Opinião – Mário Silva

e subreptici​amente outras coisas vão acontecend​o…

 

Agora está tudo assoberbado com os concursos de colocação mas entretanto, insidiosamente, já estão a funcionar estruturas educativas que supostamente se iriam transformar profundamente. A título de exemplo, refiro-me ao antigo CNO agora denominado CQEP. A pompa e circunstância anunciados é que as novas estruturas iriam ser bastante diferentes; quando se lê a regulamentação publicada conclui-se, grosso modo, que apenas mudaram o nome. Basicamente o CQEP funciona como o antigo(?) CNO, com as seguintes alterações cosméticas:
– redução do número de centros para metade do número de centros CNO que existiam
– muito menos horas de crédito semanal (50), insuficientes para assegurar a certificação de centenas de pessoas vindas de CNO extintos
– apenas são atribuídas 20 horas semanais(!) para a função de técnico de RVC
– o que antes se fazia com técnicos RVC em regime de exclusividade, agora tem de ser assegurado pelos professores designados para formadores
– os professores-formadores têm uma componente letiva significativamente reduzida com acréscimo do trabalho que era feito pelo técnico RVC
– a certificação passa por duas fases: avaliação do portefólio e realização de uma prova (escrita, oral, mista; tem de respeitar os parâmetros de uma matriz enviada pela ANQEP)
– foi extinta a figura do avaliador externo

 

Conclusões:
– as escolas a quem foi atribuído um CQEP, ficam com mais horas letivas para outros horários
– os professores nomeados para formadores têm uma redução da componente letiva determinada pela direção
– as horas letivas atribuídas aos formadores são manifestamente insuficientes; por exemplo, um professor com 6 tempos letivos atribuídos, na prática realizará o triplo ou mais tempos para conseguir acompanhar dezenas de formandos (avaliar portefólios, acompanhar execução de portefólios, elaborar as (dezenas?!) provas de certificação). Ou seja, esse professor terá 18 tempos com turmas (que pode equivaler a 5 ou mais turmas) e mais as dezenas de formandos…!
– o MEC poupou dinheiro em tudo: no nº de centros e no nº de contratações, pois terá de se executar as mesmas tarefas dos antigo CNO, com muito menos trabalhadores a executar mais horas de trabalho não remuneradas.
– algo mudou para tudo ficar pior (para os professores)…
Mário Silva

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3 comentários

    • Hei on 16 de Setembro de 2014 at 21:14
    • Responder

    E os CQEP que irão funcionar no IEFP alguém faz ideia de quem fará esse papel de Professor/Formador. Será que vai haver concurso?

    • mario silva on 17 de Setembro de 2014 at 0:02
    • Responder

    Acho que esse concurso já existiu antes do Verão e foi direcionado a professores QE (com ou sem componente letiva).

    • mario silva on 17 de Setembro de 2014 at 0:12
    • Responder

    Uma das consequências do novo funcionamento do C(NO)QEP, é fazerem praticamente o mesmo trabalho que os CNO com muito menos pessoas (com área geográfica MUITO maior), o que eliminou vários horários, isto é, o nº de horas creditado não compensou as horas que antes existiam. Portanto, mais uma vez impede-se muita mão-de-obra especializada (psicólogos, professores) de entrar, que é necessária, carregando brutalmente os que estão na escola.

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