Comunicado ANVPC

Comunicado: E depois do caos?

 

 

Comunicado – 23.09.2014

E depois do caos?

A criação da Bolsa de Contratação de Escola (BCE) pretendia reparar a discricionariedade e profundo sentimento de desagrado evidenciado pelos Professores Contratados resultantes da utilização, por parte de algumas escolas, de critérios de seleção e recrutamento que revelavam elevada “autonomia criativa”, designados até em blogues de educação como “critérios manhosos”, amplamente utilizados no âmbito da Contratação de Escola. Pretendia ainda, segundo a tutela, agilizar o processo de colocação de Professores.

Se a intenção do MEC em uniformizar, a nível nacional, os critérios de seleção era, na sua vertente teórica, apreciável, já a implementação, na sua vertente prática, originou o caos total. Esse caos trouxe consigo elevados prejuízos para os Alunos, Pais, Diretores e Professores, por via de toda a confusão gerada com a implementação de um concurso marcado por um elevado índice de impreparação por parte da tutela (técnico e concetual) e pelo impasse criado com a demissão do Diretor Geral de Administração Escolar.

Vejamos ainda que as listas de graduação da BCE, apresentadas pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC) na passada sexta-feira (dia doze de setembro) não cumprem, a nosso ver, os desígnios de um concurso público, nomeadamente no propósito do rigor, da transparência e da fiabilidade necessária nesta tipologia concursal. Esse forte handicap consubstancia-se na impossibilidade de qualquer candidato entender a razão da sua ordenação, e a dos restantes opositores ao concurso, não permitindo, a título de exemplo, a possibilidade de apresentação de um Recurso Hierárquico fundamentado, caso subsista alguma dúvida de legalidade processual. [Ver comunicado da ANVPC em http://anvpc.org/comunicado-um-concurso-publico-docente-verdadeiramente-obscuro/ ]

Urge, por isso, encontrar soluções, que, de forma célere, minimizem o impacto do caos gerado por uma planificação concursal que falhou redondamente, acentuada pelo erro crasso de uma fórmula matemática que não apresentava as competências requeridas para calcular corretamente a soma de dois coeficientes.

Face ao exposto, não obstante a proposta que a ANVPC irá enviar oportunamente para o MEC com medidas de médio e longo prazo, torna-se urgente reparar a atual situação, vivida nos vários concursos em marcha, através das seguintes medidas:

  • Divulgação urgente, pela DGAE, de todas as listas públicas relativas a todas as colocações realizadas no passado dia 12 de setembro, da BCE, por grupo de recrutamento, referindo o nome do candidato, escola de colocação, número de horas do horário, etc. Só assim poderão ser compreendidas futuras medidas de reparação do problema, a apresentar pelo MEC;
  • Divulgação de todos os subcritérios de seleção especificamente associados a cada escola TEIP e AUTONOMIA, uma vez que na aplicação os docentes apenas tinham acesso ao subcritério, mas não conseguiam saber a que escola reportava;
  • Divulgação das cotações associadas a cada item de resposta, em cada subcritério definido por cada escola específica;
  • Divulgação da cotação final, total, de cada subcritério, por candidato, por escola e por grupo de recrutamento;
  • Revisão dos subcritérios que foram propostos pelos diretores e aprovados pelo MEC que poderiam levar, em sede de concurso BCE, a respostas dúbias, assim como à indução de “falsas declarações” (no caso de docentes que concorriam a mais que um grupo de recrutamento) para todos os candidatos;
  • Reconstituição das colocações que foram realizadas a 12 de setembro (que tiveram por base uma lista de graduação dos professores que o próprio ministro reconheceu que foi gerada por uma fórmula incorreta), sem prejuízo para os docentes já colocados e a colocar;
  • Obrigatoriedade dos Diretores das escolas TEIP E AUTONOMIA comprovarem documentalmente as respostas dadas aos subcritérios definidos pelas escolas, por parte dos professores que ficaram, e/ou venham a ficar, colocados na BCE;
  • Reparação da situação de todos os professores que tendo ficado colocados na Contratação Inicial lhes foi vedado o direito de acederem a uma colocação na BCE, independentemente do número de horas da sua colocação;
  • Ser apresentada uma solução a todos os Professores a que lhes era permitida, a 1 de setembro de 2014, a renovação contratual e em que a mesma, nos limites da Contratação Inicial, não veio a acontecer (por motivos alheios ao seu interesse, tendo, em alguns casos, o horário ficado, até à data, vazio). Veja-se que alguns destes docentes realizariam, deste modo, mais um contrato anual, sucessivo e completo, ficando por isso, de acordo com os normativos legais vigentes, com entrada semiautomática no quadro já no próximo ano letivo 2015/2016 (aplicação da “norma-travão”);
  • Dispor para o futuro, e definitivamente, de um único concurso nacional de seleção e recrutamento de professores que englobe a totalidade das escolas, deixando de existir um concurso nacional somente para escolas TEIP e AUTONOMIA;
  • Ser retomado, de imediato, todo o processo de seleção e recrutamento no âmbito da Contratação de Escola, uma vez que todas as ofertas “desapareceram” do SIGHRE há vários dias;
  • Todas as colocações advindas da resolução dos problemas já detetados pelos docentes e pela tutela, realtivas à BCE, Contratação Inicial/Reserva de Recrutamento e Contratação de Escola, deverão produzir efeitos retroativos a 1 de setembro de 2014.

Um concurso público deve cumprir os critérios estabelecidos na própria lei, de transparência, rigor e equidade entre os candidatos. A Associação Nacional dos Professores Contratados lamenta que pelo segundo ano consecutivo os Professores Contratados não tenham sido colocados nas escolas no dia 1 de setembro, resultante da má planificação concursal realizada pelo MEC e com prejuízo para todos os agentes educativos. Aliás, não se compreende que o MEC não consiga efetuar uma eficaz calendarização de atividades do concurso de professores, permitindo o tranquilo arranque do ano letivo, quando detém um ano para a sua preparação e a obrigação de obter economias de escala resultantes da experiência acumulada ao longo dos anos.

A exigência do planeamento antecipado dos concursos (com uma calendarização pública de todos os momentos concursais), da colocação de professores e da tranquila abertura do ano letivo deve mobilizar todos os agentes educativos, pois estamos perante um problema de dimensão, e interesse, nacional.

A ANVPC e os Professores Contratados continuarão a pautar a sua ação fundada no trabalho colaborativo entre os agentes educativos que permita a construção de pontes em prol do Rigor, da Qualidade e da Excelência da Escola Pública.


A direção da ANVPC

23.09.2014

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2014/09/comunicado-anvpc-5/

12 comentários

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    • Lya7 on 23 de Setembro de 2014 at 20:31
    • Responder

    Finalmente alguém dá voz à minha indignação: Reparação da situação de todos os professores que tendo ficado colocados na Contratação Inicial lhes foi vedado o direito de acederem a uma colocação na BCE, independentemente do número de horas da sua colocação;

    Fui extremamente prejudicada por esta situação!

    • Prof de Música 2 on 23 de Setembro de 2014 at 20:47
    • Responder

    Chamo a atenção da ANVPC e de todos os colegas que me parece impossível verificar e validar critérios para todos os candidatos e em todas as escolas e, assim sendo, a alternativa de ser tudo um concurso único para o próximo ano letivo, que tenha em conta apenas a Graduação Profissional, deveria ser já aplicada este ano, pois resolveria todos os problemas de uma forma mais justa e célere, que é o que todos precisamos.

    • Contratada400 on 23 de Setembro de 2014 at 20:58
    • Responder

    Apoiado a 100%. Já sou sócia!

    • PL on 23 de Setembro de 2014 at 21:32
    • Responder

    Incrível!!!

    BCE – VÊ AS ULTRAPASSAGENS NAS LISTAS DAS ESCOLAS/AGRUPAMENTOS:

    (colocar o Grupo de Recrutamento e clicar na Escola/Agrupamento)

    http://bce.cidadeweb.net/se/#

    IMPUGNAÇÃO das listas (S E C R E T A S) da BCE. JÁ!

    Exige-se LEGALIDADE e JUSTIÇA.

    Colocação dos docentes pela LISTA DE GRADUAÇÃO!

    • hcqs on 23 de Setembro de 2014 at 21:35
    • Responder

    Muito bem… assim é que é falar!

    • Ricardo on 23 de Setembro de 2014 at 21:44
    • Responder

    Apoiado. Mais um sócio. Haja alguma entidade imparcial e que luta por todos os professores.

      • Sofia on 24 de Setembro de 2014 at 22:12
      • Responder

      É pena é este assunto cair no esquecimento…. muito pouca gente fala dele!!! Até parece que a maior parte é a favor das reconduções!!!!

    • Sofia on 23 de Setembro de 2014 at 22:22
    • Responder

    Parabéns pelo vosso trabalho!! Concordo plenamente, mas chamo mais uma vez a atenção para a questão das reconduções que são extremamente injustas , principalmente para quem está no topo das listas e não consegue a recondução.
    Sugestão, porque não, já que sendo contratada e estando em condições de renovar,um professor do quadro que manifeste interesse pela escola onde estou me tira o lugar , um contratado mais graduado do que eu também não o pode fazer???
    Assim a recondução só se manteria se nenhum contratado mais graduado manifestasse interesse por aquela escola. Parece-me mais justo.
    Para além disso as reconduções tendo por argumento a continuidade pedagógica é uma treta, pois raramente isso se está a verificar.
    Também já sou sócia.

      • jorge on 24 de Setembro de 2014 at 1:08
      • Responder

      Muito bem visto. Não tinha pensado nisso. Assim, acabava-se a história de contratados com menor graduação renovarem…

    • Zé Augusto on 23 de Setembro de 2014 at 22:35
    • Responder

    Pois, pois e os que já foram colocados indevidamente? A esses o pontinho já ninguém lhes tira! E com possibilidades fortes de para o ano renovarem!! Como se vai reparar essa injustiça??

    • André Esteves on 23 de Setembro de 2014 at 22:50
    • Responder

    Para haver transparência, rigor e equidade no concurso de docentes utilizando a unicamente a graduação profissional deverá ser necessário rever as habilitações académicas.Com o processo de Bolonha a situação agravou-se.

    • Isa on 24 de Setembro de 2014 at 11:23
    • Responder

    Após observar a simulação de uma lista de B.C.E.,baseada na graduação profissional, verifiquei que uma colega com uma graduação muito semelhante encontrava-se trezentas posições acima.Fiquei com algumas dúvidas de como isso podia acontecer uma vez que não existem prioridades na B.C.E. Será que estou errada?

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