8 de Maio de 2022 archive

Idade dos Candidatos ao Concurso Externo em 01/09/2022

O próximo quadro apresenta a idade de todos os candidatos ao concurso externo 2022/2023, em 1 de setembro de 2022. O ficheiro em pdf para melhor leitura encontra-se aqui.

A moda de idades situa-se nos 42 anos, sendo que entre os 39 e os 44 anos existem mais de 3 mil candidatos.

Tal como já aqui foi referido, o candidato com mais idade faz 70 anos no dia 17 de setembro e obrigatoriamente tem de deixar a função pública por atingir o limite de idade e o candidato mais novo, em 1 de setembro de 2022 ainda tem 22 anos e é do grupo 260 – Educação Física.

 

 

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AI ESTES MALDITOS PROFESSORES!

 

Nunca gostei da escola. Não ouvia uma única palavra do que os professores diziam. Os livros dos grandes escritores portugueses lia-os nas férias, só depois de ser avaliado pelo meu desconhecimento acerca deles.

Tudo o que a escola mandasse fazer recusava instintivamente. Quando os meus pais me apresentavam os docentes liceais amigos deles retribuía-lhes o cerimonial com o proverbial “não gosto de professores”.

Nesse tempo os homens e mulheres que ensinavam as matérias escolares eram geralmente destituídos de qualquer lampejo de vida que ultrapassasse os temas incluídos nos manuais. Sabiam declinar nomes latinos, preencher os quadros negros com equações numéricas, diferenciar a dureza das rochas ou dividir as orações nos Lusíadas, mas nada mais mais do que isso.

O sistema não se preocupava com duas coisas fundamentais: a pedagogia enquanto estratégia de melhor ensinar e a diferenciação possível da personalidade e história de vida dos alunos.

O resultado só podia ser mau.

Escrevo este arrazoado de memórias a propósito da falta de candidatos a professores. Fartei-me de avisar os políticos, líderes de opinião e jornalistas do mal que andavam a fazer à educação desde 2005. Ninguém ligou.

O que aí vem é assustador. Os futuros professores serão outra vez licenciados nas matérias que vão ensinar e só. Para além de nem sequer serem portugueses — a maioria virá do Brasil e dos países africanos de expressão portuguesa.

Estou a exagerar?! Então analisem o que neste momento está a acontecer no Reino Unido.

O miúdo que se senta no fundo da sala de aulas e olha perdido a paisagem que as janelas deixam adivinhar está outra vez excluído do sistema. Mas isso não é tão preocupante assim. Os teóricos da educação e das finanças facilmente encontrarão tabelas de progressão nos resultados escolares.

Francisco Barros e Barros

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O modelo meritocrático que devia existir na F. P.

Há funcionários públicos fantásticos, profissionais dedicados e com um sentido de missão gigantesco que são muito mal pagos pelo empenho e profissionalismo que têm, conclusão a retirar do benchmark salarial com o sector privado. E depois há os “públicos” que de “funcionários” não têm nada, pois não são profissionais e não fazem nada (pelo menos positivo), excepto queixar-se. Estes ganham o mesmo que os anteriores, logo estão muito bem pagos e ganham demais. Como no sector privado, há os “excepcionais, os bons, os maus e os vilões”. Mas no Sector privado podemos criar perfis de desempenho desejados, avaliar, remunerar de acordo com o desempenho e resultado (e não antiguidade), premiar… se não forem atingidos os objectivos há consequências e no limite fecha-se a empresa e os postos de trabalho extinguem-se. Há uma cumplicidade de objectivos que muitos sindicatos e patrões ainda não entenderam. No sector público a cumplicidade advém do profissionalismo individual e da liderança. Não advém das avaliações feitas por sectores corporativistas que se auto-avaliam, nem de avaliados que vão avaliar os avaliadores mais tarde. Sem risco de a “empresa fechar” (ou seja o estado deixar de pagar o salário baixo ou alto, consoante o desempenho de cada um). Por isso entendo que tem de de existir um compromisso de ambas as partes baseado em 2 premissas: os funcionários públicos ganham pouco e isso é óbvio; mas há muitos funcionários públicos que não fazem nada sem sofrer nenhuma consequência. Estas 2 variáveis prejudicam o modelo meritocrático que devia existir, pois desmotivam os muito bons “funcionários públicos” que existem, que se fartam de trabalhar e recebem o mesmo salário que os “públicos”. O compromisso é simples, mudem radicalmente a legislação laboral, permitam avaliações objectivas de desempenho e resultado, extingam e despeçam a percentagem de “públicos” (o problema é que muitos deles também estão nos sindicatos) e utilizem esta verba para aumentar os salários dos “funcionários públicos” que merecem salários que lhes permitam viver dignamente. Bem como digitalizar os serviços públicos, recrutando apenas os novos “funcionários públicos” que fazem falta nos serviços, mas sem aumentar a despesa pública pois já poupamos nos que saíram. No segundo trimestre de 2021, o Estado tinha 731 mil trabalhadores públicos, o valor mais alto desde 2011. Mas se usarmos os dados do Eurostat 2019, verificamos que Portugal até tem uma das % mais baixas de funcionários públicos em relação à sua força de trabalho total (abaixo dos 15%) enquanto a Europa está perto dos 19%. Obviamente de 2019 até agora, como aumentamos o número de trabalhadores, devemos ter aumentado a percentagem. Mas como os critérios podem variar, podemos avaliar de outra forma e estimar o peso destes gastos salariais vs o PIB, vendo quanto é que as remunerações da Função Pública pesam na totalidade da despesa do Estado. Neste critério,  Portugal surge a meio da tabela e acima da média comunitária. Portanto devemos já estar na média Europeia ou perto dela. Não temos de aumentar os “funcionários públicos” temos é de “renovar” os “públicos”. Com uma preocupação acrescida, “o inverno” da pirâmide etária: em 5 anos, a percentagem de trabalhadores com mais de 55 anos saltou de 19,6% para 36,5%.

Em suma, o nosso país tem uma tarefa hercúlea de digitalização e modernização administrativa e de reforma da administração pública, fundamental para o crescimento económico que o nosso país precisa!

Por Nelson Pires, General Manager da Jaba Recordati

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Canibalismo Profissional – Carlos Santos

Só quando virmos a última gota de água sair das torneiras nos daremos conta da falta que ela faz. E assim será com os professores numa terra que atravessa uma severa seca de valores sociais.
O sistema de ensino em Portugal não é mais do que um navio a afundar-se onde os sobreviventes, num salva-vidas à deriva num mar de gente indiferente que não os quer nem vai salvar, em desespero, acabam por cometer canibalismo começando a se comerem uns aos outros por considerarem ser essa a única solução para sobreviverem. Os professores que parem de procurar nos outros explicações para o afundamento da classe, porque ela própria é a maior culpada pelos males que a afligem, pela desunião que a caracteriza e tem prejudicado a todos ao longo dos últimos anos e nos trouxeram até esta situação decadente de instabilidade, precariedade e más condições profissionais.
Não é uma andorinha que faz a primavera; não são alguns casos fraudulentos na mobilidade por doença que podem pôr em causa todos os outros que estão realmente doentes. Foi com essa perigosa mentalidade e tendência em generalizar que se cometeram as maiores atrocidades e crimes ao longo da história da humanidade. É, por isso, com grande preocupação que assisto ao começo de uma campanha difamatória contra os professores em mobilidade por doença, doentes ou com familiares a necessitar de apoio.
Será, porventura, assim tão difícil estabelecer a ligação do envelhecimento da classe, a crescente sobrecarga de trabalho e o prolongamento dos anos de deslocações para escolas longínquas, com o aumento de problemas de saúde dos professores? Será que alguém se pergunta como é que um professor sexagenário aguenta fazer diariamente centenas de quilómetros nas estradas a acumular a todo o imenso trabalho profissional que lhe é exigido? Claro que não, pois é bem mais fácil falar mal dos outros, algo tão característico do nosso povo.
Que, de uma vez por todas, se entenda que isto não é vida que se aguente. Até há uns anos os ciganos eram conhecidos pelo nomadismo que caracterizaram a sua cultura e os fizeram povoar os quatro cantos do mundo; hoje em dia os professores são os ciganos dos tempos modernos – nómadas a percorrer o país durante toda uma vida.
E que se desmitifique que o maior problema dos horários que não são preenchidos são os horários incompletos numa profissão mal paga sem ajudas de custo, que não são aceites por mal darem para pagar uma renda e que nada têm a ver com os professores em mobilidade por doença.
28 anos de carreira em QA, acidentes em serviço, cirurgias, um joelho que nem sequer me permite correr e me dificulta a condução e mais de 600 mil quilómetros nas estradas em deslocações para a escola, são a explicação para recorrer à mobilidade por doença. Se preferia não ter de recorrer a este género de concurso? Claro que sim, pois seria sinal que teria saúde, algo que não tem preço e só se dá o devido valor quando se perde. Por isso, numa situação destas, colegas serem obrigados a escutar da boca de dirigentes escolares e associativos e da comunicação social, que os professores nestas circunstâncias são fraudulentos e oportunistas!? E, pior, colegas de profissão a alimentarem as redes sociais com um ar carregado de maledicência dos seus pares, é revelador da desunião de uma classe malformada que se maltrata a si mesma.
Se hoje pudesse voltar para trás no tempo, nunca teria enveredado por ser professor. E isso nada tem a ver com a qualidade profissional. Quem me conhece sabe que sou um bom profissional, gosto do meu trabalho (embora hoje menos do que noutros tempos), com excelentes relações com pais, alunos, professores e funcionários, com elevada capacidade pedagógica dentro e fora da sala de aula. Mas não é isso que define uma escolha de vida acertada quando o preço a pagar é elevado numa fatura diária e perpétua, numa terra onde não há reconhecimento profissional nem mesmo no seio da classe onde cada um faz tudo para poder ficar com o quinhão dos outros. Sinto o desalento de quem deu tudo de si ao ensino, incluindo literalmente sangue, suor e lágrimas, e em troca recebeu tão pouco da sociedade.
A minha esposa, com 29 anos de carreira em QA, acidentes em serviço, mazelas, uma vida na estrada sem fim à vista, nem esperança de algum dia poder vir a ficar colocada perto do domicílio, é o exemplo acabado daquilo que se espera de um professor nos dias de hoje – um missionário que abdica tudo por uma causa sem gratidão social. Um número descartável que, quando estiver esgotado, simplesmente se esquece e se substitui.
Será a qualquer título assim tão difícil entender que o que está verdadeiramente em causa não são os professores, mas as condições de trabalho desumanas a que são sujeitos? Longe vão os anos em que um professor trabalhava meia dúzia ou, quando muito, uma dúzia de anos longe do domicílio até ficar colocado perto da sua residência. Atualmente, espera-lhe toda uma vida a trabalhar longe de casa com a expectativa de, talvez, um dia, quiçá perto da idade da reforma, poder vir a ser colocado perto de sua casa.
E quem paga a despesa de décadas nas estradas e em estadias com famílias a pagarem duas e três rendas? Quem paga o desgaste de centenas de milhar de quilómetros ao volante?
Com condições tão pouco atrativas, não é de admirar que, nos dias de hoje, não se consigam aliciar os jovens para virem a ser professores.
Não me espanta nada que a muito anunciada falta de professores já esteja aí com mais de trinta mil alunos sem professores neste ano letivo, mais de cem mil no próximo e mais de trezentos mil dentro de 2 a 3 anos.
É, para mim, muito natural que sejamos um país sem grande progresso em comparação com os seus pares, com baixos índices de escolarização que se irão agravar enormemente nos próximos anos, fruto do indecente ataque aos profissionais da educação iniciado em 2005 por Maria de Lurdes Rodrigues e o governo Sócrates e habilmente continuado pelos governos que se lhe sucederam.
Um país que, no futuro próximo, apenas irá colher aquilo que semeou; sem futuro, a que está condenado pela postura política e social de perseguição e injúria à classe fundamental para o desenvolvimento e progresso de uma nação. Mais do que um flagelo económico, este é um flagelo social numa terra movida por um monstro corrosivo que turva a razão e ataca com o ódio da cegueira chamado “inveja”. “Os professores ganham muito, trabalham pouco e têm muitas férias”, a isto se reduziu o imenso e importantíssimo trabalho de grande investimento e sacrifício pessoal e profissional desemprenhado pelos professores.
Está a chegar, a passos largos, o dia em que o país irá implorar por professores e não os terá. Depois, irão providenciar-se remendos para tapar a enorme cratera aberta diante de todos, recrutando-se profissionais sem habilitação profissional especializada nem qualificações à altura, recorrendo-se a professores dos PALOP, espanhóis, entre outros, quando se negligenciou e perseguiu excelentes professores que o país formou ao longo de décadas. Alguém deveria responder perante a justiça por este e outros crimes que a nossa classe política tem cometido contra a nação ao longo de décadas.
E quanto ao povo, longe de estar inocente, apenas terá aquilo que merece pagando por ter acreditado nas mentiras disseminadas pela máquina de propaganda política sendo conivente com esta matança profissional que encurralou o ensino neste beco sem saída.
Relativamente a esse clima de suspeição, o que dizer daqueles que, com responsabilidades acrescidas, vêm a público falar mal da classe? Comecem por investigar o obscurantismo por detrás de certas nomeações para cargos públicos, políticos e editoriais de órgãos de comunicação; comecem por averiguar a transparência dúbia na eleição de certos dirigentes escolares; comecem por dar a devida atenção a tantas irregularidades, atropelos à lei, cunhas, corrupção, peculato e crime, antes de se virarem para os professores.
E a ávida língua afiada de alguns docentes, seria muito mais útil se a apontassem na direção do envelhecimento da classe e do elevado desgaste a que está sujeita, com excesso de trabalho e de trabalho burocrático, de instabilidade e baixos salários. Afirmarem que professores em mobilidade por doença não lecionam, só alimentam falsas ideias sobre os professores. Muitos, coitados, mesmo em mobilidade por doença, ainda acabam por ser obrigados a meter baixa médica por não aguentarem, sendo o mais doloroso o azedume e má-língua dos colegas de profissão.
Em vez de exigirem melhores condições de trabalho, maior estabilidade profissional, redução dos quadros de zona, aposentação mais cedo por desgaste profissional, vinculação mais célere, ajudas de custo para alojamento e deslocações, menos burocracia, mais proteção social e judicial, valorização da classe, da carreira e salarial, fim de cotas e de obstáculos à progressão na carreira, devolução do tempo de serviço roubado e a resolução de tantos problemas reais e diários dos docentes, estupidamente, os professores continuam a preferir embarcar nestas ciladas que colocam professores contra professores e mancham a profissão na praça pública optando por dar tiros nos próprios pés. Guarda-se o mal dos outros num cofre longe da nossa consciência e dizem-se as maiores blasfêmias com a mesma facilidade com que se respira.
Que se investiguem os oportunismos de alguns e não se tome a parte pelo todo, apenas isso.
De quando em quando, num país onde quase tudo funciona mal, num exercício de fuga da realidade lá se volta novamente a atenção para os professores como culpados de todos os males… e o pior é que alguns facilmente alinham nisso.
Carlos Santos

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A falta de Professores: “Sopa!” para algumas “soluções” já conhecidas…

 As “soluções” apresentadas, por alguns “bem iluminados”, no sentido de colmatar a actual carência de Professores, foram dadas a conhecer pela Revista Visão em 5 de Maio de 2022…

Perante tais “soluções”, nomeadamente as apresentadas por Maria Emília Brederode Santos (Presidente do Conselho Nacional de Educação) e por Marçal Grilo (Antigo Ministro da Educação), não pode deixar de se ficar incrédulo e estupefacto, perdendo-se, por completo, a esperança de que algo possa mudar para melhor…

Os dois anteriores protagonistas, com responsabilidades reconhecidas na área da Educação, apresentaram como as suas melhores “soluções” para obviar à actual falta de Professores:

–  O aumento provisório do número de alunos por turma (Maria Emília Brederode Santos, Presidente do Conselho Nacional de Educação);

–  A criação de incentivos para que os Professores reformados voltem ao activo (Maria Emília Brederode Santos, Presidente do Conselho Nacional de Educação);

 – A avaliação sobre o excesso (ou não) de burocracia a que os Professores estão sujeitos (Maria Emília Brederode Santos, Presidente do Conselho Nacional de Educação);

–  Que a contratação de Professores seja mais da responsabilidade das escolas, obedecendo a critérios definidos pelas próprias (Marçal Grilo, antigo Ministro da Educação)…

E o que se pode afirmar, em termos gerais, sobre as mencionadas “soluções”? No mínimo, que as mesmas denotam desconhecimento acerca da realidade das escolas ou que a percepção que se tem delas se encontra enviesada e fantasiada…

Em termos mais concretos, as “soluções” apresentadas pelos dois signatários anteriormente referidos não podem deixar de suscitar algumas questões:

Um Estudo denominado “Organização Escolar: as turmas”, apresentado em 2016 pelo Conselho Nacional de Educação, então presidido por David Justino, parece contrariar a “solução” que se refere ao aumento de alunos por turma, agora apresentada pela sua actual Presidente (Maria Emília Brederode Santos)…

Entre outros, esse Estudo afirma que as turmas de maior dimensão estão correlacionadas com o menor tempo gasto no processo de ensino-aprendizagem e com o maior tempo despendido em manter a ordem na sala de aula; apresentam uma maior proporção de alunos com problemas de disciplina, o que prejudica o tempo disponível para actividades de ensino-aprendizagem; o tempo que os Professores podem disponibilizar ao nível do apoio/acompanhamento mais individualizado de alunos, nomeadamente através de pedagogias diferenciadas, também é lesado pelo aumento de alunos por turma…

– Tendo em consideração esses constrangimentos, com implicações particularmente gravosas e expectáveis ao nível da gestão de sala de aula, alguém acredita que o aumento do número de alunos por turma possa ser visto como um factor de sedução para atrair eventuais candidatos ao ingresso na Classe Docente?

– Ou que esse aumento de alunos por turma contribua para a satisfação dos Professores que se encontram no activo, atenuando a exaustão física e psicológica assumida pela maioria?

– Ou que o referido aumento seja benéfico para os próprios alunos?

– Ou essa “solução” tem afinal como principal objectivo mitigar, de forma absolutamente artificial e falaciosa, a falta de professores?

– Alguém acreditará que os Professores jubilados aceitem regressar ao activo, depois de terem “comido o pão que o diabo amassou” para conseguir chegar à aposentação? Que incentivos lhes proporia Maria Brederode Santos?

– Maria Brederode Santos não dá como adquirido que os Professores estejam efectivamente sujeitos a uma carga insana de tarefas burocráticas… A prova disso é que considera que deve ser feita uma avaliação sobre se existe ou não excesso de burocracia…

Não se percebe bem se essa afirmação revela um profundo desconhecimento acerca dos moldes em que o trabalho dos Professores se desenrola actualmente em cada escola ou se estaremos perante uma tentativa (mal disfarçada) de negação do problema…

– Confiará, Marçal Grilo, que a maioria das escolas consiga realizar Concursos para a contratação de Professores com a devida isenção e rigor, sem cair na tentação de se deixar contaminar por “amiguismos” ou por outros factores estranhos e anómalos?

Só por distração ou por absurdo se poderá considerar que as “soluções” anteriores sejam viáveis e eficazes para fazer face à insuficiência de Professores e contribuir para a sua erradicação…

Ao longo dos últimos anos, o Ministério da Educação, incapaz de prever e de assumir as evidências da crescente carência de Professores, preferiu escamotear o problema, atirando-o “para baixo do tapete”, numa atitude displicente, bem ilustrada pela expressão espanhola: “no pasa nada”

Não sendo já possível continuar a ignorar esse imbróglio, dada a proporção que o mesmo entretanto atingiu, o Ministério da Educação assumiu agora essa incontornável realidade, parecendo estar disposto a tudo para o remendar ou remediar…

A recente, e precipitada, alteração das regras dos Concursos de Reserva de Recrutamento é disso um exemplo, sobretudo pelas injustiças e iniquidades introduzidas pelas novas directrizes…

E já não restarão grandes dúvidas de que a “factura” da incompetência, da inépcia e dos erros cometidos pela Tutela será remetida a terceiros, com a maior das desfaçatezes…

O actual Ministro da Educação ainda não demonstrou cabalmente se estará ou não disposto a melhorar as condições existentes na Carreira Docente, nomeadamente providenciar alterações nos mecanismos de progressão na mesma, de forma a torná-la mais atractiva em termos salariais…

O que parece haver neste momento, por parte do Ministro, é um conjunto de (supostas) boas intenções que só se tornarão em (hipotéticas) boas soluções quando se passar das palavras aos actos… Aguardam-se os actos…

Até lá, ficamo-nos pelas “soluções” que têm vindo a ser divulgadas e em relação às quais só se poderá afirmar: “Sopa!”… Como diria a Mafalda (Quino), em jeito de palavrão…

(Matilde)

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Calendário do Concurso 2022/2023 (Atualizado)

Com a publicação da lista provisória de ordenação do concurso externo no dia 5 de maio e com o período de reclamação a decorrer entre o dia 6 de maio até às 18 horas do dia 12 de maio fica aqui o calendário atualizado com as minhas previsões para as datas principais deste concurso.

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