As listas já deviam ter saído há muito, quando o estado de emergência não era desculpa, mas não saíram.
Com o Orçamento de Estado aprovado e publicado em Diário da República já não há desculpa uma vez que já devem estar prontas.
Este mês os funcionários públicos já vão ver os aumentos reproduzidos nos seus recibos de vencimento. Mas os docentes à espera de vaga para subirem de escalão ainda não vão sentir essa subida. Qual será a desculpa para este atraso? Será que andam a pensar que em isolamento os professores não gastam dinheiro?
Seja como for, quando as listas saírem devem vir com a indicação de retroatividade, digo eu…
Em declarações à Lusa, os presidentes das duas associações de diretores escolares reconhecem “as dificuldades” de planeamento do Governo e do ministério da Educação perante a imprevisibilidade da evolução de contágio do novo coronavírus, que obrigou ao encerramento de todas as escolas desde 16 de março.
Os diretores continuam sem saber de que forma será feita a avaliação, se haverá aulas presenciais, como garantir o acesso a quem não tem internet nem computador ou se haverá provas de aferição e exames nacionais.
Mas, nas escolas, os professores estão a ter reuniões de departamento, conselhos de turma e pedagógicos e começam a planear como serão os últimos dois meses de aulas.
“O 09 de abril é o nosso dia D, que é quando saberemos com que linhas nos vamos cozer”, disse à Lusa o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, referindo-se à data apontada pelo ministério da Educação para anunciar as medidas para o 3.º período.
Os diretores têm algumas sugestões, tais como poder manter as escolas abertas para apoiar os alunos do secundário numa altura em que tradicionalmente os estudantes estão de férias.
“As escolas poderão funcionar em junho, julho e até em setembro para dar aulas extra aos alunos do 11.º e do 12.º anos que têm de realizar os exames nacionais por causa do acesso ao ensino superior”, sugeriu o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira, em declarações à Lusa.
A ideia é corroborada por Filinto Lima, que acrescentou que o próximo ano letivo poderia começar um pouco mais tarde assim como a realização dos exames nacionais.
O Governo chegou a ponderar a hipótese de as escolas abrirem a 04 de maio para os alunos do secundário, mas os diretores consideram ser uma “visão demasiado otimista” tendo em conta as recentes declarações da ministra da Saúde que admitiu que “ainda não se vê uma luz ao fundo do túnel” na luta contra a pandemia da covid-19.
Os dois diretores sublinham que a prioridade tem de ser “a saúde dos alunos, professores e de toda a comunidade educativa” e por isso acham mais viável as aulas extra no final do ano letivo.
Esta sugestão acabaria por afetar diretamente os professores, que se têm queixado de sobrecarga de trabalho, mas os diretores acreditam que os docentes vão manter a postura conhecida até agora: “Os professores serão sempre parte da solução e nunca do problema. Têm-se adaptado a todas estas mudanças de uma forma incrível”, lembrou Filinto Lima.
Manuel Pereira também saudou o trabalho dos docentes, acrescentando que “o tempo da casa não é o mesmo que o tempo da escola: Muitos professores, quando estão em casa a dar aulas, também são pais, tendo que acompanhar os seus filhos e garantir as refeições. É tudo muito mais complicado”.
Também por isso, os diretores defendem que o horário de aulas deve sofrer um ajustamento, ou seja, menos carga horária para que professores, alunos e encarregados de educação consigam responder ao que lhes é pedido.
“Dar aulas presenciais a uma turma de 30 alunos é diferente de estar em casa a dar aulas à distância. Este novo ensino tem de ser muito mais personalizado para garantir que os alunos estão ligados de outro lado, que estão a responder”, sublinhou Manuel Pereira.
Sobre a realização das provas de aferição do 2.º, 5.º e 8.º anos e dos exames do 9.º ano, os diretores voltaram a dizer que “devem cair” porque não há condições para se realizarem.
Este fim de semana, o Governo garantiu que no 3.º período os professores terão o apoio da televisão, que irá transmitir programas com algumas matérias, uma espécie de regresso da “Telescola”.
“Usar os canais abertos de televisão para conseguir que alguns conteúdos programáticos cheguem a todos é uma boa solução”, aplaudiu Manuel Pereira, voltando a lembrar os alunos sem acesso a internet ou computador.
Este serviço, que surge de uma parceria com a RTP, deverá começar na próxima semana para todos os alunos até ao 9.º ano, mas os pormenores ainda são desconhecidos.
O presidente da ANDE considerou que o ME já deveria ter dado mais indiciações às escolas para planear o próximo período, sob pena de estarem a tomar decisões que depois terão de ser adaptadas a decisões diferentes: “Temos apenas três dias para preparar o próximo ano letivo”.
Estamos perante uma pandemia que jamais imaginámos que, primeiro chegaria à Europa, segundo pararia a Europa, colocando milhões de pessoas confinadas às próprias casas.
É uma situação inesperada para todos, mas que nos obriga e mudar paradigmas sociais, nomeadamente, na Educação.
Eu, que acompanho de perto a situação italiana, por questões familiares, vinha alertando para a possível hecatombe social se as escolas não fechassem rapidamente, como escrevi aqui. Ainda assim, as escolas mantiveram-se abertas até dia 13 de março, praticamente 11 dias depois do primeiro caso de covid-19.
Este fecho generalizado acontece depois de alguns colégios, por iniciativa própria, e algumas escolas públicas, por indicação dos respetivos delegados de saúde, terem fechado. Com isso começou-se a generalizar o medo de deixar os alunos nas escolas. Na última semana de escola aberta sentiu-se uma enorme quebra de presença de alunos. As escolas acabariam por fechar, por decreto, a 16 de março.
Os estabelecimentos de ensino, como é do conhecimento de todos, seriam um foco muito grande de propagação do vírus, até porque, com o conhecimento que temos, as crianças são muitas vezes portadoras assintomáticas.
Acabou-se por colocar mais de um milhão de alunos em casa, sem que existisse um plano para que continuasse a ser acompanhado. Os professores tentaram, de todas as formas possíveis e imaginárias, colmatar esta emergência para que o segundo período, agora à distância, fosse concluído com êxito. E foi, na grande maioria dos casos, foi!
Durante as últimas duas semanas de aulas generalizou-se uma preocupação na classe docente: Como será o terceiro período? Sabemos que terá de acontecer, mas como?
Os agrupamentos de escolas, depois de reuniões com a tutela e da leitura atenta dos documentos elaborados, têm feito um enorme esforço para tentar perceber a realidade, ao pormenor, da sua população discente de maneira a conseguir chegar a toda.
Sem querer desmoralizar, o terceiro período não vai ser igual para todos. António Costa aponta o dia 4 de maio como sendo o limite para o reinício da escola de forma presencial apenas para alunos do secundário, 10.º, 11.º e 12.º anos, com contingências específicas. Esta ideia de ser só o secundário, que nasce por causa das médias e dos exames de acesso ao ensino superior, até pode parecer ponderada e exequível. Mas não é!
Em primeiro lugar porque as rotinas de higiene, que até dia 13 de março eram umas, sofreram uma enorme alteração: lavagem constante de mãos em meio escolar é uma utopia; distanciamento social em meio escolar, seja entre pares seja com os professores, é outra utopia; logo, rapidamente estes alunos se podem tornar armas químicas — todos sabemos que esses alunos, à volta dos 350 mil (segundo dados do Pordata), não vivem sozinhos, mas com pais, irmãos, alguns até com avós, pois os agregados familiares portugueses são muito variados.
Reabrir as escolas em maio, altura em que poderemos estar a entrar no pico do surto poderá significar um atraso significativo na descida ou mesmo um regresso à subida exponencial. Queremos arriscar?
O que está em causa são os exames nacionais, dir-me-ão vocês, pelo que apenas os alunos do 11.º e 12.º anos devem frequentar! Não concordo, por tudo aquilo que disse anteriormente e acrescento que esses alunos, que têm uma média de idades de 18 anos, não têm maturidade suficiente para carregar esta responsabilidade de serem os únicos a frequentar as escolas.
Todos já tivemos 18 anos, aos 18 somos todos imortais! Os professores do secundário e os próprios pais já vieram dizer que estão a favor de um adiamento de exames, porque já perceberam que a prioridade é a saúde pública.
O primeiro-ministro quer mesmo deitar a perder estes dois meses de quarentena social em troca de uns exames?
Sabemos da sua importância mas, desculpem-me, não são prioritários, põem em causa a saúde pública e podem ser feitos em setembro! Numa altura em que, esperamos todos, já haja, se não vacina, pelo menos medicação que ajude a que o Serviço Nacional de Saúde não entre em ruptura.
Vai ser um final de ano diferente para todos, sem exceção, mas creio que preferimos todos estar cá para contar a história do que arriscar!
Enquanto por cá continuam em aberto possibilidades tão diversas quanto as passagens de ano administrativas, o alargamento do calendário escolar e o cancelamento dos exames, em países como a França e o Reino Unido o processo segue uns passos à frente. O Reino Unido, cujas escolas fecharam a 20 de Março, anunciou logo de seguida o cancelamento dos exames de conclusão do secundário e de acesso ao ensino superior. E, na sexta-feira, segundo o jornal The Guardian, o governo britânico anunciou que as notas a atribuir aos alunos resultarão de uma combinação entre a avaliação dos respectivos professores e o desempenho da escola e da turma em que se inserem. A ideia é que as escolas comuniquem a nota atribuída a cada aluno até ao dia 29 de Maio, para que as avaliações sejam tornadas públicas até meados de Agosto e os alunos que concluem o secundário possam candidatar-se a uma universidade ou procurar um emprego na posse das respectivas notas.
Em França, o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, anunciou sexta-feira o cancelamento de todos os exames, marcados para entre 17 a 24 de Junho, sendo as notas atribuídas com base na avaliação contínua dos alunos até ao momento do encerramento das escolas. O Governo francês não descarta para já a hipótese de as aulas presenciais serem retomadas em Maio, sendo que, neste caso, o ano lectivo prosseguirá até ao dia 4 de Julho “com mais aulas do que o habitual”. Neste caso, os júris que atribuem as notas atenderão à presença e motivação dos alunos durante as aulas. A única excepção é a manutenção de uma prova oral de francês para os alunos dos anos em que esta se impõe e que se deverá manter, ainda que em versão aligeirada e “desde que as condições sanitárias o permitam”, conforme adiantou o jornal Le Monde. Independentemente do nível de ensino, e de as aulas presenciais poderem ou não ser retomadas, “a motivação dos alunos é um ponto determinante, inclusive durante o período de confinamento, considerando embora as condicionantes individuais”, explicitou o ministério da Educação francês.
Já em Itália, o Governo estará a preparar um decreto-lei que estipula a passagem administrativa de todos os alunos. Citando o secretário de Estado da Educação, Peppe de Cristofaro, o correspondente no Vaticano do jornal espanhol El Pais explica que, como as aulas presenciais não deverão ser retomadas antes de Setembro, a ideia é que todos os alunos transitem de ano, independentemente das notas obtidas nos exames feitos até ao encerramento das escolas. “Isso não significa que os insuficientes passam a suficientes”, ressalvou o governante. “Os professores não inflacionarão as notas. O aluno poderá ser admitido no ano lectivo seguinte, apesar da nota insuficiente que teve, e terá de ter aulas de recuperação”, acrescentou. Quanto ao exame de acesso à universidade (maturità), se as aulas puderem ser retomadas no dia 18 de Maio, manter-se-á. Caso contrário – o que é tido como mais provável –, os exames escritos não se realizam e o teste será transformado numa prova oral de uma hora, com recurso a plataformas electrónicas.
EUA — Professores de escolas públicas expressaram as suas preocupações de que o recente encerramento de suas instituições terá um efeito prejudicial sobre os alunos. Em particular, os educadores do país estão preocupados que quanto mais tempo as escolas estiverem fechadas, mais provável é que os alunos comecem a pensar por si mesmos, aprendam habilidades de vida longe do sistema escolar do governo e percebam o quanto podem aprendem em casa.
“Devemos reabrir as escolas o mais rápido possível – antes que eles recuperem sua capacidade de ter pensamento independente”, disse a professora do secundário de Nova York, Jenny Mudd. “Esta é uma crise urgente. Sabemos que temos que fazer nossa parte para evitar a propagação do vírus, mas também devemos evitar a disseminação de ideias não aprovadas. Há um equilíbrio lá.
“Reabra as escolas antes que seja tarde demais.”
Com certeza, estudos já mostraram uma forte correlação entre todos os que estão em casa e um aumento preocupante no pensamento independente. Os estudantes que estiveram afastados do sistema escolar do governo durante uma semana param de se sentir deprimidos e ansiosos e até mostram um aumento chocante na capacidade de formar pensamentos e ideias não aprovadas pelo governo.
Os professores ainda apontaram que os pais não estão devidamente equipados para doutrinar os seus filhos com propaganda governamental. “Eu estudei durante oito anos para poder fazer isso”, disse a professora do jardim de infância de Portland, Ms. Pinkerton. “Os pais não têm a experiência de encher a cabeça das crianças cheias de uma visão de mundo estatista sete horas por dia como eu.”
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