Tiago Brandão Rodrigues adianta que a tutela “está a trabalhar para o terceiro período acontecer”, contudo, não adiantou datas do arranque da tele-escola, acrescentando que a 9 de abril o Governo vai anunciar um conjunto de orientações para o terceiro ciclo do ano letivo.
“Também temos de chegar às escolas e explicar-lhes como poderão utilizar esta ferramenta e este é um trabalho que está em curso”, justificou.
Com tanta incerteza em relação ao calendário escolar os trabalhadores não estão em condições de planear o resto do ano. Por isso, o governo decidiu estender o prazo para marcação de férias, que terminava a 15 de abril, até dez dias após o fim do estado de emergência, ou seja, até pelo menos dia 27 de abril.
Oferta vai ser criada em parceria com a RTP e usar canais disponíveis na TDT e outras plataformas da TV pública. Rede europeia antecipa que alunos não voltam a ter aulas presenciais neste ano lectivo.
Os conteúdos disponibilizados na televisão vão ser apresentados pelo Ministério da Educação como complementares ao acompanhamento que se pretende que os professores continuem a fazer à distância, como nas duas últimas semanas do 2º período. Ministério da Educação e RTP estão a estudar soluções para que não haja sobreposições de programação para as famílias que têm mais do que um filho.
A nova Telescola vai destinar-se aos alunos do ensino básico, ou seja, até ao 9º ano. De fora fica o ensino secundário, para o qual na próxima semana serão anunciadas medidas específicas, sobretudo para os alunos do 11º e 12º ano, que têm exames nacionais agendados para a segunda metade de Junho.
Na RTP está já constituída uma equipa com pessoal criativo e técnico para colocar o projecto de pé. Mas há ainda muitas questões por definir, como o tempo diário de emissão, como será dividido pelos diferentes níveis de ensino (se se agregam os vários anos de um ciclo), se os conteúdos são gravados na RTP ou num agrupamento escolar. Os conteúdos serão sempre responsabilidade exclusiva do ministério.
Marçal Grilo, antigo ministro da Educação, afirmou, em entrevista à rádio Observador, que as escolas devem abrir o mais rapidamente possível, mas só com “regime militar”, uma vez que os alunos, das creches às universidades, são “um grupo perigoso como portadores do vírus”.
A decisão sobre a abertura das escolas terá de ser tomada até 4 de maio. Marçal Grilo explica que, se as escolas reabrirem, devem ser tidas em conta várias possibilidades para que os alunos não sejam prejudicados. Uma das hipóteses seria, segundo o antigo ministro, no caso dos alunos do secundário, passar as atividades do terceiro período para o início do próximo ano letivo, em setembro. Isto “se houver uma situação mais estável, não temos controlo sobre os ‘timings’”, sublinha.
Se os alunos voltarem para as escolas, “a forma como as escolas funcionam tem de ser no regime quase militar, para que haja regras muitíssimo estritas e para que sejam cumpridas”, explica Marçal Grilo, dizendo que a aproximação dos estudantes entre si e a relação que os alunos mantêm com os pais e com os avós têm de ser controladas, podendo ser imposta a proibição de as crianças contactarem com estes últimos.
Sabemos que isto se propaga através do contacto entre as pessoas, é preciso ter um enorme cuidado. Nas escolas, as normas de limpeza e higienização das superfícies implicam uma responsabilidade enorme”, acrescenta.
Já quanto ao ensino superior, o antigo ministro revela algumas preocupações com as desigualdades. “O surto vem introduzir uma grande desigualdade e heterogeneidade na forma como as pessoas são tratadas porque cada um tem um ‘background’ diferente”, aponta Marçal Grilo, uma vez que muitos estudantes não têm acesso à Internet e, por isso, não podem participar em aulas virtuais ou consultar materiais nas plataformas digitais. “Não podemos deixar os alunos para trás”, sublinha.
O Ministro da Educação Francês, Jean-Michel Blanquer, anunciou que todos os exames nos diferentes ciclos, do “bac” e da “patente”, serão substituídos por avaliação contínua.
As avaliações consideradas em cada disciplina serão as obtidas ao longo do ano letivo, incluindo o terceiro trimestre, com exceção das avaliações obtidas durante o período de contenção.
Houve alguém que me chamou de “adivinho” quando leu o meu artigo de ontem no Público… mas a bola de cristal partiu-se há muito, bastou-me estar atento ao que se ia dizendo…