuguesa
Vou chumbar a Língua Portuguesa, quase toda a turma vai chumbar, mas a gente está tão farta que já nem se importa. As aulas de português são um massacre. A professora? Coitada, até é simpática, o que a mandam ensinar é que não se aguenta. Por exemplo, isto: No ano passado, quando se dizia “ele está em casa”, ”em casa” era o complemento circunstancial de lugar. Agora é o predicativo do sujeito. ”O Quim está na retrete” : “na retrete” é o predicativo do sujeito, tal e qual como se disséssemos “ela é bonita”. Bonita é uma característica dela, mas “na retrete” é característica dele? Meu Deus, a setôra também acha que não, mas passou a predicativo do sujeito, e agora o Quim que se dane, com a retrete colada ao rabo.
No ano passado havia complementos circunstanciais de tempo, modo, lugar etc., conforme se precisava. Mas agora desapareceram e só há o desgraçado de um “complemento oblíquo”. Julgávamos que era o simplex a funcionar: Pronto, é tudo “complemento oblíquo”, já está. Simples, não é? Mas qual, não há simplex nenhum, o que há é um complicómetro a complicar tudo de uma ponta a outra: há por exemplo verbos transitivos directos e indirectos, ou directos e indirectos ao mesmo tempo, há verbos de estado e verbos de evento, e os verbos de evento podem ser instantâneos ou prolongados, almoçar por exemplo é um verbo de evento prolongado (um bom almoço deve ter aperitivos, vários pratos e muitas sobremesas). E há verbos epistémicos, perceptivos, psicológicos e outros, há o tema e o rema, e deve haver coerência e relevância do tema com o rema; há o determinante e o modificador, o determinante possessivo pode ocorrer no modificador apositivo e as locuções coordenativas podem ocorrer em locuções contínuas correlativas. Estão a ver? E isto é só o princípio. Se eu disser: Algumas árvores secaram, ”algumas” é um quantificativo existencial, e a progressão temática de um texto pode ocorrer pela conversão do rema em tema do enunciado seguinte e assim sucessivamente.
No ano passado se disséssemos “O Zé não foi ao Porto”, era uma frase declarativa negativa. Agora a predicação apresenta um elemento de polaridade, e o enunciado é de polaridade negativa.
No ano passado, se disséssemos “A rapariga entrou em casa. Abriu a janela”, o sujeito de “abriu a janela” era ela, subentendido. Agora o sujeito é nulo. Porquê, se sabemos que continua a ser ela? Que aconteceu à pobre da rapariga? Evaporou-se no espaço?
A professora também anda aflita. Pelo vistos no ano passado ensinou coisas erradas, mas não foi culpa dela se agora mudaram tudo, embora a autora da gramática deste ano seja a mesma que fez a gramática do ano passado. Mas quem faz as gramáticas pode dizer ou desdizer o que quiser, quem chumba nos exames somos nós. É uma chatice. Ainda só estou no sétimo ano, sou bom aluno em tudo excepto em português, que odeio, vou ser cientista e astronauta, e tenho de gramar até ao 12º estas coisas que me recuso a aprender, porque as acho demasiado parvas. Por exemplo, o que acham de adjectivalização deverbal e deadjectival, pronomes com valor anafórico, catafórico ou deítico, classes e subclasses do modificador, signo linguístico, hiperonímia, hiponímia, holonímia, meronímia, modalidade epistémica, apreciativa e deôntica, discurso e interdiscurso, texto, cotexto, intertexto, hipotexto, metatatexto, prototexto, macroestruturas e microestruturas textuais, implicação e implicaturas conversacionais? Pois vou ter de decorar um dicionário inteirinho de palavrões assim. Palavrões por palavrões, eu sei dos bons, dos que ajudam a cuspir a raiva. Mas estes palavrões só são para esquecer. Luísa Fortes da Cunhão um trabalhão e depois não servem para nada, é sempre a mesma tralha, para não dizer outra palavra (a começar por t, com 6 letras e a acabar em “ampa”, isso mesmo, claro.)
Mas eu estou farto. Farto até de dar erros, porque me põem na frente frases cheias deles, excepto uma, para eu escolher a que está certa. Mesmo sem querer, às vezes memorizo com os olhos o que está errado, por exemplo: haviam duas flores no jardim. Ou : a gente vamos à rua. Puseram-me erros desses na frente tantas vezes que já quase me parecem certos. Deve ser por isso que os ministros também os dizem na televisão. E também já não suporto respostas de cruzinhas, parece o totoloto. Embora às vezes até se acerte ao calhas. Livros não se lê nenhum, só nos dão notícias de jornais e reportagens, ou pedaços de novelas. Estou careca de saber o que é o lead, parem de nos chatear. Nascemos curiosos e inteligentes, mas conseguem pôr-nos a detestar ler, detestar livros, detestar tudo. As redacções também são sempre sobre temas chatos, com um certo formato e um número certo de palavras. Só agora é que estou a escrever o que me apetece, porque já sei que de qualquer maneira vou ter zero.
E pronto, que se lixe, acabei a redacção – agora parece que se escreve redação.O meu pai diz que é um disparate, e que o Brasil não tem culpa nenhuma, não nos quer impôr a sua norma nem tem sentimentos de superioridade em relação a nós, só porque é grande e nós somos pequenos. A culpa é toda nossa, diz o meu pai, somos muito burros e julgamos que se escrevermos ação e redação nos tornamos logo do tamanho do Brasil, como se nos puséssemos em cima de sapatos altos. Mas, como os sapatos não são nossos nem nos servem, andamos por aí aos trambolhões, a entortar os pés e a manquejar. E é bem feita, para não sermos burros.
E agora é mesmo o fim. Vou deitar a gramática na retrete, e quando a setôra me perguntar: Ó João, onde está a tua gramática? Respondo: Está nula e subentendida na retrete, setôra, enfiei-a no predicativo do sujeito.
João Abelhudo, 8º ano, turma C (c de c…r…o, setôra, sem ofensa para si, que até é simpática. “
Escaparam as orações subordinadas …”
Retirado do Facebook

 

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Novo calendário escolar para dois anos letivos

O Governo está a trabalhar num calendário de aulas do pré-escolar ao secundário para os próximos dois anos, ao contrário do que acontecia habitualmente em que só eram divulgadas as datas para o ano letivo prestes a começar. Para o ano letivo 2022/2023, alunos e professores regressam ao formato anterior à pandemia: as aulas arrancam no máximo a 16 de setembro, o Carnaval volta a ter três dias de interrupção, o regresso após o Natal é na primeira semana de janeiro e na Páscoa há duas semanas de paragem.

O projeto de despacho do Ministério da Educação para os anos escolares de 2022/2023 e de 2023/2024 ainda está em discussão com as estruturas sindicais e outras ligadas ao setor da Educação, mas deverá sofrer poucas ou nenhuma alteração até à versão final.

O calendário a que o JN teve acesso é um regresso ao modelo que vigorava antes da pandemia. Recorde-se que no ano letivo que agora está a terminar – como forma de contenção da pandemia – as férias foram prolongadas pela primeira semana de janeiro, o que serviu para vacinar as crianças. Esta semana adicional de paragem foi compensada pela subtração de uma semana de férias na Páscoa, que acabou por ter só cinco dias úteis de interrupção.

Governo lança calendário escolar para dois anos

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“Por favor, ajudem-me” – Carlos Santos

“Por favor, ajudem-me”, este é o grito mudo de socorro de muitas crianças que diariamente se sentam nas nossas salas de aula, nos gabinetes de psicologia e pedopsiquiatria, nos bancos dos tribunais, ou num qualquer banco, mesmo ali ao nosso lado.
Enquanto sociedade irresponsável temos deixado as crianças invisíveis desprotegidas à mercê de monstros. O caso desta menina, a Jéssica, alegadamente raptada, submetida a torturas constantes e assassinada, é só mais um de muitos que vão surgindo por todo o país e que são negligenciados. Crianças deixadas à sua sorte, porque quem deveria fazer alguma coisa, não o faz… porque não há interesse político em as salvar, porque elas não votam, não contam.
Monstros que cometem atrocidades e continuam sempre à solta, porque a justiça quase nunca faz o que lhe compete.
É desalentador saber que nós, enquanto sociedade, nada fizemos para evitar que isto acontecesse.
No fundo, estas crianças, logo à nascença começam a pagar uma pena pela culpa que lhes atribuem por terem vindo ao mundo. A culpa é dos pais que têm os filhos conta a vontade, filhos que aparecem por acidente depois de andarem enrolados uns com os outros e que depressa se tornam num estorvo, numa carga de trabalhos e são obrigadas a cumprir uma pena de maus-tratos só por terem nascido. Teria, alegadamente, sido o caso desta menina que, apenas com um mês de vida, já estava sinalizada.
Mais do que negligência parental, este foi mais um caso grosseiro de negligência social, negligência institucional e humanitária, que permitiram que alegados criminosos espancassem durante seis dias uma criança inocente até à morte e uma mãe não lhe prestasse auxílio prolongando aquele terrível sofrimento.
Contudo, o falhanço foi de todas as instituições que permitiram que este crime monstruoso acontecesse.
O que fez uma ineficaz CPCJ para deixar esta situação arrastar-se até este triste desfecho?
Onde esteve a segurança social que, supostamente, deveria acompanhar de perto famílias como esta?
Para que serve o Ministério Público que quase só se entretém com casos de crime de colarinho branco e esquece tantos outros de maus-tratos infantis e violência doméstica?
E o tribunal de menores para que serve, se é lento e inoperante como no caso dos abusadores e violadores de crianças que saem quase sempre em liberdade?
O que fez a comunidade que não acionou uma simples queixa telefónica ao Instituto de Apoio à Criança?
Onde tem estado toda esta gente – agora tão indignada – que tem assistido ao repetir de tantos casos como este permitindo que continuem a acontecer?
Tantos cúmplices por inoperância e tantos coniventes por deixar que o crime se faça.
Esta é a sociedade falsa com imensos pais que, em vez de educar, conversar e dar atenção aos seus filhos, demitem-se das suas responsabilidades parentais preferindo delegar essa responsabilidade na escola. Um povo que, de tão ocupado que está em cobiçar e avaliar criticamente o desempenho, o vencimento e férias dos professores, não vê nem quer ver o trabalho invisível que estes empreendem, fundamental na vida de imensas crianças e jovens. Esta tal população, que se acha impoluta e no direito de estar constantemente a julgar os docentes, é a responsável por maus-tratos físicos e psicológicos aos seus filhos que, diariamente, as escolas sinalizam e tentam resolver.
O que não faltam são casos em que os professores têm de socorrer de alunos vindos de famílias (de todos os estratos sociais) desestruturadas, com crianças abandonadas dentro das suas próprias casas. Crianças órfãs de pais vivos, abandonadas no seio das suas próprias famílias por pura negligência. Crianças sem acompanhamento é um dos fenómenos cada vez mais comuns nas famílias atuais, perdidas dentro de casa, entregues aos ecrãs de um televisor, um jogo de computador ou à internet do seu telemóvel – isso também é abandono, isso também é negligência parental, isso também são maus-tratos. Pais que, se tivessem de prestar contas a um patrão, seriam imediatamente despedidos por incompetência e irresponsabilidade. Pais que passam mais tempo com frivolidades satisfazendo o vício dos jogos de computador, nas redes socais, a ver em direto reality shows, resmas de novelas ou bola e o compêndio de debates sobre a mesma, do que com os filhos com tempo de qualidade, a acompanhá-los e a dialogar com eles.
Na verdade, muitos deles nunca foram pais, ficaram-se apenas por meros progenitores. Pobres das crianças que têm a infelicidade de nascer no seio destas famílias. Uma negligência que não conhece estatuto social ou económico, raça nem cor. Há muitos animais na natureza que são muito melhores do que os humanos, sacrificando-se pelas crias, arriscando a vida por elas estando sempre por perto para as proteger.
Quantos dos nossos alunos não estão em grande sofrimento psicológico sem que os pais se deem conta disso?
Quantas vezes não são vítimas de violência psicológica dentro do próprio lar?
Quantos não são vítimas indiretas da violência doméstica entre os pais?
Quantos não são armas de arremesso em tantos processos de divórcio, de vingança e de custódia?
Quantos não são vítimas de violência física ou sexual?
Creio que, mais do que a fome do conhecimento, é nas escolas que as crianças vão matar a fome de solidão e «lamber» as suas feridas. Crianças para quem a escola representa o seu último refúgio e o professor, a única pessoa a quem podem recorrer e em quem confiar. Os docentes fazem um trabalho social importantíssimo, colmatando as imensas falhas de uma sociedade malformada e irresponsável, o qual não é publicamente reconhecido. Por isso, o desconsolo dos professores que sentem que deveriam ser mais protegidos, mais apoiados moralmente e com mais recursos para ajudar mais estas crianças e verem reconhecido todo este trabalho pelos pais e pelo ministério da educação, primeiros-ministros e presidentes da república que nunca tiveram uma verdadeira palavra de apreço pelo trabalho relevante que fazem. Têm sempre tempo para elogiar desportistas e nunca o têm para uma palavra de consideração pelo trabalho dos professores… a não ser para os desclassificar e criticar.
Este é o país onde se anda a pagar a peso de ouro juízes que pouco ou nada fazem. Um país onde a justiça é injusta visto a maioria das acusações não darem em nada. Faça-se o que se fizer, quase sempre se sai ilibado ou com pena suspensa. O poder político assim o induz para que as prisões não fiquem demasiado cheias nem deem despesa.
Tanta violência doméstica com filhos e mulher a fugirem só com a roupa do corpo, enquanto o agressor fica em casa, uma vez que, quando a vítima apresenta queixa, é enviada de volta para casa para junto do agressor. Depois, naturalmente, aparecem os números de mulheres maltratadas e assassinadas que representam uma vergonha nacional num país em que se anda com grande orgulho por causa de alguém que vive do pontapé na bola ou a treinar jogadores, mas se esconde para debaixo do tapete a imensa violência familiar que vitimiza os mais fracos.
Se fossem crimes financeiros, já se mexiam, mas como é de violência sobre crianças ou mulheres, ignora-se.
Tal como acontece em muitos outros casos, a autópsia revelou que esta criança morreu vítima de tortura depois de grande e prolongado sofrimento diante dos olhos de uma comunidade que sabia e virou a cara para o lado. Foi ignorada e só se lembram dela depois de morta para aumentar audiências televisivas e vender jornais, alimentar salários de comentadores e dar proveito aos inúteis dos partidos. Usada em vida e usada depois de morta, nada mais. Um povo parasita, mercantilista e farsante que não merece as nossas crianças.
Tantos lamentos, tanta gente a tentar se ilibar das suas responsabilidades, mas, o que é indisfarçável, é que a criança morreu sem auxílio e, como sempre, tudo ficará na mesma na terra da indiferença. Morreu sozinha, abandonada e desprotegida como estão tantas outras crianças neste momento sem que ninguém as vá salvar.
Não me restavam dúvidas de que existem tantas leis, tantos institutos e instituições, tantos organismos, tanta gente, tanta burocracia, tanto dinheiro, tantos «tachos», mas tanta falta de interesse e de capacidade para salvar as nossas crianças.
400 euros foi o preço da vida desta criança de entre tantas outras que aos nossos olhos não valem nada.
Tenho a sensação de que, mesmo com estas descomunais nuvens negras que pairam no céu a caírem sobre as nossas cabeças, esta sociedade hipócrita continuará indiferente a dormir descansada debaixo do seu céu perpetuamente azul.
Esta foi mais uma de muitas crianças que se sentaram ao nosso lado a pedir socorro… e que nós não ouvimos nem fizemos nada.
Carlos Santos

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Eliminação da cotas para progressão aos 5.º e 7.º escalões novamente rejeitada

 

O PS e a IL votaram contra as três propostas a votação.

Continuamos na LUTA…

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A escola e a viola – José Afonso Baptista

 

A minha tia Narcisa apaixonou-se pela sua escola onde foi colocada na sua juventude, e onde permaneceu até ao limite de idade. O mais estranho é que era uma escola numa aldeia periférica de Vila Velha de Ródão, a dois quilómetros da sua residência, que ela fazia a pé, ir e vir, todos os dias. Adorava fazer aquele caminho pela encosta da serra, entre o arvoredo verde, com vistas deslumbrantes, e sentia que era esta caminhada de ar puro que lhe dava força, vida e resistência. Com a idade, poderia ter ocupado a vaga na escola central da Vila, a escassos metros de casa, mas era ali, na pequena aldeia, que estavam os seus amores, as suas crianças, a população que a adorava, pela dedicação com que se entregava aos filhos dos outros, preenchendo o vazio dos filhos que não teve. Revivi com a minha tia o que era uma boa escola primária.
A tia Narcisa era casada com o meu tio Chico, chefe da estação de caminhos de ferro de Vila Velha, o irmão mais velho de meu pai. Moravam numa bela residência sobranceira à estação e tinham uma vida confortável no plano financeiro. Dois vencimentos, sem filhos, tinham um bom nível de vida. Mas vim ao mundo para lhes dar sorte: no ano em que nasci, saiu-lhes a taluda de natal. E aprendi aqui a diferença entre pai e tio.
De vez em quando visitava os meus tios, casa grande, o quarto onde dormia já era o meu quarto, com belas vistas sobre o rio Tejo. Um dia, já próximo do fim da licenciatura, a minha tia desafiou-me a passar o dia na sua escola com as suas criancinhas. Hesitei, receei, mas acabei por aceitar. Surpresa! A escola da minha tia, em termos de organização e funcionamento, era o retrato fiel da minha escola numa aldeia distante, no tempo e no espaço.
Se eu tivesse de indicar a escola mais eficaz entre as muitas que frequentei, apontaria sem hesitar a minha escola primária, agora replicada na escola da minha tia, porventura com algumas melhorias. Eficácia significa elevado nível de competências dos alunos, excelentes resultados escolares.
Uma turma, uma professora, quatro classes, a rondar ou mesmo ultrapassar os 50 alunos. Quais os segredos do sucesso? Essencialmente três:
1. O fim da lição, impossível com 4 classes de níveis diferentes;
2. O trabalho centrado nos alunos, individualmente, por pares e em grupos;
3. A disponibilidade do professor para acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos e para acorrer às dúvidas e dificuldades emergentes.
Em síntese: a centração no aluno, permitia ao professor ficar disponível para acudir às necessidades individuais.
No dia que acompanhei a minha tia Narcisa na sua escola, julguei que ia apanhar uma seca, mas não, ela era uma mulher prática, simplificou tudo: cumprimentou, apresentou-me e passou-me a palavra para cumprimentar. Tudo rápido, que o tempo é curto. Deu início aos trabalhos, os programas de atividades estavam definidos em quatro colunas no quadro, uma para cada classe, todos leram, não havia dúvidas. Deu um tempo para que as crianças se concentrassem nas tarefas, propôs-se acompanhar a 3ª e 4ª classes e pediu-me para acompanhar as duas primeiras.

A tia Narcisa tinha um modo muito interessante de combinar o trabalho individual e o trabalho por pares e por grupos. Naquele dia, para a 4ª classe, tinha previsto uma atividade de escrita de manhã e várias operações de matemática para a tarde. Como atividade de escrita individual, o tema era: “Planifica o teu fim de semana. Pensa no que tens de fazer, no que gostarias de fazer, no que não gostavas de fazer e no que podes fazer. Define o teu programa e justifica as tuas escolhas”. Neste ponto, pretendia abrir espaço à imaginação e ao sonho, em confronto com a realidade, entre o gostar e o poder. Concluída esta atividade, pretendia desencadear a negociação e a conciliação: “Em grupos de 4, cada um apresenta o seu programa, conversam, discutem, a seguir selecionam as atividades de consenso e definem um programa comum”. O programa comum foi aceite e escrito por todos. Se puderem levá-lo à prática, tanto melhor.
Achei esta atividade o máximo. É uma atividade de escrita, mas é sobretudo um desafio à imaginação, à criatividade e à iniciativa; um desafio ao saber estar e saber conviver com os outros; um desafio à cooperação e ao trabalho em equipa. Se a escola não for isto e for apenas uma luta de galos, não é uma boa escola.
O meu diálogo com as crianças das primeiras classes foi tudo menos o que eu esperava. Julguei que ia apoiar na leitura, na escrita e por aí adiante, mas não, não me conheciam e faziam questão de saber quem eu era, as perguntas tinham a ver com a minha pessoa e a minha vida: se eu era filho da senhora professora, ainda se usava a palavra senhora, se eu também era professor, se era casado, se tinha filhos, porque é que ainda era estudante sendo tão “velho”, o que é uma universidade, o que é que se aprende na universidade, se eu era rico… Eu estava desapontado porque afinal não tinha ido ao encontro das aprendizagens programadas. A minha tia, professora de verdade, tranquilizou-me: foi ótimo, puderam falar livremente, satisfazer a sua curiosidade, aprender coisas novas para os guiar no futuro e fugir às rotinas, que os liberta e às vezes é bom quebrar. Adorei acompanhar a minha tia.
O meu tio tinha duas violas, fez questão de me mostrar o seu talento. Achei que só podia tocar uma de cada vez e tive o descaramento de lhe pedir a outra. Foi peremptório, não e não, são recordações que guardo comigo. Nem a taluda de natal chegou para me comprar uma nova. Percebi aí qual é a diferença entre um pai e tio.

José Afonso Baptista

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O verão do nosso descontentamento

 

Fazia falta parar um pouco para tratar do relatório de avaliação docente.

O verão do nosso descontentamento

 

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Já não tenho paciência

 

Um diz-me para não ficar doente em agosto (como se alguém ficasse doente de propósito) e não comer bacalhau à brás…

O outro vem afirmar que o povo (arraia miúda) vai fazer um esforço para não ficar doente este verão (como se não o fizesse noutras estações do ano ou pudesse controlar a “coisa”)

Estou eu, para aqui isolado, a ler barbaridades.

Mas parece que ninguém se queixou do preço (22€ a dose) da sardinha no S. João… que ninguém se engasgue com as espinhas que o verão já começou…

 

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