No mês de março de 2022 ficam aposentados 118 docentes da rede pública do continente.
A partir deste mês coloco neste quadro a soma do número de docentes vinculados em cada um dos anos para ser feita a comparação com o número de aposentações desse ano.
Desde 2012 aposentaram-se pouco mais de 17 mil docentes enquanto entraram no quadro 14.281 docentes.
No entanto já fizemos o apuramento de quantos docentes entraram no quadro desde 2012 e já ultrapassaram a idade legal de trabalho em funções públicas ou já têm a idade legal para a aposentação.
Para quem acha que tudo está bem, fica aqui este pedido de divulgação para comprovar que nem tudo está bem.
Neste caso faltam os despachos, desde 2020, do membro do governo das finanças autorizando os processos de mobilidade intercarreiras e intercategorias que passou desde 2020 a ser da sua competência.
Desde 2020, a aguardamos autorização do ministério das finanças… vergonha!
O provedor de justiça escreve várias vezes para o Governo, nem a eles lhes respondem…
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Publicitação das listas definitivas de Colocação, Não Colocação, Retirados e Listas de Colocação Administrativa – 21.ª Reserva de Recrutamento 2021/2022.
Aplicação da aceitação disponível das 0:00 horas de segunda-feira dia 14, até às 23:59 horas de terça-feira dia 15 de fevereiro de 2022 (hora de Portugal continental).
ós, profissionais da educação e das ciências da educação, sentimos a responsabilidade de pensar a escola, a sua organização e funcionamento. E não faltam teorias nem modelos para as boas escolas, as escolas eficazes, com os melhores resultados. Mas pensamos muito à volta do nosso umbigo, vemos quem habita a escola e quem está à sua volta e nem sempre enxergamos os interesses que escapam ao nosso campo de visão. Vemos crianças e jovens que precisam de aprender, os pais e as suas circunstâncias no mundo do trabalho, os professores, e raramente vamos mais além.
A “Educação Para Todos” transformou a escola no espaço que atrai mais pessoas, que é passagem obrigatória de toda a população mundial. Logo, tornou-se o universo de negócios mais apetecível, na faixa etária mais moldável e adaptável ao mercado global. É um mercado com muitos biliões de pessoas, alunos, professores, técnicos, assistentes e, por inerência, os pais. A indústria dos livros cede espaço ao mundo das tecnologias, negócio rentável em si e que induz mil outros produtos de consumo. O mesmo canal que nos leva a informação e o conhecimento, leva também o “vírus” para induzir a necessidade de comprar e para contagiar e apresar o consumidor. As grandes marcas, indústrias e empresas como a Amazon, a Apple, a Spotify, a Nike, a Google, e tantas outras, não pedem autorização para entrar nas nossas casas e definir e explorar as nossas necessidades. Nós precisamos o que eles querem vender. Onde nós vemos alunos e professores, eles veem consumidores. Onde nós pensamos educação eles pensam marketing, com meios e quadros altamente especializados. O espaço da educação e do saber é o mesmo espaço que forma e molda os grandes consumidores. A pandemia deu saúde a este espaço.
Quanto custa e quanto vale um vírus, inventado ou de geração espontânea? Em três anos o coronavírus gerou o maior mercado mundial, o maior investimento global, onde muitos morrem, mas onde muitos engordam. Nada acontece por acaso e sem consequências. O mercado da educação contém os mesmos ingredientes. Se o coronavírus virou o mundo do avesso no campo da medicina e dos sistemas de saúde, o mesmo vírus pode ter o mesmo efeito no mundo da educação. O negócio da educação pode render tanto como o da saúde. Não importa se os consumidores pobres, num e noutro caso, ficam sempre de fora. O mundo é de quem paga.
Nós, educadores, pensamos que a escola-edifício nunca fechará porque é o melhor espaço para a socialização. A verdade é que, mais forte do que isso, é a necessidade de os pais se libertarem da guarda dos filhos para poderem trabalhar e de os empresários poderem contar com os seus trabalhadores sem o empecilho dos filhos. A atual contingência da pandemia pode ter sido uma estratégia muito bem pensada para levar o computador e o telemóvel a cada criança, veículos indispensáveis da educação digital e dos programas que ensinam a pensar como eles querem que toda a gente pense. A escola-edifício mantém toda a atualidade, mas temos novos atores e novos fatores de produção. A grande crise e o abandono dos professores alargam o espaço do digital, podendo, com menos professores, levar a “mensagem” a um universo muito mais alargado de crianças e jovens. Um PC ou um robô custam menos que um professor e são mais fiáveis e eficazes na área do marketing.
Muitos veem no digital a ameaça global que produzirá a desumanização da educação, o esvaziamento da escola dos valores e princípios que ameaça a liberdade e a democracia e que levará à substituição dos professores por robôs. A ameaça é real. A desvalorização dos professores não acontece por acaso e favorece esta evolução. As crianças e jovens do século XXI sentirão maior atração pelos robôs da sua geração do que pelos professores formados no século passado.
Nós, profissionais da educação e das ciências da educação, temos o pensamento centrado nas crianças, nos jovens e nos professores. Mas tem mais peso o negócio que gera muitos milhões. Os computadores já aí estão e bem. Os robôs estão a ser “meticulosamente” configurados para entrar em ação onde primeiro faltem os professores.
(Texto publicado no diário as beiras em 11.02.2022)