21 de Junho de 2020 archive

Paulo Prudêncio – Contratar Mais Professores?!

Um bom texto do Paulo Prudêncio que aborda mais uma vez a questão da formação inicial de professores e a necessidade de se pensar neste assunto.

 

Contratar Mais Professores?!

 

Acentua-se a falta de professores para diversas disciplinas o que dificultará o anunciado reforço de contratação em tempo de pandemia. O problema tornou-se estrutural. Mesmo que se iniciasse uma qualquer urgência formativa, os efeitos chegariam depois de 2030. Para além disso, e é saudável que se pense também para lá da crise, mais de metade dos professores reformar-se-á nesta década e muitos cursos de formação inicial estão há anos a fio “sem alunos”. Em cada cem (ou em cada mil) alunos dos cursos “regulares” do ensino secundário, contam-se pelos dedos de uma mão os que escolhem ensinar como profissão e é surpreendente que não se motive os jovens para o ensino.

Para além da falta de atractividade da profissão, dá ideia que se esgotou o modelo de formação inicial. Um caminho mais flexível e apelativo seria a criação de licenciaturas exclusivamente para as componentes científicas. Ajudaria numa mudança futura de profissão. Só nos mestrados se estudaria a pedagogia para leccionar. Apenas depois de um estágio (internato ou profissionalização) plurianual, realizado em exercício, se acederia ao quadro e a uma carreira. Mas nada disso se discute e a especificidade científica perdeu peso na profissionalidade. Aliás, até a formação para professores no activo se centra na preparação da sua irrelevância. Parece um paradoxo, mas é só parecença.

Repare-se na ligação de três factos e tendências:

1. as gigantes tecnológicas de serviços – google, amazon, uber, booking ou airbnb – não produzem conteúdos para os motores de pesquisa nem objectos, carros, hotéis ou imóveis de aluguer, mas cobram pela sua utilização na generalidade do planeta com trabalhadores independentes não regulamentados que estão na nuvem;

2. os professores no activo alimentam gratuitamente os servidores da google (por exemplo, nas plataformas drive, doc´s, classroom, gmail ou youtube) com conteúdos de ensino planificados ao detalhe e com os receptivos testes de avaliação de alunos prontos a utilizar pela IA; e a exemplo doutros domínios, a google (que ganhou mais esta disputa à microsoft) absorverá com facilidade as editoras com escolas virtuais;

3. há uma revolução do trabalho que pede como competência a ligação à internet; como escreve Klaus Schwab (2017:46), na “A Quarta Revolução Industrial”, “parte da força de trabalho desenvolve diferentes tarefas para assegurar o seu rendimento – pode-se ser um motorista da Uber, um shopper do Instacart, um anfitrião do Airbnb e um Taskrabbit”.

Ou seja, criam-se condições para acrescentar os tarefeiros das salas de aula (que podem acompanhar qualquer disciplina) a pensar na civilidade presencial da escola automatizada massificada. E se os professores continuam numa zona de incerteza porque ainda não são incluídos nas profissões mais e menos propensas à automatização, dá ideia que a passividade dos sucessivos governos na formação inicial é “articulada” com as gigantes tecnológicas que prestariam, através dos cortes na educação, um “relevante” serviço aos orçamentos dos países. Dir-se-á que são as regras do jogo. Mas como dizem os investigadores da quarta indústria, o futuro pode ser muito bom ou caótico. Aliás, já se iniciou uma corrida imparável ao trabalho virtual não regulamentado que se pode transformar em forte instabilidade social e política e difícil de reverter num ensino “sem” formação de professores.

Nota: Klaus Schwab (2017), na “A Quarta Revolução Industrial”, apresenta uma lista das profissões mais e menos propensas à automatização: mais propensas: operadores de marketing, contabilistas, avaliadores de seguros, árbitros e juízes desportivos, secretários e assistentes administrativos, recepcionistas, consultores imobiliários, agricultores, estafetas; menos propensas: assistentes sociais, coreógrafos, médicos e cirurgiões, psicólogos, analistas de sistemas, antropólogos e arqueólogos, engenheiros e arquitectos navais, gerentes de vendas.

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PROGRAMA DOS 6RS & O PRÓXIMO ANO LECTIVO, por CG

 

PROGRAMA DOS 6RS & O PRÓXIMO ANO LECTIVO

A pandemia ditará como se iniciará o próximo ano letivo. O despacho onde estarão as diretrizes de Organização do Ano Letivo (OAL), ditará os princípios que irão nortear as especificidades dos diferentes territórios escolares e dos diversos ciclos de ensino (com soluções variáveis do pré ao ensino superior) para que os agrupamentos, usando da sua autonomia, organizem o ano escolar com base nos seus contextos.

Para tal, podemos imaginar o PROGRAMA DOS 6RS que estabelece os princípios da organização do próximo ano letivo em normalidade presencial:

1.Reduzir o número de alunos por turma
(entre 12 e 20 alunos por turma dependendo das condições físicas das escolas …)

2.Reduzir o número de tempos curriculares dos vários ciclos de estudo
(redução equitativa de tempos de áreas/disciplinas, justaposição/integração de disciplinas, tempos projetos/tutoriais, tempos aulas ar livre, tempos para trabalhos práticos e laboratoriais e de grupo e tempos online (blended learning ou aprendizagem mista …)

3.Rentabilizar o espaço escolar
(sempre que se afigure necessário organizar dois turnos escolares, manhã 4T/tarde 4T…)

4.Requisitar novos professores para possibilitar uma nova organização escolar.

5.Revogar as metas curriculares afirmando as Aprendizagens Essenciais e O Perfil do Aluno referenciais curriculares facilitadores do trabalho nas escolas e impulsionadores de novas metodologias ativas de aprendizagem.

6.Recuperar alunos que saíram do radar da escola
(equipas multidisciplinares, foco nas áreas de competências do Perfil dos Alunos …)

Assim é, assim seja.
CG

 

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146 Docentes Aposentados em Julho de 2020

Com a publicação da lista mensal de aposentados da CGA de Julho de 2020 aposentaram-se mais 146 docentes da rede pública do Ministério da Educação.

O quadro acumulado desde o início do ano já conta com 837 docentes aposentados. As previsões são que existam 1.358 docentes aposentados em 2020.

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Entrega um manual e recebes um computador com uma licença digital…

 

Ainda não entendi qual o problema que muitos estão a ver na entrega dos manuais. A preocupação com uso dos manuais para a tão aclamada necessidade de recuperação ou compensação é infundada.

Esta pandemia tem ocupado tanto as mentes que até se esqueceram do “fim” dos 400 milhões. Se bem se lembram, mas parece que se esqueceram, os 400 milhões de “paus” não são só para computadores, também vão ser gastos a incrementar a desmaterialização de manuais escolares. Ou seja, para que serão necessários os manuais em papel quando vão andar distribuir licenças digitais dos ditos nos computadores emprestados?

Se necessitarem dos manuais poderão encontra-los numa plataforma de uma qualquer editora.

Não sei qual o busílis com a entrega dos manuais! Além disso, as árvores agradecem e ambiente fica agradecido…

 

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