Impactos atuais da Pandemia COVID19 no ensino e na aprendizagem nas Artes Visuais e na Educação Artística [fev.2022]
Pedimos que dispense apenas 15 minutos do seu tempo a responder a este curto, mas muito importante, questionário.
Pretendemos recolher informações e opiniões em relação aos principais impactos educativos e profissionais que a Pandemia COVID19 teve (e tem) no desenvolvimento de funções dos docentes afetos aos grupos da Educação Artística, assim como no ensino e aprendizagens das crianças, jovens e adultos; entendendo, paralelamente, de que modo cada comunidade educativa se encontra a desenvolver um plano de ação para ultrapassar as dificuldades diagnosticadas.
A informação recolhida permitirá que a APECV possa desenvolver um apoio mais efetivo aos seus associados e às comunidades educativas que acompanha (nos diversos projetos que tem em curso), nas áreas que forem consideradas, pelos respondentes, mais relevantes.
A participação neste questionário é livre, pelo que poderá dele desistir a qualquer momento. Durante a sua realização não solicitamos dados pessoais que permitam identificar os respondentes.
Agradecemos antecipadamente a sua colaboração, assim como, se possível, a partilha deste inquérito junto dos docentes de áreas/disciplinas das Artes Visuais e da Educação Artística (do 1.º ciclo do Ensino Básico até ao Ensino Superior). Essa partilha é essencial para que possamos recolher o maior número de contributos.
Há cerca de uma década que se percebe no Ocidente que a falta de professores será estrutural. As políticas educativas aplicadas vinte anos antes foram fatais. Traduziram-se na redução paulatina dos orçamentos da Educação através das “Novas Políticas de Gestão Pública” (iniciadas por Thatcher e Reagan e continuadas por Clinton, Blair, e Schröder) renovadas nas recentes projecções da ⊄OCDE e do Fórum Económico Mundial para a redução de professores na transição digital em paralelo com a sua “uberização”. Aliás, Portugal já entrou nesse universo: mão de obra ainda mais precária é a resposta para a crescente falta de professores.
Ao longo da história das nações o ensino tem assumido um papel preponderante na sociedade. Como tal, aos professores têm sido colocadas diversas exigências profissionais consoante as épocas e os regimes vigentes. Em Portugal, nos últimos 20 anos a profissão docente tem sido desvalorizada de modo acentuado: as reformas fazem-se e desfazem-se sem avaliar resultados, importando e tentando implementar modelos estrangeiros já obsoletos, sendo a burocracia uma constante há mais de 40 anos.
Neste contexto, um estudo de 2018 realizado pela equipa de Raquel Varela, com trabalhos no âmbito da formação de professores, que evidencia o elevado número de professores com exaustão emocional devido à burocracia e à indisciplina nas escolas. Estes números não parecem surpreender no mundo docente, contudo discordo da interpretação do psicólogo Eduardo Sá, porque os professores portugueses ainda desmotivados conseguem mesmo motivar os seus alunos, muitas vezes às custas do seu próprio bem estar e saúde, pois o seu nivel de stress é comprovadamente dos mais elevados da europa (2021).
Na minha opinião, o stress desregula o nosso sistema natural de alerta para a presença de perigo à nossa volta. Assim, o sistema de descontração natural não é suficientemente utilizado, surgindo no nosso organismo efeitos cumulativos da adaptação a circunstâncias desconfortáveis e preocupações excessivas.
Enquanto professora numa sociedade em mudança crescente, parece-me que “corremos com uma armadura vestida” (McKenna) e o tempo é escasso para tudo nos é exigido: documentos mais ou menos extensos, ficheiros com mais ou menos grelhas, formulários com mais ou menos cruzes, atas com mais ou menos linhas, recursos e plataformas digitais mais ou menos inovadores, disponibilidade plena, talento inequívoco, infalibilidade… Somos professores, seres humanos, não somos ainda robôs desprovidos de sentimentos e estamos a sentir que controlam não apenas cada movimento, mas também a nossa própria respiração! Como tal, nós, professores, no nosso quotidiano, conscientemente ou não, ficamos angustiados, sem vínculo laboral durante décadas, tratados por muitos como mão de obra barata, a trabalhar em diferentes ambientes e locais, deslocalizados e contactando com problemáticas distintas e mesmo surpreendentes. Não é por acaso que professores cada vez mais novos já sentem o desgaste profissional de anos de prática educativa. Contudo, apelamos à muito invocada resiliência, que tudo soluciona por estes dias, cientes de que continuamos a ter um papel preponderante para concretizar o sonho inicial de um mundo melhor construído pelas crianças e adolescentes que ensinamos! Como dizia Sebastião da Gama, “pelo sonho é que vamos” e com José Régio reafirmo “Não sei por onde vou, não sei para onde vou, sei que não vou por aí!”
Com os melhores cumprimentos, a professora de biologia.