Quem “pensou” nestas alterações (o verbo pensar é claramente abusivo) faz alguma ideia de como funciona a colocação de professores?
AGRAVA o PROBLEMA DA FALTA DE PROFESSORES:
Os professores contratados que concorriam para longe de casa para conseguirem os 3 contratos ou 2 renovações, agora não precisam de o fazer. Concorrem para perto de casa e, se no final do 1º período não obtiverem colocação concorrem para contratação de escola e ainda terão direito a ver o contrato renovado;
Alguém concorrerá para horários temporários sabendo que é mais compensador ficar colocado muito mais tarde, num horário anual? Dificilmente! Veremos os horários temporários com (ainda) menos candidatos!
GRADUAÇÃO PROFISSIONAL:
A prova do desnorte é simples… então a graduação profissional é valorizada na Mobilidade por Doença (onde não faz sentido) e é ignorada na Contratação? Sim, porque (a manter-se esta idiotice) professores colocados em setembro, com 46 de graduação e outros colocados em janeiro, com 15 de graduação terão a mesma possibilidade de renovação…
Venha a confusão… e estou convencido de que quem “pensou” esta confusão o fez de propósito, como já referi aqui. Não resolve problema nenhum, mas arranja maneira de atirar o recrutamento docente para as câmaras municipais!
Se renovarem horários anuais incompletos e se a capacidade de acolhimento das escolas permite que haja lugar em MPD desde que exista o mínimo de 6 horas letivas, então quer dizer que na Mobilidade Interna também será possível colocar um docente desde que exista o mínimo de 8 horas letivas na escola? Ou a Mobilidade Interna vai ter as mesmas regras deste ano e a colocação será apenas em horário completo?
Porque vejo aqui um enorme prejuízo de quem irá concorrer na Mobilidade Interna, se for a última das opções, porque os horários vão ser quase todos ocupados pelos contratados e por docentes em Mobilidade por Doença em horários incompletos não se permitindo fazer uma gestão para haver horários completos nas necessidades residuais.
Estamos a falar do centro de Viseu e não da localização exata dos AE/ENA, porque no caso dos da periferia o RAIO estende-se um bocadinho para o lado dependendo da localização…
Fica a ideia… se clicarem em cima da imagem poderão traçar o raio exato a partir da localização de qualquer ponto do país.
Mobilidade por doença permite que professores com patologias graves possam ser colocados em escolas perto de sua casa. Revisão deste regime está a ser negociado com os sindicatos. Professores com mais tempo de serviço terão prioridade na colocação.
O Ministério da Educação (ME) quer que a aceitação da mobilidade por doença (MPD) dos professores esteja condicionada à sua graduação profissional, que no essencial é determinada pelo tempo de serviço. Este é um dos pontos da proposta de revisão da MPD apresentada às estruturas sindicais nesta segunda-feira, adiantou ao PÚBLICO a vice-presidente do Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE), Rosa Maria.
As negociações com os 12 sindicatos de professores estão a ser lideradas pelo Secretário de Estado da Educação, António Leite, e vão prosseguir na próxima quarta-feira, dia 12. O ME já tinha feito saber que pretende rever o regime da mobilidade por doença, que tem gerado críticas e suspeitas por alegados abusos na utilização deste instrumento de colocação.
A mobilidade por doença permite que os professores fiquem colocados junto da sua casa ou do local de tratamento, quando têm patologias graves ou familiares próximos nesta situação. Actualmente são cerca de 10 mil os professores abrangidos, a maior parte deles do Norte do país.
Condicionar a MPD à graduação profissional pode significar na prática que um professor que esteja doente veja o seu pedido indeferido a favor de outro docente que a requereu para cuidar de um familiar, explicita Rosa Marta. “Não faz qualquer sentido. Na mobilidade por doença não é a graduação profissional que está em causa”, comenta esta dirigente sindical.
A proposta do ME aponta também para que este instrumento só possa ser utilizado quando o docente se encontra colocado a mais de 50 quilómetros, em linha recta, da sua residência. Esta alteração também é contestada pelo SIPE: “Pode significar fazer bem mais do que 100 quilómetros ida e volta, o que para alguém gravemente doente se torna incomportável.”
Outra mudança que o ME pretende introduzir tem a ver com a obrigação de os professores colocados ao abrigo deste regime darem pelo menos seis horas de aulas por semana. Actualmente um docente nesta situação só tem de dar aulas no caso de a mudança para outra escola ter sido determinada por doença de um familiar “ou sempre que a situação da sua própria doença o permita”. A não ser assim é-lhe atribuída outras tarefas nas escolas.
Se esta alteração for por diante, vai “ser mau para os professores e para os alunos”, afirma a dirigente do SIPE. Isto porque os docentes em causa ficam frequentemente incapacitados e terão por isso de faltar às aulas que lhes estão atribuídas.
Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2022/05/ministerio-propoe-que-tempo-de-servico-condicione-mobilidade-por-doenca-dos-professores/
Neste pequeno vídeo do STOP ficamos a saber que apenas quem tem pelo menos 180 dias de contrato (com avaliação mínima de Bom) poderá renovar, desde que tenha sido colocado em horário anual (completo ou incompleto).
… é que todas as mobilidades por doença vão ser consideradas na distribuição de serviço nas necessidades residuais, ou seja, nos horários que deveriam ir para a mobilidade interna e para a contratação inicial.
O Raio de 50 Km (em linha reta) passa a ser uma das condições para o pedido da Mobilidade por Doença.
Se o docente estiver numa escola não pode mudar se a residência ou entidade prestadora de cuidados médicos se situar até 50 Km da escola sede. E só pode candidatar-se se a residência ou entidade prestadora de cuidados médicos estiver a mais de 50 Km, também da escola sede.
… até porque nas últimas duas ou três reservas ficaram colocados em horário anual e completo alguns candidatos que são os últimos da sua lista de ordenação.
A pergunta no exame de Matemática pedia aos alunos para calcular o número de pessoas sentadas num teatro entre a plateia e o balcão, até porque perguntar não custa e todos os alunos a exame já foram ao teatro pelo menos uma vez na vida.
Noutro exame, desta vez de Alemão, os professores classificadores expressaram a sua preocupação, para não dizer surpresa, diante das dificuldades notórias dos alunos em explanar as vantagens e desvantagens de passar férias na neve, até porque passar férias na neve é perfeitamente natural, para não dizer expectável excepção feita desde já para este que vos escreve que nunca na vida passei férias na neve e o horror nos olhares de amigos e vizinhos.
Voltando à matemática, o que dizer quando o exame nos remete para o cálculo da entrada para uma casa quando quem responde não conhece outra realidade senão a da habitação social e a cama dividida com a mãe mais os irmãos entre colchões num quarto só? A pergunta não é senão um insulto à vida, à sua vida que é a nossa vida, espezinhados uma e outra vez só porque estamos por baixo e enquanto estivermos por baixo está tudo bem, pelo menos para todos os outros.
Os exemplos, infelizmente, não se ficam por aqui num país, o de sua majestade a Rainha, onde os exames versam sobre realidades cada vez mais distantes das ruas onde os alunos a exame crescem, vivem e morrem na ponta de uma faca. Sob a ameaça constante de gangues, as crianças britânicas das grandes cidades e arredores vivem o dia a dia de quem não quer estar numa casa que nem casa é e as ruas cuja segurança rima com pertencer a um gangue e a tudo o que o mesmo se dedica.
Se os exames procuram reflectir a realidade das nossas escolas, então devem versar sobre o número de facas nas ruas e qual a percentagem de jovens armados sem esquecer a moda e a mediana. Ou então o cálculo da quantidade, peso, medidas e volumes de substâncias ilícitas consumidas e/ou vendidas ao longo de um mês. E já agora acrescentemos os abusos online, comummente traduzidos pela quantidade de imagens inapropriadas de colegas partilhadas por alunos nas redes sociais todas as semanas seguido de um sem número, mensurável, pois claro, de conflitos de parte a parte entre insultos, agressões e os pais ao portão da escola.
Estas sim, são infelizmente as questões de exame sobre as quais os nossos alunos têm muito a dizer numa vida a anos-luz das férias, actividades de recreio e eventos caritativos tantas vezes descritos em exames escritos por quem nunca teve nem terá problemas na vida para quem nunca teve nem terá problemas na vida, ou seja, as crianças das “middle class” e “upper class” desta nação hoje e sempre alicerçada numa sociedade classicista cuja perpetuação é a sua essência.
Chegados a 2022, vem o governo dar indicações ao equivalente britânico do Júri Nacional de Exames no sentido de adequar a linguagem e os exemplos usados nas perguntas de exame de modo a tornar as questões compreensíveis e acessíveis ao maior número possível de alunos.
Será este o fim do classicismo nos exames nacionais britânicos? Estou em crer ser um princípio e, com um pouco de esperança e querer, o princípio do fim. Sem querer cair nem num extremo nem noutro mas plenamente consciente de uma sociedade onde tantas vezes de um lado da rua moram os privilegiados e do outro, face a face, os bairros sociais, dois mundos díspares e incapazes de se compreender um ao outro, a começar pela linguagem usada, sem esquecer o sotaque.
Aliás, dependesse realmente da nossa vontade e por certo todos os alunos, sem excepção, teriam a oportunidade de umas férias na neve e teatro em fartura. Era sinal de como teriam comida na mesa todos os dias.